História do filme 'Meteora' expõe dilema de padre e freira


Longa é contado com simplicidade e rigor

Por Luiz Carlos Merten

Tem alguma comoção com os filmes gregos nos grandes festivais, mas nada que seja inédito. No passado, Michael Cacoyannis fez história com sua trilogia de tragédias (Electra a Vingadora, As Troianas e Ifigênia) e Nicos Kondouros fez sensação com o erotismo de suas Jovens Afrodites. A barra tem pesado um pouco mais, por causa da crise, como atesta Miss Violence, de Alexandros Avranas. Por mais duro que seja o embate entre religiosidade e sexo, Spiros Stathoulopoulos busca, e alcança, um equilíbrio entre desejo e contemplação. Talvez porque, como ele disse ao repórter no Festival de Berlim, há dois anos, mesmo não sendo místico, acredita no ascetismo como norma diante da vida. A entrevista foi feita em grego, com intérprete, mas poderia ter sido feita em espanhol ou inglês. Stathoulopoulos passou a infância na Colômbia e reside atualmente - residia, em 2012 - em Los Angeles. Foi lá que se associou ao roteirista Asimakis Pagida e ao ator Theo Alexander - um dos vampiros da série True Blood - para desenvolver o projeto que virou Meteora, seu belo filme em cartaz. Como disse - "Virei especialista em fazer filmes sem dinheiro, mas, na verdade, nunca me pareceu que existisse uma relação muito direta entre capital e arte. Senão, todos os filmes grandes, feitos com excesso de dinheiro, seriam automaticamente grandes filmes, e isso não é verdade." Stathoulopoulos fez sensação no mundo dos festivais com um filme de baixo orçamento chamado PVC-1. "Praticamente, fui à selva com um grupo de amigos, uma câmera na mão e algumas ideias na cabeça. Não foi preciso mais." PVC-1 chamou atenção e lhe valeu algumas ofertas para dirigir novos filmes, mas ele recusou. "Sabia o que queria fazer, e era Meteora." Um mosteiro no alto de um monte. Do outro lado, um convento. O isolamento é total, mas não tanto que impeça um noviço de se sentir atraído pela jovem que vai confirmar seus votos de freira. Romeu e Julieta, com a Igreja no lugar das famílias.

A sós. Elevação espiritual posta em xeque Foto: Reprodução

Como nasceu Meteora? "Embora tenha vivido fora, a Grécia foi sempre muito presente em minha vida. Passava as férias em Kalabaca e a paisagem foi me subjugando. Em Los Angeles, fiquei amigo de Asimakis. Discutíamos muito o tipo de filme que gostaríamos de fazer. Theo se juntou a nós. Na verdade, Theo vivia dizendo ao pai que queria filmar na Grécia e foi o pai dele que me vendeu a ideia, porque tinha ficado impressionado com PVC-1. Compramos uma câmera digital Panasonic e passamos quatro meses em Kalabaca procurando desenvolver uma história e um roteiro. Theo brinca dizendo que chegamos de mãos vazias e voltamos com um filme." Na trama desenvolvidas pelo trio, Alexander faz um monge da Igreja ortodoxa que, de cara, conhece a freira cujo convento fica no pico em frente. Ambos trocam algumas breves palavras enquanto esperam pelo transporte primitivo em cestos que carregam tudo, de pessoas a mantimentos. Passa-se cerca de uma hora de desejo reprimido até que o primeiro movimento de aproximação seja feito. Em Berlim, alguns críticos se queixaram de que Stathoulopoulos se interessa mais por símbolos do que pela narração. Não é verdade. Meteora é minimalista, mas enche os olhos do espectador com tanta beleza - desde a paisagem até os atores (Alexander e a garota que faz a freira, Tamila Koulieva). O mosteiro data do século 9.º d.C. e é considerado a obra-prima desse tipo de arquitetura na Grécia. A oposição entre elevação espiritual e desejo físico é um tema recorrente no cinema. Não é a originalidade da história que faz a grandeza de Meteora. "Queria que a história fosse contada com simplicidade e rigor. Nossa maior preocupação foi com o silêncio e a luz, que deveriam ser, verdadeiramente, personagens. O silêncio é, como se diz, de ouro. O que os personagens dizem conta menos do que o que calam. E a luz natural deveria ter a aura que envolve essas pessoas que vivem fora do tempo. Discutimos que o filme deveria parecer atemporal, porque o tempo, no alto do morro, não tem o mesmo significado de quem vive na correria da vida moderna." Os ícones são fundamentais na Igreja ortodoxa e Stathoulopoulos sabia que iria utilizá-los. Dada a precariedade da produção, ele pensou inicialmente em se utilizar de gravuras e mosaicos para expressar o tormento interno dos protagonistas. A entrada de produtores alemães atraídos pelo primeiro corte do filme lhe permitiu recorrer à animação, que dialoga de forma muito inteligente e criativa com a austera narração em live action. Em Berlim, muitos críticos compararam Meteora a Luz Silenciosa, do mexicano Carlos Reygadas. Só para sua informação, Stathoulopoulos respeita muito Reygadas, mas não está certo de que Luz Silenciosa seja seu melhor filme. Prefere A Batalha no Céu, que é anterior.

