Tradições turcas desmoronam em 'A Segunda Esposa'


O diretor curdo-austríaco Umut Dag arma narrativa complexa para desmontar códigos em filme que chega com atraso ao Brasil

Por Luiz Carlos Merten

Foi há quatro anos. Em fevereiro de 2012, Kuma, do curdo-austríaco Umut Dag, inaugurou a seção Panorama do Festival de Berlim. Naquele mesmo ano, o filme integrou a programação do Festival do Rio. Passado todo esse tempo – as tais circunstâncias de mercado –, e com o título de A Segunda Esposa, Kuma estreia, enfim, nos cinemas brasileiros. No intervalo, Umut Dag já fez seu segundo longa, Risse in Betom (Concreto). Não poderiam ser mais diversos. A Segunda Esposa passa-se quase todo em interiores. A cena vai duas vezes para a rua – numa praça, um supermercado. Na maior parte do tempo, retrata conflitos familiares do ângulo de duas mulheres. Concreto está sempre na rua, na paisagem urbana, e agora os conflitos são predominantemente masculinos, entre pai e filho.

Há uma forte migração turca em países como Alemanha e Áustria. E existem os diretores como Fatih Akin e Umut Dag, que refletem sobre a permanência (ou não) das tradições de seus países de origem na pátria de adoção. A família tem sido o tema preferencial de Dag, desde o média Papai e, agora, por meio dos longas – A Segunda Esposa e Concreto. O filme começa com uma festa numa aldeia do Curdistão turco. Uma garota está se casando. Begüm Akkaya, que faz o papel, é linda. Forma um belo par com Murathan Muslu, ator fetiche do diretor, protagonista de Concreto. Mas esse casamento é só uma fachada. Ayse não está se casando com Hasan. Na verdade, ele está ali para dar legitimidade a outra união. Sem esse casamento, ela não poderá migrar para a Áustria, onde será a ‘kuma’, segunda mulher do pai sexagenário do rapaz.

reference
continua após a publicidade

Quem arranjou o casamento foi a primeira mulher, que está morrendo de câncer. Fatma precisa de uma cuidadora – para ela, cujo estado se agrava, e também para o marido e os filhos. A convivência de todos no apartamento não será pacífica. As duas filhas nascidas na Áustria rebelam-se, mas a mãe, pelo menos inicialmente, usa de sua persuasão (ou autoridade) para serenar os ânimos. O espectador, muito provavelmente, aprovaria se o casamento do começo tivesse sido para valer. Há mesmo alguma atração entre Hasan e Ayse, mas numa cena ele se abre para ela. Antes disso, mamãe já armou o sofá da sala para a concretização das núpcias e papai desvirginou a garota, que engravida.

A primeira parte de A Segunda Esposa é, como dizer?, calma. As coisas vão ocorrendo sem muito alarde, num ritmo tranquilo – e cotidiano. Fatma e Ayse tornam-se próximas, quase amigas. É curioso, pelas diferenças culturais, comparar A Segunda Esposa com Já Sinto Saudades, de Catherine Hardwicke, que estreou na quinta-feira, 24. A Segunda Esposa estreou no sábado, dia 2. O filme norte-americano é sobre duas amigas e os efeitos do câncer na relação das duas. As amigas, Drew Barrymore e Toni Collette, são transgressoras por natureza. Aqui, desde a aldeia e, depois, mesmo em Viena, tudo se faz segundo uma tradição.

É verdade que as filhas começam a se distanciar dessa tradição e hostilizam Ayse. Falam em alemão, para que garota não as entenda. Na segunda parte do filme de Umut Dag, esse mundo desmorona. Desejos reprimidos vêm à tona, segredos são revelados. Fatma e Ayse entram em rota de colisão. A violência explode. Nada é facilitado para o espectador. O diretor diz uma coisa para falar de outra. No final, tudo – racismo, preconceito, tradição – é colocado em xeque. E Umut Dag impõe-se como um jovem talento (tem 33 anos) a ser seguido com atenção, e até entusiasmo.

continua após a publicidade

Foi há quatro anos. Em fevereiro de 2012, Kuma, do curdo-austríaco Umut Dag, inaugurou a seção Panorama do Festival de Berlim. Naquele mesmo ano, o filme integrou a programação do Festival do Rio. Passado todo esse tempo – as tais circunstâncias de mercado –, e com o título de A Segunda Esposa, Kuma estreia, enfim, nos cinemas brasileiros. No intervalo, Umut Dag já fez seu segundo longa, Risse in Betom (Concreto). Não poderiam ser mais diversos. A Segunda Esposa passa-se quase todo em interiores. A cena vai duas vezes para a rua – numa praça, um supermercado. Na maior parte do tempo, retrata conflitos familiares do ângulo de duas mulheres. Concreto está sempre na rua, na paisagem urbana, e agora os conflitos são predominantemente masculinos, entre pai e filho.

