GOSTEI: Trama percorre tortuoso caminho de dor


Por Luiz Zanin Oricchio

Há um ponto interessante em Quanto Dura o Amor? sobre os efeitos da metrópole na vida das pessoas. Como boa parte de nós vive em cidades enormes como São Paulo e já nem nos damos conta do que acontece, Roberto Moreira tem de trabalhar com uma personagem que vem de fora, Marina (Sílvia Lourenço), e experimenta os encantos e as garras da metrópole.

 

A cidade grande é uma espécie de oferta ilimitada de possibilidades. De emprego e de realização pessoal em todos os sentidos, do educacional ao sexual. A utopia da cidade prevê que nela, e apenas nela, somos livres para sermos o que somos, principalmente porque somos anônimos, ninguém nos controla e podemos fazer o que quisermos, dentro de regras. Livres, porque, no fundo, ninguém liga para nós. E, desse fato, vem também nosso sofrimento. O que a cidade nos dá ela nos tira.

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De modo que não é necessário apelar para o aspecto apocalíptico que define São Paulo por sua violência e seus congestionamentos babilônicos, esse laboratório do caos que se sofistica a cada ano. Não. São Paulo, como qualquer metrópole, é apenas uma grande escola de sofrimento. Nos conduz à maturidade pelo efeito da desilusão.

 

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Por isso, era preciso mostrar uma personagem que trouxesse a ilusão inscrita em sua face, como é o caso de Marina. Mas também o de Suzana, Jay e, em certa medida, Justine e todos os outros. São seres à deriva, mas não mais do que aqueles que costumamos a ver por aí, pelas ruas, no nosso contato diário. Apenas amplificam, dramaticamente, suas contradições. E esta contradição, em particular - querem ser felizes no amor, com sua felicidade que rima com fragilidade. Na cidade, tudo isso se desmancha no ar, são reflexos de néon, brilhos no asfalto, imagens soltas.

 

Sim, os relacionamentos são vistos sob o signo da melancolia. Mas não deixa de ser sólida a maneira como os personagens, duas delas pelo menos, a enfrentam no final de contas. À maneira chekhoviana, de aceitação do sofrimento como inerente à condição do bípede implume, que, por isso mesmo, pela própria consciência da limitação, talvez consiga transformar esse déficit em algo tolerável e, em alguns casos, sublime.

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Há momentos assim nessa bela história de amores cruzados. Quando Suzana revisita suas fotos de infância. Quando Marina, agora atriz, finalmente assume seu papel no Tio Vânia de Chekhov e nota (sem precisar dizê-lo) que a fala da personagem é um comentário sobre sua vida. Quando as duas amigas fumam e contemplam a cidade noturna, sem nada dizer e no entanto se compreendendo perfeitamente.

Há um ponto interessante em Quanto Dura o Amor? sobre os efeitos da metrópole na vida das pessoas. Como boa parte de nós vive em cidades enormes como São Paulo e já nem nos damos conta do que acontece, Roberto Moreira tem de trabalhar com uma personagem que vem de fora, Marina (Sílvia Lourenço), e experimenta os encantos e as garras da metrópole.

 

A cidade grande é uma espécie de oferta ilimitada de possibilidades. De emprego e de realização pessoal em todos os sentidos, do educacional ao sexual. A utopia da cidade prevê que nela, e apenas nela, somos livres para sermos o que somos, principalmente porque somos anônimos, ninguém nos controla e podemos fazer o que quisermos, dentro de regras. Livres, porque, no fundo, ninguém liga para nós. E, desse fato, vem também nosso sofrimento. O que a cidade nos dá ela nos tira.

 

De modo que não é necessário apelar para o aspecto apocalíptico que define São Paulo por sua violência e seus congestionamentos babilônicos, esse laboratório do caos que se sofistica a cada ano. Não. São Paulo, como qualquer metrópole, é apenas uma grande escola de sofrimento. Nos conduz à maturidade pelo efeito da desilusão.

 

Por isso, era preciso mostrar uma personagem que trouxesse a ilusão inscrita em sua face, como é o caso de Marina. Mas também o de Suzana, Jay e, em certa medida, Justine e todos os outros. São seres à deriva, mas não mais do que aqueles que costumamos a ver por aí, pelas ruas, no nosso contato diário. Apenas amplificam, dramaticamente, suas contradições. E esta contradição, em particular - querem ser felizes no amor, com sua felicidade que rima com fragilidade. Na cidade, tudo isso se desmancha no ar, são reflexos de néon, brilhos no asfalto, imagens soltas.

 

Sim, os relacionamentos são vistos sob o signo da melancolia. Mas não deixa de ser sólida a maneira como os personagens, duas delas pelo menos, a enfrentam no final de contas. À maneira chekhoviana, de aceitação do sofrimento como inerente à condição do bípede implume, que, por isso mesmo, pela própria consciência da limitação, talvez consiga transformar esse déficit em algo tolerável e, em alguns casos, sublime.

 

Há momentos assim nessa bela história de amores cruzados. Quando Suzana revisita suas fotos de infância. Quando Marina, agora atriz, finalmente assume seu papel no Tio Vânia de Chekhov e nota (sem precisar dizê-lo) que a fala da personagem é um comentário sobre sua vida. Quando as duas amigas fumam e contemplam a cidade noturna, sem nada dizer e no entanto se compreendendo perfeitamente.

