Cacá Diegues é eleito para a Academia Brasileira de Letras


Participaram da eleição 35 acadêmicos e o cineasta recebeu 22 votos

Por Fábio Grellet/RIO

Prestes a lançar seu vigésimo longa metragem, O Grande Circo Místico, o cineasta Cacá Diegues, de 78 anos, foi eleito nesta quinta, 30, para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Lá, ocupará a cadeira 7, substituindo o também cineasta Nelson Pereira dos Santos, que morreu em 21 de abril passado. Participaram da disputa 35 acadêmicos (24 pessoalmente e 11 por carta), e o cineasta recebeu 22 votos.

“É uma alegria e uma emoção muito grande, e mais emocionante ainda por ocupar a cadeira que era do Nelson (Pereira dos Santos), que além de ser meu amigo era também meu mestre. Nós nos aproximamos quando eu tinha 18 anos e ele 30, e eu aprendi tudo com ele”, afirmou Diegues, que planeja homenagear o amigo em seu discurso de posse. “A Academia não é só de Letras, é de artes e sobretudo é um grêmio cultural que reflete a cultura contemporânea do Brasil. Não entrei na Academia só pra ganhar a medalha de acadêmico, entrei porque acho que posso ajuda-la a continuar difundindo a cultura brasileira”, afirmou o cineasta. Ele recebeu outros acadêmicos e amigos em uma recepção em Copacabana (zona sul), após a eleição.

O cineasta e novo imortal da AssociaçãoBrasileira de Letras (ABL), Cac? em sua casa na zona sul do Rio Foto: MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO
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O presidente da ABL, Marco Lucchesi, elogiou o eleito. “Um dos mais premiados cineastas brasileiros, cuja obra lança um olhar profundo e generoso sobre nosso país. Crítico refinado, diretor reconhecido além fronteiras. Sua entrada é uma homenagem ao saudoso Nelson Pereira dos Santos, de quem foi amigo, através das novas lentes que ambos construíram para ver mais longe a nossa realidade”, afirmou.

Onze candidatos concorreram à cadeira: Pedro Corrêa do Lago, Raul de Taunay, Remilson Soares Candeia, Francisco Regis Frota Araújo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, Conceição Evaristo, José Carlos Gentili e Evangelina de Oliveira, além de Diegues.

Os ocupantes anteriores da cadeira 7 foram Valentim Magalhães (fundador, que escolheu como patrono Castro Alves), Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz e Sergio Corrêa da Costa, além de Nelson Pereira dos Santos.

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Obra. Nascido em Maceió, Carlos José Fontes Diegues é o segundo filho do antropólogo Manuel Diegues Júnior (1912-1991) e de Zaira Fontes Diegues. Aos 6 anos ele se mudou com a família para o Rio de Janeiro. Foram morar em Botafogo (zona sul), onde Diegues passou sua infância e adolescência. Estudou no Colégio Santo Inácio, dirigido por jesuítas. Em 1958, aos 18 anos, teve seus poemas publicados no “Jornal do Brasil” pelo ensaísta e crítico Mario Faustino, que o apresentou como uma revelação da poesia brasileira. Cursou Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). Eleito presidente do Diretório Estudantil, fundou um cineclube, no qual iniciou suas atividades de cineasta amador.

Ainda estudante, Diegues dirigiu o jornal O Metropolitano e passou a integrar o Centro Popular de Cultura (CPC), ligado à União Nacional dos Estudantes (UNE). No final da década de 1950, os grupos da PUC-Rio e de O Metropolitano formaram um dos núcleos fundadores do Cinema Novo, do qual Diegues foi um dos líderes, com Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Em 1961, em parceria com David Neves e Affonso Beato, Diegues realizou o curta-metragem “Domingo”, um dos filmes pioneiros do movimento.

Diegues dirigiu seu primeiro filme profissional, em 35mm, no CPC em 1962. Foi “Escola de Samba Alegria de Viver”, episódio do longa-metragem “Cinco Vezes Favela”. Seu primeiro longa-metragem foi “Ganga Zumba”, de 1964. Depois vieram “A Grande Cidade” (1966), a produção de “Terra em Transe” (1967) e a roteirização de “Adorável Trapalhão” (1967) e “Pobre Príncipe Encantado” (1969).

