Holandeses fazem 'concerto cósmico' na Sala São Paulo


Vale a pena perseguir apenas a perfeição técnica? Qual é o segredo desta orquestra?

Por JOÃO MARCOS COELHO

Todos, anteontem, na Sala São Paulo, "deram o seu melhor". Urraram e incensaram o pianista russo Denis Matsuev, que transformou a Rapsódia de Rachmaninov em pretexto para uma maratona virtuosística - saiu soterrado pelos aplausos e por sua técnica superlativa. Pensaram que música era aquilo, mero avatar da perfeição robótica langlanguiana. Ao final do concerto, extasiados com a interpretação da Sinfonia n.º 1 de Mahler por Mariss Jansons e a Concertgebouw, perguntavam-se: vale a pena perseguir apenas a perfeição técnica? Qual é o segredo desta orquestra? Estridência é palavra inaplicável à Concertgebouw. Mesmo nos fortíssimos, nem os metais irritam. As cordas soam escuras, aveludadas e quentes. Por isso, as madeiras destacam-se mais do que o habitual. A centena de músicos consegue soar leve, transparente, camerística (como, aliás, boa parte da música de Mahler). E a dinâmica? Jansons imprime uma paleta que parece infinita, em suas sutis gradações do mais impalpável pianíssimo até o fortissimo. É como se presenciássemos diante de nossos olhos e ouvidos os timbres se integrando, relacionando, diferenciando. Ouvem-se detalhes despercebidos em execuções truculentas. Por exemplo, em geral regentes e orquestras acentuam os contrastes típicos de Mahler entre a grande tradição sinfônica e os sons que vêm das ruas. Jansons as faz fluir - e, milagre, até o humoristicamente funéreo Frère Jacques no terceiro movimento é delicadamente invadido pela bandinha klezmer que interrompe o cortejo fúnebre. O jornalista inglês Tom Service, no livro Music as Alchemy, revela o segredo da Concertgebouw, cuja sala, em Amsterdam, tem uma acústica seca: "Os músicos desenvolveram uma espécie de sexto sentido para lidar com a imprecisão da acústica e a transformaram em vantagem expressiva. A infinitamente sutil defasagem entre as entradas instrumentais dá à orquestra sua cor e calidez. As minúsculas diferenças entre os modos como os músicos e seus parceiros de estante interpretam as notas da partitura dão à seção de cordas da orquestra sua flexibilidade, sua identidade". Eis o segredo: "A Concertgebouw estende este princípio à orquestra inteira". Daí as sonoridades flutuantes de anteontem. Foi um "concerto cósmico", como Jansons persegue e diz que raras vezes consegue.CRÍTICAJJJJ ÓTIMOJJJJJEXCELENTEAS CORDAS SOAM ESCURAS E AS MADEIRAS SE DESTACAM MAIS QUE O USUAL

Todos, anteontem, na Sala São Paulo, "deram o seu melhor". Urraram e incensaram o pianista russo Denis Matsuev, que transformou a Rapsódia de Rachmaninov em pretexto para uma maratona virtuosística - saiu soterrado pelos aplausos e por sua técnica superlativa. Pensaram que música era aquilo, mero avatar da perfeição robótica langlanguiana. Ao final do concerto, extasiados com a interpretação da Sinfonia n.º 1 de Mahler por Mariss Jansons e a Concertgebouw, perguntavam-se: vale a pena perseguir apenas a perfeição técnica? Qual é o segredo desta orquestra? Estridência é palavra inaplicável à Concertgebouw. Mesmo nos fortíssimos, nem os metais irritam. As cordas soam escuras, aveludadas e quentes. Por isso, as madeiras destacam-se mais do que o habitual. A centena de músicos consegue soar leve, transparente, camerística (como, aliás, boa parte da música de Mahler). E a dinâmica? Jansons imprime uma paleta que parece infinita, em suas sutis gradações do mais impalpável pianíssimo até o fortissimo. É como se presenciássemos diante de nossos olhos e ouvidos os timbres se integrando, relacionando, diferenciando. Ouvem-se detalhes despercebidos em execuções truculentas. Por exemplo, em geral regentes e orquestras acentuam os contrastes típicos de Mahler entre a grande tradição sinfônica e os sons que vêm das ruas. Jansons as faz fluir - e, milagre, até o humoristicamente funéreo Frère Jacques no terceiro movimento é delicadamente invadido pela bandinha klezmer que interrompe o cortejo fúnebre. O jornalista inglês Tom Service, no livro Music as Alchemy, revela o segredo da Concertgebouw, cuja sala, em Amsterdam, tem uma acústica seca: "Os músicos desenvolveram uma espécie de sexto sentido para lidar com a imprecisão da acústica e a transformaram em vantagem expressiva. A infinitamente sutil defasagem entre as entradas instrumentais dá à orquestra sua cor e calidez. As minúsculas diferenças entre os modos como os músicos e seus parceiros de estante interpretam as notas da partitura dão à seção de cordas da orquestra sua flexibilidade, sua identidade". Eis o segredo: "A Concertgebouw estende este princípio à orquestra inteira". Daí as sonoridades flutuantes de anteontem. Foi um "concerto cósmico", como Jansons persegue e diz que raras vezes consegue.CRÍTICAJJJJ ÓTIMOJJJJJEXCELENTEAS CORDAS SOAM ESCURAS E AS MADEIRAS SE DESTACAM MAIS QUE O USUAL

