'Por Trás do Céu' busca alternativa para a miséria social do sertão


Longa de Caio Soh com sua ex-mulher, Nathalia Dill, traz belas imagens

Por Luiz Carlos Merten

Pense na estética da fome do Cinema Novo, no sertão de clássicos do movimento, como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Os Fuzis, de Ruy Guerra. Todos esses filmes estabeleceram um cânone, uma maneira de representar o sertão (e a realidade brasileira). Em 2005, Marcelo Gomes reformulou o cânone e propôs uma nova estética para representar o sertão em Cinema, Aspirinas e Urubus. Veio depois o sertão estilizado das motos de Reza a Lenda, de Homero Olivetto, com Cauã Reymond. E chega agora o de Por Trás do Céu, de Caio Soh.

Há pouco mais de um ano, em abril do ano passado, Por Trás do Céu integrou a programação do Cine PE, Festival do Recife. Ganhou os prêmios de ator e atriz coadjuvantes, para Renato Góes e Paula Burlamaqui, mas esteve longe de ser uma unanimidade. É visualmente elaborado, até bonito. O diretor é paulista, urbano. A atriz Nathalia Dill, sua ex-mulher, é bela e eventualmente, em outros trabalhos, talentosa. Reuniram-se para o que não deixa de ser um experimento. Caio Soh filmou no Lajedo de São Matheus, na Paraíba. O local foi escolhido pela imensidão do azul do céu.

Nathalia. Como Aparecida: personagem sonha com a cidade Foto: Elixir Entretenimento
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No Lajedo moram Nathália e o marido. Ela se chama Aparecida. É habilidosa e transforma os trastes recolhidos pelo marido em coisas belas que ele vende em feiras. Aparecida sonha com a cidade. O marido se opõe. Chega um amigo dele, Micuim/Góes, que traz o mar - um pedaço, pelo menos - numa garrafa. Mas o que desestabiliza a relação, e o grupo, é a prostituta. Paula Burlamaqui fugiu de seu cafetão. Entra no filme coçando-se. A sarna é considerada coisa da cidade, e portanto chique, pelo povo perdido do Lajedo.

Caio Soh é músico, além de escritor e cineasta. Cria uma trilha melancólica para embalar seu quarteto humano, recorre a uma fotografia que provocou polêmica do Cine PE - é saturada ou estetizante? E o realismo do diretor é poético ou fantástico? São questões até interessantes, mas que o filme não segura. Nada, nem o elenco, retira do filme esse sentimento de vazio que o paralisa. 

Por Trás do Céu foi um filme que nasceu com uma vontade artística, isso não se pode negar. Em parte, pode-se retomar aqui a velha conversa da ‘cosmética’ da fome que travou o cinema brasileiro da chamada Retomada. O realismo de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, seria cosmetizante, mas Marcelo Gomes - ele! - reinventou e atualizou a estética de Glauber e Nelson. Caio Soh vai numa outra direção. Um voo mais sensorial? Há uma máquina de filtrar pensamentos e um foguete caseiro. Nesse lugar em que o tempo parou, são ideias que buscam fazer o filme andar. Como Aparecida, que trabalha com retalhos, Caio Soh também busca costurar esses fragmentos, de forma a compor um todo. Uma metáfora do País, do mundo?

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No Recife, no ano passado, o diretor não se abateu com as críticas e foi guerreiro na defesa do projeto - o sertão de seu filme não é uma representação de miséria social. É uma abordagem de cunho mais existencial. “Quando você coloca beleza num lugar que, em princípio, é pobre e seco, está querendo propor uma outra coisa. Então, para mim, o que há em Por Trás do Céu, é pouca miséria e muita solidão.” O júri oficial, integrado pelo cineasta João Batista de Andrade - o anunciado sucessor de Manoel Rangel na Ancine -, avalizou o discurso existencial ao premiar os coadjuvantes. E o público, também. Por Trás do Céu venceu o prêmio do júri popular no Recife. Resta saber se, num momento em que o cinema brasileiro está dividido entre blockbusters e miúras, o filme conseguirá atrair plateias pagantes.