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A censura interditou a exibição de “Os Herdeiros” (1969) e acabou levando Diegues e sua mulher, a cantora Nara Leão, ao exílio a partir de 1969. O casal viveu na Itália e depois na França. Em 1970 Diegues filmou para a TV francesa o média-metragem “Un Séjour”. 

De volta ao Brasil em 1971, Diegues lançou “Quando o Carnaval Chegar” (1972) e “Joanna Francesa” (1973), este com Jeanne Moreau (1928) no papel principal. Roteirizou “A Estrela Sobe” (1974) e filmou “Xica da Silva” (1976), sucesso de público e crítica.

Em 1978, em entrevista ao Estadão, Diegues criou a expressão "patrulha ideológica" para se referir a setores da crítica que desqualificavam os produtos culturais não alinhados a pensamentos da esquerda ortodoxa. Nesse período de início da redemocratização do Brasil, realizou “Chuvas de Verão” (1978) e “Bye Bye Brasil” (1979). Em 1981 integrou o júri do Festival de Cannes.

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Em 1984 Diegues realizou o épico “Quilombo”, produção internacional comandada pela empresa francesa Gaumont. Numa fase crítica da economia cinematográfica brasileira, o cineasta realizou dois filmes de baixo custo, “Um Trem para as Estrelas” (1987) e “Dias Melhores Virão” (1989) - este lançado primeiro na televisão. Depois veio" Veja esta Canção” (1994), coproduzido pela TV Cultura.

Em seguida, coproduzido pela Globo Filmes, Diegues realizou “Tieta do Agreste” (1996), “Orfeu” (1999) e “Deus É Brasileiro” (2002). Dirigiu “O Maior Amor do Mundo” e “Nenhum Motivo Explica a Guerra” (codireção de Rafael Dragaud), ambos de 2006. Também produziu “Cinco Vezes Favela - Agora por Nós Mesmos” (2010), Bróder (2010) e “Não se Pode Viver sem Amor” (2011). Em 2012 iniciou as filmagens de “O Grande Circo Místico”, que será lançado nacionalmente em novembro. O lançamento seria em setembro, mas ele adiou por avaliar que o mercado está fraco, e neste momento as atenções estão voltadas para a eleição.

A maioria dos filmes de Diegues foi selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, e exibida comercialmente na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina.

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O primeiro livro publicado por Diegues foi “Ideias e Imagens”, de 1988. Seus livros mais recentes são "Vida de Cinema”, sobre o Cinema Novo, e “Todo Domingo”, uma coletânea de seus textos publicados semanalmente no jornal “O Globo”. 

Em 2016 Diegues tornou-se enredo da escola de samba Inocentes de Beford Roxo, que desfilou pela segunda divisão do Carnaval do Rio de Janeiro com o enredo “Cacá Diegues - Retratos de um Brasil em Cena” e alcançou o nono lugar no concurso.

Casado desde 1981 com a produtora de cinema Renata Magalhães, Cacá tem um filho e três filhas, além de netos.

Prestes a lançar seu vigésimo longa metragem, O Grande Circo Místico, o cineasta Cacá Diegues, de 78 anos, foi eleito nesta quinta, 30, para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Lá, ocupará a cadeira 7, substituindo o também cineasta Nelson Pereira dos Santos, que morreu em 21 de abril passado. Participaram da disputa 35 acadêmicos (24 pessoalmente e 11 por carta), e o cineasta recebeu 22 votos.

“É uma alegria e uma emoção muito grande, e mais emocionante ainda por ocupar a cadeira que era do Nelson (Pereira dos Santos), que além de ser meu amigo era também meu mestre. Nós nos aproximamos quando eu tinha 18 anos e ele 30, e eu aprendi tudo com ele”, afirmou Diegues, que planeja homenagear o amigo em seu discurso de posse. “A Academia não é só de Letras, é de artes e sobretudo é um grêmio cultural que reflete a cultura contemporânea do Brasil. Não entrei na Academia só pra ganhar a medalha de acadêmico, entrei porque acho que posso ajuda-la a continuar difundindo a cultura brasileira”, afirmou o cineasta. Ele recebeu outros acadêmicos e amigos em uma recepção em Copacabana (zona sul), após a eleição.