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Tem alguma comoção com os filmes gregos nos grandes festivais, mas nada que seja inédito. No passado, Michael Cacoyannis fez história com sua trilogia de tragédias (Electra a Vingadora, As Troianas e Ifigênia) e Nicos Kondouros fez sensação com o erotismo de suas Jovens Afrodites. A barra tem pesado um pouco mais, por causa da crise, como atesta Miss Violence, de Alexandros Avranas. Por mais duro que seja o embate entre religiosidade e sexo, Spiros Stathoulopoulos busca, e alcança, um equilíbrio entre desejo e contemplação. Talvez porque, como ele disse ao repórter no Festival de Berlim, há dois anos, mesmo não sendo místico, acredita no ascetismo como norma diante da vida. A entrevista foi feita em grego, com intérprete, mas poderia ter sido feita em espanhol ou inglês. Stathoulopoulos passou a infância na Colômbia e reside atualmente - residia, em 2012 - em Los Angeles. Foi lá que se associou ao roteirista Asimakis Pagida e ao ator Theo Alexander - um dos vampiros da série True Blood - para desenvolver o projeto que virou Meteora, seu belo filme em cartaz. Como disse - "Virei especialista em fazer filmes sem dinheiro, mas, na verdade, nunca me pareceu que existisse uma relação muito direta entre capital e arte. Senão, todos os filmes grandes, feitos com excesso de dinheiro, seriam automaticamente grandes filmes, e isso não é verdade." Stathoulopoulos fez sensação no mundo dos festivais com um filme de baixo orçamento chamado PVC-1. "Praticamente, fui à selva com um grupo de amigos, uma câmera na mão e algumas ideias na cabeça. Não foi preciso mais." PVC-1 chamou atenção e lhe valeu algumas ofertas para dirigir novos filmes, mas ele recusou. "Sabia o que queria fazer, e era Meteora." Um mosteiro no alto de um monte. Do outro lado, um convento. O isolamento é total, mas não tanto que impeça um noviço de se sentir atraído pela jovem que vai confirmar seus votos de freira. Romeu e Julieta, com a Igreja no lugar das famílias.

