Fanny Ardant investiga o grande amor


Musa de Truffaut examina a dor do divórcio no segundo longa que dirige

Por Elaine Guerine/ Lisboa

Fanny Ardant nunca deu ouvidos a relatos de amores felizes, correspondidos e duradouros. "Só quem já viveu uma grande desilusão amorosa tem história para contar", disse a última companheira e musa de François Truffaut (1932-1984). A declaração ajuda a entender por que a francesa escolheu examinar a dor do fim de um casamento em Cadences Obstinées (ritmo obstinado), seu segundo longa na cadeira de diretora - depois da estreia atrás das câmeras com Cinzas e Sangue (2009). "Assim como o amor à primeira vista é inexplicável, a morte do sentimento também é. Ironicamente, ninguém se incomoda com a falta de justificativa quando nos apaixonamos. No momento de ruptura, no entanto, ela nos deixa loucos.''Com a história saída da imaginação de Ardant ("sem que ela seja necessariamente autobiográfica''), o drama segue os passos de um casal durante quatro meses numa cidade francesa não definida. Enquanto um empreiteiro (Nuno Lopes) tenta reconstruir um hotel desativado, seu casamento com ex-violoncelista (Asia Argento) começa a desmoronar. "O que me fascina é o prenúncio do fim, quando os amantes percebem que a história está acabando, ainda que eles relutem em aceitar o desfecho inevitável", contou a cineasta ao Estado, após a première mundial de Cadences Obstinées na recém-encerrada 7.ª edição do Lisbon & Estoril Film Festival. Ainda sem data de lançamento no Brasil, o filme estreia em dezembro na França. Depois de abordar questões de família e identidade em Cinzas e Sangue, com o drama da viúva exilada na França que decide voltar à Romênia, Ardant buscou desta vez um tema que ela exercita "cada vez menos como atriz". "Quase não me convidam mais para protagonizar histórias de amor nas telas (uma exceção foi Os Belos Dias, lançado este ano). É como se, ao ganhar mais idade, você morresse para o amor. Mas eu tenho as mesmas emoções de antes", contou Ardant, de 64 anos, que foi casada três vezes. Antes de Truffaut, com quem rodou A Mulher do Lado (1981) e De Repente num Domingo (1983), ela foi mulher do ator francês Dominique Leverd. Depois da morte do diretor da Nouvelle Vague (aos 52 anos, vítima de tumor cerebral), ela viveu com o produtor italiano Fabio Conversi."Eu me alimentei de muitas fontes para escrever Cadences Obstinées. A minha vida, os filmes que vi, os livros que li e as músicas que ouvi'', disse ela, lembrando que a personagem de Asia Argento traz muito do temperamento da diretora, como "a natureza obsessiva e obstinada". "Quando encontrei Asia pela primeira vez, numa estação de trem de Milão, ela se vestia como uma irmã de caridade, com roupas sóbrias e pouca maquiagem. Ela devia pensar que eu buscava uma mulher de beleza comportada para o filme. Mas eu sabia que ela não era assim. No set, pedi que Asia soltasse o seu lado mais selvagem, rock-n'-roll e incontrolável, que é mais parecido comigo.'' Na hora de gritar "ação!'', a cineasta buscou inspiração em mestres que a dirigiram, como Truffaut, Ettore Scola (no set de A Família, de 1987, e O Jantar, de 1998) e Michelangelo Antonioni (Além das Nuvens, de 1995). "Eles tinham imensa paixão pelo cinema, além de dominarem a técnica'', afirmou Ardant, atriz de quase 70 filmes ao longo de mais de 30 anos de carreira. Foi justamente por "já não ter mais nada para provar como atriz" que ela decidiu enveredar pela direção. "Eu buscava o medo perdido. Queria me sentir novamente como o coelho aterrorizado diante da cobra'', contou, rindo. Por tudo o que viveu como atriz no set de outros diretores ("dias felizes e outros nem tanto"), Ardant ainda não definiu qual a melhor conduta para guiar o elenco. "Admito que, quando o assunto é dirigir atores, eu me sinto perdida. Não quero repetir com eles os erros que cometeram comigo. Por um lado, nunca gostei de cineasta que falasse demais e quisesse controlar tudo. Mas, por outro, reconheço que algumas vezes precisei que o diretor apontasse algo que estava diante no meu nariz, mas eu simplesmente não via. Esse é o meu dilema."

