Um espaço para a discussão de ideias para nosso tempo

Em tradução: três poemas de Giorgos Seféris


Leia três poemas do prêmio Nobel de Literatura Giorgos Seféris traduzidos por José Paulo Paes.

Por Estado da Arte
reference

 

Da Antologia Poemas, publicada pela editora Nova Alexandria. 

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Comentários

Já escurecera na sacada

junto a nós uma urgência esvoaçava

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nos dois corações, bem aninhada,

uma confissão correspondida.

 

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Vã, murchou a voz. Enxame de erros

nossos lábios, e nas profundezas

do corpo, Deus, só estava acesa

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nossa espera da benção pedida.

 

Dentro da casa os sonhos zumbiam

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e da luz da tarde até o ímã

dos cabelos teus, tudo trazia

à memória o anjo inalcançável

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de para com os anéis subitâneos

de chofre caídos, dos abanos

no pensamento que, o mesmo orando,

líamos, evangelho inefável.

 

Mulher que na minha alma te hospedas

tua surpresa é o que me resta

formosa mulher amada, nesta

tarde que absurdamente definha,

 

e os teus olhos de círculos negros

e a noite e seu calafrio ligeiro...

Quimera, espada do meu silêncio,

curva-te e entra outra vez na bainha.

 

De Esboços para um verão

A cada manhã me lembra a água morna

que não tenho junto a mim nada mais vivo.

 

De Solstício de verão

VIII

Duro espelho o papel em branco

restitui apenas o que eras.

 

O papel em branco fala com a tua voz

a tua própria voz

não com a que te agrada;

tua música é a vida

que dissipaste.

Podes recuperá-la se quiseres

se te apegares ao que indiferente

te atira para trás

ao ponto de partida.

 

Viajaste, viste muitas luas muitos sóis

tocaste vivos e mortos

sentiste a dor do jovem

e o gemido da mulher

e o amargor do menino ainda imaturo --

o que sentiste rui sem fundamento

se não te confias ao vazio.

Talvez ali encontres o que julgavas já perdido:

o renovo da juventude, o justo sossobro da idade.

 

Tua vida é o que deste

esse vazio é o que deste

o papel em branco.

 

 

reference

 

Da Antologia Poemas, publicada pela editora Nova Alexandria. 

Comentários

Já escurecera na sacada

junto a nós uma urgência esvoaçava

nos dois corações, bem aninhada,

uma confissão correspondida.

 

Vã, murchou a voz. Enxame de erros

nossos lábios, e nas profundezas

do corpo, Deus, só estava acesa

nossa espera da benção pedida.

 

Dentro da casa os sonhos zumbiam

e da luz da tarde até o ímã

dos cabelos teus, tudo trazia

à memória o anjo inalcançável

 

de para com os anéis subitâneos

de chofre caídos, dos abanos

no pensamento que, o mesmo orando,

líamos, evangelho inefável.

 

Mulher que na minha alma te hospedas

tua surpresa é o que me resta

formosa mulher amada, nesta

tarde que absurdamente definha,

 

e os teus olhos de círculos negros

e a noite e seu calafrio ligeiro...

Quimera, espada do meu silêncio,

curva-te e entra outra vez na bainha.

 

De Esboços para um verão

A cada manhã me lembra a água morna

que não tenho junto a mim nada mais vivo.

 

De Solstício de verão

VIII

Duro espelho o papel em branco

restitui apenas o que eras.

 

O papel em branco fala com a tua voz

a tua própria voz

não com a que te agrada;

tua música é a vida

que dissipaste.

Podes recuperá-la se quiseres

se te apegares ao que indiferente

te atira para trás

ao ponto de partida.

 

Viajaste, viste muitas luas muitos sóis

tocaste vivos e mortos

sentiste a dor do jovem

e o gemido da mulher

e o amargor do menino ainda imaturo --

o que sentiste rui sem fundamento

se não te confias ao vazio.