Todos, anteontem, na Sala São Paulo, "deram o seu melhor". Urraram e incensaram o pianista russo Denis Matsuev, que transformou a Rapsódia de Rachmaninov em pretexto para uma maratona virtuosística - saiu soterrado pelos aplausos e por sua técnica superlativa. Pensaram que música era aquilo, mero avatar da perfeição robótica langlanguiana. Ao final do concerto, extasiados com a interpretação da Sinfonia n.º 1 de Mahler por Mariss Jansons e a Concertgebouw, perguntavam-se: vale a pena perseguir apenas a perfeição técnica? Qual é o segredo desta orquestra? Estridência é palavra inaplicável à Concertgebouw. Mesmo nos fortíssimos, nem os metais irritam. As cordas soam escuras, aveludadas e quentes. Por isso, as madeiras destacam-se mais do que o habitual. A centena de músicos consegue soar leve, transparente, camerística (como, aliás, boa parte da música de Mahler). E a dinâmica? Jansons imprime uma paleta que parece infinita, em suas sutis gradações do mais impalpável pianíssimo até o fortissimo. É como se presenciássemos diante de nossos olhos e ouvidos os timbres se integrando, relacionando, diferenciando. Ouvem-se detalhes despercebidos em execuções truculentas. Por exemplo, em geral regentes e orquestras acentuam os contrastes típicos de Mahler entre a grande tradição sinfônica e os sons que vêm das ruas. Jansons as faz fluir - e, milagre, até o humoristicamente funéreo Frère Jacques no terceiro movimento é delicadamente invadido pela bandinha klezmer que interrompe o cortejo fúnebre. O jornalista inglês Tom Service, no livro Music as Alchemy, revela o segredo da Concertgebouw, cuja sala, em Amsterdam, tem uma acústica seca: "Os músicos desenvolveram uma espécie de sexto sentido para lidar com a imprecisão da acústica e a transformaram em vantagem expressiva. A infinitamente sutil defasagem entre as entradas instrumentais dá à orquestra sua cor e calidez. As minúsculas diferenças entre os modos como os músicos e seus parceiros de estante interpretam as notas da partitura dão à seção de cordas da orquestra sua flexibilidade, sua identidade". Eis o segredo: "A Concertgebouw estende este princípio à orquestra inteira". Daí as sonoridades flutuantes de anteontem. Foi um "concerto cósmico", como Jansons persegue e diz que raras vezes consegue.CRÍTICAJJJJ ÓTIMOJJJJJEXCELENTEAS CORDAS SOAM ESCURAS E AS MADEIRAS SE DESTACAM MAIS QUE O USUAL

Todos, anteontem, na Sala São Paulo, "deram o seu melhor". Urraram e incensaram o pianista russo Denis Matsuev, que transformou a Rapsódia de Rachmaninov em pretexto para uma maratona virtuosística - saiu soterrado pelos aplausos e por sua técnica superlativa. Pensaram que música era aquilo, mero avatar da perfeição robótica langlanguiana. Ao final do concerto, extasiados com a interpretação da Sinfonia n.º 1 de Mahler por Mariss Jansons e a Concertgebouw, perguntavam-se: vale a pena perseguir apenas a perfeição técnica? Qual é o segredo desta orquestra? Estridência é palavra inaplicável à Concertgebouw. Mesmo nos fortíssimos, nem os metais irritam. As cordas soam escuras, aveludadas e quentes. Por isso, as madeiras destacam-se mais do que o habitual. A centena de músicos consegue soar leve, transparente, camerística (como, aliás, boa parte da música de Mahler). E a dinâmica? Jansons imprime uma paleta que parece infinita, em suas sutis gradações do mais impalpável pianíssimo até o fortissimo. É como se presenciássemos diante de nossos olhos e ouvidos os timbres se integrando, relacionando, diferenciando. Ouvem-se detalhes despercebidos em execuções truculentas. Por exemplo, em geral regentes e orquestras acentuam os contrastes típicos de Mahler entre a grande tradição sinfônica e os sons que vêm das ruas. Jansons as faz fluir - e, milagre, até o humoristicamente funéreo Frère Jacques no terceiro movimento é delicadamente invadido pela bandinha klezmer que interrompe o cortejo fúnebre. O jornalista inglês Tom Service, no livro Music as Alchemy, revela o segredo da Concertgebouw, cuja sala, em Amsterdam, tem uma acústica seca: "Os músicos desenvolveram uma espécie de sexto sentido para lidar com a imprecisão da acústica e a transformaram em vantagem expressiva. A infinitamente sutil defasagem entre as entradas instrumentais dá à orquestra sua cor e calidez. As minúsculas diferenças entre os modos como os músicos e seus parceiros de estante interpretam as notas da partitura dão à seção de cordas da orquestra sua flexibilidade, sua identidade". Eis o segredo: "A Concertgebouw estende este princípio à orquestra inteira". Daí as sonoridades flutuantes de anteontem. Foi um "concerto cósmico", como Jansons persegue e diz que raras vezes consegue.CRÍTICAJJJJ ÓTIMOJJJJJEXCELENTEAS CORDAS SOAM ESCURAS E AS MADEIRAS SE DESTACAM MAIS QUE O USUAL

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