Jean Charles? Não, brasileiros lá fora


Filme mistura realidade e ficção para falar do novo momento em que o País de emigrantes exporta gente

Por Luiz Carlos Merten

Há mais de 20 anos, desde que tinha 19, Henrique Goldman vive no exterior. De ascendência judaica, família de classe média, foi primeiro para Nova York, depois para a Itália e, atualmente, reside em Londres, para onde volta domingo. Ao longo de todo esse tempo, Goldman foi refletindo sobre a sua condição de "estrangeiro".

 

Nos EUA, começou a brincar com cinema, fazendo vídeos de casamentos. Na Itália, fez Princesa, que investiga o universo dos travestis brasileiros que vão fazer a vida lá fora. Na Inglaterra, concluiu Jean Charles, que estreia nesta sexta-feira, 26, contando a história do mineiro que foi morto pela polícia no metrô londrino, suspeito de terrorismo.

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Tão logo ocorreu o fato, Goldman percebeu que dava filme. Ele recebeu um telefonema de Fernando Meirelles, que lhe disse que a TV inglesa estava interessada. Goldman embarcou no projeto, mas o roteiro não lhe agradava. Ele se desligou, sem desistir. Foi procurar novas parcerias. Ia fazer o filme inteiramente com os ingleses, mas um dos patrocinadores falhou e ele encontrou sócios no Brasil.

 

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Jean Charles foi feito em relativamente pouco tempo. Entre as informações na imprensa - Selton Mello vai fazer um filme sobre a morte de Jean Charles -, as etapas foram sendo queimadas rapidamente. Para Goldman, as coisas não foram tão rápidas assim. "Não estou me queixando, só quero deixar claro que não filmamos a toque de caixa."

 

E o filme, embora reconstitua a história de Jean Charles, não é sobre ele, ou só sobre ele. É sobre brasileiros no exterior, o tema que atrai o diretor, até porque, só assim, Goldman fala de si - da sua (da nossa) identidade. "O Brasil é um país de emigrantes que se abrasileiraram. Estamos vivendo uma nova fase. Os brasileiros estão migrando para o exterior. Em Londres, Roma, Nova York, no Japão, em outros lugares, existem comunidades brasileiras fortes." A maioria vai em busca de oportunidades, para ganhar dinheiro. O perfil desse migrante pouco muda - em geral é pobre e busca lá fora a vida que aqui não teve. O caso do próprio Goldman é diferente. Ele teve boas condições, boa escola. Queria a novidade, o conhecimento. É revelador que reconstitua a história de Jean Charles pelo olhar de sua prima, a personagem de Vanessa Giácomo.

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Jean Charles começa e termina com ela, em diferentes momentos de sua vida. "Essas coisas vão saindo naturalmente. Não são premeditadas. Chega um momento em que o roteiro e os personagens exigem soluções." Para contextualizar as circunstâncias da morte de Jean Charles, Goldman recria o clima de paranoia nessa Inglaterra assolada por ataques do terror. E ele não transforma Jean Charles num herói. "Não queria exagerar, fazendo dele um santo. Com um ator como Selton e com a linha dramática já definida - esse cara é uma vítima, com certeza -, posso fazer dele uma figura mais complexa." Jean Charles é um virador. A luta pela sobrevivência o faz pisar na bola. Quando sua vida parece que vai endireitar de vez, ocorre a tragédia - ele está no local errado. Fim - para Jean Charles, mas não para Vanessa, personagem principal no filme.

 

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Goldman tem ouvido que sua ficção tem muito de documentário. "Não sei o que é isso; não consigo conceituar o que é um e o que é outro. Quis fazer um filme verdadeiro." Na que talvez seja a melhor cena, a brasileirada vai a um show de Sidney Magal. Será a virada na vida de Jean Charles. Você pode ver ali um signo de afirmação de identidade. Magal e sua Sandra Rosa Madalena são representações de cafonice, mas aquilo - a generosidade, o entusiasmo - é a cara do Brasil. "O artista na vida de Jean Charles foi Zeca Pagodinho. Ele realmente salvou o show com sua habilidade como eletricista. Mas o Zeca não podia ir a Londres, porque estava com a agenda lotada. Terminei fazendo a cena com Sidnei Magal e foi muito boa."