Há uma forte migração turca em países como Alemanha e Áustria. E existem os diretores como Fatih Akin e Umut Dag, que refletem sobre a permanência (ou não) das tradições de seus países de origem na pátria de adoção. A família tem sido o tema preferencial de Dag, desde o média Papai e, agora, por meio dos longas – A Segunda Esposa e Concreto. O filme começa com uma festa numa aldeia do Curdistão turco. Uma garota está se casando. Begüm Akkaya, que faz o papel, é linda. Forma um belo par com Murathan Muslu, ator fetiche do diretor, protagonista de Concreto. Mas esse casamento é só uma fachada. Ayse não está se casando com Hasan. Na verdade, ele está ali para dar legitimidade a outra união. Sem esse casamento, ela não poderá migrar para a Áustria, onde será a ‘kuma’, segunda mulher do pai sexagenário do rapaz.

reference

Quem arranjou o casamento foi a primeira mulher, que está morrendo de câncer. Fatma precisa de uma cuidadora – para ela, cujo estado se agrava, e também para o marido e os filhos. A convivência de todos no apartamento não será pacífica. As duas filhas nascidas na Áustria rebelam-se, mas a mãe, pelo menos inicialmente, usa de sua persuasão (ou autoridade) para serenar os ânimos. O espectador, muito provavelmente, aprovaria se o casamento do começo tivesse sido para valer. Há mesmo alguma atração entre Hasan e Ayse, mas numa cena ele se abre para ela. Antes disso, mamãe já armou o sofá da sala para a concretização das núpcias e papai desvirginou a garota, que engravida.

A primeira parte de A Segunda Esposa é, como dizer?, calma. As coisas vão ocorrendo sem muito alarde, num ritmo tranquilo – e cotidiano. Fatma e Ayse tornam-se próximas, quase amigas. É curioso, pelas diferenças culturais, comparar A Segunda Esposa com Já Sinto Saudades, de Catherine Hardwicke, que estreou na quinta-feira, 24. A Segunda Esposa estreou no sábado, dia 2. O filme norte-americano é sobre duas amigas e os efeitos do câncer na relação das duas. As amigas, Drew Barrymore e Toni Collette, são transgressoras por natureza. Aqui, desde a aldeia e, depois, mesmo em Viena, tudo se faz segundo uma tradição.

É verdade que as filhas começam a se distanciar dessa tradição e hostilizam Ayse. Falam em alemão, para que garota não as entenda. Na segunda parte do filme de Umut Dag, esse mundo desmorona. Desejos reprimidos vêm à tona, segredos são revelados. Fatma e Ayse entram em rota de colisão. A violência explode. Nada é facilitado para o espectador. O diretor diz uma coisa para falar de outra. No final, tudo – racismo, preconceito, tradição – é colocado em xeque. E Umut Dag impõe-se como um jovem talento (tem 33 anos) a ser seguido com atenção, e até entusiasmo.

Foi há quatro anos. Em fevereiro de 2012, Kuma, do curdo-austríaco Umut Dag, inaugurou a seção Panorama do Festival de Berlim. Naquele mesmo ano, o filme integrou a programação do Festival do Rio. Passado todo esse tempo – as tais circunstâncias de mercado –, e com o título de A Segunda Esposa, Kuma estreia, enfim, nos cinemas brasileiros. No intervalo, Umut Dag já fez seu segundo longa, Risse in Betom (Concreto). Não poderiam ser mais diversos. A Segunda Esposa passa-se quase todo em interiores. A cena vai duas vezes para a rua – numa praça, um supermercado. Na maior parte do tempo, retrata conflitos familiares do ângulo de duas mulheres. Concreto está sempre na rua, na paisagem urbana, e agora os conflitos são predominantemente masculinos, entre pai e filho.

Há uma forte migração turca em países como Alemanha e Áustria. E existem os diretores como Fatih Akin e Umut Dag, que refletem sobre a permanência (ou não) das tradições de seus países de origem na pátria de adoção. A família tem sido o tema preferencial de Dag, desde o média Papai e, agora, por meio dos longas – A Segunda Esposa e Concreto. O filme começa com uma festa numa aldeia do Curdistão turco. Uma garota está se casando. Begüm Akkaya, que faz o papel, é linda. Forma um belo par com Murathan Muslu, ator fetiche do diretor, protagonista de Concreto. Mas esse casamento é só uma fachada. Ayse não está se casando com Hasan. Na verdade, ele está ali para dar legitimidade a outra união. Sem esse casamento, ela não poderá migrar para a Áustria, onde será a ‘kuma’, segunda mulher do pai sexagenário do rapaz.

reference

Quem arranjou o casamento foi a primeira mulher, que está morrendo de câncer. Fatma precisa de uma cuidadora – para ela, cujo estado se agrava, e também para o marido e os filhos. A convivência de todos no apartamento não será pacífica. As duas filhas nascidas na Áustria rebelam-se, mas a mãe, pelo menos inicialmente, usa de sua persuasão (ou autoridade) para serenar os ânimos. O espectador, muito provavelmente, aprovaria se o casamento do começo tivesse sido para valer. Há mesmo alguma atração entre Hasan e Ayse, mas numa cena ele se abre para ela. Antes disso, mamãe já armou o sofá da sala para a concretização das núpcias e papai desvirginou a garota, que engravida.

