Set de 'Tropa de Elite 2' revela foco do filme no Estado


Wagner Moura volta a viver o capitão Padilha, personagem dilacerado entre ter vida familiar e o dever

Por Redação

Luiz Carlos Merten - O Estado de S.Paulo

 - Auditório do Palácio Gustavo Capanema, Centro do Rio. O prédio de Oscar Niemeyer pode ser uma obra-prima da arquitetura, mas o calor é infernal no auditório do mezanino, agravado pela potência do gerador que lança luz lá para dentro. José Padilha finalmente abre o set de Tropa de Elite 2 para a imprensa. Ele termina a filmagem na sexta-feira. As grandes cenas de ação ficaram para trás e a cena deste domingo de Páscoa passa-se no presumível 3º Congresso de Direitos Humanos. O professor Fraga faz sua exposição sobre a conta perversa que caracteriza o Brasil atual.

 

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"Fraga" é interpretado por Irandhir Santos, que você já viu em Besouro, como Noca de Antonia, inimigo do herói. Na plateia, formada preferencialmente por jovens - Fraga é professor de história, no curso de jornalismo -, está o personagem real, que o inspirou. O sociólogo e deputado Marcelo Freixo. O discurso de Fraga reproduz palestras de Freixo: o Estado brasileiro gasta miséria com escola e saúde. Para manter uma criança na escola, dispende oito vezes menos do que para manter um preso no sistema carcerário. Além de caro, é inoperante. Pior - opera em sentido contrário. O sujeito que rouba um celular sai de lá formado em crimes piores. E a população carcerária não para de crescer.

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O capitão vira coronel na sequência de 'Tropa de Elite'. Foto: Denilson Silva/AgNews

 

 

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Hoje, são mais de 400 mil encarcerados. A conta perversa - a população brasileira dobra a cada 50 anos; a carcerária, cada 8. "E ainda tem gente que diz que o Brasil é país da impunidade. Pode ser para determinada faixa,não para os pobres", Fraga sintetiza seu discurso. O sistema carcerário reproduz a sociedade que o criou. Fraga mostra a maquete de Bangu 2, onde estão presos os 40 homens considerados mais perigosos do Rio. Os 40 ladrões? "Ali Babá está lá fora", ele diz. A plateia ri, e vai rir nas sucessivas vezes em que o plano será repetido. A conta perversa - neste ritmo, em 2081, a população brasileira será de 570 milhões de habitantes e 510 milhões estarão presos nesses condomínios fechados - e Fraga aponta para a maquete.

 

Havia a cobrança por um Tropa 2, depois que o primeiro filme virou um fenômeno - artístico e social. Uma pesquisa do Ibope mostrou que o Capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura, povoa o imaginário dos brasileiros. Sete entre dez pessoas nas grandes cidades já ouviram falar nele.

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Televisão. Pensou-se numa série de TV. O diretor Padilha e seu sócio, Marcos Prado, perceberam que nunca teriam controle sobre o seriado. Fizeram o mais difícil. Abriram mão do artigo terceiro, captaram o máximo que a lei lhes permitia (R$ 5 milhões, mais o ICMS do Estado do Rio, cerca de R$ 600 mil). O restante da produção - R$ 13,5 milhões (chegando a R$ 16 milhões com os custos de lançamento) - está sendo bancado por particulares, incluindo Padilha, Prado, Wagner Moura e uma carteira de pessoas físicas.

 

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"Se Tropa 2 repetir os 2,5 milhões de espectadores do Tropa 1, vai se pagar e ainda dar lucro", garante Padilha. Ele filma num estado de euforia. Não sente a pressão de estar fazendo um grande filme. A cobrança de ter de se superar não lhe tira o sono. Sua mulher diz que ele "é irresponsável". Quando fez Tropa de Elite, Padilha foi chamado de "direitista". O filme seria de direita, como seu protagonista, o Capitão Nascimento. Por Ônibus 174, no qual mostrou o outro lado da realidade de Tropa, foi etiquetado como de esquerda. Em busca de um enfoque que fosse original, Padilha transferiu essa dicotomia para a ficção de Tropa 2. O ex-capitão, agora Coronel Nascimento, tem um antagonista, e é o Fraga, o homem das ONGs. Se o tema do primeiro filme era corrupção e violência da polícia no combate ao crime, agora é a milícia. O papel e a responsabilidade do Estado - Padilha admite que filma para provocar polêmica e animar discussões.

