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Falando de Música - A morte de Milos Forman e "Amadeus", ou: uma breve nota sobre um filme inverídico


Por Estado da Arte

por Leandro Oliveira

A morte do diretor Milos Forman, aos 86 anos, deixou a muitos tristes - e claro, entre estes, vários melômanos que de algum modo formaram muito de sua sensibilidade com seu premiado Amadeus (1984).

Baseado na peça homônima do autor inglês Peter Schaffer, Amadeus é um marco para a filmografia biográfica de grandes compositores - e sem dúvida um dos mais influentes casos daquilo que o ex-prefeito Fernando Haddad chamaria por "fake fiction". Toda a trama baseia-se em lendas pouco verossímeis que remontam o tempo do próprio W.A. Mozart e tiveram sua primeira versão literária com Mozart e Salieri de Alexander Púchkin (1830), que foi ainda no século XIX adaptada para uma ópera relativamente rara de Nikolay Rimsky-Korsakov (1897).

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Se pouco ou nada do que vai em Amadeus tem base factual (esqueça o compositor como um bobo-alegre, esqueça a encomenda do Requiem, esqueça a inveja competitiva de Salieri - são todos elementos refutados por pesquisa documental), é necessário reiterar um lugar comum de todas minhas aulas: a história da arte não deve ser medida apenas pelo valor de face de uma obra, mas também e sobretudo, pelo seu impacto junto ao público. E Amadeus pode lidar com muitos equívocos, mas por seu impacto junto ao grande público é - querendo ou não - parte da história da recepção da vida eobra do gênio de W. A. Mozart. Por fim, devemos julgar o filme de Forman não como um documentário, algo longe mesmo de uma biografia ficcional; Amadeus é, sim, excelente, mas nos seus próprios termos, quais sejam: narrativa envolvente, primorosa fotografia e direção de arte, cenografia e figurinos extraordinários, e atuações as mais emocionantes de Murray Abraham e Tom Hulce.

reference

A discussão entre objeto e sua representação, história e ficção, é das mais sofisticadas no ambiente da arte de todos os tempos - e arrisco dizer, ainda mais pertinente em um país onde tomou-se por rotina sua confusão. Por isso, sugiro em homenagem a morte deste grande diretor que foi Milos Forman: nesta semana, devemos assistir e amar, uma e outra vez Amadeus - amar, e não acreditar em uma cena sequer. E deleitar-se com isso. Esse é um bom exercício para pessoas cultas.

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Leandro Oliveira é compositor e regente de orquestra, doutorando em "Educação, Arte e História da Cultura" pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e anfitrião do projeto "Falando de Música" da Osesp.

Para saber mais:

http://www.teatrodomundo.com.br/mozart-e-salieri/

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http://www.teatrodomundo.com.br/amadeus-mistico-uma-teodiceia-mozarteana/

http://www.teatrodomundo.com.br/um-triunfo-de-mozart/

http://oestadodaarte.com.br/musica-no-seculo-das-luzes/

por Leandro Oliveira

A morte do diretor Milos Forman, aos 86 anos, deixou a muitos tristes - e claro, entre estes, vários melômanos que de algum modo formaram muito de sua sensibilidade com seu premiado Amadeus (1984).

Baseado na peça homônima do autor inglês Peter Schaffer, Amadeus é um marco para a filmografia biográfica de grandes compositores - e sem dúvida um dos mais influentes casos daquilo que o ex-prefeito Fernando Haddad chamaria por "fake fiction". Toda a trama baseia-se em lendas pouco verossímeis que remontam o tempo do próprio W.A. Mozart e tiveram sua primeira versão literária com Mozart e Salieri de Alexander Púchkin (1830), que foi ainda no século XIX adaptada para uma ópera relativamente rara de Nikolay Rimsky-Korsakov (1897).

Se pouco ou nada do que vai em Amadeus tem base factual (esqueça o compositor como um bobo-alegre, esqueça a encomenda do Requiem, esqueça a inveja competitiva de Salieri - são todos elementos refutados por pesquisa documental), é necessário reiterar um lugar comum de todas minhas aulas: a história da arte não deve ser medida apenas pelo valor de face de uma obra, mas também e sobretudo, pelo seu impacto junto ao público. E Amadeus pode lidar com muitos equívocos, mas por seu impacto junto ao grande público é - querendo ou não - parte da história da recepção da vida eobra do gênio de W. A. Mozart. Por fim, devemos julgar o filme de Forman não como um documentário, algo longe mesmo de uma biografia ficcional; Amadeus é, sim, excelente, mas nos seus próprios termos, quais sejam: narrativa envolvente, primorosa fotografia e direção de arte, cenografia e figurinos extraordinários, e atuações as mais emocionantes de Murray Abraham e Tom Hulce.

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A discussão entre objeto e sua representação, história e ficção, é das mais sofisticadas no ambiente da arte de todos os tempos - e arrisco dizer, ainda mais pertinente em um país onde tomou-se por rotina sua confusão. Por isso, sugiro em homenagem a morte deste grande diretor que foi Milos Forman: nesta semana, devemos assistir e amar, uma e outra vez Amadeus - amar, e não acreditar em uma cena sequer. E deleitar-se com isso. Esse é um bom exercício para pessoas cultas.

Leandro Oliveira é compositor e regente de orquestra, doutorando em "Educação, Arte e História da Cultura" pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e anfitrião do projeto "Falando de Música" da Osesp.

