Diários de Paulo Coelho mudaram a biografia, conta Morais


Biógrafo afirma que se surpreendeu com 'uma sucessão de tragédias' na vida do escritor

Por Ubiratan Brasil

Paulo Coelho nunca pretendia ser músico, apesar da parceria de sucesso com Raul Seixas, tampouco ser dramaturgo, embora tenha conhecido um razoável sucesso nos palcos. "Ele sempre sonhou em ser um escritor lido em todo o mundo - não bastava apenas o sucesso, mas com leitores em todos os pontos do planeta", conta Fernando Morais que, no baú secreto do autor, descobriu desde a asa do primeiro passarinho que matou (um tiziu, em Araruama) até um encontro com o Diabo registrado em 25 de maio de 1974, no auge da relação de Coelho com a bruxaria."Não sei explicar como aconteceu, mas estou convencido de que alguma coisa aconteceu, pois há episódios que ele descreve minuto a minuto", conta o biógrafo, que conversou com o Estado.   Veja também: Chega às livrarias a biografia de Paulo Coelho Crítica no Brasil desaprova obra do escritor Leia trechos de O Mago Fernando Morais comenta a biografia de Paulo Coelho  Galeria de fotos com momentos da vida do escritor  Escritor é homenageado com caneta de luxo e nome de rua na Espanha   O rumo da biografia foi outro depois da descoberta do conteúdo do baú? Sim, totalmente. Eu já estava com o livro escrito, pois tinha feito mais de 200 horas de entrevista com ele, além de ter conversado com 80 pessoas, aproximadamente. Também realizei três viagens à Europa, uma ao Oriente Médio e outra à Europa Oriental, além de ter morado oito meses no Rio. Foi quando abri o baú e me deparei com 170 cadernos grossos e cerca de 100 fitas. Isso rendeu 90 CDs de áudio, o que mudou toda a minha pesquisa. Precisei até fazer mais uma viagem à Europa.   O que mais o surpreendeu? É difícil dizer, pois era um choque atrás do outro. Uma sucessão de tragédias, desde a infância até a idade adulta: a perda da fé; a enorme confusão sexual em que ele viveu até os 30 anos; a relação com os pais, que o internaram três vezes no hospício. O que me chamou atenção era a obstinação de ser um escritor lido no mundo todo. Quanto mais o tempo passava, mais ele se remoía em depressões, crises de angústia, por não ser alguém conhecido mundialmente. Ele escrevia: "Na minha idade, os Beatles já eram conhecidos no planeta e eu ainda não sou ninguém. Não passo de um merda." Acho que ele foi um roqueiro brilhante, suas letras com Raul Seixas, dizem os críticos, têm mais qualidade que sua produção literária e lhe trouxeram um conforto: em um ano de trabalho, já tinha seis apartamentos no Rio. Poderia ter sido um dramaturgo de sucesso, certamente seria um executivo da indústria fonográfica, mas não era isso que queria. Sua obstinação era ser o que é hoje.   Qual foi a importância da fase roqueira? Foi boa para ele sentir o sabor da fama, ainda que o famoso da dupla fosse o Raul Seixas. Mas a fase musical ocupa apenas 10% de sua vida, que é também a importância que hoje ele dá a esse momento, apenas um fato passado. Não é que não goste, até já o vi cantando algumas de suas canções - o que realmente interessa é a carreira literária. Há uma frase que se repete ao longo de sua obra, que é a busca de um sonho. Creio que isso resume sua vida, sua obsessão.   A obstinação explicaria as confusões religiosas e o pacto com o Demônio, que marcam sua vida? Em parte, sim. Ele recebeu uma educação jesuíta dura, transformou-se em um cristão absoluto até romper com tudo e se meter com satanismo, seitas, sacrifício de animal. A volta aconteceu em 1982, quando teve o que chamou de epifania no campo de concentração da cidade alemã de Dachau, onde disse ter visto um vulto. Não importa o que realmente aconteceu - aquilo provocou uma mudança profunda: ele largou as drogas e se tornou escritor, pois dali saiu para fazer o caminho de Santiago e publicar seu primeiro romance. O início da carreira se dá exatamente depois desse fenômeno em Dachau, que marca também sua volta ao cristianismo. Sobre o pacto com o Diabo, foi uma combinação de fatos: ele foi preso pelo Dops, seqüestrado pelo DOI-Codi (que ele vai descobrir agora, lendo o livro) e tem o encontro com o Demônio, na chamada Noite Negra. Isso o faz romper com Raul Seixas , pois ele acreditava que faziam invocações para o mal.