 

"Ele é obcecado pela realidade", diz o diretor de fotografia Lula Carvalho. De novo, ele filma com a câmera na mão, seguindo os atores (o filme deve ter uns 3% de câmera no tripé, ele diz). O plano deste domingo é filmado como sequência, um prodigioso plano de 4 minutos que Padilha e Daniel Resende vão desconstruir na montagem. É muito comum ver, no set, Padilha e Lula Carvalho cochicharem com Resende. O montador de Cidade de Deus e Tropa 1 está presente o tempo todo na filmagem. Padilha já filma discutindo opções de montagem com ele. O set fechado alimentou todo tipo de boataria sobre o filme. O Coronel Nascimento não é secretário de Segurança, ao contrário do que você leu por aí. Muita informação errada tem circulado na imprensa. O filme tem um blog - www.tropa2.com.br - e também está no facebook, orkut, twitter, flickr e myspace. "A essência do personagem e do seu embate contra o crime estão de volta", garante o diretor. "O que muda é a abordagem. Questões familiares e profissionais convergem. Agora, é pessoal."

 

Você vai ouvir muito esta frase. É sobre ela que vai se construir a campanha de lançamento de Tropa 2. A data ainda não está fechada. Seria, em princípio, 12 de novembro, mas poderá ser mudada. Padilha é o nosso Coppola? "Que é isso?", pergunta. Como o diretor de O Poderoso Chefão, ele encara o desafio de fazer um segundo filme melhor do que o primeiro (grande), que o inspirou. Padilha jura que não pensa nisso - a tal irresponsabilidade, de que fala sua mulher. Ele procurava uma boa história e a encontrou.

 

Argumento. Sua fórmula para um bom filme é - 50% de roteiro e 50% de elenco. O roteiro de Tropa 2 - de Bráulio Mantovani, sobre um argumento de Rodrigo Pimentel, José Padilha e do próprio Mantovani - é forte, o diretor garante. O elenco traz as faces conhecidas do primeiro - Wagner Moura, Maria Ribeiro, André Matias e Milhem Cortaz. As novidades prometem - Pedro Van Held, como o filho de Nascimento; Tainá Muller, como uma repórter; e o antagonista, o poderoso Irandhir Santos.

Tanto Padilha quando Resende dizem que ele é gênio. O magnetismo do ator, na cena filmada neste domingo, é total. Em locações, nos morros - cenas filmadas em comunidades - Irandhir foi aplaudido em cena aberta. Um pouco para evitar a pirataria do primeiro filme, Tropa 2 está sendo feito num circuito fechado como nenhum outro do cinema brasileira. A boataria é grande. Padilha avalia até a possibilidade de não mostrar o filme à imprensa. "Tropa 2 virou a obsessão dos colunistas sociais e de celebridades. Publicam muita m... Tem gente que jura que já contou o fim do filme." Ele promete surpresas. Padilha parece tão seguro e tranquilo naquele set que a surpresa maior será se Tropa 2 não for um bom (grande?) filme.

Luiz Carlos Merten - O Estado de S.Paulo

 - Auditório do Palácio Gustavo Capanema, Centro do Rio. O prédio de Oscar Niemeyer pode ser uma obra-prima da arquitetura, mas o calor é infernal no auditório do mezanino, agravado pela potência do gerador que lança luz lá para dentro. José Padilha finalmente abre o set de Tropa de Elite 2 para a imprensa. Ele termina a filmagem na sexta-feira. As grandes cenas de ação ficaram para trás e a cena deste domingo de Páscoa passa-se no presumível 3º Congresso de Direitos Humanos. O professor Fraga faz sua exposição sobre a conta perversa que caracteriza o Brasil atual.

