Em Madri, mostra de Cildo Meireles destaca obras antigas ou pouco vistas


Exposição se propõe a apresentar panorama plural da obra desenvolvida pelo artista desde os anos 1960

Por Maria Hirszman

A relação de Cildo Meireles com a Espanha é intensa e antiga. Foi ali que realizou sua primeira grande retrospectiva internacional, no Ivam (Instituto Valenciano de Arte Moderno), em Valência, em 1995 e, desde então, tem recebido atenção frequente do público e da crítica, como comprova a grande exposição que realiza atualmente no Pavilhão Velázquez, espaço anexo do Museu Reina Sophia no coração do Parque del Retiro, em Madri.

A mostra que, com certo atraso, celebra o Prêmio Velázquez, espécie de Nobel das artes recebido pelo artista brasileiro em 2008, se propõe a apresentar um panorama plural da obra que Cildo vem desenvolvendo desde os anos 1960. “Procuramos fazer uma exposição para além das retrospectivas, mostrando diferentes pontos de vista e situações”, explica o curador João Fernandes, que também é subdiretor do museu espanhol.

A seleção de trabalhos, que vem sendo pensada há vários anos, enfatiza aspectos da produção de Cildo menos conhecidos pelo público europeu. “Há peças que são como o lado escondido da lua, ou o lado B de um disco”, destaca o curador, ressaltando seu interesse em aproveitar a ocasião para remontar ou reunir trabalhos antigos ou pouco vistos. É o caso, por exemplo, de Olvido, uma instalação que não era mostrada ao público há mais de 20 anos. Em parte pela dificuldade em conseguir reunir materiais tão complexos e estranhos como 6 mil notas bancárias de diferentes países americanos usadas para construir uma tenda indígena, quase 70 mil velas e 3 toneladas de ossos bovinos – que tiveram que vir especialmente do Brasil. Ou ainda do conjunto significativo de projetos de Arte Física idealizados pelo artista, muitos deles impossíveis de ganharem corpo, como, por exemplo, o que propõe acompanhar o horizonte com um longuíssimo fio real, não mais imaginário.

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Assim, trabalhos de caráter mais formal, como as assemblages feitas com os restos dos metros de madeira amarela criados para sua instalação Fontes, ou os trabalhos da série Descala, se mesclam a pesquisas conceituais antológicas, como as Inserções em Circuitos Ideológicos, nas quais o artista se apropria de meios tradicionais de circulação, como o papel-moeda, para inserir mensagens de protesto.

Esses diversos núcleos se distribuem em torno de um eixo central poderoso, formado por instalações de grande impacto que trabalham poética e dolorosamente questões ligadas ao colonialismo, à expansão marítima e à exploração imperialista.

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A primeira obra a receber o grande fluxo de visitantes é Marulho. Essa representação visual e sonora do oceano, feita com a combinação de um conjunto restrito de imagens do mar e de vozes repetindo a palavra “água” em mais de 80 línguas diferentes – que já foi mostrada em 2006 no Museu do Vale do Rio Doce e na Pinacoteca do Estado –, parece explicitar de uma vez por todas o caráter fascinantemente instável da obra de Cildo Meireles, que se assemelha muito aos oceanos com que costuma trabalhar. Afinal, sua ampla produção parece impossível de se reter, como a água em movimento. Possui um ritmo próprio, sedutor, que provoca o espectador ao mesmo tempo que foge dele, reconfigurando-se sempre em novos e repetitivos processos e formatos. Como sintetiza Fernandes, “é interessante reparar que ele possui uma linguagem muito poderosa e poliforme, mas resiste à ideia de um estilo”.