A sós. Elevação espiritual posta em xeque Foto: Reprodução

Como nasceu Meteora? "Embora tenha vivido fora, a Grécia foi sempre muito presente em minha vida. Passava as férias em Kalabaca e a paisagem foi me subjugando. Em Los Angeles, fiquei amigo de Asimakis. Discutíamos muito o tipo de filme que gostaríamos de fazer. Theo se juntou a nós. Na verdade, Theo vivia dizendo ao pai que queria filmar na Grécia e foi o pai dele que me vendeu a ideia, porque tinha ficado impressionado com PVC-1. Compramos uma câmera digital Panasonic e passamos quatro meses em Kalabaca procurando desenvolver uma história e um roteiro. Theo brinca dizendo que chegamos de mãos vazias e voltamos com um filme." Na trama desenvolvidas pelo trio, Alexander faz um monge da Igreja ortodoxa que, de cara, conhece a freira cujo convento fica no pico em frente. Ambos trocam algumas breves palavras enquanto esperam pelo transporte primitivo em cestos que carregam tudo, de pessoas a mantimentos. Passa-se cerca de uma hora de desejo reprimido até que o primeiro movimento de aproximação seja feito. Em Berlim, alguns críticos se queixaram de que Stathoulopoulos se interessa mais por símbolos do que pela narração. Não é verdade. Meteora é minimalista, mas enche os olhos do espectador com tanta beleza - desde a paisagem até os atores (Alexander e a garota que faz a freira, Tamila Koulieva). O mosteiro data do século 9.º d.C. e é considerado a obra-prima desse tipo de arquitetura na Grécia. A oposição entre elevação espiritual e desejo físico é um tema recorrente no cinema. Não é a originalidade da história que faz a grandeza de Meteora. "Queria que a história fosse contada com simplicidade e rigor. Nossa maior preocupação foi com o silêncio e a luz, que deveriam ser, verdadeiramente, personagens. O silêncio é, como se diz, de ouro. O que os personagens dizem conta menos do que o que calam. E a luz natural deveria ter a aura que envolve essas pessoas que vivem fora do tempo. Discutimos que o filme deveria parecer atemporal, porque o tempo, no alto do morro, não tem o mesmo significado de quem vive na correria da vida moderna." Os ícones são fundamentais na Igreja ortodoxa e Stathoulopoulos sabia que iria utilizá-los. Dada a precariedade da produção, ele pensou inicialmente em se utilizar de gravuras e mosaicos para expressar o tormento interno dos protagonistas. A entrada de produtores alemães atraídos pelo primeiro corte do filme lhe permitiu recorrer à animação, que dialoga de forma muito inteligente e criativa com a austera narração em live action. Em Berlim, muitos críticos compararam Meteora a Luz Silenciosa, do mexicano Carlos Reygadas. Só para sua informação, Stathoulopoulos respeita muito Reygadas, mas não está certo de que Luz Silenciosa seja seu melhor filme. Prefere A Batalha no Céu, que é anterior.

Tem alguma comoção com os filmes gregos nos grandes festivais, mas nada que seja inédito. No passado, Michael Cacoyannis fez história com sua trilogia de tragédias (Electra a Vingadora, As Troianas e Ifigênia) e Nicos Kondouros fez sensação com o erotismo de suas Jovens Afrodites. A barra tem pesado um pouco mais, por causa da crise, como atesta Miss Violence, de Alexandros Avranas. Por mais duro que seja o embate entre religiosidade e sexo, Spiros Stathoulopoulos busca, e alcança, um equilíbrio entre desejo e contemplação. Talvez porque, como ele disse ao repórter no Festival de Berlim, há dois anos, mesmo não sendo místico, acredita no ascetismo como norma diante da vida. A entrevista foi feita em grego, com intérprete, mas poderia ter sido feita em espanhol ou inglês. Stathoulopoulos passou a infância na Colômbia e reside atualmente - residia, em 2012 - em Los Angeles. Foi lá que se associou ao roteirista Asimakis Pagida e ao ator Theo Alexander - um dos vampiros da série True Blood - para desenvolver o projeto que virou Meteora, seu belo filme em cartaz. Como disse - "Virei especialista em fazer filmes sem dinheiro, mas, na verdade, nunca me pareceu que existisse uma relação muito direta entre capital e arte. Senão, todos os filmes grandes, feitos com excesso de dinheiro, seriam automaticamente grandes filmes, e isso não é verdade." Stathoulopoulos fez sensação no mundo dos festivais com um filme de baixo orçamento chamado PVC-1. "Praticamente, fui à selva com um grupo de amigos, uma câmera na mão e algumas ideias na cabeça. Não foi preciso mais." PVC-1 chamou atenção e lhe valeu algumas ofertas para dirigir novos filmes, mas ele recusou. "Sabia o que queria fazer, e era Meteora." Um mosteiro no alto de um monte. Do outro lado, um convento. O isolamento é total, mas não tanto que impeça um noviço de se sentir atraído pela jovem que vai confirmar seus votos de freira. Romeu e Julieta, com a Igreja no lugar das famílias.

