Iñarritu acerta ao fazer escolhas radicais na direção de 'O Regresso'


Diretor esperou anos por Leonardo DiCaprio, que estava comprometido com Martin Scorsese

Por Luiz Carlos Merten

Ao contrário dos europeus, que fizeram história em Hollywood, é raro que diretores latinos consigam chegar ao primeiro plano de Hollywood. Alejandro González-Iñárritu pertence a uma geração de mexicanos galardoados pelo cinemão. Em 2014, Alfonso Cuarón, amigo e parceiro de Iñárritu, venceu o Oscar de direção por Gravidade. No ano passado, Iñárritu foi adiante e venceu filme e direção por Birdman. Este ano, concorre, de novo, nas duas categorias, com O Regresso. Iñárritu poderá fazer história como o primeiro estrangeiro - e latino - a vencer o Oscar de direção dois anos seguidos. São raros o diretores que conseguiram isso. Lewis Milestone, em 1929 e 30, por Two Arabian Knights e Sem Novidade no Front; John Ford, em 1940 e 41, por Vinhas da Ira e Como Era Verde o Meu Vale; e Joseph L. Mankiewicz, em 1950 e 51, por Quem É o Infiel? e A Malvada. Iñárritu poderá até chegar lá, mas surgiu uma pedra em seu caminho. Nos últimos anos, o vencedor do prêmio do Sindicato dos Produtores tem invariavelmente recebido o Oscar de filme, e este ano venceu Spotlight. Teremos um prêmio divido? Melhor filme para o de Thom McCarthy, melhor diretor para Iñárritu? As histórias cruzadas de Iñárritu em Amores Brutos, 21 Gramas e Babel valeram-lhe admiração e prêmios, mas também muitas críticas. Guillermo Arriaga e ele brigavam pela autoria, e terminaram por separar-se. O roteirista pretendia ser o autor, como a crítica Pauline Kael dizia que Herman Mankiewicz era o verdadeiro autor de Cidadão Kane, e não Orson Welles. Vai ser injustiça se Iñárritu não levar. O Regresso é melhor - muito! - que Birdman. E, embora seja uma narrativa de época - um pré-western, considerando-se que antecede a era dos pistoleiros -, é um projeto muito mais ousado do diretor. 

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Iñárritu esperou anos por Leonardo DiCaprio, que estava comprometido com Martin Scorsese (em O Lobo de Wall Street) e fez escolhas radicais - filmagem cronológica, com iluminação natural, em cenários inóspitos. A brutal cena do ataque do urso já nasceu antológica. Acompanhar a trajetória desse homem deixado para morrer e que ressurge de entre os mortos, obcecado por vingança contra quem o abandonou (e matou seu filho), é uma experiência visceral. O rigor é exemplar, apesar de uma certa facilidade (mística?) no desfecho, que remete ao final de Birdman. O que pouco se fala é que, em 1971, Richard C. Sarafian fez um filme similar e ainda melhor, Fúria Selvagem, com Richard Harris. O Regresso é quase um remake. Até nisso Iñárritu poderá fazer história - um remake ganhando o Oscar?  

