Terror e família são o foco do longa ‘Meu Querido Filho’


O diretor Mohamed Ben Attia fala sobre seu filme que entra na quinta e será tema de debate do ‘Estado’ no dia 9

Por Luiz Carlos Merten

Após a apresentação de seu filme em Cannes, em maio – na Quinzena dos Realizadores –, Mohamed Ben Attia passou o segundo semestre viajando pela Europa e pelo Norte da África, acompanhando o lançamento de Meu Querido Filho na França, na Bélgica – os irmãos Dardenne são coprodutores – e, claro, na Tunísia. É de lá que ele fala com a reportagem do Estado, pelo telefone. O filme estreia nesta quinta, 3, em São Paulo e, no dia 9, quarta da próxima semana, haverá no Belas Artes uma sessão seguida de debate, promovida pelo jornal. O evento é gratuito e você só precisa retirar os ingressos uma hora antes, a partir das 18h30.

Drama familiar Foto: PANDORA FILMES

Apresentando seu filme em países tão diversos, Ben Attia surpreendeu-se com a diversidade das reações. “Sabia que seria um filme mais difícil que Hedi/A Amante. Não esperava, pelo próprio tema, a unanimidade de público e crítica, mas me surpreende como um filme pode provocar reações tão contrárias. Na Europa, o público mais maduro adorou e, na Bélgica, tive plateias entusiasmadas. Na Tunísia, os jovens não se sentiram retratados e me fizeram duras cobranças.” Quando fala no tema polêmico, Ben Attia não está se referindo à família, que já estava no centro de A Amante, mas na Jihad.

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A Amante contava a história de um filho que se rebelava contra a tradição – e a mãe que a representava –, contada do ângulo dele. Meu Querido Filho conta a história de um pai totalmente dedicado a seu filho e que o vê distanciar-se para seguir a via do radicalismo islâmico, que atrai tantos jovens. Ben Attia adota o ponto de vista desse pai, cujo mundo implode. Interpretado com dignidade e pathos por Mohamed Dhrif, ator muito popular na TV tunisiana, o pai vai ao fundo da sua solidão para, de alguma forma, renascer.

Mas, como no clássico Clamor do Sexo, de Elia Kazan, algo se quebra e nunca mais a vida será a mesma para o protagonista, Riadh. Meu Querido Filho começou a nascer para Ben Attia a partir de um relato que ele ouviu na rádio. “Estava no carro quando começou o depoimento desse pai que se aventurara pelo mundo islâmico, e pela clandestinidade, em busca do filho. Para além de todo o sofrimento, ele já adquirira serenidade para abordar o tema, e foi o que me impressionou. O seu relato de uma verdadeira Odisseia em que os perigos e os monstros não eram mais os da mitologia, mas a realidade do mundo atual.” Ele admite que escreveu o filme meio em transe, sem pensar nas dificuldades da realização. “A acolhida internacional a Hedi me abriu muitas portas e eu sabia que teria financiamento. Também não tive problemas com a censura, na Tunísia. Os problemas vieram da Turquia, que, primeiro, demorou muito para autorizar a filmagem no país e, depois, continuou criando empecilhos.”

Na ficção de Meu Querido Filho, o garoto de 19 anos, Sami/Zakaria Ben Ayed, sofre o que, para os pais, parece um colapso nervoso pela proximidade do ‘bac’, o vestibular, mas a situação é muito mais complexa. Seduzido pelos apelos jihadistas, Sami embarca numa jornada sem volta para a Síria. “Os jovens, na Tunísia, me criticaram por não haver encarado a situação síria, mas teria sido outro filme. Procurei manter a verossimilhança da jornada, mas o filme não é nem mesmo sobre a escolha do filho. O terrorismo está presente, mas não é o tema. É sobre o efeito dessa escolha na vida familiar, e no pai.” Aposentado, Riadh vive uma relação sem muito afeto com a mulher. O filho é seu xodó, daí a perda irreparável. 

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A cena mais importante, segundo o próprio diretor, é na Turquia, o diálogo entre o pai e o gerente do hotel em que ele se hospeda, e que já viu outros pais seguindo a trilha dos filhos. “O gerente diz mais ou menos que os pais criam os filhos, mas não podem viver a vida deles.” Riadh terá de reaprender a viver. “É interessante que você diga isso. O final tem provocado discussões. Cada um interpreta de um jeito. Gosto dessa sua ideia de que a vida, apesar de tudo, vem. Mas, realmente, é um mundo de escombros, o mundo em que vivemos.”