Há um ponto interessante em Quanto Dura o Amor? sobre os efeitos da metrópole na vida das pessoas. Como boa parte de nós vive em cidades enormes como São Paulo e já nem nos damos conta do que acontece, Roberto Moreira tem de trabalhar com uma personagem que vem de fora, Marina (Sílvia Lourenço), e experimenta os encantos e as garras da metrópole.

 

A cidade grande é uma espécie de oferta ilimitada de possibilidades. De emprego e de realização pessoal em todos os sentidos, do educacional ao sexual. A utopia da cidade prevê que nela, e apenas nela, somos livres para sermos o que somos, principalmente porque somos anônimos, ninguém nos controla e podemos fazer o que quisermos, dentro de regras. Livres, porque, no fundo, ninguém liga para nós. E, desse fato, vem também nosso sofrimento. O que a cidade nos dá ela nos tira.

 

De modo que não é necessário apelar para o aspecto apocalíptico que define São Paulo por sua violência e seus congestionamentos babilônicos, esse laboratório do caos que se sofistica a cada ano. Não. São Paulo, como qualquer metrópole, é apenas uma grande escola de sofrimento. Nos conduz à maturidade pelo efeito da desilusão.

 

Por isso, era preciso mostrar uma personagem que trouxesse a ilusão inscrita em sua face, como é o caso de Marina. Mas também o de Suzana, Jay e, em certa medida, Justine e todos os outros. São seres à deriva, mas não mais do que aqueles que costumamos a ver por aí, pelas ruas, no nosso contato diário. Apenas amplificam, dramaticamente, suas contradições. E esta contradição, em particular - querem ser felizes no amor, com sua felicidade que rima com fragilidade. Na cidade, tudo isso se desmancha no ar, são reflexos de néon, brilhos no asfalto, imagens soltas.

 

Sim, os relacionamentos são vistos sob o signo da melancolia. Mas não deixa de ser sólida a maneira como os personagens, duas delas pelo menos, a enfrentam no final de contas. À maneira chekhoviana, de aceitação do sofrimento como inerente à condição do bípede implume, que, por isso mesmo, pela própria consciência da limitação, talvez consiga transformar esse déficit em algo tolerável e, em alguns casos, sublime.

 

Há momentos assim nessa bela história de amores cruzados. Quando Suzana revisita suas fotos de infância. Quando Marina, agora atriz, finalmente assume seu papel no Tio Vânia de Chekhov e nota (sem precisar dizê-lo) que a fala da personagem é um comentário sobre sua vida. Quando as duas amigas fumam e contemplam a cidade noturna, sem nada dizer e no entanto se compreendendo perfeitamente.

Há um ponto interessante em Quanto Dura o Amor? sobre os efeitos da metrópole na vida das pessoas. Como boa parte de nós vive em cidades enormes como São Paulo e já nem nos damos conta do que acontece, Roberto Moreira tem de trabalhar com uma personagem que vem de fora, Marina (Sílvia Lourenço), e experimenta os encantos e as garras da metrópole.

 

A cidade grande é uma espécie de oferta ilimitada de possibilidades. De emprego e de realização pessoal em todos os sentidos, do educacional ao sexual. A utopia da cidade prevê que nela, e apenas nela, somos livres para sermos o que somos, principalmente porque somos anônimos, ninguém nos controla e podemos fazer o que quisermos, dentro de regras. Livres, porque, no fundo, ninguém liga para nós. E, desse fato, vem também nosso sofrimento. O que a cidade nos dá ela nos tira.

 

De modo que não é necessário apelar para o aspecto apocalíptico que define São Paulo por sua violência e seus congestionamentos babilônicos, esse laboratório do caos que se sofistica a cada ano. Não. São Paulo, como qualquer metrópole, é apenas uma grande escola de sofrimento. Nos conduz à maturidade pelo efeito da desilusão.

 

Por isso, era preciso mostrar uma personagem que trouxesse a ilusão inscrita em sua face, como é o caso de Marina. Mas também o de Suzana, Jay e, em certa medida, Justine e todos os outros. São seres à deriva, mas não mais do que aqueles que costumamos a ver por aí, pelas ruas, no nosso contato diário. Apenas amplificam, dramaticamente, suas contradições. E esta contradição, em particular - querem ser felizes no amor, com sua felicidade que rima com fragilidade. Na cidade, tudo isso se desmancha no ar, são reflexos de néon, brilhos no asfalto, imagens soltas.

 

Sim, os relacionamentos são vistos sob o signo da melancolia. Mas não deixa de ser sólida a maneira como os personagens, duas delas pelo menos, a enfrentam no final de contas. À maneira chekhoviana, de aceitação do sofrimento como inerente à condição do bípede implume, que, por isso mesmo, pela própria consciência da limitação, talvez consiga transformar esse déficit em algo tolerável e, em alguns casos, sublime.

 

Há momentos assim nessa bela história de amores cruzados. Quando Suzana revisita suas fotos de infância. Quando Marina, agora atriz, finalmente assume seu papel no Tio Vânia de Chekhov e nota (sem precisar dizê-lo) que a fala da personagem é um comentário sobre sua vida. Quando as duas amigas fumam e contemplam a cidade noturna, sem nada dizer e no entanto se compreendendo perfeitamente.

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