Fanny Ardant nunca deu ouvidos a relatos de amores felizes, correspondidos e duradouros. "Só quem já viveu uma grande desilusão amorosa tem história para contar", disse a última companheira e musa de François Truffaut (1932-1984). A declaração ajuda a entender por que a francesa escolheu examinar a dor do fim de um casamento em Cadences Obstinées (ritmo obstinado), seu segundo longa na cadeira de diretora - depois da estreia atrás das câmeras com Cinzas e Sangue (2009). "Assim como o amor à primeira vista é inexplicável, a morte do sentimento também é. Ironicamente, ninguém se incomoda com a falta de justificativa quando nos apaixonamos. No momento de ruptura, no entanto, ela nos deixa loucos.''Com a história saída da imaginação de Ardant ("sem que ela seja necessariamente autobiográfica''), o drama segue os passos de um casal durante quatro meses numa cidade francesa não definida. Enquanto um empreiteiro (Nuno Lopes) tenta reconstruir um hotel desativado, seu casamento com ex-violoncelista (Asia Argento) começa a desmoronar. "O que me fascina é o prenúncio do fim, quando os amantes percebem que a história está acabando, ainda que eles relutem em aceitar o desfecho inevitável", contou a cineasta ao Estado, após a première mundial de Cadences Obstinées na recém-encerrada 7.ª edição do Lisbon & Estoril Film Festival. Ainda sem data de lançamento no Brasil, o filme estreia em dezembro na França. Depois de abordar questões de família e identidade em Cinzas e Sangue, com o drama da viúva exilada na França que decide voltar à Romênia, Ardant buscou desta vez um tema que ela exercita "cada vez menos como atriz". "Quase não me convidam mais para protagonizar histórias de amor nas telas (uma exceção foi Os Belos Dias, lançado este ano). É como se, ao ganhar mais idade, você morresse para o amor. Mas eu tenho as mesmas emoções de antes", contou Ardant, de 64 anos, que foi casada três vezes. Antes de Truffaut, com quem rodou A Mulher do Lado (1981) e De Repente num Domingo (1983), ela foi mulher do ator francês Dominique Leverd. Depois da morte do diretor da Nouvelle Vague (aos 52 anos, vítima de tumor cerebral), ela viveu com o produtor italiano Fabio Conversi."Eu me alimentei de muitas fontes para escrever Cadences Obstinées. A minha vida, os filmes que vi, os livros que li e as músicas que ouvi'', disse ela, lembrando que a personagem de Asia Argento traz muito do temperamento da diretora, como "a natureza obsessiva e obstinada". "Quando encontrei Asia pela primeira vez, numa estação de trem de Milão, ela se vestia como uma irmã de caridade, com roupas sóbrias e pouca maquiagem. Ela devia pensar que eu buscava uma mulher de beleza comportada para o filme. Mas eu sabia que ela não era assim. No set, pedi que Asia soltasse o seu lado mais selvagem, rock-n'-roll e incontrolável, que é mais parecido comigo.'' Na hora de gritar "ação!'', a cineasta buscou inspiração em mestres que a dirigiram, como Truffaut, Ettore Scola (no set de A Família, de 1987, e O Jantar, de 1998) e Michelangelo Antonioni (Além das Nuvens, de 1995). "Eles tinham imensa paixão pelo cinema, além de dominarem a técnica'', afirmou Ardant, atriz de quase 70 filmes ao longo de mais de 30 anos de carreira. Foi justamente por "já não ter mais nada para provar como atriz" que ela decidiu enveredar pela direção. "Eu buscava o medo perdido. Queria me sentir novamente como o coelho aterrorizado diante da cobra'', contou, rindo. Por tudo o que viveu como atriz no set de outros diretores ("dias felizes e outros nem tanto"), Ardant ainda não definiu qual a melhor conduta para guiar o elenco. "Admito que, quando o assunto é dirigir atores, eu me sinto perdida. Não quero repetir com eles os erros que cometeram comigo. Por um lado, nunca gostei de cineasta que falasse demais e quisesse controlar tudo. Mas, por outro, reconheço que algumas vezes precisei que o diretor apontasse algo que estava diante no meu nariz, mas eu simplesmente não via. Esse é o meu dilema."