A primeira parte de A Segunda Esposa é, como dizer?, calma. As coisas vão ocorrendo sem muito alarde, num ritmo tranquilo – e cotidiano. Fatma e Ayse tornam-se próximas, quase amigas. É curioso, pelas diferenças culturais, comparar A Segunda Esposa com Já Sinto Saudades, de Catherine Hardwicke, que estreou na quinta-feira, 24. A Segunda Esposa estreou no sábado, dia 2. O filme norte-americano é sobre duas amigas e os efeitos do câncer na relação das duas. As amigas, Drew Barrymore e Toni Collette, são transgressoras por natureza. Aqui, desde a aldeia e, depois, mesmo em Viena, tudo se faz segundo uma tradição.

É verdade que as filhas começam a se distanciar dessa tradição e hostilizam Ayse. Falam em alemão, para que garota não as entenda. Na segunda parte do filme de Umut Dag, esse mundo desmorona. Desejos reprimidos vêm à tona, segredos são revelados. Fatma e Ayse entram em rota de colisão. A violência explode. Nada é facilitado para o espectador. O diretor diz uma coisa para falar de outra. No final, tudo – racismo, preconceito, tradição – é colocado em xeque. E Umut Dag impõe-se como um jovem talento (tem 33 anos) a ser seguido com atenção, e até entusiasmo.

Foi há quatro anos. Em fevereiro de 2012, Kuma, do curdo-austríaco Umut Dag, inaugurou a seção Panorama do Festival de Berlim. Naquele mesmo ano, o filme integrou a programação do Festival do Rio. Passado todo esse tempo – as tais circunstâncias de mercado –, e com o título de A Segunda Esposa, Kuma estreia, enfim, nos cinemas brasileiros. No intervalo, Umut Dag já fez seu segundo longa, Risse in Betom (Concreto). Não poderiam ser mais diversos. A Segunda Esposa passa-se quase todo em interiores. A cena vai duas vezes para a rua – numa praça, um supermercado. Na maior parte do tempo, retrata conflitos familiares do ângulo de duas mulheres. Concreto está sempre na rua, na paisagem urbana, e agora os conflitos são predominantemente masculinos, entre pai e filho.

Há uma forte migração turca em países como Alemanha e Áustria. E existem os diretores como Fatih Akin e Umut Dag, que refletem sobre a permanência (ou não) das tradições de seus países de origem na pátria de adoção. A família tem sido o tema preferencial de Dag, desde o média Papai e, agora, por meio dos longas – A Segunda Esposa e Concreto. O filme começa com uma festa numa aldeia do Curdistão turco. Uma garota está se casando. Begüm Akkaya, que faz o papel, é linda. Forma um belo par com Murathan Muslu, ator fetiche do diretor, protagonista de Concreto. Mas esse casamento é só uma fachada. Ayse não está se casando com Hasan. Na verdade, ele está ali para dar legitimidade a outra união. Sem esse casamento, ela não poderá migrar para a Áustria, onde será a ‘kuma’, segunda mulher do pai sexagenário do rapaz.

reference

Quem arranjou o casamento foi a primeira mulher, que está morrendo de câncer. Fatma precisa de uma cuidadora – para ela, cujo estado se agrava, e também para o marido e os filhos. A convivência de todos no apartamento não será pacífica. As duas filhas nascidas na Áustria rebelam-se, mas a mãe, pelo menos inicialmente, usa de sua persuasão (ou autoridade) para serenar os ânimos. O espectador, muito provavelmente, aprovaria se o casamento do começo tivesse sido para valer. Há mesmo alguma atração entre Hasan e Ayse, mas numa cena ele se abre para ela. Antes disso, mamãe já armou o sofá da sala para a concretização das núpcias e papai desvirginou a garota, que engravida.

A primeira parte de A Segunda Esposa é, como dizer?, calma. As coisas vão ocorrendo sem muito alarde, num ritmo tranquilo – e cotidiano. Fatma e Ayse tornam-se próximas, quase amigas. É curioso, pelas diferenças culturais, comparar A Segunda Esposa com Já Sinto Saudades, de Catherine Hardwicke, que estreou na quinta-feira, 24. A Segunda Esposa estreou no sábado, dia 2. O filme norte-americano é sobre duas amigas e os efeitos do câncer na relação das duas. As amigas, Drew Barrymore e Toni Collette, são transgressoras por natureza. Aqui, desde a aldeia e, depois, mesmo em Viena, tudo se faz segundo uma tradição.

É verdade que as filhas começam a se distanciar dessa tradição e hostilizam Ayse. Falam em alemão, para que garota não as entenda. Na segunda parte do filme de Umut Dag, esse mundo desmorona. Desejos reprimidos vêm à tona, segredos são revelados. Fatma e Ayse entram em rota de colisão. A violência explode. Nada é facilitado para o espectador. O diretor diz uma coisa para falar de outra. No final, tudo – racismo, preconceito, tradição – é colocado em xeque. E Umut Dag impõe-se como um jovem talento (tem 33 anos) a ser seguido com atenção, e até entusiasmo.

Tudo Sobre

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.