O cineasta e novo imortal da AssociaçãoBrasileira de Letras (ABL), Cac? em sua casa na zona sul do Rio Foto: MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO

O presidente da ABL, Marco Lucchesi, elogiou o eleito. “Um dos mais premiados cineastas brasileiros, cuja obra lança um olhar profundo e generoso sobre nosso país. Crítico refinado, diretor reconhecido além fronteiras. Sua entrada é uma homenagem ao saudoso Nelson Pereira dos Santos, de quem foi amigo, através das novas lentes que ambos construíram para ver mais longe a nossa realidade”, afirmou.

Onze candidatos concorreram à cadeira: Pedro Corrêa do Lago, Raul de Taunay, Remilson Soares Candeia, Francisco Regis Frota Araújo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, Conceição Evaristo, José Carlos Gentili e Evangelina de Oliveira, além de Diegues.

Os ocupantes anteriores da cadeira 7 foram Valentim Magalhães (fundador, que escolheu como patrono Castro Alves), Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz e Sergio Corrêa da Costa, além de Nelson Pereira dos Santos.

Obra. Nascido em Maceió, Carlos José Fontes Diegues é o segundo filho do antropólogo Manuel Diegues Júnior (1912-1991) e de Zaira Fontes Diegues. Aos 6 anos ele se mudou com a família para o Rio de Janeiro. Foram morar em Botafogo (zona sul), onde Diegues passou sua infância e adolescência. Estudou no Colégio Santo Inácio, dirigido por jesuítas. Em 1958, aos 18 anos, teve seus poemas publicados no “Jornal do Brasil” pelo ensaísta e crítico Mario Faustino, que o apresentou como uma revelação da poesia brasileira. Cursou Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). Eleito presidente do Diretório Estudantil, fundou um cineclube, no qual iniciou suas atividades de cineasta amador.

Ainda estudante, Diegues dirigiu o jornal O Metropolitano e passou a integrar o Centro Popular de Cultura (CPC), ligado à União Nacional dos Estudantes (UNE). No final da década de 1950, os grupos da PUC-Rio e de O Metropolitano formaram um dos núcleos fundadores do Cinema Novo, do qual Diegues foi um dos líderes, com Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Em 1961, em parceria com David Neves e Affonso Beato, Diegues realizou o curta-metragem “Domingo”, um dos filmes pioneiros do movimento.

Diegues dirigiu seu primeiro filme profissional, em 35mm, no CPC em 1962. Foi “Escola de Samba Alegria de Viver”, episódio do longa-metragem “Cinco Vezes Favela”. Seu primeiro longa-metragem foi “Ganga Zumba”, de 1964. Depois vieram “A Grande Cidade” (1966), a produção de “Terra em Transe” (1967) e a roteirização de “Adorável Trapalhão” (1967) e “Pobre Príncipe Encantado” (1969).

A censura interditou a exibição de “Os Herdeiros” (1969) e acabou levando Diegues e sua mulher, a cantora Nara Leão, ao exílio a partir de 1969. O casal viveu na Itália e depois na França. Em 1970 Diegues filmou para a TV francesa o média-metragem “Un Séjour”. 

De volta ao Brasil em 1971, Diegues lançou “Quando o Carnaval Chegar” (1972) e “Joanna Francesa” (1973), este com Jeanne Moreau (1928) no papel principal. Roteirizou “A Estrela Sobe” (1974) e filmou “Xica da Silva” (1976), sucesso de público e crítica.

Em 1978, em entrevista ao Estadão, Diegues criou a expressão "patrulha ideológica" para se referir a setores da crítica que desqualificavam os produtos culturais não alinhados a pensamentos da esquerda ortodoxa. Nesse período de início da redemocratização do Brasil, realizou “Chuvas de Verão” (1978) e “Bye Bye Brasil” (1979). Em 1981 integrou o júri do Festival de Cannes.

Em 1984 Diegues realizou o épico “Quilombo”, produção internacional comandada pela empresa francesa Gaumont. Numa fase crítica da economia cinematográfica brasileira, o cineasta realizou dois filmes de baixo custo, “Um Trem para as Estrelas” (1987) e “Dias Melhores Virão” (1989) - este lançado primeiro na televisão. Depois veio" Veja esta Canção” (1994), coproduzido pela TV Cultura.

