Ao mesmo tempo em que a produção brasileira de podcasts é antiga – programas como o NerdCast estão no ar desde 2006 –, nos últimos dois anos ela entrou em outro patamar de consumo e produção. Segundo dados do Ibope de 2019, 40% dos usuários da internet no Brasil são também ouvintes de podcast – tudo indica que o formato ainda tem muito a crescer, visto que 32% dos entrevistados indicaram não conhecê-lo. De acordo com o Spotify, o mercado brasileiro é o segundo do mundo em podcasts, atrás apenas dos EUA.
Mas uma nova pesquisa da Associação Brasileira de Podcasters (Abpod), realizada via formulário online e com 16.713 respostas coletadas entre outubro e dezembro de 2019, revelou que o público brasileiro ainda é majoritariamente masculino e de alta escolaridade.
Os resultados da primeira parte da pesquisa foram divulgados em março e são focados no ouvinte – até o dia 19 de abril, a associação recebe respostas dos produtores de podcast, por meio do link bit.ly/podpesquisaprodutor. O objetivo é oferecer um panorama qualitativo da produção nacional em 2020.
Ainda nos dados da primeira parte: embora o público feminino seja de apenas 27%, o crescimento em relação a 2018 é notório. No ano anterior, esse público correspondia a 16%. A curva em direção à igualdade é natural e esperada, conforme a produção se diversifica, inclui pessoas diferentes e atinge outros assuntos. Cultura pop, humor e ciência são os três temas preferidos compilados entre os ouvintes, seguidos de história, política e TV e filmes. Sociedade e cultura, tecnologia, educação e games completam o top 10 dos assuntos mais interessantes para o brasileiro segundo a pesquisa.
Na coleta de dados feita no final de 2019, só 2% dos entrevistados se interessavam pelo assunto “histórias para crianças”: com a pandemia, esse número vai aumentar exponencialmente, como já demonstraram dados das plataformas divulgados aqui há duas semanas – bem como em programas sobre saúde (mental e física) e espiritualidade.
Uma indicação interessante da pesquisa é que mais de 50% dos ouvintes, no total, estão dispostos a pagar por conteúdos exclusivos dos podcasts: um modelo que, se não é tão comum nos EUA, onde o mercado é fortemente baseado na publicidade, pode ser uma boa alternativa para o produtor brasileiro em busca de monetização.
Outra informação relevante é que o Spotify desponta como líder disparado entre as plataformas preferidas do ouvinte de podcast: cerca de 43% dos entrevistados ouvem os programas por ali. Não por acaso, foi no Brasil que a plataforma resolveu fazer seu primeiro encontro global sobre o formato. O Spotify for Podcasters Summit, realizado em novembro passado, reuniu produtores, profissionais da indústria e ouvintes para discutir uma variedade de temas sobre o formato. Numa jogada esperta, a plataforma transformou todos os debates do evento em podcasts, disponíveis agora (basta procurar pelo nome do evento). São dezenas de programas com dicas de temas, orientações para produção, captação de som, edição, interpretação das audiências, monetização... e por aí vai. Indispensável para quem quiser sentar em frente a um microfone – ou a um gravador qualquer – e começar a jogar suas ideias para o mundo.