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Ao contrário dos europeus, que fizeram história em Hollywood, é raro que diretores latinos consigam chegar ao primeiro plano de Hollywood. Alejandro González-Iñárritu pertence a uma geração de mexicanos galardoados pelo cinemão. Em 2014, Alfonso Cuarón, amigo e parceiro de Iñárritu, venceu o Oscar de direção por Gravidade. No ano passado, Iñárritu foi adiante e venceu filme e direção por Birdman. Este ano, concorre, de novo, nas duas categorias, com O Regresso. Iñárritu poderá fazer história como o primeiro estrangeiro - e latino - a vencer o Oscar de direção dois anos seguidos. São raros o diretores que conseguiram isso. Lewis Milestone, em 1929 e 30, por Two Arabian Knights e Sem Novidade no Front; John Ford, em 1940 e 41, por Vinhas da Ira e Como Era Verde o Meu Vale; e Joseph L. Mankiewicz, em 1950 e 51, por Quem É o Infiel? e A Malvada. Iñárritu poderá até chegar lá, mas surgiu uma pedra em seu caminho. Nos últimos anos, o vencedor do prêmio do Sindicato dos Produtores tem invariavelmente recebido o Oscar de filme, e este ano venceu Spotlight. Teremos um prêmio divido? Melhor filme para o de Thom McCarthy, melhor diretor para Iñárritu? As histórias cruzadas de Iñárritu em Amores Brutos, 21 Gramas e Babel valeram-lhe admiração e prêmios, mas também muitas críticas. Guillermo Arriaga e ele brigavam pela autoria, e terminaram por separar-se. O roteirista pretendia ser o autor, como a crítica Pauline Kael dizia que Herman Mankiewicz era o verdadeiro autor de Cidadão Kane, e não Orson Welles. Vai ser injustiça se Iñárritu não levar. O Regresso é melhor - muito! - que Birdman. E, embora seja uma narrativa de época - um pré-western, considerando-se que antecede a era dos pistoleiros -, é um projeto muito mais ousado do diretor. 

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Iñárritu esperou anos por Leonardo DiCaprio, que estava comprometido com Martin Scorsese (em O Lobo de Wall Street) e fez escolhas radicais - filmagem cronológica, com iluminação natural, em cenários inóspitos. A brutal cena do ataque do urso já nasceu antológica. Acompanhar a trajetória desse homem deixado para morrer e que ressurge de entre os mortos, obcecado por vingança contra quem o abandonou (e matou seu filho), é uma experiência visceral. O rigor é exemplar, apesar de uma certa facilidade (mística?) no desfecho, que remete ao final de Birdman. O que pouco se fala é que, em 1971, Richard C. Sarafian fez um filme similar e ainda melhor, Fúria Selvagem, com Richard Harris. O Regresso é quase um remake. Até nisso Iñárritu poderá fazer história - um remake ganhando o Oscar?  

Ao contrário dos europeus, que fizeram história em Hollywood, é raro que diretores latinos consigam chegar ao primeiro plano de Hollywood. Alejandro González-Iñárritu pertence a uma geração de mexicanos galardoados pelo cinemão. Em 2014, Alfonso Cuarón, amigo e parceiro de Iñárritu, venceu o Oscar de direção por Gravidade. No ano passado, Iñárritu foi adiante e venceu filme e direção por Birdman. Este ano, concorre, de novo, nas duas categorias, com O Regresso. Iñárritu poderá fazer história como o primeiro estrangeiro - e latino - a vencer o Oscar de direção dois anos seguidos. São raros o diretores que conseguiram isso. Lewis Milestone, em 1929 e 30, por Two Arabian Knights e Sem Novidade no Front; John Ford, em 1940 e 41, por Vinhas da Ira e Como Era Verde o Meu Vale; e Joseph L. Mankiewicz, em 1950 e 51, por Quem É o Infiel? e A Malvada. Iñárritu poderá até chegar lá, mas surgiu uma pedra em seu caminho. Nos últimos anos, o vencedor do prêmio do Sindicato dos Produtores tem invariavelmente recebido o Oscar de filme, e este ano venceu Spotlight. Teremos um prêmio divido? Melhor filme para o de Thom McCarthy, melhor diretor para Iñárritu? As histórias cruzadas de Iñárritu em Amores Brutos, 21 Gramas e Babel valeram-lhe admiração e prêmios, mas também muitas críticas. Guillermo Arriaga e ele brigavam pela autoria, e terminaram por separar-se. O roteirista pretendia ser o autor, como a crítica Pauline Kael dizia que Herman Mankiewicz era o verdadeiro autor de Cidadão Kane, e não Orson Welles. Vai ser injustiça se Iñárritu não levar. O Regresso é melhor - muito! - que Birdman. E, embora seja uma narrativa de época - um pré-western, considerando-se que antecede a era dos pistoleiros -, é um projeto muito mais ousado do diretor. 