 

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"Fraga" é interpretado por Irandhir Santos, que você já viu em Besouro, como Noca de Antonia, inimigo do herói. Na plateia, formada preferencialmente por jovens - Fraga é professor de história, no curso de jornalismo -, está o personagem real, que o inspirou. O sociólogo e deputado Marcelo Freixo. O discurso de Fraga reproduz palestras de Freixo: o Estado brasileiro gasta miséria com escola e saúde. Para manter uma criança na escola, dispende oito vezes menos do que para manter um preso no sistema carcerário. Além de caro, é inoperante. Pior - opera em sentido contrário. O sujeito que rouba um celular sai de lá formado em crimes piores. E a população carcerária não para de crescer.

 

 

 

O capitão vira coronel na sequência de 'Tropa de Elite'. Foto: Denilson Silva/AgNews

 

 

Hoje, são mais de 400 mil encarcerados. A conta perversa - a população brasileira dobra a cada 50 anos; a carcerária, cada 8. "E ainda tem gente que diz que o Brasil é país da impunidade. Pode ser para determinada faixa,não para os pobres", Fraga sintetiza seu discurso. O sistema carcerário reproduz a sociedade que o criou. Fraga mostra a maquete de Bangu 2, onde estão presos os 40 homens considerados mais perigosos do Rio. Os 40 ladrões? "Ali Babá está lá fora", ele diz. A plateia ri, e vai rir nas sucessivas vezes em que o plano será repetido. A conta perversa - neste ritmo, em 2081, a população brasileira será de 570 milhões de habitantes e 510 milhões estarão presos nesses condomínios fechados - e Fraga aponta para a maquete.

 

Havia a cobrança por um Tropa 2, depois que o primeiro filme virou um fenômeno - artístico e social. Uma pesquisa do Ibope mostrou que o Capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura, povoa o imaginário dos brasileiros. Sete entre dez pessoas nas grandes cidades já ouviram falar nele.

 

Televisão. Pensou-se numa série de TV. O diretor Padilha e seu sócio, Marcos Prado, perceberam que nunca teriam controle sobre o seriado. Fizeram o mais difícil. Abriram mão do artigo terceiro, captaram o máximo que a lei lhes permitia (R$ 5 milhões, mais o ICMS do Estado do Rio, cerca de R$ 600 mil). O restante da produção - R$ 13,5 milhões (chegando a R$ 16 milhões com os custos de lançamento) - está sendo bancado por particulares, incluindo Padilha, Prado, Wagner Moura e uma carteira de pessoas físicas.

 

"Se Tropa 2 repetir os 2,5 milhões de espectadores do Tropa 1, vai se pagar e ainda dar lucro", garante Padilha. Ele filma num estado de euforia. Não sente a pressão de estar fazendo um grande filme. A cobrança de ter de se superar não lhe tira o sono. Sua mulher diz que ele "é irresponsável". Quando fez Tropa de Elite, Padilha foi chamado de "direitista". O filme seria de direita, como seu protagonista, o Capitão Nascimento. Por Ônibus 174, no qual mostrou o outro lado da realidade de Tropa, foi etiquetado como de esquerda. Em busca de um enfoque que fosse original, Padilha transferiu essa dicotomia para a ficção de Tropa 2. O ex-capitão, agora Coronel Nascimento, tem um antagonista, e é o Fraga, o homem das ONGs. Se o tema do primeiro filme era corrupção e violência da polícia no combate ao crime, agora é a milícia. O papel e a responsabilidade do Estado - Padilha admite que filma para provocar polêmica e animar discussões.

 

"Ele é obcecado pela realidade", diz o diretor de fotografia Lula Carvalho. De novo, ele filma com a câmera na mão, seguindo os atores (o filme deve ter uns 3% de câmera no tripé, ele diz). O plano deste domingo é filmado como sequência, um prodigioso plano de 4 minutos que Padilha e Daniel Resende vão desconstruir na montagem. É muito comum ver, no set, Padilha e Lula Carvalho cochicharem com Resende. O montador de Cidade de Deus e Tropa 1 está presente o tempo todo na filmagem. Padilha já filma discutindo opções de montagem com ele. O set fechado alimentou todo tipo de boataria sobre o filme. O Coronel Nascimento não é secretário de Segurança, ao contrário do que você leu por aí. Muita informação errada tem circulado na imprensa. O filme tem um blog - www.tropa2.com.br - e também está no facebook, orkut, twitter, flickr e myspace. "A essência do personagem e do seu embate contra o crime estão de volta", garante o diretor. "O que muda é a abordagem. Questões familiares e profissionais convergem. Agora, é pessoal."

