'Um Sonho de Amor' renova esperanças do cinema italiano


Elegante e denso, filme do italiano Luca Guadagnino foi indicado, em 2011, ao Oscar de figurino

Por Redação

Há um clima de Luchino Visconti em Um Sonho de Amor, drama de Luca Guadagnino. E começa no local da história, a Milão onde o elegante diretor de Rocco e seus Irmãos (1960) e O Leopardo (1963) nasceu, viveu e trabalhou. Existem várias outras homenagens explícitas de Guadagnino ao mestre milanês - como a presença de Marisa Berenson (atriz de Morte em Veneza) e de membros de sua família, os nobres Di Modrone, no elenco. A melhor parte é que Guadagnino, um diretor até aqui pouco conhecido - no Brasil teve lançado 100 Escovadas Antes de Dormir (2005) - faz justiça à ambição que se espera deste nível de homenagem. E realiza um filme elegante e denso, que foi indicado, em 2011, ao Oscar de figurino. Numa grande mansão em Milão, vive o clã Recchi, de ricos industriais têxteis. Os Recchi vivem o momento delicado de uma sucessão. O velho patriarca (Gabriele Ferzetti) termina por indicar dois substitutos na condução do negócio da família, o filho Tancredi (Pippo Delbono) e o neto Edoardo (Flavio Parenti). O jantar de aniversário em que o avô anuncia sua decisão torna a enorme casa e seu funcionamento tão personagens do filme quanto a família que a habita. Há uma engrenagem imensa e multifacetada, liderada nos bastidores por uma matriarca incansável, Emma (Tilda Swinton), a mulher de Tancredi. Discreta e dedicada, Emma fala pouco mas é onipresente para que nenhum detalhe escape ao controle. Ela é essencial à felicidade de seus homens - o marido e os dois filhos, que, apesar de adultos, são tratados como mimadas crianças. No entanto, parece apagar-se, inclusive nas cores e no talhe do figurino, não fazendo notar seus sentimentos. Ela é a base de uma estrutura que não domina e parece não aspirar mais do que a satisfazer seus senhores. Esse mundo ordenado e plácido começa a rachar justamente nesse aniversário. É quando irrompe na vida dos Recchi a figura de Antonio (Edoardo Gabbriellini), um jovem chef de cozinha que ganhou uma corrida de Edoardo e tornou-se, ironicamente, um de seus melhores amigos. Edoardo torna-se sócio de Antonio num restaurante em San Remo, onde o jovem chef testa suas receitas. Numa visita ao novo negócio do filho, Emma descobre sabores que parece nunca ter experimentado. A dureza da mulher de gelo quebra-se para sempre. A fotografia de Yorick Le Saux (da minissérie Carlos) nunca deixa por menos na delicada construção dos climas amorosos cada vez mais quentes entre Emma e Antonio - uma cena que retrata os dois no campo remete a Lady Chatterley, o filme da francesa Pascale Ferran inspirado em D. H. Lawrence, aliás, uma referência implícita no roteiro, assinado por Guadagnino, Barbara Alberti, Ivan Cotroneo e Walter Fasano (este, também montador). A natureza da paixão de Emma pelo amigo do filho é por demais disruptiva para se imaginar um final feliz. Apesar de sua inequívoca vocação para a tragédia em grande estilo, no entanto, o filme sustenta um notável equilíbrio dramático que permite sorver cada momento do embate entre razão e emoção que explode no coração de Emma. No centro de tudo está a presença carismática de Tilda Swinton, uma atriz em plena maturidade que desdobra cada minúcia de suas personagens com uma riqueza de camadas que se torna um prazer enorme acompanhá-la. Ela brilha impecavelmente aqui, como em outro filme inédito no Brasil, We Need to Talk About Kevin, como a mãe de um adolescente serial killer. Espera-se que o filme de Lynne Ramsay chegue às telas brasileiras. Um Sonho de Amor demorou mais felizmente chegou. Outra figura marcante no elenco feminino é da atriz Alba Rohrwacher - conhecida no Brasil por filmes como Meu Irmão é Filho Único e Que Mais Posso Querer?. Aqui ela interpreta Elisabetta, a única filha de Emma, uma jovem tímida e ignorada pelo clã, que experimenta um despertar paralelo ao da mãe, só que num caso homossexual. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