Em seguida, coproduzido pela Globo Filmes, Diegues realizou “Tieta do Agreste” (1996), “Orfeu” (1999) e “Deus É Brasileiro” (2002). Dirigiu “O Maior Amor do Mundo” e “Nenhum Motivo Explica a Guerra” (codireção de Rafael Dragaud), ambos de 2006. Também produziu “Cinco Vezes Favela - Agora por Nós Mesmos” (2010), Bróder (2010) e “Não se Pode Viver sem Amor” (2011). Em 2012 iniciou as filmagens de “O Grande Circo Místico”, que será lançado nacionalmente em novembro. O lançamento seria em setembro, mas ele adiou por avaliar que o mercado está fraco, e neste momento as atenções estão voltadas para a eleição.

A maioria dos filmes de Diegues foi selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, e exibida comercialmente na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina.

O primeiro livro publicado por Diegues foi “Ideias e Imagens”, de 1988. Seus livros mais recentes são "Vida de Cinema”, sobre o Cinema Novo, e “Todo Domingo”, uma coletânea de seus textos publicados semanalmente no jornal “O Globo”. 

Em 2016 Diegues tornou-se enredo da escola de samba Inocentes de Beford Roxo, que desfilou pela segunda divisão do Carnaval do Rio de Janeiro com o enredo “Cacá Diegues - Retratos de um Brasil em Cena” e alcançou o nono lugar no concurso.

Casado desde 1981 com a produtora de cinema Renata Magalhães, Cacá tem um filho e três filhas, além de netos.

Prestes a lançar seu vigésimo longa metragem, O Grande Circo Místico, o cineasta Cacá Diegues, de 78 anos, foi eleito nesta quinta, 30, para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Lá, ocupará a cadeira 7, substituindo o também cineasta Nelson Pereira dos Santos, que morreu em 21 de abril passado. Participaram da disputa 35 acadêmicos (24 pessoalmente e 11 por carta), e o cineasta recebeu 22 votos.

“É uma alegria e uma emoção muito grande, e mais emocionante ainda por ocupar a cadeira que era do Nelson (Pereira dos Santos), que além de ser meu amigo era também meu mestre. Nós nos aproximamos quando eu tinha 18 anos e ele 30, e eu aprendi tudo com ele”, afirmou Diegues, que planeja homenagear o amigo em seu discurso de posse. “A Academia não é só de Letras, é de artes e sobretudo é um grêmio cultural que reflete a cultura contemporânea do Brasil. Não entrei na Academia só pra ganhar a medalha de acadêmico, entrei porque acho que posso ajuda-la a continuar difundindo a cultura brasileira”, afirmou o cineasta. Ele recebeu outros acadêmicos e amigos em uma recepção em Copacabana (zona sul), após a eleição.

O cineasta e novo imortal da AssociaçãoBrasileira de Letras (ABL), Cac? em sua casa na zona sul do Rio Foto: MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO

O presidente da ABL, Marco Lucchesi, elogiou o eleito. “Um dos mais premiados cineastas brasileiros, cuja obra lança um olhar profundo e generoso sobre nosso país. Crítico refinado, diretor reconhecido além fronteiras. Sua entrada é uma homenagem ao saudoso Nelson Pereira dos Santos, de quem foi amigo, através das novas lentes que ambos construíram para ver mais longe a nossa realidade”, afirmou.

Onze candidatos concorreram à cadeira: Pedro Corrêa do Lago, Raul de Taunay, Remilson Soares Candeia, Francisco Regis Frota Araújo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, Conceição Evaristo, José Carlos Gentili e Evangelina de Oliveira, além de Diegues.

Os ocupantes anteriores da cadeira 7 foram Valentim Magalhães (fundador, que escolheu como patrono Castro Alves), Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz e Sergio Corrêa da Costa, além de Nelson Pereira dos Santos.