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Iñárritu esperou anos por Leonardo DiCaprio, que estava comprometido com Martin Scorsese (em O Lobo de Wall Street) e fez escolhas radicais - filmagem cronológica, com iluminação natural, em cenários inóspitos. A brutal cena do ataque do urso já nasceu antológica. Acompanhar a trajetória desse homem deixado para morrer e que ressurge de entre os mortos, obcecado por vingança contra quem o abandonou (e matou seu filho), é uma experiência visceral. O rigor é exemplar, apesar de uma certa facilidade (mística?) no desfecho, que remete ao final de Birdman. O que pouco se fala é que, em 1971, Richard C. Sarafian fez um filme similar e ainda melhor, Fúria Selvagem, com Richard Harris. O Regresso é quase um remake. Até nisso Iñárritu poderá fazer história - um remake ganhando o Oscar?  

Ao contrário dos europeus, que fizeram história em Hollywood, é raro que diretores latinos consigam chegar ao primeiro plano de Hollywood. Alejandro González-Iñárritu pertence a uma geração de mexicanos galardoados pelo cinemão. Em 2014, Alfonso Cuarón, amigo e parceiro de Iñárritu, venceu o Oscar de direção por Gravidade. No ano passado, Iñárritu foi adiante e venceu filme e direção por Birdman. Este ano, concorre, de novo, nas duas categorias, com O Regresso. Iñárritu poderá fazer história como o primeiro estrangeiro - e latino - a vencer o Oscar de direção dois anos seguidos. São raros o diretores que conseguiram isso. Lewis Milestone, em 1929 e 30, por Two Arabian Knights e Sem Novidade no Front; John Ford, em 1940 e 41, por Vinhas da Ira e Como Era Verde o Meu Vale; e Joseph L. Mankiewicz, em 1950 e 51, por Quem É o Infiel? e A Malvada. Iñárritu poderá até chegar lá, mas surgiu uma pedra em seu caminho. Nos últimos anos, o vencedor do prêmio do Sindicato dos Produtores tem invariavelmente recebido o Oscar de filme, e este ano venceu Spotlight. Teremos um prêmio divido? Melhor filme para o de Thom McCarthy, melhor diretor para Iñárritu? As histórias cruzadas de Iñárritu em Amores Brutos, 21 Gramas e Babel valeram-lhe admiração e prêmios, mas também muitas críticas. Guillermo Arriaga e ele brigavam pela autoria, e terminaram por separar-se. O roteirista pretendia ser o autor, como a crítica Pauline Kael dizia que Herman Mankiewicz era o verdadeiro autor de Cidadão Kane, e não Orson Welles. Vai ser injustiça se Iñárritu não levar. O Regresso é melhor - muito! - que Birdman. E, embora seja uma narrativa de época - um pré-western, considerando-se que antecede a era dos pistoleiros -, é um projeto muito mais ousado do diretor. 

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Iñárritu esperou anos por Leonardo DiCaprio, que estava comprometido com Martin Scorsese (em O Lobo de Wall Street) e fez escolhas radicais - filmagem cronológica, com iluminação natural, em cenários inóspitos. A brutal cena do ataque do urso já nasceu antológica. Acompanhar a trajetória desse homem deixado para morrer e que ressurge de entre os mortos, obcecado por vingança contra quem o abandonou (e matou seu filho), é uma experiência visceral. O rigor é exemplar, apesar de uma certa facilidade (mística?) no desfecho, que remete ao final de Birdman. O que pouco se fala é que, em 1971, Richard C. Sarafian fez um filme similar e ainda melhor, Fúria Selvagem, com Richard Harris. O Regresso é quase um remake. Até nisso Iñárritu poderá fazer história - um remake ganhando o Oscar?  

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