Enquanto Abajur, obra recente que se tornou o grande destaque da 29.ª Bienal de São Paulo em 2010, associa a beleza da paisagem marítima, a força da imagem da caravela para a cultura ibero-americana e a ideia de perpetuação da exploração econômica (seja em seu aspecto colonial, seja em seu aspecto contemporâneo), já que a obra é colocada em movimento graças ao esforço mecânico exaustivo de trabalhadores braçais que movem o sistema numa espécie de releitura moderna da escravidão), Amerikkka figura um encontro impossível. Ou melhor, um encontro desastroso entre milhares de ovos (símbolo da descoberta da América, a partir do mito do “Ovo de Colombo”) e uma quantidade ainda maior de balas pontiagudas, numa indiscutível referência à brutalidade da força colonizadora. A obra foi criada por ocasião dos 500 anos da chegada de Colombo à América (não à toa, as cores usadas são as mesmas da bandeira dos EUA), por convite de uma galeria de Madri e acabou não sendo produzida naquele momento pelo receio em relação à crueza com que a questão é abordada.

É bem verdade que, como destaca Fernandes, cada um dos projetos de Cildo apresenta uma situação nova. Mas também é verdade que entre os jogos de contradições, o uso de metáforas de uma simplicidade cristalina, as brincadeiras com excessos quantitativos e uma permanente vontade de construir uma obra que leve a arte para além da prisão da visão, o artista cria com profunda ousadia um terreno de investigação amplo, coerente, de reflexão crítica sobre a história, a memória e o espaço da vivência humana.

A relação de Cildo Meireles com a Espanha é intensa e antiga. Foi ali que realizou sua primeira grande retrospectiva internacional, no Ivam (Instituto Valenciano de Arte Moderno), em Valência, em 1995 e, desde então, tem recebido atenção frequente do público e da crítica, como comprova a grande exposição que realiza atualmente no Pavilhão Velázquez, espaço anexo do Museu Reina Sophia no coração do Parque del Retiro, em Madri.

A mostra que, com certo atraso, celebra o Prêmio Velázquez, espécie de Nobel das artes recebido pelo artista brasileiro em 2008, se propõe a apresentar um panorama plural da obra que Cildo vem desenvolvendo desde os anos 1960. “Procuramos fazer uma exposição para além das retrospectivas, mostrando diferentes pontos de vista e situações”, explica o curador João Fernandes, que também é subdiretor do museu espanhol.

A seleção de trabalhos, que vem sendo pensada há vários anos, enfatiza aspectos da produção de Cildo menos conhecidos pelo público europeu. “Há peças que são como o lado escondido da lua, ou o lado B de um disco”, destaca o curador, ressaltando seu interesse em aproveitar a ocasião para remontar ou reunir trabalhos antigos ou pouco vistos. É o caso, por exemplo, de Olvido, uma instalação que não era mostrada ao público há mais de 20 anos. Em parte pela dificuldade em conseguir reunir materiais tão complexos e estranhos como 6 mil notas bancárias de diferentes países americanos usadas para construir uma tenda indígena, quase 70 mil velas e 3 toneladas de ossos bovinos – que tiveram que vir especialmente do Brasil. Ou ainda do conjunto significativo de projetos de Arte Física idealizados pelo artista, muitos deles impossíveis de ganharem corpo, como, por exemplo, o que propõe acompanhar o horizonte com um longuíssimo fio real, não mais imaginário.

Assim, trabalhos de caráter mais formal, como as assemblages feitas com os restos dos metros de madeira amarela criados para sua instalação Fontes, ou os trabalhos da série Descala, se mesclam a pesquisas conceituais antológicas, como as Inserções em Circuitos Ideológicos, nas quais o artista se apropria de meios tradicionais de circulação, como o papel-moeda, para inserir mensagens de protesto.

Esses diversos núcleos se distribuem em torno de um eixo central poderoso, formado por instalações de grande impacto que trabalham poética e dolorosamente questões ligadas ao colonialismo, à expansão marítima e à exploração imperialista.