Obra. Nascido em Maceió, Carlos José Fontes Diegues é o segundo filho do antropólogo Manuel Diegues Júnior (1912-1991) e de Zaira Fontes Diegues. Aos 6 anos ele se mudou com a família para o Rio de Janeiro. Foram morar em Botafogo (zona sul), onde Diegues passou sua infância e adolescência. Estudou no Colégio Santo Inácio, dirigido por jesuítas. Em 1958, aos 18 anos, teve seus poemas publicados no “Jornal do Brasil” pelo ensaísta e crítico Mario Faustino, que o apresentou como uma revelação da poesia brasileira. Cursou Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). Eleito presidente do Diretório Estudantil, fundou um cineclube, no qual iniciou suas atividades de cineasta amador.

Ainda estudante, Diegues dirigiu o jornal O Metropolitano e passou a integrar o Centro Popular de Cultura (CPC), ligado à União Nacional dos Estudantes (UNE). No final da década de 1950, os grupos da PUC-Rio e de O Metropolitano formaram um dos núcleos fundadores do Cinema Novo, do qual Diegues foi um dos líderes, com Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Em 1961, em parceria com David Neves e Affonso Beato, Diegues realizou o curta-metragem “Domingo”, um dos filmes pioneiros do movimento.

Diegues dirigiu seu primeiro filme profissional, em 35mm, no CPC em 1962. Foi “Escola de Samba Alegria de Viver”, episódio do longa-metragem “Cinco Vezes Favela”. Seu primeiro longa-metragem foi “Ganga Zumba”, de 1964. Depois vieram “A Grande Cidade” (1966), a produção de “Terra em Transe” (1967) e a roteirização de “Adorável Trapalhão” (1967) e “Pobre Príncipe Encantado” (1969).

A censura interditou a exibição de “Os Herdeiros” (1969) e acabou levando Diegues e sua mulher, a cantora Nara Leão, ao exílio a partir de 1969. O casal viveu na Itália e depois na França. Em 1970 Diegues filmou para a TV francesa o média-metragem “Un Séjour”. 

De volta ao Brasil em 1971, Diegues lançou “Quando o Carnaval Chegar” (1972) e “Joanna Francesa” (1973), este com Jeanne Moreau (1928) no papel principal. Roteirizou “A Estrela Sobe” (1974) e filmou “Xica da Silva” (1976), sucesso de público e crítica.

Em 1978, em entrevista ao Estadão, Diegues criou a expressão "patrulha ideológica" para se referir a setores da crítica que desqualificavam os produtos culturais não alinhados a pensamentos da esquerda ortodoxa. Nesse período de início da redemocratização do Brasil, realizou “Chuvas de Verão” (1978) e “Bye Bye Brasil” (1979). Em 1981 integrou o júri do Festival de Cannes.

Em 1984 Diegues realizou o épico “Quilombo”, produção internacional comandada pela empresa francesa Gaumont. Numa fase crítica da economia cinematográfica brasileira, o cineasta realizou dois filmes de baixo custo, “Um Trem para as Estrelas” (1987) e “Dias Melhores Virão” (1989) - este lançado primeiro na televisão. Depois veio" Veja esta Canção” (1994), coproduzido pela TV Cultura.

Em seguida, coproduzido pela Globo Filmes, Diegues realizou “Tieta do Agreste” (1996), “Orfeu” (1999) e “Deus É Brasileiro” (2002). Dirigiu “O Maior Amor do Mundo” e “Nenhum Motivo Explica a Guerra” (codireção de Rafael Dragaud), ambos de 2006. Também produziu “Cinco Vezes Favela - Agora por Nós Mesmos” (2010), Bróder (2010) e “Não se Pode Viver sem Amor” (2011). Em 2012 iniciou as filmagens de “O Grande Circo Místico”, que será lançado nacionalmente em novembro. O lançamento seria em setembro, mas ele adiou por avaliar que o mercado está fraco, e neste momento as atenções estão voltadas para a eleição.

A maioria dos filmes de Diegues foi selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, e exibida comercialmente na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina.

O primeiro livro publicado por Diegues foi “Ideias e Imagens”, de 1988. Seus livros mais recentes são "Vida de Cinema”, sobre o Cinema Novo, e “Todo Domingo”, uma coletânea de seus textos publicados semanalmente no jornal “O Globo”. 

Em 2016 Diegues tornou-se enredo da escola de samba Inocentes de Beford Roxo, que desfilou pela segunda divisão do Carnaval do Rio de Janeiro com o enredo “Cacá Diegues - Retratos de um Brasil em Cena” e alcançou o nono lugar no concurso.