Há um clima de Luchino Visconti em Um Sonho de Amor, drama de Luca Guadagnino. E começa no local da história, a Milão onde o elegante diretor de Rocco e seus Irmãos (1960) e O Leopardo (1963) nasceu, viveu e trabalhou. Existem várias outras homenagens explícitas de Guadagnino ao mestre milanês - como a presença de Marisa Berenson (atriz de Morte em Veneza) e de membros de sua família, os nobres Di Modrone, no elenco. A melhor parte é que Guadagnino, um diretor até aqui pouco conhecido - no Brasil teve lançado 100 Escovadas Antes de Dormir (2005) - faz justiça à ambição que se espera deste nível de homenagem. E realiza um filme elegante e denso, que foi indicado, em 2011, ao Oscar de figurino. Numa grande mansão em Milão, vive o clã Recchi, de ricos industriais têxteis. Os Recchi vivem o momento delicado de uma sucessão. O velho patriarca (Gabriele Ferzetti) termina por indicar dois substitutos na condução do negócio da família, o filho Tancredi (Pippo Delbono) e o neto Edoardo (Flavio Parenti). O jantar de aniversário em que o avô anuncia sua decisão torna a enorme casa e seu funcionamento tão personagens do filme quanto a família que a habita. Há uma engrenagem imensa e multifacetada, liderada nos bastidores por uma matriarca incansável, Emma (Tilda Swinton), a mulher de Tancredi. Discreta e dedicada, Emma fala pouco mas é onipresente para que nenhum detalhe escape ao controle. Ela é essencial à felicidade de seus homens - o marido e os dois filhos, que, apesar de adultos, são tratados como mimadas crianças. No entanto, parece apagar-se, inclusive nas cores e no talhe do figurino, não fazendo notar seus sentimentos. Ela é a base de uma estrutura que não domina e parece não aspirar mais do que a satisfazer seus senhores. Esse mundo ordenado e plácido começa a rachar justamente nesse aniversário. É quando irrompe na vida dos Recchi a figura de Antonio (Edoardo Gabbriellini), um jovem chef de cozinha que ganhou uma corrida de Edoardo e tornou-se, ironicamente, um de seus melhores amigos. Edoardo torna-se sócio de Antonio num restaurante em San Remo, onde o jovem chef testa suas receitas. Numa visita ao novo negócio do filho, Emma descobre sabores que parece nunca ter experimentado. A dureza da mulher de gelo quebra-se para sempre. A fotografia de Yorick Le Saux (da minissérie Carlos) nunca deixa por menos na delicada construção dos climas amorosos cada vez mais quentes entre Emma e Antonio - uma cena que retrata os dois no campo remete a Lady Chatterley, o filme da francesa Pascale Ferran inspirado em D. H. Lawrence, aliás, uma referência implícita no roteiro, assinado por Guadagnino, Barbara Alberti, Ivan Cotroneo e Walter Fasano (este, também montador). A natureza da paixão de Emma pelo amigo do filho é por demais disruptiva para se imaginar um final feliz. Apesar de sua inequívoca vocação para a tragédia em grande estilo, no entanto, o filme sustenta um notável equilíbrio dramático que permite sorver cada momento do embate entre razão e emoção que explode no coração de Emma. No centro de tudo está a presença carismática de Tilda Swinton, uma atriz em plena maturidade que desdobra cada minúcia de suas personagens com uma riqueza de camadas que se torna um prazer enorme acompanhá-la. Ela brilha impecavelmente aqui, como em outro filme inédito no Brasil, We Need to Talk About Kevin, como a mãe de um adolescente serial killer. Espera-se que o filme de Lynne Ramsay chegue às telas brasileiras. Um Sonho de Amor demorou mais felizmente chegou. Outra figura marcante no elenco feminino é da atriz Alba Rohrwacher - conhecida no Brasil por filmes como Meu Irmão é Filho Único e Que Mais Posso Querer?. Aqui ela interpreta Elisabetta, a única filha de Emma, uma jovem tímida e ignorada pelo clã, que experimenta um despertar paralelo ao da mãe, só que num caso homossexual. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