Paulo Coelho nunca pretendia ser músico, apesar da parceria de sucesso com Raul Seixas, tampouco ser dramaturgo, embora tenha conhecido um razoável sucesso nos palcos. "Ele sempre sonhou em ser um escritor lido em todo o mundo - não bastava apenas o sucesso, mas com leitores em todos os pontos do planeta", conta Fernando Morais que, no baú secreto do autor, descobriu desde a asa do primeiro passarinho que matou (um tiziu, em Araruama) até um encontro com o Diabo registrado em 25 de maio de 1974, no auge da relação de Coelho com a bruxaria."Não sei explicar como aconteceu, mas estou convencido de que alguma coisa aconteceu, pois há episódios que ele descreve minuto a minuto", conta o biógrafo, que conversou com o Estado.   Veja também: Chega às livrarias a biografia de Paulo Coelho Crítica no Brasil desaprova obra do escritor Leia trechos de O Mago Fernando Morais comenta a biografia de Paulo Coelho  Galeria de fotos com momentos da vida do escritor  Escritor é homenageado com caneta de luxo e nome de rua na Espanha   O rumo da biografia foi outro depois da descoberta do conteúdo do baú? Sim, totalmente. Eu já estava com o livro escrito, pois tinha feito mais de 200 horas de entrevista com ele, além de ter conversado com 80 pessoas, aproximadamente. Também realizei três viagens à Europa, uma ao Oriente Médio e outra à Europa Oriental, além de ter morado oito meses no Rio. Foi quando abri o baú e me deparei com 170 cadernos grossos e cerca de 100 fitas. Isso rendeu 90 CDs de áudio, o que mudou toda a minha pesquisa. Precisei até fazer mais uma viagem à Europa.   O que mais o surpreendeu? É difícil dizer, pois era um choque atrás do outro. Uma sucessão de tragédias, desde a infância até a idade adulta: a perda da fé; a enorme confusão sexual em que ele viveu até os 30 anos; a relação com os pais, que o internaram três vezes no hospício. O que me chamou atenção era a obstinação de ser um escritor lido no mundo todo. Quanto mais o tempo passava, mais ele se remoía em depressões, crises de angústia, por não ser alguém conhecido mundialmente. Ele escrevia: "Na minha idade, os Beatles já eram conhecidos no planeta e eu ainda não sou ninguém. Não passo de um merda." Acho que ele foi um roqueiro brilhante, suas letras com Raul Seixas, dizem os críticos, têm mais qualidade que sua produção literária e lhe trouxeram um conforto: em um ano de trabalho, já tinha seis apartamentos no Rio. Poderia ter sido um dramaturgo de sucesso, certamente seria um executivo da indústria fonográfica, mas não era isso que queria. Sua obstinação era ser o que é hoje.   Qual foi a importância da fase roqueira? Foi boa para ele sentir o sabor da fama, ainda que o famoso da dupla fosse o Raul Seixas. Mas a fase musical ocupa apenas 10% de sua vida, que é também a importância que hoje ele dá a esse momento, apenas um fato passado. Não é que não goste, até já o vi cantando algumas de suas canções - o que realmente interessa é a carreira literária. Há uma frase que se repete ao longo de sua obra, que é a busca de um sonho. Creio que isso resume sua vida, sua obsessão.   A obstinação explicaria as confusões religiosas e o pacto com o Demônio, que marcam sua vida? Em parte, sim. Ele recebeu uma educação jesuíta dura, transformou-se em um cristão absoluto até romper com tudo e se meter com satanismo, seitas, sacrifício de animal. A volta aconteceu em 1982, quando teve o que chamou de epifania no campo de concentração da cidade alemã de Dachau, onde disse ter visto um vulto. Não importa o que realmente aconteceu - aquilo provocou uma mudança profunda: ele largou as drogas e se tornou escritor, pois dali saiu para fazer o caminho de Santiago e publicar seu primeiro romance. O início da carreira se dá exatamente depois desse fenômeno em Dachau, que marca também sua volta ao cristianismo. Sobre o pacto com o Diabo, foi uma combinação de fatos: ele foi preso pelo Dops, seqüestrado pelo DOI-Codi (que ele vai descobrir agora, lendo o livro) e tem o encontro com o Demônio, na chamada Noite Negra. Isso o faz romper com Raul Seixas , pois ele acreditava que faziam invocações para o mal.