Para saber mais:

http://www.teatrodomundo.com.br/mozart-e-salieri/

http://www.teatrodomundo.com.br/amadeus-mistico-uma-teodiceia-mozarteana/

http://www.teatrodomundo.com.br/um-triunfo-de-mozart/

http://oestadodaarte.com.br/musica-no-seculo-das-luzes/

por Leandro Oliveira

A morte do diretor Milos Forman, aos 86 anos, deixou a muitos tristes - e claro, entre estes, vários melômanos que de algum modo formaram muito de sua sensibilidade com seu premiado Amadeus (1984).

Baseado na peça homônima do autor inglês Peter Schaffer, Amadeus é um marco para a filmografia biográfica de grandes compositores - e sem dúvida um dos mais influentes casos daquilo que o ex-prefeito Fernando Haddad chamaria por "fake fiction". Toda a trama baseia-se em lendas pouco verossímeis que remontam o tempo do próprio W.A. Mozart e tiveram sua primeira versão literária com Mozart e Salieri de Alexander Púchkin (1830), que foi ainda no século XIX adaptada para uma ópera relativamente rara de Nikolay Rimsky-Korsakov (1897).

Se pouco ou nada do que vai em Amadeus tem base factual (esqueça o compositor como um bobo-alegre, esqueça a encomenda do Requiem, esqueça a inveja competitiva de Salieri - são todos elementos refutados por pesquisa documental), é necessário reiterar um lugar comum de todas minhas aulas: a história da arte não deve ser medida apenas pelo valor de face de uma obra, mas também e sobretudo, pelo seu impacto junto ao público. E Amadeus pode lidar com muitos equívocos, mas por seu impacto junto ao grande público é - querendo ou não - parte da história da recepção da vida eobra do gênio de W. A. Mozart. Por fim, devemos julgar o filme de Forman não como um documentário, algo longe mesmo de uma biografia ficcional; Amadeus é, sim, excelente, mas nos seus próprios termos, quais sejam: narrativa envolvente, primorosa fotografia e direção de arte, cenografia e figurinos extraordinários, e atuações as mais emocionantes de Murray Abraham e Tom Hulce.

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A discussão entre objeto e sua representação, história e ficção, é das mais sofisticadas no ambiente da arte de todos os tempos - e arrisco dizer, ainda mais pertinente em um país onde tomou-se por rotina sua confusão. Por isso, sugiro em homenagem a morte deste grande diretor que foi Milos Forman: nesta semana, devemos assistir e amar, uma e outra vez Amadeus - amar, e não acreditar em uma cena sequer. E deleitar-se com isso. Esse é um bom exercício para pessoas cultas.

Leandro Oliveira é compositor e regente de orquestra, doutorando em "Educação, Arte e História da Cultura" pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e anfitrião do projeto "Falando de Música" da Osesp.

Para saber mais:

http://www.teatrodomundo.com.br/mozart-e-salieri/

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por Leandro Oliveira

A morte do diretor Milos Forman, aos 86 anos, deixou a muitos tristes - e claro, entre estes, vários melômanos que de algum modo formaram muito de sua sensibilidade com seu premiado Amadeus (1984).

Baseado na peça homônima do autor inglês Peter Schaffer, Amadeus é um marco para a filmografia biográfica de grandes compositores - e sem dúvida um dos mais influentes casos daquilo que o ex-prefeito Fernando Haddad chamaria por "fake fiction". Toda a trama baseia-se em lendas pouco verossímeis que remontam o tempo do próprio W.A. Mozart e tiveram sua primeira versão literária com Mozart e Salieri de Alexander Púchkin (1830), que foi ainda no século XIX adaptada para uma ópera relativamente rara de Nikolay Rimsky-Korsakov (1897).

Se pouco ou nada do que vai em Amadeus tem base factual (esqueça o compositor como um bobo-alegre, esqueça a encomenda do Requiem, esqueça a inveja competitiva de Salieri - são todos elementos refutados por pesquisa documental), é necessário reiterar um lugar comum de todas minhas aulas: a história da arte não deve ser medida apenas pelo valor de face de uma obra, mas também e sobretudo, pelo seu impacto junto ao público. E Amadeus pode lidar com muitos equívocos, mas por seu impacto junto ao grande público é - querendo ou não - parte da história da recepção da vida eobra do gênio de W. A. Mozart. Por fim, devemos julgar o filme de Forman não como um documentário, algo longe mesmo de uma biografia ficcional; Amadeus é, sim, excelente, mas nos seus próprios termos, quais sejam: narrativa envolvente, primorosa fotografia e direção de arte, cenografia e figurinos extraordinários, e atuações as mais emocionantes de Murray Abraham e Tom Hulce.

reference

A discussão entre objeto e sua representação, história e ficção, é das mais sofisticadas no ambiente da arte de todos os tempos - e arrisco dizer, ainda mais pertinente em um país onde tomou-se por rotina sua confusão. Por isso, sugiro em homenagem a morte deste grande diretor que foi Milos Forman: nesta semana, devemos assistir e amar, uma e outra vez Amadeus - amar, e não acreditar em uma cena sequer. E deleitar-se com isso. Esse é um bom exercício para pessoas cultas.

Leandro Oliveira é compositor e regente de orquestra, doutorando em "Educação, Arte e História da Cultura" pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e anfitrião do projeto "Falando de Música" da Osesp.

Para saber mais:

http://www.teatrodomundo.com.br/mozart-e-salieri/

http://www.teatrodomundo.com.br/amadeus-mistico-uma-teodiceia-mozarteana/

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