Há um clima de Luchino Visconti em Um Sonho de Amor, drama de Luca Guadagnino. E começa no local da história, a Milão onde o elegante diretor de Rocco e seus Irmãos (1960) e O Leopardo (1963) nasceu, viveu e trabalhou. Existem várias outras homenagens explícitas de Guadagnino ao mestre milanês - como a presença de Marisa Berenson (atriz de Morte em Veneza) e de membros de sua família, os nobres Di Modrone, no elenco. A melhor parte é que Guadagnino, um diretor até aqui pouco conhecido - no Brasil teve lançado 100 Escovadas Antes de Dormir (2005) - faz justiça à ambição que se espera deste nível de homenagem. E realiza um filme elegante e denso, que foi indicado, em 2011, ao Oscar de figurino. Numa grande mansão em Milão, vive o clã Recchi, de ricos industriais têxteis. Os Recchi vivem o momento delicado de uma sucessão. O velho patriarca (Gabriele Ferzetti) termina por indicar dois substitutos na condução do negócio da família, o filho Tancredi (Pippo Delbono) e o neto Edoardo (Flavio Parenti). O jantar de aniversário em que o avô anuncia sua decisão torna a enorme casa e seu funcionamento tão personagens do filme quanto a família que a habita. Há uma engrenagem imensa e multifacetada, liderada nos bastidores por uma matriarca incansável, Emma (Tilda Swinton), a mulher de Tancredi. Discreta e dedicada, Emma fala pouco mas é onipresente para que nenhum detalhe escape ao controle. Ela é essencial à felicidade de seus homens - o marido e os dois filhos, que, apesar de adultos, são tratados como mimadas crianças. No entanto, parece apagar-se, inclusive nas cores e no talhe do figurino, não fazendo notar seus sentimentos. Ela é a base de uma estrutura que não domina e parece não aspirar mais do que a satisfazer seus senhores. Esse mundo ordenado e plácido começa a rachar justamente nesse aniversário. É quando irrompe na vida dos Recchi a figura de Antonio (Edoardo Gabbriellini), um jovem chef de cozinha que ganhou uma corrida de Edoardo e tornou-se, ironicamente, um de seus melhores amigos. Edoardo torna-se sócio de Antonio num restaurante em San Remo, onde o jovem chef testa suas receitas. Numa visita ao novo negócio do filho, Emma descobre sabores que parece nunca ter experimentado. A dureza da mulher de gelo quebra-se para sempre. A fotografia de Yorick Le Saux (da minissérie Carlos) nunca deixa por menos na delicada construção dos climas amorosos cada vez mais quentes entre Emma e Antonio - uma cena que retrata os dois no campo remete a Lady Chatterley, o filme da francesa Pascale Ferran inspirado em D. H. Lawrence, aliás, uma referência implícita no roteiro, assinado por Guadagnino, Barbara Alberti, Ivan Cotroneo e Walter Fasano (este, também montador). A natureza da paixão de Emma pelo amigo do filho é por demais disruptiva para se imaginar um final feliz. Apesar de sua inequívoca vocação para a tragédia em grande estilo, no entanto, o filme sustenta um notável equilíbrio dramático que permite sorver cada momento do embate entre razão e emoção que explode no coração de Emma. No centro de tudo está a presença carismática de Tilda Swinton, uma atriz em plena maturidade que desdobra cada minúcia de suas personagens com uma riqueza de camadas que se torna um prazer enorme acompanhá-la. Ela brilha impecavelmente aqui, como em outro filme inédito no Brasil, We Need to Talk About Kevin, como a mãe de um adolescente serial killer. Espera-se que o filme de Lynne Ramsay chegue às telas brasileiras. Um Sonho de Amor demorou mais felizmente chegou. Outra figura marcante no elenco feminino é da atriz Alba Rohrwacher - conhecida no Brasil por filmes como Meu Irmão é Filho Único e Que Mais Posso Querer?. Aqui ela interpreta Elisabetta, a única filha de Emma, uma jovem tímida e ignorada pelo clã, que experimenta um despertar paralelo ao da mãe, só que num caso homossexual. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