Paulo Coelho nunca pretendia ser músico, apesar da parceria de sucesso com Raul Seixas, tampouco ser dramaturgo, embora tenha conhecido um razoável sucesso nos palcos. "Ele sempre sonhou em ser um escritor lido em todo o mundo - não bastava apenas o sucesso, mas com leitores em todos os pontos do planeta", conta Fernando Morais que, no baú secreto do autor, descobriu desde a asa do primeiro passarinho que matou (um tiziu, em Araruama) até um encontro com o Diabo registrado em 25 de maio de 1974, no auge da relação de Coelho com a bruxaria."Não sei explicar como aconteceu, mas estou convencido de que alguma coisa aconteceu, pois há episódios que ele descreve minuto a minuto", conta o biógrafo, que conversou com o Estado.   Veja também: Chega às livrarias a biografia de Paulo Coelho Crítica no Brasil desaprova obra do escritor Leia trechos de O Mago Fernando Morais comenta a biografia de Paulo Coelho  Galeria de fotos com momentos da vida do escritor  Escritor é homenageado com caneta de luxo e nome de rua na Espanha   O rumo da biografia foi outro depois da descoberta do conteúdo do baú? Sim, totalmente. Eu já estava com o livro escrito, pois tinha feito mais de 200 horas de entrevista com ele, além de ter conversado com 80 pessoas, aproximadamente. Também realizei três viagens à Europa, uma ao Oriente Médio e outra à Europa Oriental, além de ter morado oito meses no Rio. Foi quando abri o baú e me deparei com 170 cadernos grossos e cerca de 100 fitas. Isso rendeu 90 CDs de áudio, o que mudou toda a minha pesquisa. Precisei até fazer mais uma viagem à Europa.   O que mais o surpreendeu? É difícil dizer, pois era um choque atrás do outro. Uma sucessão de tragédias, desde a infância até a idade adulta: a perda da fé; a enorme confusão sexual em que ele viveu até os 30 anos; a relação com os pais, que o internaram três vezes no hospício. O que me chamou atenção era a obstinação de ser um escritor lido no mundo todo. Quanto mais o tempo passava, mais ele se remoía em depressões, crises de angústia, por não ser alguém conhecido mundialmente. Ele escrevia: "Na minha idade, os Beatles já eram conhecidos no planeta e eu ainda não sou ninguém. Não passo de um merda." Acho que ele foi um roqueiro brilhante, suas letras com Raul Seixas, dizem os críticos, têm mais qualidade que sua produção literária e lhe trouxeram um conforto: em um ano de trabalho, já tinha seis apartamentos no Rio. Poderia ter sido um dramaturgo de sucesso, certamente seria um executivo da indústria fonográfica, mas não era isso que queria. Sua obstinação era ser o que é hoje.   Qual foi a importância da fase roqueira? Foi boa para ele sentir o sabor da fama, ainda que o famoso da dupla fosse o Raul Seixas. Mas a fase musical ocupa apenas 10% de sua vida, que é também a importância que hoje ele dá a esse momento, apenas um fato passado. Não é que não goste, até já o vi cantando algumas de suas canções - o que realmente interessa é a carreira literária. Há uma frase que se repete ao longo de sua obra, que é a busca de um sonho. Creio que isso resume sua vida, sua obsessão.   A obstinação explicaria as confusões religiosas e o pacto com o Demônio, que marcam sua vida? Em parte, sim. Ele recebeu uma educação jesuíta dura, transformou-se em um cristão absoluto até romper com tudo e se meter com satanismo, seitas, sacrifício de animal. A volta aconteceu em 1982, quando teve o que chamou de epifania no campo de concentração da cidade alemã de Dachau, onde disse ter visto um vulto. Não importa o que realmente aconteceu - aquilo provocou uma mudança profunda: ele largou as drogas e se tornou escritor, pois dali saiu para fazer o caminho de Santiago e publicar seu primeiro romance. O início da carreira se dá exatamente depois desse fenômeno em Dachau, que marca também sua volta ao cristianismo. Sobre o pacto com o Diabo, foi uma combinação de fatos: ele foi preso pelo Dops, seqüestrado pelo DOI-Codi (que ele vai descobrir agora, lendo o livro) e tem o encontro com o Demônio, na chamada Noite Negra. Isso o faz romper com Raul Seixas , pois ele acreditava que faziam invocações para o mal.

