LONDRES - A escritora J. K. Rowling estreia como roteirista em Animais Fantásticos e Onde Habitam, que segundo o protagonista, Eddie Redmayne, conserva o "grande sentimento que todos sentimos" pela saga de Harry Potter.
Com uma trilha sonora mítica, toques de jazz, muita imaginação e ajuda de efeitos especiais, a vendedora de mais de 400 milhões de livros leva o público direto aos anos 1920.
Com essa nova aventura, sutilmente, Rowling deixa aparecer temas como a arrogância política, o papel dos meios de comunicação, a proteção dos animais em perigo de extinção e a importância de sentir empatia pelos outros antes de julgar.
Diferente dos filmes anteriores, esse trabalho não é uma adaptação de um livro da escritora britânica, mas remete sim a um manual que fazia parte do material de estudo de Harry Potter, Ronny e Hermione -- uma enciclopédia de animais mágicos, que Rowling publicou sob o pseudônimo de Newt Scamander, o protagonista dessa nova série de cinco filmes, que se passam 60 anos antes de Harry Potter e a Pedra Filosofal.
Tanto os atores quanto o diretor, David Yates, concordaram que o roteiro é uma obra literária em si mesmo. "As descrições entre os diálogos são muito complexas e delicadas, e faziam tudo se cobrir de vida", disse Redmayne, encarregado de encarnar o introvertido Scamander.
Vencedor do Oscar por A Teoria de Tudo, ele também destacou o toque único que Rowling conseguiu mediante a combinação de gêneros "como o suspense, o terror, a comédia e o romance, com todo esse sentimento que vemos nos filmes de Harry Potter".
Yates, que já havia trabalhado neste mundo mágico ao dirigir os últimos quatro filmes da saga, destacou, com um tom relaxado, que Rowling foi "muito generosa e autocrítica".
O diretor britânico relatou que a autora foi muito receptiva com respeito a suas anotações, algo não comum quando se trata de uma estrela da escrita. Yates disse ser surpreendido pela "delicadeza e modéstia" de Rowling.
"Joanne é muito rápida e seu processo de escrita é catártico, ou ao menos foi essa minha impressão, sua maneira de canalizar todas as invenções que passam por sua cabeça", observou Yates.
"Amo Newt porque ele é um personagem idiossincrático", argumentou Redmayne. "Ele não se dá muito bem com as pessoas, mas quando está com suas criaturas, se pode ver outro lado de Newt... fiquei encantado com essa justaposição", ressaltou.