Após a apresentação de seu filme em Cannes, em maio – na Quinzena dos Realizadores –, Mohamed Ben Attia passou o segundo semestre viajando pela Europa e pelo Norte da África, acompanhando o lançamento de Meu Querido Filho na França, na Bélgica – os irmãos Dardenne são coprodutores – e, claro, na Tunísia. É de lá que ele fala com a reportagem do Estado, pelo telefone. O filme estreia nesta quinta, 3, em São Paulo e, no dia 9, quarta da próxima semana, haverá no Belas Artes uma sessão seguida de debate, promovida pelo jornal. O evento é gratuito e você só precisa retirar os ingressos uma hora antes, a partir das 18h30.

Drama familiar Foto: PANDORA FILMES

Apresentando seu filme em países tão diversos, Ben Attia surpreendeu-se com a diversidade das reações. “Sabia que seria um filme mais difícil que Hedi/A Amante. Não esperava, pelo próprio tema, a unanimidade de público e crítica, mas me surpreende como um filme pode provocar reações tão contrárias. Na Europa, o público mais maduro adorou e, na Bélgica, tive plateias entusiasmadas. Na Tunísia, os jovens não se sentiram retratados e me fizeram duras cobranças.” Quando fala no tema polêmico, Ben Attia não está se referindo à família, que já estava no centro de A Amante, mas na Jihad.

A Amante contava a história de um filho que se rebelava contra a tradição – e a mãe que a representava –, contada do ângulo dele. Meu Querido Filho conta a história de um pai totalmente dedicado a seu filho e que o vê distanciar-se para seguir a via do radicalismo islâmico, que atrai tantos jovens. Ben Attia adota o ponto de vista desse pai, cujo mundo implode. Interpretado com dignidade e pathos por Mohamed Dhrif, ator muito popular na TV tunisiana, o pai vai ao fundo da sua solidão para, de alguma forma, renascer.

Mas, como no clássico Clamor do Sexo, de Elia Kazan, algo se quebra e nunca mais a vida será a mesma para o protagonista, Riadh. Meu Querido Filho começou a nascer para Ben Attia a partir de um relato que ele ouviu na rádio. “Estava no carro quando começou o depoimento desse pai que se aventurara pelo mundo islâmico, e pela clandestinidade, em busca do filho. Para além de todo o sofrimento, ele já adquirira serenidade para abordar o tema, e foi o que me impressionou. O seu relato de uma verdadeira Odisseia em que os perigos e os monstros não eram mais os da mitologia, mas a realidade do mundo atual.” Ele admite que escreveu o filme meio em transe, sem pensar nas dificuldades da realização. “A acolhida internacional a Hedi me abriu muitas portas e eu sabia que teria financiamento. Também não tive problemas com a censura, na Tunísia. Os problemas vieram da Turquia, que, primeiro, demorou muito para autorizar a filmagem no país e, depois, continuou criando empecilhos.”

Na ficção de Meu Querido Filho, o garoto de 19 anos, Sami/Zakaria Ben Ayed, sofre o que, para os pais, parece um colapso nervoso pela proximidade do ‘bac’, o vestibular, mas a situação é muito mais complexa. Seduzido pelos apelos jihadistas, Sami embarca numa jornada sem volta para a Síria. “Os jovens, na Tunísia, me criticaram por não haver encarado a situação síria, mas teria sido outro filme. Procurei manter a verossimilhança da jornada, mas o filme não é nem mesmo sobre a escolha do filho. O terrorismo está presente, mas não é o tema. É sobre o efeito dessa escolha na vida familiar, e no pai.” Aposentado, Riadh vive uma relação sem muito afeto com a mulher. O filho é seu xodó, daí a perda irreparável. 

A cena mais importante, segundo o próprio diretor, é na Turquia, o diálogo entre o pai e o gerente do hotel em que ele se hospeda, e que já viu outros pais seguindo a trilha dos filhos. “O gerente diz mais ou menos que os pais criam os filhos, mas não podem viver a vida deles.” Riadh terá de reaprender a viver. “É interessante que você diga isso. O final tem provocado discussões. Cada um interpreta de um jeito. Gosto dessa sua ideia de que a vida, apesar de tudo, vem. Mas, realmente, é um mundo de escombros, o mundo em que vivemos.”