Paulo Coelho nunca pretendia ser músico, apesar da parceria de sucesso com Raul Seixas, tampouco ser dramaturgo, embora tenha conhecido um razoável sucesso nos palcos. "Ele sempre sonhou em ser um escritor lido em todo o mundo - não bastava apenas o sucesso, mas com leitores em todos os pontos do planeta", conta Fernando Morais que, no baú secreto do autor, descobriu desde a asa do primeiro passarinho que matou (um tiziu, em Araruama) até um encontro com o Diabo registrado em 25 de maio de 1974, no auge da relação de Coelho com a bruxaria."Não sei explicar como aconteceu, mas estou convencido de que alguma coisa aconteceu, pois há episódios que ele descreve minuto a minuto", conta o biógrafo, que conversou com o Estado.   Veja também: Chega às livrarias a biografia de Paulo Coelho Crítica no Brasil desaprova obra do escritor Leia trechos de O Mago Fernando Morais comenta a biografia de Paulo Coelho  Galeria de fotos com momentos da vida do escritor  Escritor é homenageado com caneta de luxo e nome de rua na Espanha   O rumo da biografia foi outro depois da descoberta do conteúdo do baú? Sim, totalmente. Eu já estava com o livro escrito, pois tinha feito mais de 200 horas de entrevista com ele, além de ter conversado com 80 pessoas, aproximadamente. Também realizei três viagens à Europa, uma ao Oriente Médio e outra à Europa Oriental, além de ter morado oito meses no Rio. Foi quando abri o baú e me deparei com 170 cadernos grossos e cerca de 100 fitas. Isso rendeu 90 CDs de áudio, o que mudou toda a minha pesquisa. Precisei até fazer mais uma viagem à Europa.   O que mais o surpreendeu? É difícil dizer, pois era um choque atrás do outro. Uma sucessão de tragédias, desde a infância até a idade adulta: a perda da fé; a enorme confusão sexual em que ele viveu até os 30 anos; a relação com os pais, que o internaram três vezes no hospício. O que me chamou atenção era a obstinação de ser um escritor lido no mundo todo. Quanto mais o tempo passava, mais ele se remoía em depressões, crises de angústia, por não ser alguém conhecido mundialmente. Ele escrevia: "Na minha idade, os Beatles já eram conhecidos no planeta e eu ainda não sou ninguém. Não passo de um merda." Acho que ele foi um roqueiro brilhante, suas letras com Raul Seixas, dizem os críticos, têm mais qualidade que sua produção literária e lhe trouxeram um conforto: em um ano de trabalho, já tinha seis apartamentos no Rio. Poderia ter sido um dramaturgo de sucesso, certamente seria um executivo da indústria fonográfica, mas não era isso que queria. Sua obstinação era ser o que é hoje.   Qual foi a importância da fase roqueira? Foi boa para ele sentir o sabor da fama, ainda que o famoso da dupla fosse o Raul Seixas. Mas a fase musical ocupa apenas 10% de sua vida, que é também a importância que hoje ele dá a esse momento, apenas um fato passado. Não é que não goste, até já o vi cantando algumas de suas canções - o que realmente interessa é a carreira literária. Há uma frase que se repete ao longo de sua obra, que é a busca de um sonho. Creio que isso resume sua vida, sua obsessão.   A obstinação explicaria as confusões religiosas e o pacto com o Demônio, que marcam sua vida? Em parte, sim. Ele recebeu uma educação jesuíta dura, transformou-se em um cristão absoluto até romper com tudo e se meter com satanismo, seitas, sacrifício de animal. A volta aconteceu em 1982, quando teve o que chamou de epifania no campo de concentração da cidade alemã de Dachau, onde disse ter visto um vulto. Não importa o que realmente aconteceu - aquilo provocou uma mudança profunda: ele largou as drogas e se tornou escritor, pois dali saiu para fazer o caminho de Santiago e publicar seu primeiro romance. O início da carreira se dá exatamente depois desse fenômeno em Dachau, que marca também sua volta ao cristianismo. Sobre o pacto com o Diabo, foi uma combinação de fatos: ele foi preso pelo Dops, seqüestrado pelo DOI-Codi (que ele vai descobrir agora, lendo o livro) e tem o encontro com o Demônio, na chamada Noite Negra. Isso o faz romper com Raul Seixas , pois ele acreditava que faziam invocações para o mal.

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