Há mais de 20 anos, desde que tinha 19, Henrique Goldman vive no exterior. De ascendência judaica, família de classe média, foi primeiro para Nova York, depois para a Itália e, atualmente, reside em Londres, para onde volta domingo. Ao longo de todo esse tempo, Goldman foi refletindo sobre a sua condição de "estrangeiro".

 

Nos EUA, começou a brincar com cinema, fazendo vídeos de casamentos. Na Itália, fez Princesa, que investiga o universo dos travestis brasileiros que vão fazer a vida lá fora. Na Inglaterra, concluiu Jean Charles, que estreia nesta sexta-feira, 26, contando a história do mineiro que foi morto pela polícia no metrô londrino, suspeito de terrorismo.

 

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Tão logo ocorreu o fato, Goldman percebeu que dava filme. Ele recebeu um telefonema de Fernando Meirelles, que lhe disse que a TV inglesa estava interessada. Goldman embarcou no projeto, mas o roteiro não lhe agradava. Ele se desligou, sem desistir. Foi procurar novas parcerias. Ia fazer o filme inteiramente com os ingleses, mas um dos patrocinadores falhou e ele encontrou sócios no Brasil.

 

Jean Charles foi feito em relativamente pouco tempo. Entre as informações na imprensa - Selton Mello vai fazer um filme sobre a morte de Jean Charles -, as etapas foram sendo queimadas rapidamente. Para Goldman, as coisas não foram tão rápidas assim. "Não estou me queixando, só quero deixar claro que não filmamos a toque de caixa."

 

E o filme, embora reconstitua a história de Jean Charles, não é sobre ele, ou só sobre ele. É sobre brasileiros no exterior, o tema que atrai o diretor, até porque, só assim, Goldman fala de si - da sua (da nossa) identidade. "O Brasil é um país de emigrantes que se abrasileiraram. Estamos vivendo uma nova fase. Os brasileiros estão migrando para o exterior. Em Londres, Roma, Nova York, no Japão, em outros lugares, existem comunidades brasileiras fortes." A maioria vai em busca de oportunidades, para ganhar dinheiro. O perfil desse migrante pouco muda - em geral é pobre e busca lá fora a vida que aqui não teve. O caso do próprio Goldman é diferente. Ele teve boas condições, boa escola. Queria a novidade, o conhecimento. É revelador que reconstitua a história de Jean Charles pelo olhar de sua prima, a personagem de Vanessa Giácomo.

 

Jean Charles começa e termina com ela, em diferentes momentos de sua vida. "Essas coisas vão saindo naturalmente. Não são premeditadas. Chega um momento em que o roteiro e os personagens exigem soluções." Para contextualizar as circunstâncias da morte de Jean Charles, Goldman recria o clima de paranoia nessa Inglaterra assolada por ataques do terror. E ele não transforma Jean Charles num herói. "Não queria exagerar, fazendo dele um santo. Com um ator como Selton e com a linha dramática já definida - esse cara é uma vítima, com certeza -, posso fazer dele uma figura mais complexa." Jean Charles é um virador. A luta pela sobrevivência o faz pisar na bola. Quando sua vida parece que vai endireitar de vez, ocorre a tragédia - ele está no local errado. Fim - para Jean Charles, mas não para Vanessa, personagem principal no filme.

 

Goldman tem ouvido que sua ficção tem muito de documentário. "Não sei o que é isso; não consigo conceituar o que é um e o que é outro. Quis fazer um filme verdadeiro." Na que talvez seja a melhor cena, a brasileirada vai a um show de Sidney Magal. Será a virada na vida de Jean Charles. Você pode ver ali um signo de afirmação de identidade. Magal e sua Sandra Rosa Madalena são representações de cafonice, mas aquilo - a generosidade, o entusiasmo - é a cara do Brasil. "O artista na vida de Jean Charles foi Zeca Pagodinho. Ele realmente salvou o show com sua habilidade como eletricista. Mas o Zeca não podia ir a Londres, porque estava com a agenda lotada. Terminei fazendo a cena com Sidnei Magal e foi muito boa."