A sós. Elevação espiritual posta em xeque Foto: Reprodução

Como nasceu Meteora? "Embora tenha vivido fora, a Grécia foi sempre muito presente em minha vida. Passava as férias em Kalabaca e a paisagem foi me subjugando. Em Los Angeles, fiquei amigo de Asimakis. Discutíamos muito o tipo de filme que gostaríamos de fazer. Theo se juntou a nós. Na verdade, Theo vivia dizendo ao pai que queria filmar na Grécia e foi o pai dele que me vendeu a ideia, porque tinha ficado impressionado com PVC-1. Compramos uma câmera digital Panasonic e passamos quatro meses em Kalabaca procurando desenvolver uma história e um roteiro. Theo brinca dizendo que chegamos de mãos vazias e voltamos com um filme." Na trama desenvolvidas pelo trio, Alexander faz um monge da Igreja ortodoxa que, de cara, conhece a freira cujo convento fica no pico em frente. Ambos trocam algumas breves palavras enquanto esperam pelo transporte primitivo em cestos que carregam tudo, de pessoas a mantimentos. Passa-se cerca de uma hora de desejo reprimido até que o primeiro movimento de aproximação seja feito. Em Berlim, alguns críticos se queixaram de que Stathoulopoulos se interessa mais por símbolos do que pela narração. Não é verdade. Meteora é minimalista, mas enche os olhos do espectador com tanta beleza - desde a paisagem até os atores (Alexander e a garota que faz a freira, Tamila Koulieva). O mosteiro data do século 9.º d.C. e é considerado a obra-prima desse tipo de arquitetura na Grécia. A oposição entre elevação espiritual e desejo físico é um tema recorrente no cinema. Não é a originalidade da história que faz a grandeza de Meteora. "Queria que a história fosse contada com simplicidade e rigor. Nossa maior preocupação foi com o silêncio e a luz, que deveriam ser, verdadeiramente, personagens. O silêncio é, como se diz, de ouro. O que os personagens dizem conta menos do que o que calam. E a luz natural deveria ter a aura que envolve essas pessoas que vivem fora do tempo. Discutimos que o filme deveria parecer atemporal, porque o tempo, no alto do morro, não tem o mesmo significado de quem vive na correria da vida moderna." Os ícones são fundamentais na Igreja ortodoxa e Stathoulopoulos sabia que iria utilizá-los. Dada a precariedade da produção, ele pensou inicialmente em se utilizar de gravuras e mosaicos para expressar o tormento interno dos protagonistas. A entrada de produtores alemães atraídos pelo primeiro corte do filme lhe permitiu recorrer à animação, que dialoga de forma muito inteligente e criativa com a austera narração em live action. Em Berlim, muitos críticos compararam Meteora a Luz Silenciosa, do mexicano Carlos Reygadas. Só para sua informação, Stathoulopoulos respeita muito Reygadas, mas não está certo de que Luz Silenciosa seja seu melhor filme. Prefere A Batalha no Céu, que é anterior.