 

Você vai ouvir muito esta frase. É sobre ela que vai se construir a campanha de lançamento de Tropa 2. A data ainda não está fechada. Seria, em princípio, 12 de novembro, mas poderá ser mudada. Padilha é o nosso Coppola? "Que é isso?", pergunta. Como o diretor de O Poderoso Chefão, ele encara o desafio de fazer um segundo filme melhor do que o primeiro (grande), que o inspirou. Padilha jura que não pensa nisso - a tal irresponsabilidade, de que fala sua mulher. Ele procurava uma boa história e a encontrou.

 

Argumento. Sua fórmula para um bom filme é - 50% de roteiro e 50% de elenco. O roteiro de Tropa 2 - de Bráulio Mantovani, sobre um argumento de Rodrigo Pimentel, José Padilha e do próprio Mantovani - é forte, o diretor garante. O elenco traz as faces conhecidas do primeiro - Wagner Moura, Maria Ribeiro, André Matias e Milhem Cortaz. As novidades prometem - Pedro Van Held, como o filho de Nascimento; Tainá Muller, como uma repórter; e o antagonista, o poderoso Irandhir Santos.

Tanto Padilha quando Resende dizem que ele é gênio. O magnetismo do ator, na cena filmada neste domingo, é total. Em locações, nos morros - cenas filmadas em comunidades - Irandhir foi aplaudido em cena aberta. Um pouco para evitar a pirataria do primeiro filme, Tropa 2 está sendo feito num circuito fechado como nenhum outro do cinema brasileira. A boataria é grande. Padilha avalia até a possibilidade de não mostrar o filme à imprensa. "Tropa 2 virou a obsessão dos colunistas sociais e de celebridades. Publicam muita m... Tem gente que jura que já contou o fim do filme." Ele promete surpresas. Padilha parece tão seguro e tranquilo naquele set que a surpresa maior será se Tropa 2 não for um bom (grande?) filme.

Luiz Carlos Merten - O Estado de S.Paulo

 - Auditório do Palácio Gustavo Capanema, Centro do Rio. O prédio de Oscar Niemeyer pode ser uma obra-prima da arquitetura, mas o calor é infernal no auditório do mezanino, agravado pela potência do gerador que lança luz lá para dentro. José Padilha finalmente abre o set de Tropa de Elite 2 para a imprensa. Ele termina a filmagem na sexta-feira. As grandes cenas de ação ficaram para trás e a cena deste domingo de Páscoa passa-se no presumível 3º Congresso de Direitos Humanos. O professor Fraga faz sua exposição sobre a conta perversa que caracteriza o Brasil atual.

 

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"Fraga" é interpretado por Irandhir Santos, que você já viu em Besouro, como Noca de Antonia, inimigo do herói. Na plateia, formada preferencialmente por jovens - Fraga é professor de história, no curso de jornalismo -, está o personagem real, que o inspirou. O sociólogo e deputado Marcelo Freixo. O discurso de Fraga reproduz palestras de Freixo: o Estado brasileiro gasta miséria com escola e saúde. Para manter uma criança na escola, dispende oito vezes menos do que para manter um preso no sistema carcerário. Além de caro, é inoperante. Pior - opera em sentido contrário. O sujeito que rouba um celular sai de lá formado em crimes piores. E a população carcerária não para de crescer.

 

 

 

O capitão vira coronel na sequência de 'Tropa de Elite'. Foto: Denilson Silva/AgNews

 

 

Hoje, são mais de 400 mil encarcerados. A conta perversa - a população brasileira dobra a cada 50 anos; a carcerária, cada 8. "E ainda tem gente que diz que o Brasil é país da impunidade. Pode ser para determinada faixa,não para os pobres", Fraga sintetiza seu discurso. O sistema carcerário reproduz a sociedade que o criou. Fraga mostra a maquete de Bangu 2, onde estão presos os 40 homens considerados mais perigosos do Rio. Os 40 ladrões? "Ali Babá está lá fora", ele diz. A plateia ri, e vai rir nas sucessivas vezes em que o plano será repetido. A conta perversa - neste ritmo, em 2081, a população brasileira será de 570 milhões de habitantes e 510 milhões estarão presos nesses condomínios fechados - e Fraga aponta para a maquete.