A primeira obra a receber o grande fluxo de visitantes é Marulho. Essa representação visual e sonora do oceano, feita com a combinação de um conjunto restrito de imagens do mar e de vozes repetindo a palavra “água” em mais de 80 línguas diferentes – que já foi mostrada em 2006 no Museu do Vale do Rio Doce e na Pinacoteca do Estado –, parece explicitar de uma vez por todas o caráter fascinantemente instável da obra de Cildo Meireles, que se assemelha muito aos oceanos com que costuma trabalhar. Afinal, sua ampla produção parece impossível de se reter, como a água em movimento. Possui um ritmo próprio, sedutor, que provoca o espectador ao mesmo tempo que foge dele, reconfigurando-se sempre em novos e repetitivos processos e formatos. Como sintetiza Fernandes, “é interessante reparar que ele possui uma linguagem muito poderosa e poliforme, mas resiste à ideia de um estilo”.

Enquanto Abajur, obra recente que se tornou o grande destaque da 29.ª Bienal de São Paulo em 2010, associa a beleza da paisagem marítima, a força da imagem da caravela para a cultura ibero-americana e a ideia de perpetuação da exploração econômica (seja em seu aspecto colonial, seja em seu aspecto contemporâneo), já que a obra é colocada em movimento graças ao esforço mecânico exaustivo de trabalhadores braçais que movem o sistema numa espécie de releitura moderna da escravidão), Amerikkka figura um encontro impossível. Ou melhor, um encontro desastroso entre milhares de ovos (símbolo da descoberta da América, a partir do mito do “Ovo de Colombo”) e uma quantidade ainda maior de balas pontiagudas, numa indiscutível referência à brutalidade da força colonizadora. A obra foi criada por ocasião dos 500 anos da chegada de Colombo à América (não à toa, as cores usadas são as mesmas da bandeira dos EUA), por convite de uma galeria de Madri e acabou não sendo produzida naquele momento pelo receio em relação à crueza com que a questão é abordada.

É bem verdade que, como destaca Fernandes, cada um dos projetos de Cildo apresenta uma situação nova. Mas também é verdade que entre os jogos de contradições, o uso de metáforas de uma simplicidade cristalina, as brincadeiras com excessos quantitativos e uma permanente vontade de construir uma obra que leve a arte para além da prisão da visão, o artista cria com profunda ousadia um terreno de investigação amplo, coerente, de reflexão crítica sobre a história, a memória e o espaço da vivência humana.

A relação de Cildo Meireles com a Espanha é intensa e antiga. Foi ali que realizou sua primeira grande retrospectiva internacional, no Ivam (Instituto Valenciano de Arte Moderno), em Valência, em 1995 e, desde então, tem recebido atenção frequente do público e da crítica, como comprova a grande exposição que realiza atualmente no Pavilhão Velázquez, espaço anexo do Museu Reina Sophia no coração do Parque del Retiro, em Madri.

A mostra que, com certo atraso, celebra o Prêmio Velázquez, espécie de Nobel das artes recebido pelo artista brasileiro em 2008, se propõe a apresentar um panorama plural da obra que Cildo vem desenvolvendo desde os anos 1960. “Procuramos fazer uma exposição para além das retrospectivas, mostrando diferentes pontos de vista e situações”, explica o curador João Fernandes, que também é subdiretor do museu espanhol.

A seleção de trabalhos, que vem sendo pensada há vários anos, enfatiza aspectos da produção de Cildo menos conhecidos pelo público europeu. “Há peças que são como o lado escondido da lua, ou o lado B de um disco”, destaca o curador, ressaltando seu interesse em aproveitar a ocasião para remontar ou reunir trabalhos antigos ou pouco vistos. É o caso, por exemplo, de Olvido, uma instalação que não era mostrada ao público há mais de 20 anos. Em parte pela dificuldade em conseguir reunir materiais tão complexos e estranhos como 6 mil notas bancárias de diferentes países americanos usadas para construir uma tenda indígena, quase 70 mil velas e 3 toneladas de ossos bovinos – que tiveram que vir especialmente do Brasil. Ou ainda do conjunto significativo de projetos de Arte Física idealizados pelo artista, muitos deles impossíveis de ganharem corpo, como, por exemplo, o que propõe acompanhar o horizonte com um longuíssimo fio real, não mais imaginário.