Tem alguma comoção com os filmes gregos nos grandes festivais, mas nada que seja inédito. No passado, Michael Cacoyannis fez história com sua trilogia de tragédias (Electra a Vingadora, As Troianas e Ifigênia) e Nicos Kondouros fez sensação com o erotismo de suas Jovens Afrodites. A barra tem pesado um pouco mais, por causa da crise, como atesta Miss Violence, de Alexandros Avranas. Por mais duro que seja o embate entre religiosidade e sexo, Spiros Stathoulopoulos busca, e alcança, um equilíbrio entre desejo e contemplação. Talvez porque, como ele disse ao repórter no Festival de Berlim, há dois anos, mesmo não sendo místico, acredita no ascetismo como norma diante da vida. A entrevista foi feita em grego, com intérprete, mas poderia ter sido feita em espanhol ou inglês. Stathoulopoulos passou a infância na Colômbia e reside atualmente - residia, em 2012 - em Los Angeles. Foi lá que se associou ao roteirista Asimakis Pagida e ao ator Theo Alexander - um dos vampiros da série True Blood - para desenvolver o projeto que virou Meteora, seu belo filme em cartaz. Como disse - "Virei especialista em fazer filmes sem dinheiro, mas, na verdade, nunca me pareceu que existisse uma relação muito direta entre capital e arte. Senão, todos os filmes grandes, feitos com excesso de dinheiro, seriam automaticamente grandes filmes, e isso não é verdade." Stathoulopoulos fez sensação no mundo dos festivais com um filme de baixo orçamento chamado PVC-1. "Praticamente, fui à selva com um grupo de amigos, uma câmera na mão e algumas ideias na cabeça. Não foi preciso mais." PVC-1 chamou atenção e lhe valeu algumas ofertas para dirigir novos filmes, mas ele recusou. "Sabia o que queria fazer, e era Meteora." Um mosteiro no alto de um monte. Do outro lado, um convento. O isolamento é total, mas não tanto que impeça um noviço de se sentir atraído pela jovem que vai confirmar seus votos de freira. Romeu e Julieta, com a Igreja no lugar das famílias.

A sós. Elevação espiritual posta em xeque Foto: Reprodução

Como nasceu Meteora? "Embora tenha vivido fora, a Grécia foi sempre muito presente em minha vida. Passava as férias em Kalabaca e a paisagem foi me subjugando. Em Los Angeles, fiquei amigo de Asimakis. Discutíamos muito o tipo de filme que gostaríamos de fazer. Theo se juntou a nós. Na verdade, Theo vivia dizendo ao pai que queria filmar na Grécia e foi o pai dele que me vendeu a ideia, porque tinha ficado impressionado com PVC-1. Compramos uma câmera digital Panasonic e passamos quatro meses em Kalabaca procurando desenvolver uma história e um roteiro. Theo brinca dizendo que chegamos de mãos vazias e voltamos com um filme." Na trama desenvolvidas pelo trio, Alexander faz um monge da Igreja ortodoxa que, de cara, conhece a freira cujo convento fica no pico em frente. Ambos trocam algumas breves palavras enquanto esperam pelo transporte primitivo em cestos que carregam tudo, de pessoas a mantimentos. Passa-se cerca de uma hora de desejo reprimido até que o primeiro movimento de aproximação seja feito. Em Berlim, alguns críticos se queixaram de que Stathoulopoulos se interessa mais por símbolos do que pela narração. Não é verdade. Meteora é minimalista, mas enche os olhos do espectador com tanta beleza - desde a paisagem até os atores (Alexander e a garota que faz a freira, Tamila Koulieva). O mosteiro data do século 9.º d.C. e é considerado a obra-prima desse tipo de arquitetura na Grécia. A oposição entre elevação espiritual e desejo físico é um tema recorrente no cinema. Não é a originalidade da história que faz a grandeza de Meteora. "Queria que a história fosse contada com simplicidade e rigor. Nossa maior preocupação foi com o silêncio e a luz, que deveriam ser, verdadeiramente, personagens. O silêncio é, como se diz, de ouro. O que os personagens dizem conta menos do que o que calam. E a luz natural deveria ter a aura que envolve essas pessoas que vivem fora do tempo. Discutimos que o filme deveria parecer atemporal, porque o tempo, no alto do morro, não tem o mesmo significado de quem vive na correria da vida moderna." Os ícones são fundamentais na Igreja ortodoxa e Stathoulopoulos sabia que iria utilizá-los. Dada a precariedade da produção, ele pensou inicialmente em se utilizar de gravuras e mosaicos para expressar o tormento interno dos protagonistas. A entrada de produtores alemães atraídos pelo primeiro corte do filme lhe permitiu recorrer à animação, que dialoga de forma muito inteligente e criativa com a austera narração em live action. Em Berlim, muitos críticos compararam Meteora a Luz Silenciosa, do mexicano Carlos Reygadas. Só para sua informação, Stathoulopoulos respeita muito Reygadas, mas não está certo de que Luz Silenciosa seja seu melhor filme. Prefere A Batalha no Céu, que é anterior.

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