Há mais de 20 anos, desde que tinha 19, Henrique Goldman vive no exterior. De ascendência judaica, família de classe média, foi primeiro para Nova York, depois para a Itália e, atualmente, reside em Londres, para onde volta domingo. Ao longo de todo esse tempo, Goldman foi refletindo sobre a sua condição de "estrangeiro".

 

Nos EUA, começou a brincar com cinema, fazendo vídeos de casamentos. Na Itália, fez Princesa, que investiga o universo dos travestis brasileiros que vão fazer a vida lá fora. Na Inglaterra, concluiu Jean Charles, que estreia nesta sexta-feira, 26, contando a história do mineiro que foi morto pela polícia no metrô londrino, suspeito de terrorismo.

 

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Tão logo ocorreu o fato, Goldman percebeu que dava filme. Ele recebeu um telefonema de Fernando Meirelles, que lhe disse que a TV inglesa estava interessada. Goldman embarcou no projeto, mas o roteiro não lhe agradava. Ele se desligou, sem desistir. Foi procurar novas parcerias. Ia fazer o filme inteiramente com os ingleses, mas um dos patrocinadores falhou e ele encontrou sócios no Brasil.

 

Jean Charles foi feito em relativamente pouco tempo. Entre as informações na imprensa - Selton Mello vai fazer um filme sobre a morte de Jean Charles -, as etapas foram sendo queimadas rapidamente. Para Goldman, as coisas não foram tão rápidas assim. "Não estou me queixando, só quero deixar claro que não filmamos a toque de caixa."

 

E o filme, embora reconstitua a história de Jean Charles, não é sobre ele, ou só sobre ele. É sobre brasileiros no exterior, o tema que atrai o diretor, até porque, só assim, Goldman fala de si - da sua (da nossa) identidade. "O Brasil é um país de emigrantes que se abrasileiraram. Estamos vivendo uma nova fase. Os brasileiros estão migrando para o exterior. Em Londres, Roma, Nova York, no Japão, em outros lugares, existem comunidades brasileiras fortes." A maioria vai em busca de oportunidades, para ganhar dinheiro. O perfil desse migrante pouco muda - em geral é pobre e busca lá fora a vida que aqui não teve. O caso do próprio Goldman é diferente. Ele teve boas condições, boa escola. Queria a novidade, o conhecimento. É revelador que reconstitua a história de Jean Charles pelo olhar de sua prima, a personagem de Vanessa Giácomo.

 

Jean Charles começa e termina com ela, em diferentes momentos de sua vida. "Essas coisas vão saindo naturalmente. Não são premeditadas. Chega um momento em que o roteiro e os personagens exigem soluções." Para contextualizar as circunstâncias da morte de Jean Charles, Goldman recria o clima de paranoia nessa Inglaterra assolada por ataques do terror. E ele não transforma Jean Charles num herói. "Não queria exagerar, fazendo dele um santo. Com um ator como Selton e com a linha dramática já definida - esse cara é uma vítima, com certeza -, posso fazer dele uma figura mais complexa." Jean Charles é um virador. A luta pela sobrevivência o faz pisar na bola. Quando sua vida parece que vai endireitar de vez, ocorre a tragédia - ele está no local errado. Fim - para Jean Charles, mas não para Vanessa, personagem principal no filme.

 

Goldman tem ouvido que sua ficção tem muito de documentário. "Não sei o que é isso; não consigo conceituar o que é um e o que é outro. Quis fazer um filme verdadeiro." Na que talvez seja a melhor cena, a brasileirada vai a um show de Sidney Magal. Será a virada na vida de Jean Charles. Você pode ver ali um signo de afirmação de identidade. Magal e sua Sandra Rosa Madalena são representações de cafonice, mas aquilo - a generosidade, o entusiasmo - é a cara do Brasil. "O artista na vida de Jean Charles foi Zeca Pagodinho. Ele realmente salvou o show com sua habilidade como eletricista. Mas o Zeca não podia ir a Londres, porque estava com a agenda lotada. Terminei fazendo a cena com Sidnei Magal e foi muito boa."