Fanny Ardant nunca deu ouvidos a relatos de amores felizes, correspondidos e duradouros. "Só quem já viveu uma grande desilusão amorosa tem história para contar", disse a última companheira e musa de François Truffaut (1932-1984). A declaração ajuda a entender por que a francesa escolheu examinar a dor do fim de um casamento em Cadences Obstinées (ritmo obstinado), seu segundo longa na cadeira de diretora - depois da estreia atrás das câmeras com Cinzas e Sangue (2009). "Assim como o amor à primeira vista é inexplicável, a morte do sentimento também é. Ironicamente, ninguém se incomoda com a falta de justificativa quando nos apaixonamos. No momento de ruptura, no entanto, ela nos deixa loucos.''Com a história saída da imaginação de Ardant ("sem que ela seja necessariamente autobiográfica''), o drama segue os passos de um casal durante quatro meses numa cidade francesa não definida. Enquanto um empreiteiro (Nuno Lopes) tenta reconstruir um hotel desativado, seu casamento com ex-violoncelista (Asia Argento) começa a desmoronar. "O que me fascina é o prenúncio do fim, quando os amantes percebem que a história está acabando, ainda que eles relutem em aceitar o desfecho inevitável", contou a cineasta ao Estado, após a première mundial de Cadences Obstinées na recém-encerrada 7.ª edição do Lisbon & Estoril Film Festival. Ainda sem data de lançamento no Brasil, o filme estreia em dezembro na França. Depois de abordar questões de família e identidade em Cinzas e Sangue, com o drama da viúva exilada na França que decide voltar à Romênia, Ardant buscou desta vez um tema que ela exercita "cada vez menos como atriz". "Quase não me convidam mais para protagonizar histórias de amor nas telas (uma exceção foi Os Belos Dias, lançado este ano). É como se, ao ganhar mais idade, você morresse para o amor. Mas eu tenho as mesmas emoções de antes", contou Ardant, de 64 anos, que foi casada três vezes. Antes de Truffaut, com quem rodou A Mulher do Lado (1981) e De Repente num Domingo (1983), ela foi mulher do ator francês Dominique Leverd. Depois da morte do diretor da Nouvelle Vague (aos 52 anos, vítima de tumor cerebral), ela viveu com o produtor italiano Fabio Conversi."Eu me alimentei de muitas fontes para escrever Cadences Obstinées. A minha vida, os filmes que vi, os livros que li e as músicas que ouvi'', disse ela, lembrando que a personagem de Asia Argento traz muito do temperamento da diretora, como "a natureza obsessiva e obstinada". "Quando encontrei Asia pela primeira vez, numa estação de trem de Milão, ela se vestia como uma irmã de caridade, com roupas sóbrias e pouca maquiagem. Ela devia pensar que eu buscava uma mulher de beleza comportada para o filme. Mas eu sabia que ela não era assim. No set, pedi que Asia soltasse o seu lado mais selvagem, rock-n'-roll e incontrolável, que é mais parecido comigo.'' Na hora de gritar "ação!'', a cineasta buscou inspiração em mestres que a dirigiram, como Truffaut, Ettore Scola (no set de A Família, de 1987, e O Jantar, de 1998) e Michelangelo Antonioni (Além das Nuvens, de 1995). "Eles tinham imensa paixão pelo cinema, além de dominarem a técnica'', afirmou Ardant, atriz de quase 70 filmes ao longo de mais de 30 anos de carreira. Foi justamente por "já não ter mais nada para provar como atriz" que ela decidiu enveredar pela direção. "Eu buscava o medo perdido. Queria me sentir novamente como o coelho aterrorizado diante da cobra'', contou, rindo. Por tudo o que viveu como atriz no set de outros diretores ("dias felizes e outros nem tanto"), Ardant ainda não definiu qual a melhor conduta para guiar o elenco. "Admito que, quando o assunto é dirigir atores, eu me sinto perdida. Não quero repetir com eles os erros que cometeram comigo. Por um lado, nunca gostei de cineasta que falasse demais e quisesse controlar tudo. Mas, por outro, reconheço que algumas vezes precisei que o diretor apontasse algo que estava diante no meu nariz, mas eu simplesmente não via. Esse é o meu dilema."

