O conflito israel-palestino irrompe nesta quinta, 2, no Festival de Cinema de Veneza com o filme Miral, do judeu norte-americano Julian Schnabel, e faz um retrato terno de uma jovem criada em um orfanato de Jerusalém, que decide lutar a favor da causa palestina, segundo a agência France Press.
O filme, elaborado quase como uma pintura, narra a história de quatro mulheres, uma delas Miral, interpretada pela índia Frieda Pinto (Quem Quer Ser um Milionário?), para ilustrar a história recente dos palestinos, desde a criação de Israel em 1948 até a primeira Intifada em 1987.
Baseado no romance autobiográfico da jornalista radicada na Itália Rula Jebreal, o filme de Schnabel, autor de produções memoráveis como Basquiat (1996) e Antes que Anoiteça (2000) - a biografia do escritor cubano exilado Reinaldo Arenas -, compete pelo Leão de Ouro junto com outros 23 filmes, entre eles, seis realizados por produtores norte-americanos.
O filme que estreia nesta sexta, 3, nos Estados Unidos, que é o dia seguinte da reunião na Casa Branca para início das negociações de paz entre Israel e a Autoridade Palestina.
"Creio que este conflito deve terminar o mais rápido possível. Não há razão para que morram crianças de um lado e de outro", disse Schnabel, atual companheiro de Jebreal, co-roteirista do filme.
O artista norte-americano aborda o conflito no Oriente Médio de um ponto de vista sentimental, mais que político, para mostrar o desespero, a impotência, a valentia, a dor e o amor das mulheres.
Os diferentes personagens, entre eles a fundadora do orfanato que decide transformar sua casa para acolher crianças e resistir à ocupação israelense, e a primeira mulher palestina que tenta se suicidar com uma bomba, retratam as angústias e esperanças das pessoas comuns.
"Não há uma solução militar para este conflito. É como um casamento, não é fácil. Mas palestinos e israelenses vivem na mesma casa e têm que sobreviver juntos", disse Schnabel.
"É uma história palestina, mas o fundamental é que quem conta a história é um judeu norte-americano", disse o cineasta e renomado pintor, que dedicou o filme a "todos aquele que acreditam que a paz é ainda possível".