Há mais de 20 anos, desde que tinha 19, Henrique Goldman vive no exterior. De ascendência judaica, família de classe média, foi primeiro para Nova York, depois para a Itália e, atualmente, reside em Londres, para onde volta domingo. Ao longo de todo esse tempo, Goldman foi refletindo sobre a sua condição de "estrangeiro".

 

Nos EUA, começou a brincar com cinema, fazendo vídeos de casamentos. Na Itália, fez Princesa, que investiga o universo dos travestis brasileiros que vão fazer a vida lá fora. Na Inglaterra, concluiu Jean Charles, que estreia nesta sexta-feira, 26, contando a história do mineiro que foi morto pela polícia no metrô londrino, suspeito de terrorismo.

 

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Tão logo ocorreu o fato, Goldman percebeu que dava filme. Ele recebeu um telefonema de Fernando Meirelles, que lhe disse que a TV inglesa estava interessada. Goldman embarcou no projeto, mas o roteiro não lhe agradava. Ele se desligou, sem desistir. Foi procurar novas parcerias. Ia fazer o filme inteiramente com os ingleses, mas um dos patrocinadores falhou e ele encontrou sócios no Brasil.

 

Jean Charles foi feito em relativamente pouco tempo. Entre as informações na imprensa - Selton Mello vai fazer um filme sobre a morte de Jean Charles -, as etapas foram sendo queimadas rapidamente. Para Goldman, as coisas não foram tão rápidas assim. "Não estou me queixando, só quero deixar claro que não filmamos a toque de caixa."

 

E o filme, embora reconstitua a história de Jean Charles, não é sobre ele, ou só sobre ele. É sobre brasileiros no exterior, o tema que atrai o diretor, até porque, só assim, Goldman fala de si - da sua (da nossa) identidade. "O Brasil é um país de emigrantes que se abrasileiraram. Estamos vivendo uma nova fase. Os brasileiros estão migrando para o exterior. Em Londres, Roma, Nova York, no Japão, em outros lugares, existem comunidades brasileiras fortes." A maioria vai em busca de oportunidades, para ganhar dinheiro. O perfil desse migrante pouco muda - em geral é pobre e busca lá fora a vida que aqui não teve. O caso do próprio Goldman é diferente. Ele teve boas condições, boa escola. Queria a novidade, o conhecimento. É revelador que reconstitua a história de Jean Charles pelo olhar de sua prima, a personagem de Vanessa Giácomo.

 

Jean Charles começa e termina com ela, em diferentes momentos de sua vida. "Essas coisas vão saindo naturalmente. Não são premeditadas. Chega um momento em que o roteiro e os personagens exigem soluções." Para contextualizar as circunstâncias da morte de Jean Charles, Goldman recria o clima de paranoia nessa Inglaterra assolada por ataques do terror. E ele não transforma Jean Charles num herói. "Não queria exagerar, fazendo dele um santo. Com um ator como Selton e com a linha dramática já definida - esse cara é uma vítima, com certeza -, posso fazer dele uma figura mais complexa." Jean Charles é um virador. A luta pela sobrevivência o faz pisar na bola. Quando sua vida parece que vai endireitar de vez, ocorre a tragédia - ele está no local errado. Fim - para Jean Charles, mas não para Vanessa, personagem principal no filme.

 

Goldman tem ouvido que sua ficção tem muito de documentário. "Não sei o que é isso; não consigo conceituar o que é um e o que é outro. Quis fazer um filme verdadeiro." Na que talvez seja a melhor cena, a brasileirada vai a um show de Sidney Magal. Será a virada na vida de Jean Charles. Você pode ver ali um signo de afirmação de identidade. Magal e sua Sandra Rosa Madalena são representações de cafonice, mas aquilo - a generosidade, o entusiasmo - é a cara do Brasil. "O artista na vida de Jean Charles foi Zeca Pagodinho. Ele realmente salvou o show com sua habilidade como eletricista. Mas o Zeca não podia ir a Londres, porque estava com a agenda lotada. Terminei fazendo a cena com Sidnei Magal e foi muito boa."

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