Assim, trabalhos de caráter mais formal, como as assemblages feitas com os restos dos metros de madeira amarela criados para sua instalação Fontes, ou os trabalhos da série Descala, se mesclam a pesquisas conceituais antológicas, como as Inserções em Circuitos Ideológicos, nas quais o artista se apropria de meios tradicionais de circulação, como o papel-moeda, para inserir mensagens de protesto.

Esses diversos núcleos se distribuem em torno de um eixo central poderoso, formado por instalações de grande impacto que trabalham poética e dolorosamente questões ligadas ao colonialismo, à expansão marítima e à exploração imperialista.

A primeira obra a receber o grande fluxo de visitantes é Marulho. Essa representação visual e sonora do oceano, feita com a combinação de um conjunto restrito de imagens do mar e de vozes repetindo a palavra “água” em mais de 80 línguas diferentes – que já foi mostrada em 2006 no Museu do Vale do Rio Doce e na Pinacoteca do Estado –, parece explicitar de uma vez por todas o caráter fascinantemente instável da obra de Cildo Meireles, que se assemelha muito aos oceanos com que costuma trabalhar. Afinal, sua ampla produção parece impossível de se reter, como a água em movimento. Possui um ritmo próprio, sedutor, que provoca o espectador ao mesmo tempo que foge dele, reconfigurando-se sempre em novos e repetitivos processos e formatos. Como sintetiza Fernandes, “é interessante reparar que ele possui uma linguagem muito poderosa e poliforme, mas resiste à ideia de um estilo”.

Enquanto Abajur, obra recente que se tornou o grande destaque da 29.ª Bienal de São Paulo em 2010, associa a beleza da paisagem marítima, a força da imagem da caravela para a cultura ibero-americana e a ideia de perpetuação da exploração econômica (seja em seu aspecto colonial, seja em seu aspecto contemporâneo), já que a obra é colocada em movimento graças ao esforço mecânico exaustivo de trabalhadores braçais que movem o sistema numa espécie de releitura moderna da escravidão), Amerikkka figura um encontro impossível. Ou melhor, um encontro desastroso entre milhares de ovos (símbolo da descoberta da América, a partir do mito do “Ovo de Colombo”) e uma quantidade ainda maior de balas pontiagudas, numa indiscutível referência à brutalidade da força colonizadora. A obra foi criada por ocasião dos 500 anos da chegada de Colombo à América (não à toa, as cores usadas são as mesmas da bandeira dos EUA), por convite de uma galeria de Madri e acabou não sendo produzida naquele momento pelo receio em relação à crueza com que a questão é abordada.

É bem verdade que, como destaca Fernandes, cada um dos projetos de Cildo apresenta uma situação nova. Mas também é verdade que entre os jogos de contradições, o uso de metáforas de uma simplicidade cristalina, as brincadeiras com excessos quantitativos e uma permanente vontade de construir uma obra que leve a arte para além da prisão da visão, o artista cria com profunda ousadia um terreno de investigação amplo, coerente, de reflexão crítica sobre a história, a memória e o espaço da vivência humana.

A relação de Cildo Meireles com a Espanha é intensa e antiga. Foi ali que realizou sua primeira grande retrospectiva internacional, no Ivam (Instituto Valenciano de Arte Moderno), em Valência, em 1995 e, desde então, tem recebido atenção frequente do público e da crítica, como comprova a grande exposição que realiza atualmente no Pavilhão Velázquez, espaço anexo do Museu Reina Sophia no coração do Parque del Retiro, em Madri.

A mostra que, com certo atraso, celebra o Prêmio Velázquez, espécie de Nobel das artes recebido pelo artista brasileiro em 2008, se propõe a apresentar um panorama plural da obra que Cildo vem desenvolvendo desde os anos 1960. “Procuramos fazer uma exposição para além das retrospectivas, mostrando diferentes pontos de vista e situações”, explica o curador João Fernandes, que também é subdiretor do museu espanhol.

