U2: como se a música não desse mais conta do recado


Júlio Maria

Por Redação

Na próxima turnê, Bono vai aparecer voando. Surgirá dos céus em uma grande nave, pousará no palco com roupas de astronauta e fará um longo discurso sobre injustiças sociais em outras galáxias antes de se lembrar de que foi ali para cantar algo. Melhor: se tudo continuar como anda, o estádio todo será uma grande nave. E todos ali, incluindo os 90 mil seres humanos pagantes, irão responder aos estímulos de Bono com a mesma emoção dos androides.

O espetáculo do U2 não é mais musical, é cênico. Sim, o rock and roll é cênico desde antes de sua própria existência, quando Howlin'Wolf uivava e se jogava no palco em suas apresentações de blues nos anos 50 ou Chuck Berry pulava como um pato manco nos 60. Os Rolling Stones inflam bonecos gigantes. O AC/DC sai de uma locomotiva.

Paul McCartney tem a seu dispor os maiores telões do mundo. Mas até aqui havia equilíbrio com uma conta que fechava mais ou menos assim: 60% de som, 40% de imagem.

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Ao trazer seu alien de 60 metros de altura para um estádio, o U2 não só garante públicos maiores em shows com visão de 360° e entra para a história com a turnê mais rentável de todos os tempos como inverte a fórmula: o Morumbi viu, nos três shows que a banda fez por aqui, 40% de música e 60% de qualquer outra coisa impactante, espetacular, maravilhosa e tudo mais que nada tem a ver com música.

É como se a canção não desse mais conta do recado. Como se Stuck in a Moment ou One não tocassem mais as pessoas por si só. Pergunte a quem foi ao show: "Qual a melhor parte da noite para você?". Muitos não vão falar o nome de uma música, mas um momento, uma cena de impacto.

"Ah, para mim foi quando aquela gaiola gigante começou a descer sobre o músicos e eles ficaram tocando lá dentro ao mesmo tempo em que a estrutura da gaiola projetava umas imagens da banda. É muito louco." Ok, mas o que eles tocavam mesmo?

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E aí o fã que se sente mais fã fica indignado porque não aceita quando vê que a maioria da plateia não pula como ele gostaria que pulasse. Sob o efeito da overdose de surpresas hi-tech, muita gente parece apática, sem ação, sem entender porque suas pernas não querem sair do lugar. Afinal, o convite ali não é para dançar, mas para ver o massacre da máquina U2 em ação.

E quem vê pode até se emocionar, mas não dança. O problema é que o tempo passa e o exagero cansa. Estímulos visuais, um após o outro, concentrados em duas longas horas, terminam por deixar as pessoas cegas. A certa altura, a aranha de Bono poderia rebolar até o chão que o máximo que receberia seria gritinhos de 'uhu'.

Quero apostar que em cinco ou seis anos o U2 fará um grande documentário. Sentadinhos em um estúdio, serão entrevistados e responderão sobre sua fase megalomaníaca dos anos 2010. Bono, abraçado ao violão, dirá que o grupo perdeu a noção da realidade e que, por isso, decidiram voltar a fazer shows de música.

Na próxima turnê, Bono vai aparecer voando. Surgirá dos céus em uma grande nave, pousará no palco com roupas de astronauta e fará um longo discurso sobre injustiças sociais em outras galáxias antes de se lembrar de que foi ali para cantar algo. Melhor: se tudo continuar como anda, o estádio todo será uma grande nave. E todos ali, incluindo os 90 mil seres humanos pagantes, irão responder aos estímulos de Bono com a mesma emoção dos androides.

O espetáculo do U2 não é mais musical, é cênico. Sim, o rock and roll é cênico desde antes de sua própria existência, quando Howlin'Wolf uivava e se jogava no palco em suas apresentações de blues nos anos 50 ou Chuck Berry pulava como um pato manco nos 60. Os Rolling Stones inflam bonecos gigantes. O AC/DC sai de uma locomotiva.

Paul McCartney tem a seu dispor os maiores telões do mundo. Mas até aqui havia equilíbrio com uma conta que fechava mais ou menos assim: 60% de som, 40% de imagem.