Há um clima de Luchino Visconti em Um Sonho de Amor, drama de Luca Guadagnino. E começa no local da história, a Milão onde o elegante diretor de Rocco e seus Irmãos (1960) e O Leopardo (1963) nasceu, viveu e trabalhou. Existem várias outras homenagens explícitas de Guadagnino ao mestre milanês - como a presença de Marisa Berenson (atriz de Morte em Veneza) e de membros de sua família, os nobres Di Modrone, no elenco. A melhor parte é que Guadagnino, um diretor até aqui pouco conhecido - no Brasil teve lançado 100 Escovadas Antes de Dormir (2005) - faz justiça à ambição que se espera deste nível de homenagem. E realiza um filme elegante e denso, que foi indicado, em 2011, ao Oscar de figurino. Numa grande mansão em Milão, vive o clã Recchi, de ricos industriais têxteis. Os Recchi vivem o momento delicado de uma sucessão. O velho patriarca (Gabriele Ferzetti) termina por indicar dois substitutos na condução do negócio da família, o filho Tancredi (Pippo Delbono) e o neto Edoardo (Flavio Parenti). O jantar de aniversário em que o avô anuncia sua decisão torna a enorme casa e seu funcionamento tão personagens do filme quanto a família que a habita. Há uma engrenagem imensa e multifacetada, liderada nos bastidores por uma matriarca incansável, Emma (Tilda Swinton), a mulher de Tancredi. Discreta e dedicada, Emma fala pouco mas é onipresente para que nenhum detalhe escape ao controle. Ela é essencial à felicidade de seus homens - o marido e os dois filhos, que, apesar de adultos, são tratados como mimadas crianças. No entanto, parece apagar-se, inclusive nas cores e no talhe do figurino, não fazendo notar seus sentimentos. Ela é a base de uma estrutura que não domina e parece não aspirar mais do que a satisfazer seus senhores. Esse mundo ordenado e plácido começa a rachar justamente nesse aniversário. É quando irrompe na vida dos Recchi a figura de Antonio (Edoardo Gabbriellini), um jovem chef de cozinha que ganhou uma corrida de Edoardo e tornou-se, ironicamente, um de seus melhores amigos. Edoardo torna-se sócio de Antonio num restaurante em San Remo, onde o jovem chef testa suas receitas. Numa visita ao novo negócio do filho, Emma descobre sabores que parece nunca ter experimentado. A dureza da mulher de gelo quebra-se para sempre. A fotografia de Yorick Le Saux (da minissérie Carlos) nunca deixa por menos na delicada construção dos climas amorosos cada vez mais quentes entre Emma e Antonio - uma cena que retrata os dois no campo remete a Lady Chatterley, o filme da francesa Pascale Ferran inspirado em D. H. Lawrence, aliás, uma referência implícita no roteiro, assinado por Guadagnino, Barbara Alberti, Ivan Cotroneo e Walter Fasano (este, também montador). A natureza da paixão de Emma pelo amigo do filho é por demais disruptiva para se imaginar um final feliz. Apesar de sua inequívoca vocação para a tragédia em grande estilo, no entanto, o filme sustenta um notável equilíbrio dramático que permite sorver cada momento do embate entre razão e emoção que explode no coração de Emma. No centro de tudo está a presença carismática de Tilda Swinton, uma atriz em plena maturidade que desdobra cada minúcia de suas personagens com uma riqueza de camadas que se torna um prazer enorme acompanhá-la. Ela brilha impecavelmente aqui, como em outro filme inédito no Brasil, We Need to Talk About Kevin, como a mãe de um adolescente serial killer. Espera-se que o filme de Lynne Ramsay chegue às telas brasileiras. Um Sonho de Amor demorou mais felizmente chegou. Outra figura marcante no elenco feminino é da atriz Alba Rohrwacher - conhecida no Brasil por filmes como Meu Irmão é Filho Único e Que Mais Posso Querer?. Aqui ela interpreta Elisabetta, a única filha de Emma, uma jovem tímida e ignorada pelo clã, que experimenta um despertar paralelo ao da mãe, só que num caso homossexual. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

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