Pense na estética da fome do Cinema Novo, no sertão de clássicos do movimento, como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Os Fuzis, de Ruy Guerra. Todos esses filmes estabeleceram um cânone, uma maneira de representar o sertão (e a realidade brasileira). Em 2005, Marcelo Gomes reformulou o cânone e propôs uma nova estética para representar o sertão em Cinema, Aspirinas e Urubus. Veio depois o sertão estilizado das motos de Reza a Lenda, de Homero Olivetto, com Cauã Reymond. E chega agora o de Por Trás do Céu, de Caio Soh.

Há pouco mais de um ano, em abril do ano passado, Por Trás do Céu integrou a programação do Cine PE, Festival do Recife. Ganhou os prêmios de ator e atriz coadjuvantes, para Renato Góes e Paula Burlamaqui, mas esteve longe de ser uma unanimidade. É visualmente elaborado, até bonito. O diretor é paulista, urbano. A atriz Nathalia Dill, sua ex-mulher, é bela e eventualmente, em outros trabalhos, talentosa. Reuniram-se para o que não deixa de ser um experimento. Caio Soh filmou no Lajedo de São Matheus, na Paraíba. O local foi escolhido pela imensidão do azul do céu.

Nathalia. Como Aparecida: personagem sonha com a cidade Foto: Elixir Entretenimento

No Lajedo moram Nathália e o marido. Ela se chama Aparecida. É habilidosa e transforma os trastes recolhidos pelo marido em coisas belas que ele vende em feiras. Aparecida sonha com a cidade. O marido se opõe. Chega um amigo dele, Micuim/Góes, que traz o mar - um pedaço, pelo menos - numa garrafa. Mas o que desestabiliza a relação, e o grupo, é a prostituta. Paula Burlamaqui fugiu de seu cafetão. Entra no filme coçando-se. A sarna é considerada coisa da cidade, e portanto chique, pelo povo perdido do Lajedo.

Caio Soh é músico, além de escritor e cineasta. Cria uma trilha melancólica para embalar seu quarteto humano, recorre a uma fotografia que provocou polêmica do Cine PE - é saturada ou estetizante? E o realismo do diretor é poético ou fantástico? São questões até interessantes, mas que o filme não segura. Nada, nem o elenco, retira do filme esse sentimento de vazio que o paralisa. 

Por Trás do Céu foi um filme que nasceu com uma vontade artística, isso não se pode negar. Em parte, pode-se retomar aqui a velha conversa da ‘cosmética’ da fome que travou o cinema brasileiro da chamada Retomada. O realismo de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, seria cosmetizante, mas Marcelo Gomes - ele! - reinventou e atualizou a estética de Glauber e Nelson. Caio Soh vai numa outra direção. Um voo mais sensorial? Há uma máquina de filtrar pensamentos e um foguete caseiro. Nesse lugar em que o tempo parou, são ideias que buscam fazer o filme andar. Como Aparecida, que trabalha com retalhos, Caio Soh também busca costurar esses fragmentos, de forma a compor um todo. Uma metáfora do País, do mundo?

No Recife, no ano passado, o diretor não se abateu com as críticas e foi guerreiro na defesa do projeto - o sertão de seu filme não é uma representação de miséria social. É uma abordagem de cunho mais existencial. “Quando você coloca beleza num lugar que, em princípio, é pobre e seco, está querendo propor uma outra coisa. Então, para mim, o que há em Por Trás do Céu, é pouca miséria e muita solidão.” O júri oficial, integrado pelo cineasta João Batista de Andrade - o anunciado sucessor de Manoel Rangel na Ancine -, avalizou o discurso existencial ao premiar os coadjuvantes. E o público, também. Por Trás do Céu venceu o prêmio do júri popular no Recife. Resta saber se, num momento em que o cinema brasileiro está dividido entre blockbusters e miúras, o filme conseguirá atrair plateias pagantes.