Após a apresentação de seu filme em Cannes, em maio – na Quinzena dos Realizadores –, Mohamed Ben Attia passou o segundo semestre viajando pela Europa e pelo Norte da África, acompanhando o lançamento de Meu Querido Filho na França, na Bélgica – os irmãos Dardenne são coprodutores – e, claro, na Tunísia. É de lá que ele fala com a reportagem do Estado, pelo telefone. O filme estreia nesta quinta, 3, em São Paulo e, no dia 9, quarta da próxima semana, haverá no Belas Artes uma sessão seguida de debate, promovida pelo jornal. O evento é gratuito e você só precisa retirar os ingressos uma hora antes, a partir das 18h30.

Drama familiar Foto: PANDORA FILMES

Apresentando seu filme em países tão diversos, Ben Attia surpreendeu-se com a diversidade das reações. “Sabia que seria um filme mais difícil que Hedi/A Amante. Não esperava, pelo próprio tema, a unanimidade de público e crítica, mas me surpreende como um filme pode provocar reações tão contrárias. Na Europa, o público mais maduro adorou e, na Bélgica, tive plateias entusiasmadas. Na Tunísia, os jovens não se sentiram retratados e me fizeram duras cobranças.” Quando fala no tema polêmico, Ben Attia não está se referindo à família, que já estava no centro de A Amante, mas na Jihad.

A Amante contava a história de um filho que se rebelava contra a tradição – e a mãe que a representava –, contada do ângulo dele. Meu Querido Filho conta a história de um pai totalmente dedicado a seu filho e que o vê distanciar-se para seguir a via do radicalismo islâmico, que atrai tantos jovens. Ben Attia adota o ponto de vista desse pai, cujo mundo implode. Interpretado com dignidade e pathos por Mohamed Dhrif, ator muito popular na TV tunisiana, o pai vai ao fundo da sua solidão para, de alguma forma, renascer.

Mas, como no clássico Clamor do Sexo, de Elia Kazan, algo se quebra e nunca mais a vida será a mesma para o protagonista, Riadh. Meu Querido Filho começou a nascer para Ben Attia a partir de um relato que ele ouviu na rádio. “Estava no carro quando começou o depoimento desse pai que se aventurara pelo mundo islâmico, e pela clandestinidade, em busca do filho. Para além de todo o sofrimento, ele já adquirira serenidade para abordar o tema, e foi o que me impressionou. O seu relato de uma verdadeira Odisseia em que os perigos e os monstros não eram mais os da mitologia, mas a realidade do mundo atual.” Ele admite que escreveu o filme meio em transe, sem pensar nas dificuldades da realização. “A acolhida internacional a Hedi me abriu muitas portas e eu sabia que teria financiamento. Também não tive problemas com a censura, na Tunísia. Os problemas vieram da Turquia, que, primeiro, demorou muito para autorizar a filmagem no país e, depois, continuou criando empecilhos.”

Na ficção de Meu Querido Filho, o garoto de 19 anos, Sami/Zakaria Ben Ayed, sofre o que, para os pais, parece um colapso nervoso pela proximidade do ‘bac’, o vestibular, mas a situação é muito mais complexa. Seduzido pelos apelos jihadistas, Sami embarca numa jornada sem volta para a Síria. “Os jovens, na Tunísia, me criticaram por não haver encarado a situação síria, mas teria sido outro filme. Procurei manter a verossimilhança da jornada, mas o filme não é nem mesmo sobre a escolha do filho. O terrorismo está presente, mas não é o tema. É sobre o efeito dessa escolha na vida familiar, e no pai.” Aposentado, Riadh vive uma relação sem muito afeto com a mulher. O filho é seu xodó, daí a perda irreparável. 

A cena mais importante, segundo o próprio diretor, é na Turquia, o diálogo entre o pai e o gerente do hotel em que ele se hospeda, e que já viu outros pais seguindo a trilha dos filhos. “O gerente diz mais ou menos que os pais criam os filhos, mas não podem viver a vida deles.” Riadh terá de reaprender a viver. “É interessante que você diga isso. O final tem provocado discussões. Cada um interpreta de um jeito. Gosto dessa sua ideia de que a vida, apesar de tudo, vem. Mas, realmente, é um mundo de escombros, o mundo em que vivemos.”