Talvez ali encontres o que julgavas já perdido:

o renovo da juventude, o justo sossobro da idade.

 

Tua vida é o que deste

esse vazio é o que deste

o papel em branco.

 

 

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Da Antologia Poemas, publicada pela editora Nova Alexandria. 

Comentários

Já escurecera na sacada

junto a nós uma urgência esvoaçava

nos dois corações, bem aninhada,

uma confissão correspondida.

 

Vã, murchou a voz. Enxame de erros

nossos lábios, e nas profundezas

do corpo, Deus, só estava acesa

nossa espera da benção pedida.

 

Dentro da casa os sonhos zumbiam

e da luz da tarde até o ímã

dos cabelos teus, tudo trazia

à memória o anjo inalcançável

 

de para com os anéis subitâneos

de chofre caídos, dos abanos

no pensamento que, o mesmo orando,

líamos, evangelho inefável.

 

Mulher que na minha alma te hospedas

tua surpresa é o que me resta

formosa mulher amada, nesta

tarde que absurdamente definha,

 

e os teus olhos de círculos negros

e a noite e seu calafrio ligeiro...

Quimera, espada do meu silêncio,

curva-te e entra outra vez na bainha.

 

De Esboços para um verão

A cada manhã me lembra a água morna

que não tenho junto a mim nada mais vivo.

 

De Solstício de verão

VIII

Duro espelho o papel em branco

restitui apenas o que eras.

 

O papel em branco fala com a tua voz

a tua própria voz

não com a que te agrada;

tua música é a vida

que dissipaste.

Podes recuperá-la se quiseres

se te apegares ao que indiferente

te atira para trás

ao ponto de partida.

 

Viajaste, viste muitas luas muitos sóis

tocaste vivos e mortos

sentiste a dor do jovem

e o gemido da mulher

e o amargor do menino ainda imaturo --

o que sentiste rui sem fundamento

se não te confias ao vazio.

Talvez ali encontres o que julgavas já perdido:

o renovo da juventude, o justo sossobro da idade.

 

Tua vida é o que deste

esse vazio é o que deste

o papel em branco.

 

 

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Da Antologia Poemas, publicada pela editora Nova Alexandria. 

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Já escurecera na sacada

junto a nós uma urgência esvoaçava

nos dois corações, bem aninhada,

uma confissão correspondida.

 

Vã, murchou a voz. Enxame de erros

nossos lábios, e nas profundezas

do corpo, Deus, só estava acesa

nossa espera da benção pedida.

 

Dentro da casa os sonhos zumbiam

e da luz da tarde até o ímã

dos cabelos teus, tudo trazia

à memória o anjo inalcançável

 

de para com os anéis subitâneos

de chofre caídos, dos abanos

no pensamento que, o mesmo orando,

líamos, evangelho inefável.

 

Mulher que na minha alma te hospedas

tua surpresa é o que me resta

formosa mulher amada, nesta

tarde que absurdamente definha,

 

e os teus olhos de círculos negros

e a noite e seu calafrio ligeiro...

Quimera, espada do meu silêncio,

curva-te e entra outra vez na bainha.

 

De Esboços para um verão

A cada manhã me lembra a água morna

que não tenho junto a mim nada mais vivo.

 

De Solstício de verão

VIII

Duro espelho o papel em branco

restitui apenas o que eras.

 

O papel em branco fala com a tua voz

a tua própria voz

não com a que te agrada;

tua música é a vida

que dissipaste.

Podes recuperá-la se quiseres

se te apegares ao que indiferente

te atira para trás

ao ponto de partida.

 

Viajaste, viste muitas luas muitos sóis

tocaste vivos e mortos

sentiste a dor do jovem

e o gemido da mulher

e o amargor do menino ainda imaturo --

o que sentiste rui sem fundamento

se não te confias ao vazio.

Talvez ali encontres o que julgavas já perdido:

o renovo da juventude, o justo sossobro da idade.

 

Tua vida é o que deste

esse vazio é o que deste

o papel em branco.

 

 

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