Ao trazer seu alien de 60 metros de altura para um estádio, o U2 não só garante públicos maiores em shows com visão de 360° e entra para a história com a turnê mais rentável de todos os tempos como inverte a fórmula: o Morumbi viu, nos três shows que a banda fez por aqui, 40% de música e 60% de qualquer outra coisa impactante, espetacular, maravilhosa e tudo mais que nada tem a ver com música.

É como se a canção não desse mais conta do recado. Como se Stuck in a Moment ou One não tocassem mais as pessoas por si só. Pergunte a quem foi ao show: "Qual a melhor parte da noite para você?". Muitos não vão falar o nome de uma música, mas um momento, uma cena de impacto.

"Ah, para mim foi quando aquela gaiola gigante começou a descer sobre o músicos e eles ficaram tocando lá dentro ao mesmo tempo em que a estrutura da gaiola projetava umas imagens da banda. É muito louco." Ok, mas o que eles tocavam mesmo?

E aí o fã que se sente mais fã fica indignado porque não aceita quando vê que a maioria da plateia não pula como ele gostaria que pulasse. Sob o efeito da overdose de surpresas hi-tech, muita gente parece apática, sem ação, sem entender porque suas pernas não querem sair do lugar. Afinal, o convite ali não é para dançar, mas para ver o massacre da máquina U2 em ação.

E quem vê pode até se emocionar, mas não dança. O problema é que o tempo passa e o exagero cansa. Estímulos visuais, um após o outro, concentrados em duas longas horas, terminam por deixar as pessoas cegas. A certa altura, a aranha de Bono poderia rebolar até o chão que o máximo que receberia seria gritinhos de 'uhu'.

Quero apostar que em cinco ou seis anos o U2 fará um grande documentário. Sentadinhos em um estúdio, serão entrevistados e responderão sobre sua fase megalomaníaca dos anos 2010. Bono, abraçado ao violão, dirá que o grupo perdeu a noção da realidade e que, por isso, decidiram voltar a fazer shows de música.

Na próxima turnê, Bono vai aparecer voando. Surgirá dos céus em uma grande nave, pousará no palco com roupas de astronauta e fará um longo discurso sobre injustiças sociais em outras galáxias antes de se lembrar de que foi ali para cantar algo. Melhor: se tudo continuar como anda, o estádio todo será uma grande nave. E todos ali, incluindo os 90 mil seres humanos pagantes, irão responder aos estímulos de Bono com a mesma emoção dos androides.

O espetáculo do U2 não é mais musical, é cênico. Sim, o rock and roll é cênico desde antes de sua própria existência, quando Howlin'Wolf uivava e se jogava no palco em suas apresentações de blues nos anos 50 ou Chuck Berry pulava como um pato manco nos 60. Os Rolling Stones inflam bonecos gigantes. O AC/DC sai de uma locomotiva.

Paul McCartney tem a seu dispor os maiores telões do mundo. Mas até aqui havia equilíbrio com uma conta que fechava mais ou menos assim: 60% de som, 40% de imagem.

Ao trazer seu alien de 60 metros de altura para um estádio, o U2 não só garante públicos maiores em shows com visão de 360° e entra para a história com a turnê mais rentável de todos os tempos como inverte a fórmula: o Morumbi viu, nos três shows que a banda fez por aqui, 40% de música e 60% de qualquer outra coisa impactante, espetacular, maravilhosa e tudo mais que nada tem a ver com música.

É como se a canção não desse mais conta do recado. Como se Stuck in a Moment ou One não tocassem mais as pessoas por si só. Pergunte a quem foi ao show: "Qual a melhor parte da noite para você?". Muitos não vão falar o nome de uma música, mas um momento, uma cena de impacto.

"Ah, para mim foi quando aquela gaiola gigante começou a descer sobre o músicos e eles ficaram tocando lá dentro ao mesmo tempo em que a estrutura da gaiola projetava umas imagens da banda. É muito louco." Ok, mas o que eles tocavam mesmo?