Após a apresentação de seu filme em Cannes, em maio – na Quinzena dos Realizadores –, Mohamed Ben Attia passou o segundo semestre viajando pela Europa e pelo Norte da África, acompanhando o lançamento de Meu Querido Filho na França, na Bélgica – os irmãos Dardenne são coprodutores – e, claro, na Tunísia. É de lá que ele fala com a reportagem do Estado, pelo telefone. O filme estreia nesta quinta, 3, em São Paulo e, no dia 9, quarta da próxima semana, haverá no Belas Artes uma sessão seguida de debate, promovida pelo jornal. O evento é gratuito e você só precisa retirar os ingressos uma hora antes, a partir das 18h30.

Drama familiar Foto: PANDORA FILMES

Apresentando seu filme em países tão diversos, Ben Attia surpreendeu-se com a diversidade das reações. “Sabia que seria um filme mais difícil que Hedi/A Amante. Não esperava, pelo próprio tema, a unanimidade de público e crítica, mas me surpreende como um filme pode provocar reações tão contrárias. Na Europa, o público mais maduro adorou e, na Bélgica, tive plateias entusiasmadas. Na Tunísia, os jovens não se sentiram retratados e me fizeram duras cobranças.” Quando fala no tema polêmico, Ben Attia não está se referindo à família, que já estava no centro de A Amante, mas na Jihad.

A Amante contava a história de um filho que se rebelava contra a tradição – e a mãe que a representava –, contada do ângulo dele. Meu Querido Filho conta a história de um pai totalmente dedicado a seu filho e que o vê distanciar-se para seguir a via do radicalismo islâmico, que atrai tantos jovens. Ben Attia adota o ponto de vista desse pai, cujo mundo implode. Interpretado com dignidade e pathos por Mohamed Dhrif, ator muito popular na TV tunisiana, o pai vai ao fundo da sua solidão para, de alguma forma, renascer.

Mas, como no clássico Clamor do Sexo, de Elia Kazan, algo se quebra e nunca mais a vida será a mesma para o protagonista, Riadh. Meu Querido Filho começou a nascer para Ben Attia a partir de um relato que ele ouviu na rádio. “Estava no carro quando começou o depoimento desse pai que se aventurara pelo mundo islâmico, e pela clandestinidade, em busca do filho. Para além de todo o sofrimento, ele já adquirira serenidade para abordar o tema, e foi o que me impressionou. O seu relato de uma verdadeira Odisseia em que os perigos e os monstros não eram mais os da mitologia, mas a realidade do mundo atual.” Ele admite que escreveu o filme meio em transe, sem pensar nas dificuldades da realização. “A acolhida internacional a Hedi me abriu muitas portas e eu sabia que teria financiamento. Também não tive problemas com a censura, na Tunísia. Os problemas vieram da Turquia, que, primeiro, demorou muito para autorizar a filmagem no país e, depois, continuou criando empecilhos.”

Na ficção de Meu Querido Filho, o garoto de 19 anos, Sami/Zakaria Ben Ayed, sofre o que, para os pais, parece um colapso nervoso pela proximidade do ‘bac’, o vestibular, mas a situação é muito mais complexa. Seduzido pelos apelos jihadistas, Sami embarca numa jornada sem volta para a Síria. “Os jovens, na Tunísia, me criticaram por não haver encarado a situação síria, mas teria sido outro filme. Procurei manter a verossimilhança da jornada, mas o filme não é nem mesmo sobre a escolha do filho. O terrorismo está presente, mas não é o tema. É sobre o efeito dessa escolha na vida familiar, e no pai.” Aposentado, Riadh vive uma relação sem muito afeto com a mulher. O filho é seu xodó, daí a perda irreparável. 

A cena mais importante, segundo o próprio diretor, é na Turquia, o diálogo entre o pai e o gerente do hotel em que ele se hospeda, e que já viu outros pais seguindo a trilha dos filhos. “O gerente diz mais ou menos que os pais criam os filhos, mas não podem viver a vida deles.” Riadh terá de reaprender a viver. “É interessante que você diga isso. O final tem provocado discussões. Cada um interpreta de um jeito. Gosto dessa sua ideia de que a vida, apesar de tudo, vem. Mas, realmente, é um mundo de escombros, o mundo em que vivemos.”

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