 

Havia a cobrança por um Tropa 2, depois que o primeiro filme virou um fenômeno - artístico e social. Uma pesquisa do Ibope mostrou que o Capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura, povoa o imaginário dos brasileiros. Sete entre dez pessoas nas grandes cidades já ouviram falar nele.

 

Televisão. Pensou-se numa série de TV. O diretor Padilha e seu sócio, Marcos Prado, perceberam que nunca teriam controle sobre o seriado. Fizeram o mais difícil. Abriram mão do artigo terceiro, captaram o máximo que a lei lhes permitia (R$ 5 milhões, mais o ICMS do Estado do Rio, cerca de R$ 600 mil). O restante da produção - R$ 13,5 milhões (chegando a R$ 16 milhões com os custos de lançamento) - está sendo bancado por particulares, incluindo Padilha, Prado, Wagner Moura e uma carteira de pessoas físicas.

 

"Se Tropa 2 repetir os 2,5 milhões de espectadores do Tropa 1, vai se pagar e ainda dar lucro", garante Padilha. Ele filma num estado de euforia. Não sente a pressão de estar fazendo um grande filme. A cobrança de ter de se superar não lhe tira o sono. Sua mulher diz que ele "é irresponsável". Quando fez Tropa de Elite, Padilha foi chamado de "direitista". O filme seria de direita, como seu protagonista, o Capitão Nascimento. Por Ônibus 174, no qual mostrou o outro lado da realidade de Tropa, foi etiquetado como de esquerda. Em busca de um enfoque que fosse original, Padilha transferiu essa dicotomia para a ficção de Tropa 2. O ex-capitão, agora Coronel Nascimento, tem um antagonista, e é o Fraga, o homem das ONGs. Se o tema do primeiro filme era corrupção e violência da polícia no combate ao crime, agora é a milícia. O papel e a responsabilidade do Estado - Padilha admite que filma para provocar polêmica e animar discussões.

 

"Ele é obcecado pela realidade", diz o diretor de fotografia Lula Carvalho. De novo, ele filma com a câmera na mão, seguindo os atores (o filme deve ter uns 3% de câmera no tripé, ele diz). O plano deste domingo é filmado como sequência, um prodigioso plano de 4 minutos que Padilha e Daniel Resende vão desconstruir na montagem. É muito comum ver, no set, Padilha e Lula Carvalho cochicharem com Resende. O montador de Cidade de Deus e Tropa 1 está presente o tempo todo na filmagem. Padilha já filma discutindo opções de montagem com ele. O set fechado alimentou todo tipo de boataria sobre o filme. O Coronel Nascimento não é secretário de Segurança, ao contrário do que você leu por aí. Muita informação errada tem circulado na imprensa. O filme tem um blog - www.tropa2.com.br - e também está no facebook, orkut, twitter, flickr e myspace. "A essência do personagem e do seu embate contra o crime estão de volta", garante o diretor. "O que muda é a abordagem. Questões familiares e profissionais convergem. Agora, é pessoal."

 

Você vai ouvir muito esta frase. É sobre ela que vai se construir a campanha de lançamento de Tropa 2. A data ainda não está fechada. Seria, em princípio, 12 de novembro, mas poderá ser mudada. Padilha é o nosso Coppola? "Que é isso?", pergunta. Como o diretor de O Poderoso Chefão, ele encara o desafio de fazer um segundo filme melhor do que o primeiro (grande), que o inspirou. Padilha jura que não pensa nisso - a tal irresponsabilidade, de que fala sua mulher. Ele procurava uma boa história e a encontrou.