A seleção de trabalhos, que vem sendo pensada há vários anos, enfatiza aspectos da produção de Cildo menos conhecidos pelo público europeu. “Há peças que são como o lado escondido da lua, ou o lado B de um disco”, destaca o curador, ressaltando seu interesse em aproveitar a ocasião para remontar ou reunir trabalhos antigos ou pouco vistos. É o caso, por exemplo, de Olvido, uma instalação que não era mostrada ao público há mais de 20 anos. Em parte pela dificuldade em conseguir reunir materiais tão complexos e estranhos como 6 mil notas bancárias de diferentes países americanos usadas para construir uma tenda indígena, quase 70 mil velas e 3 toneladas de ossos bovinos – que tiveram que vir especialmente do Brasil. Ou ainda do conjunto significativo de projetos de Arte Física idealizados pelo artista, muitos deles impossíveis de ganharem corpo, como, por exemplo, o que propõe acompanhar o horizonte com um longuíssimo fio real, não mais imaginário.

Assim, trabalhos de caráter mais formal, como as assemblages feitas com os restos dos metros de madeira amarela criados para sua instalação Fontes, ou os trabalhos da série Descala, se mesclam a pesquisas conceituais antológicas, como as Inserções em Circuitos Ideológicos, nas quais o artista se apropria de meios tradicionais de circulação, como o papel-moeda, para inserir mensagens de protesto.

Esses diversos núcleos se distribuem em torno de um eixo central poderoso, formado por instalações de grande impacto que trabalham poética e dolorosamente questões ligadas ao colonialismo, à expansão marítima e à exploração imperialista.

A primeira obra a receber o grande fluxo de visitantes é Marulho. Essa representação visual e sonora do oceano, feita com a combinação de um conjunto restrito de imagens do mar e de vozes repetindo a palavra “água” em mais de 80 línguas diferentes – que já foi mostrada em 2006 no Museu do Vale do Rio Doce e na Pinacoteca do Estado –, parece explicitar de uma vez por todas o caráter fascinantemente instável da obra de Cildo Meireles, que se assemelha muito aos oceanos com que costuma trabalhar. Afinal, sua ampla produção parece impossível de se reter, como a água em movimento. Possui um ritmo próprio, sedutor, que provoca o espectador ao mesmo tempo que foge dele, reconfigurando-se sempre em novos e repetitivos processos e formatos. Como sintetiza Fernandes, “é interessante reparar que ele possui uma linguagem muito poderosa e poliforme, mas resiste à ideia de um estilo”.

Enquanto Abajur, obra recente que se tornou o grande destaque da 29.ª Bienal de São Paulo em 2010, associa a beleza da paisagem marítima, a força da imagem da caravela para a cultura ibero-americana e a ideia de perpetuação da exploração econômica (seja em seu aspecto colonial, seja em seu aspecto contemporâneo), já que a obra é colocada em movimento graças ao esforço mecânico exaustivo de trabalhadores braçais que movem o sistema numa espécie de releitura moderna da escravidão), Amerikkka figura um encontro impossível. Ou melhor, um encontro desastroso entre milhares de ovos (símbolo da descoberta da América, a partir do mito do “Ovo de Colombo”) e uma quantidade ainda maior de balas pontiagudas, numa indiscutível referência à brutalidade da força colonizadora. A obra foi criada por ocasião dos 500 anos da chegada de Colombo à América (não à toa, as cores usadas são as mesmas da bandeira dos EUA), por convite de uma galeria de Madri e acabou não sendo produzida naquele momento pelo receio em relação à crueza com que a questão é abordada.

É bem verdade que, como destaca Fernandes, cada um dos projetos de Cildo apresenta uma situação nova. Mas também é verdade que entre os jogos de contradições, o uso de metáforas de uma simplicidade cristalina, as brincadeiras com excessos quantitativos e uma permanente vontade de construir uma obra que leve a arte para além da prisão da visão, o artista cria com profunda ousadia um terreno de investigação amplo, coerente, de reflexão crítica sobre a história, a memória e o espaço da vivência humana.

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