E aí o fã que se sente mais fã fica indignado porque não aceita quando vê que a maioria da plateia não pula como ele gostaria que pulasse. Sob o efeito da overdose de surpresas hi-tech, muita gente parece apática, sem ação, sem entender porque suas pernas não querem sair do lugar. Afinal, o convite ali não é para dançar, mas para ver o massacre da máquina U2 em ação.

E quem vê pode até se emocionar, mas não dança. O problema é que o tempo passa e o exagero cansa. Estímulos visuais, um após o outro, concentrados em duas longas horas, terminam por deixar as pessoas cegas. A certa altura, a aranha de Bono poderia rebolar até o chão que o máximo que receberia seria gritinhos de 'uhu'.

Quero apostar que em cinco ou seis anos o U2 fará um grande documentário. Sentadinhos em um estúdio, serão entrevistados e responderão sobre sua fase megalomaníaca dos anos 2010. Bono, abraçado ao violão, dirá que o grupo perdeu a noção da realidade e que, por isso, decidiram voltar a fazer shows de música.

Na próxima turnê, Bono vai aparecer voando. Surgirá dos céus em uma grande nave, pousará no palco com roupas de astronauta e fará um longo discurso sobre injustiças sociais em outras galáxias antes de se lembrar de que foi ali para cantar algo. Melhor: se tudo continuar como anda, o estádio todo será uma grande nave. E todos ali, incluindo os 90 mil seres humanos pagantes, irão responder aos estímulos de Bono com a mesma emoção dos androides.

O espetáculo do U2 não é mais musical, é cênico. Sim, o rock and roll é cênico desde antes de sua própria existência, quando Howlin'Wolf uivava e se jogava no palco em suas apresentações de blues nos anos 50 ou Chuck Berry pulava como um pato manco nos 60. Os Rolling Stones inflam bonecos gigantes. O AC/DC sai de uma locomotiva.

Paul McCartney tem a seu dispor os maiores telões do mundo. Mas até aqui havia equilíbrio com uma conta que fechava mais ou menos assim: 60% de som, 40% de imagem.

Ao trazer seu alien de 60 metros de altura para um estádio, o U2 não só garante públicos maiores em shows com visão de 360° e entra para a história com a turnê mais rentável de todos os tempos como inverte a fórmula: o Morumbi viu, nos três shows que a banda fez por aqui, 40% de música e 60% de qualquer outra coisa impactante, espetacular, maravilhosa e tudo mais que nada tem a ver com música.

É como se a canção não desse mais conta do recado. Como se Stuck in a Moment ou One não tocassem mais as pessoas por si só. Pergunte a quem foi ao show: "Qual a melhor parte da noite para você?". Muitos não vão falar o nome de uma música, mas um momento, uma cena de impacto.

"Ah, para mim foi quando aquela gaiola gigante começou a descer sobre o músicos e eles ficaram tocando lá dentro ao mesmo tempo em que a estrutura da gaiola projetava umas imagens da banda. É muito louco." Ok, mas o que eles tocavam mesmo?

E aí o fã que se sente mais fã fica indignado porque não aceita quando vê que a maioria da plateia não pula como ele gostaria que pulasse. Sob o efeito da overdose de surpresas hi-tech, muita gente parece apática, sem ação, sem entender porque suas pernas não querem sair do lugar. Afinal, o convite ali não é para dançar, mas para ver o massacre da máquina U2 em ação.

E quem vê pode até se emocionar, mas não dança. O problema é que o tempo passa e o exagero cansa. Estímulos visuais, um após o outro, concentrados em duas longas horas, terminam por deixar as pessoas cegas. A certa altura, a aranha de Bono poderia rebolar até o chão que o máximo que receberia seria gritinhos de 'uhu'.

Quero apostar que em cinco ou seis anos o U2 fará um grande documentário. Sentadinhos em um estúdio, serão entrevistados e responderão sobre sua fase megalomaníaca dos anos 2010. Bono, abraçado ao violão, dirá que o grupo perdeu a noção da realidade e que, por isso, decidiram voltar a fazer shows de música.

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