 

Argumento. Sua fórmula para um bom filme é - 50% de roteiro e 50% de elenco. O roteiro de Tropa 2 - de Bráulio Mantovani, sobre um argumento de Rodrigo Pimentel, José Padilha e do próprio Mantovani - é forte, o diretor garante. O elenco traz as faces conhecidas do primeiro - Wagner Moura, Maria Ribeiro, André Matias e Milhem Cortaz. As novidades prometem - Pedro Van Held, como o filho de Nascimento; Tainá Muller, como uma repórter; e o antagonista, o poderoso Irandhir Santos.

Tanto Padilha quando Resende dizem que ele é gênio. O magnetismo do ator, na cena filmada neste domingo, é total. Em locações, nos morros - cenas filmadas em comunidades - Irandhir foi aplaudido em cena aberta. Um pouco para evitar a pirataria do primeiro filme, Tropa 2 está sendo feito num circuito fechado como nenhum outro do cinema brasileira. A boataria é grande. Padilha avalia até a possibilidade de não mostrar o filme à imprensa. "Tropa 2 virou a obsessão dos colunistas sociais e de celebridades. Publicam muita m... Tem gente que jura que já contou o fim do filme." Ele promete surpresas. Padilha parece tão seguro e tranquilo naquele set que a surpresa maior será se Tropa 2 não for um bom (grande?) filme.

Luiz Carlos Merten - O Estado de S.Paulo

 - Auditório do Palácio Gustavo Capanema, Centro do Rio. O prédio de Oscar Niemeyer pode ser uma obra-prima da arquitetura, mas o calor é infernal no auditório do mezanino, agravado pela potência do gerador que lança luz lá para dentro. José Padilha finalmente abre o set de Tropa de Elite 2 para a imprensa. Ele termina a filmagem na sexta-feira. As grandes cenas de ação ficaram para trás e a cena deste domingo de Páscoa passa-se no presumível 3º Congresso de Direitos Humanos. O professor Fraga faz sua exposição sobre a conta perversa que caracteriza o Brasil atual.

 

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"Fraga" é interpretado por Irandhir Santos, que você já viu em Besouro, como Noca de Antonia, inimigo do herói. Na plateia, formada preferencialmente por jovens - Fraga é professor de história, no curso de jornalismo -, está o personagem real, que o inspirou. O sociólogo e deputado Marcelo Freixo. O discurso de Fraga reproduz palestras de Freixo: o Estado brasileiro gasta miséria com escola e saúde. Para manter uma criança na escola, dispende oito vezes menos do que para manter um preso no sistema carcerário. Além de caro, é inoperante. Pior - opera em sentido contrário. O sujeito que rouba um celular sai de lá formado em crimes piores. E a população carcerária não para de crescer.

 

 

 

O capitão vira coronel na sequência de 'Tropa de Elite'. Foto: Denilson Silva/AgNews

 

 

Hoje, são mais de 400 mil encarcerados. A conta perversa - a população brasileira dobra a cada 50 anos; a carcerária, cada 8. "E ainda tem gente que diz que o Brasil é país da impunidade. Pode ser para determinada faixa,não para os pobres", Fraga sintetiza seu discurso. O sistema carcerário reproduz a sociedade que o criou. Fraga mostra a maquete de Bangu 2, onde estão presos os 40 homens considerados mais perigosos do Rio. Os 40 ladrões? "Ali Babá está lá fora", ele diz. A plateia ri, e vai rir nas sucessivas vezes em que o plano será repetido. A conta perversa - neste ritmo, em 2081, a população brasileira será de 570 milhões de habitantes e 510 milhões estarão presos nesses condomínios fechados - e Fraga aponta para a maquete.

 

Havia a cobrança por um Tropa 2, depois que o primeiro filme virou um fenômeno - artístico e social. Uma pesquisa do Ibope mostrou que o Capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura, povoa o imaginário dos brasileiros. Sete entre dez pessoas nas grandes cidades já ouviram falar nele.

 

Televisão. Pensou-se numa série de TV. O diretor Padilha e seu sócio, Marcos Prado, perceberam que nunca teriam controle sobre o seriado. Fizeram o mais difícil. Abriram mão do artigo terceiro, captaram o máximo que a lei lhes permitia (R$ 5 milhões, mais o ICMS do Estado do Rio, cerca de R$ 600 mil). O restante da produção - R$ 13,5 milhões (chegando a R$ 16 milhões com os custos de lançamento) - está sendo bancado por particulares, incluindo Padilha, Prado, Wagner Moura e uma carteira de pessoas físicas.