Pense na estética da fome do Cinema Novo, no sertão de clássicos do movimento, como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Os Fuzis, de Ruy Guerra. Todos esses filmes estabeleceram um cânone, uma maneira de representar o sertão (e a realidade brasileira). Em 2005, Marcelo Gomes reformulou o cânone e propôs uma nova estética para representar o sertão em Cinema, Aspirinas e Urubus. Veio depois o sertão estilizado das motos de Reza a Lenda, de Homero Olivetto, com Cauã Reymond. E chega agora o de Por Trás do Céu, de Caio Soh.

Há pouco mais de um ano, em abril do ano passado, Por Trás do Céu integrou a programação do Cine PE, Festival do Recife. Ganhou os prêmios de ator e atriz coadjuvantes, para Renato Góes e Paula Burlamaqui, mas esteve longe de ser uma unanimidade. É visualmente elaborado, até bonito. O diretor é paulista, urbano. A atriz Nathalia Dill, sua ex-mulher, é bela e eventualmente, em outros trabalhos, talentosa. Reuniram-se para o que não deixa de ser um experimento. Caio Soh filmou no Lajedo de São Matheus, na Paraíba. O local foi escolhido pela imensidão do azul do céu.

Nathalia. Como Aparecida: personagem sonha com a cidade Foto: Elixir Entretenimento

No Lajedo moram Nathália e o marido. Ela se chama Aparecida. É habilidosa e transforma os trastes recolhidos pelo marido em coisas belas que ele vende em feiras. Aparecida sonha com a cidade. O marido se opõe. Chega um amigo dele, Micuim/Góes, que traz o mar - um pedaço, pelo menos - numa garrafa. Mas o que desestabiliza a relação, e o grupo, é a prostituta. Paula Burlamaqui fugiu de seu cafetão. Entra no filme coçando-se. A sarna é considerada coisa da cidade, e portanto chique, pelo povo perdido do Lajedo.

Caio Soh é músico, além de escritor e cineasta. Cria uma trilha melancólica para embalar seu quarteto humano, recorre a uma fotografia que provocou polêmica do Cine PE - é saturada ou estetizante? E o realismo do diretor é poético ou fantástico? São questões até interessantes, mas que o filme não segura. Nada, nem o elenco, retira do filme esse sentimento de vazio que o paralisa. 

Por Trás do Céu foi um filme que nasceu com uma vontade artística, isso não se pode negar. Em parte, pode-se retomar aqui a velha conversa da ‘cosmética’ da fome que travou o cinema brasileiro da chamada Retomada. O realismo de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, seria cosmetizante, mas Marcelo Gomes - ele! - reinventou e atualizou a estética de Glauber e Nelson. Caio Soh vai numa outra direção. Um voo mais sensorial? Há uma máquina de filtrar pensamentos e um foguete caseiro. Nesse lugar em que o tempo parou, são ideias que buscam fazer o filme andar. Como Aparecida, que trabalha com retalhos, Caio Soh também busca costurar esses fragmentos, de forma a compor um todo. Uma metáfora do País, do mundo?

No Recife, no ano passado, o diretor não se abateu com as críticas e foi guerreiro na defesa do projeto - o sertão de seu filme não é uma representação de miséria social. É uma abordagem de cunho mais existencial. “Quando você coloca beleza num lugar que, em princípio, é pobre e seco, está querendo propor uma outra coisa. Então, para mim, o que há em Por Trás do Céu, é pouca miséria e muita solidão.” O júri oficial, integrado pelo cineasta João Batista de Andrade - o anunciado sucessor de Manoel Rangel na Ancine -, avalizou o discurso existencial ao premiar os coadjuvantes. E o público, também. Por Trás do Céu venceu o prêmio do júri popular no Recife. Resta saber se, num momento em que o cinema brasileiro está dividido entre blockbusters e miúras, o filme conseguirá atrair plateias pagantes.