Fanny Ardant nunca deu ouvidos a relatos de amores felizes, correspondidos e duradouros. "Só quem já viveu uma grande desilusão amorosa tem história para contar", disse a última companheira e musa de François Truffaut (1932-1984). A declaração ajuda a entender por que a francesa escolheu examinar a dor do fim de um casamento em Cadences Obstinées (ritmo obstinado), seu segundo longa na cadeira de diretora - depois da estreia atrás das câmeras com Cinzas e Sangue (2009). "Assim como o amor à primeira vista é inexplicável, a morte do sentimento também é. Ironicamente, ninguém se incomoda com a falta de justificativa quando nos apaixonamos. No momento de ruptura, no entanto, ela nos deixa loucos.''Com a história saída da imaginação de Ardant ("sem que ela seja necessariamente autobiográfica''), o drama segue os passos de um casal durante quatro meses numa cidade francesa não definida. Enquanto um empreiteiro (Nuno Lopes) tenta reconstruir um hotel desativado, seu casamento com ex-violoncelista (Asia Argento) começa a desmoronar. "O que me fascina é o prenúncio do fim, quando os amantes percebem que a história está acabando, ainda que eles relutem em aceitar o desfecho inevitável", contou a cineasta ao Estado, após a première mundial de Cadences Obstinées na recém-encerrada 7.ª edição do Lisbon & Estoril Film Festival. Ainda sem data de lançamento no Brasil, o filme estreia em dezembro na França. Depois de abordar questões de família e identidade em Cinzas e Sangue, com o drama da viúva exilada na França que decide voltar à Romênia, Ardant buscou desta vez um tema que ela exercita "cada vez menos como atriz". "Quase não me convidam mais para protagonizar histórias de amor nas telas (uma exceção foi Os Belos Dias, lançado este ano). É como se, ao ganhar mais idade, você morresse para o amor. Mas eu tenho as mesmas emoções de antes", contou Ardant, de 64 anos, que foi casada três vezes. Antes de Truffaut, com quem rodou A Mulher do Lado (1981) e De Repente num Domingo (1983), ela foi mulher do ator francês Dominique Leverd. Depois da morte do diretor da Nouvelle Vague (aos 52 anos, vítima de tumor cerebral), ela viveu com o produtor italiano Fabio Conversi."Eu me alimentei de muitas fontes para escrever Cadences Obstinées. A minha vida, os filmes que vi, os livros que li e as músicas que ouvi'', disse ela, lembrando que a personagem de Asia Argento traz muito do temperamento da diretora, como "a natureza obsessiva e obstinada". "Quando encontrei Asia pela primeira vez, numa estação de trem de Milão, ela se vestia como uma irmã de caridade, com roupas sóbrias e pouca maquiagem. Ela devia pensar que eu buscava uma mulher de beleza comportada para o filme. Mas eu sabia que ela não era assim. No set, pedi que Asia soltasse o seu lado mais selvagem, rock-n'-roll e incontrolável, que é mais parecido comigo.'' Na hora de gritar "ação!'', a cineasta buscou inspiração em mestres que a dirigiram, como Truffaut, Ettore Scola (no set de A Família, de 1987, e O Jantar, de 1998) e Michelangelo Antonioni (Além das Nuvens, de 1995). "Eles tinham imensa paixão pelo cinema, além de dominarem a técnica'', afirmou Ardant, atriz de quase 70 filmes ao longo de mais de 30 anos de carreira. Foi justamente por "já não ter mais nada para provar como atriz" que ela decidiu enveredar pela direção. "Eu buscava o medo perdido. Queria me sentir novamente como o coelho aterrorizado diante da cobra'', contou, rindo. Por tudo o que viveu como atriz no set de outros diretores ("dias felizes e outros nem tanto"), Ardant ainda não definiu qual a melhor conduta para guiar o elenco. "Admito que, quando o assunto é dirigir atores, eu me sinto perdida. Não quero repetir com eles os erros que cometeram comigo. Por um lado, nunca gostei de cineasta que falasse demais e quisesse controlar tudo. Mas, por outro, reconheço que algumas vezes precisei que o diretor apontasse algo que estava diante no meu nariz, mas eu simplesmente não via. Esse é o meu dilema."

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