 

"Se Tropa 2 repetir os 2,5 milhões de espectadores do Tropa 1, vai se pagar e ainda dar lucro", garante Padilha. Ele filma num estado de euforia. Não sente a pressão de estar fazendo um grande filme. A cobrança de ter de se superar não lhe tira o sono. Sua mulher diz que ele "é irresponsável". Quando fez Tropa de Elite, Padilha foi chamado de "direitista". O filme seria de direita, como seu protagonista, o Capitão Nascimento. Por Ônibus 174, no qual mostrou o outro lado da realidade de Tropa, foi etiquetado como de esquerda. Em busca de um enfoque que fosse original, Padilha transferiu essa dicotomia para a ficção de Tropa 2. O ex-capitão, agora Coronel Nascimento, tem um antagonista, e é o Fraga, o homem das ONGs. Se o tema do primeiro filme era corrupção e violência da polícia no combate ao crime, agora é a milícia. O papel e a responsabilidade do Estado - Padilha admite que filma para provocar polêmica e animar discussões.

 

"Ele é obcecado pela realidade", diz o diretor de fotografia Lula Carvalho. De novo, ele filma com a câmera na mão, seguindo os atores (o filme deve ter uns 3% de câmera no tripé, ele diz). O plano deste domingo é filmado como sequência, um prodigioso plano de 4 minutos que Padilha e Daniel Resende vão desconstruir na montagem. É muito comum ver, no set, Padilha e Lula Carvalho cochicharem com Resende. O montador de Cidade de Deus e Tropa 1 está presente o tempo todo na filmagem. Padilha já filma discutindo opções de montagem com ele. O set fechado alimentou todo tipo de boataria sobre o filme. O Coronel Nascimento não é secretário de Segurança, ao contrário do que você leu por aí. Muita informação errada tem circulado na imprensa. O filme tem um blog - www.tropa2.com.br - e também está no facebook, orkut, twitter, flickr e myspace. "A essência do personagem e do seu embate contra o crime estão de volta", garante o diretor. "O que muda é a abordagem. Questões familiares e profissionais convergem. Agora, é pessoal."

 

Você vai ouvir muito esta frase. É sobre ela que vai se construir a campanha de lançamento de Tropa 2. A data ainda não está fechada. Seria, em princípio, 12 de novembro, mas poderá ser mudada. Padilha é o nosso Coppola? "Que é isso?", pergunta. Como o diretor de O Poderoso Chefão, ele encara o desafio de fazer um segundo filme melhor do que o primeiro (grande), que o inspirou. Padilha jura que não pensa nisso - a tal irresponsabilidade, de que fala sua mulher. Ele procurava uma boa história e a encontrou.

 

Argumento. Sua fórmula para um bom filme é - 50% de roteiro e 50% de elenco. O roteiro de Tropa 2 - de Bráulio Mantovani, sobre um argumento de Rodrigo Pimentel, José Padilha e do próprio Mantovani - é forte, o diretor garante. O elenco traz as faces conhecidas do primeiro - Wagner Moura, Maria Ribeiro, André Matias e Milhem Cortaz. As novidades prometem - Pedro Van Held, como o filho de Nascimento; Tainá Muller, como uma repórter; e o antagonista, o poderoso Irandhir Santos.

Tanto Padilha quando Resende dizem que ele é gênio. O magnetismo do ator, na cena filmada neste domingo, é total. Em locações, nos morros - cenas filmadas em comunidades - Irandhir foi aplaudido em cena aberta. Um pouco para evitar a pirataria do primeiro filme, Tropa 2 está sendo feito num circuito fechado como nenhum outro do cinema brasileira. A boataria é grande. Padilha avalia até a possibilidade de não mostrar o filme à imprensa. "Tropa 2 virou a obsessão dos colunistas sociais e de celebridades. Publicam muita m... Tem gente que jura que já contou o fim do filme." Ele promete surpresas. Padilha parece tão seguro e tranquilo naquele set que a surpresa maior será se Tropa 2 não for um bom (grande?) filme.

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