Pense na estética da fome do Cinema Novo, no sertão de clássicos do movimento, como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Os Fuzis, de Ruy Guerra. Todos esses filmes estabeleceram um cânone, uma maneira de representar o sertão (e a realidade brasileira). Em 2005, Marcelo Gomes reformulou o cânone e propôs uma nova estética para representar o sertão em Cinema, Aspirinas e Urubus. Veio depois o sertão estilizado das motos de Reza a Lenda, de Homero Olivetto, com Cauã Reymond. E chega agora o de Por Trás do Céu, de Caio Soh.

Há pouco mais de um ano, em abril do ano passado, Por Trás do Céu integrou a programação do Cine PE, Festival do Recife. Ganhou os prêmios de ator e atriz coadjuvantes, para Renato Góes e Paula Burlamaqui, mas esteve longe de ser uma unanimidade. É visualmente elaborado, até bonito. O diretor é paulista, urbano. A atriz Nathalia Dill, sua ex-mulher, é bela e eventualmente, em outros trabalhos, talentosa. Reuniram-se para o que não deixa de ser um experimento. Caio Soh filmou no Lajedo de São Matheus, na Paraíba. O local foi escolhido pela imensidão do azul do céu.

Nathalia. Como Aparecida: personagem sonha com a cidade Foto: Elixir Entretenimento

No Lajedo moram Nathália e o marido. Ela se chama Aparecida. É habilidosa e transforma os trastes recolhidos pelo marido em coisas belas que ele vende em feiras. Aparecida sonha com a cidade. O marido se opõe. Chega um amigo dele, Micuim/Góes, que traz o mar - um pedaço, pelo menos - numa garrafa. Mas o que desestabiliza a relação, e o grupo, é a prostituta. Paula Burlamaqui fugiu de seu cafetão. Entra no filme coçando-se. A sarna é considerada coisa da cidade, e portanto chique, pelo povo perdido do Lajedo.

Caio Soh é músico, além de escritor e cineasta. Cria uma trilha melancólica para embalar seu quarteto humano, recorre a uma fotografia que provocou polêmica do Cine PE - é saturada ou estetizante? E o realismo do diretor é poético ou fantástico? São questões até interessantes, mas que o filme não segura. Nada, nem o elenco, retira do filme esse sentimento de vazio que o paralisa. 

Por Trás do Céu foi um filme que nasceu com uma vontade artística, isso não se pode negar. Em parte, pode-se retomar aqui a velha conversa da ‘cosmética’ da fome que travou o cinema brasileiro da chamada Retomada. O realismo de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, seria cosmetizante, mas Marcelo Gomes - ele! - reinventou e atualizou a estética de Glauber e Nelson. Caio Soh vai numa outra direção. Um voo mais sensorial? Há uma máquina de filtrar pensamentos e um foguete caseiro. Nesse lugar em que o tempo parou, são ideias que buscam fazer o filme andar. Como Aparecida, que trabalha com retalhos, Caio Soh também busca costurar esses fragmentos, de forma a compor um todo. Uma metáfora do País, do mundo?

No Recife, no ano passado, o diretor não se abateu com as críticas e foi guerreiro na defesa do projeto - o sertão de seu filme não é uma representação de miséria social. É uma abordagem de cunho mais existencial. “Quando você coloca beleza num lugar que, em princípio, é pobre e seco, está querendo propor uma outra coisa. Então, para mim, o que há em Por Trás do Céu, é pouca miséria e muita solidão.” O júri oficial, integrado pelo cineasta João Batista de Andrade - o anunciado sucessor de Manoel Rangel na Ancine -, avalizou o discurso existencial ao premiar os coadjuvantes. E o público, também. Por Trás do Céu venceu o prêmio do júri popular no Recife. Resta saber se, num momento em que o cinema brasileiro está dividido entre blockbusters e miúras, o filme conseguirá atrair plateias pagantes.

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