Casado desde 1981 com a produtora de cinema Renata Magalhães, Cacá tem um filho e três filhas, além de netos.

Prestes a lançar seu vigésimo longa metragem, O Grande Circo Místico, o cineasta Cacá Diegues, de 78 anos, foi eleito nesta quinta, 30, para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Lá, ocupará a cadeira 7, substituindo o também cineasta Nelson Pereira dos Santos, que morreu em 21 de abril passado. Participaram da disputa 35 acadêmicos (24 pessoalmente e 11 por carta), e o cineasta recebeu 22 votos.

“É uma alegria e uma emoção muito grande, e mais emocionante ainda por ocupar a cadeira que era do Nelson (Pereira dos Santos), que além de ser meu amigo era também meu mestre. Nós nos aproximamos quando eu tinha 18 anos e ele 30, e eu aprendi tudo com ele”, afirmou Diegues, que planeja homenagear o amigo em seu discurso de posse. “A Academia não é só de Letras, é de artes e sobretudo é um grêmio cultural que reflete a cultura contemporânea do Brasil. Não entrei na Academia só pra ganhar a medalha de acadêmico, entrei porque acho que posso ajuda-la a continuar difundindo a cultura brasileira”, afirmou o cineasta. Ele recebeu outros acadêmicos e amigos em uma recepção em Copacabana (zona sul), após a eleição.

O cineasta e novo imortal da AssociaçãoBrasileira de Letras (ABL), Cac? em sua casa na zona sul do Rio Foto: MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO

O presidente da ABL, Marco Lucchesi, elogiou o eleito. “Um dos mais premiados cineastas brasileiros, cuja obra lança um olhar profundo e generoso sobre nosso país. Crítico refinado, diretor reconhecido além fronteiras. Sua entrada é uma homenagem ao saudoso Nelson Pereira dos Santos, de quem foi amigo, através das novas lentes que ambos construíram para ver mais longe a nossa realidade”, afirmou.

Onze candidatos concorreram à cadeira: Pedro Corrêa do Lago, Raul de Taunay, Remilson Soares Candeia, Francisco Regis Frota Araújo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, Conceição Evaristo, José Carlos Gentili e Evangelina de Oliveira, além de Diegues.

Os ocupantes anteriores da cadeira 7 foram Valentim Magalhães (fundador, que escolheu como patrono Castro Alves), Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz e Sergio Corrêa da Costa, além de Nelson Pereira dos Santos.

Obra. Nascido em Maceió, Carlos José Fontes Diegues é o segundo filho do antropólogo Manuel Diegues Júnior (1912-1991) e de Zaira Fontes Diegues. Aos 6 anos ele se mudou com a família para o Rio de Janeiro. Foram morar em Botafogo (zona sul), onde Diegues passou sua infância e adolescência. Estudou no Colégio Santo Inácio, dirigido por jesuítas. Em 1958, aos 18 anos, teve seus poemas publicados no “Jornal do Brasil” pelo ensaísta e crítico Mario Faustino, que o apresentou como uma revelação da poesia brasileira. Cursou Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). Eleito presidente do Diretório Estudantil, fundou um cineclube, no qual iniciou suas atividades de cineasta amador.

Ainda estudante, Diegues dirigiu o jornal O Metropolitano e passou a integrar o Centro Popular de Cultura (CPC), ligado à União Nacional dos Estudantes (UNE). No final da década de 1950, os grupos da PUC-Rio e de O Metropolitano formaram um dos núcleos fundadores do Cinema Novo, do qual Diegues foi um dos líderes, com Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Em 1961, em parceria com David Neves e Affonso Beato, Diegues realizou o curta-metragem “Domingo”, um dos filmes pioneiros do movimento.

Diegues dirigiu seu primeiro filme profissional, em 35mm, no CPC em 1962. Foi “Escola de Samba Alegria de Viver”, episódio do longa-metragem “Cinco Vezes Favela”. Seu primeiro longa-metragem foi “Ganga Zumba”, de 1964. Depois vieram “A Grande Cidade” (1966), a produção de “Terra em Transe” (1967) e a roteirização de “Adorável Trapalhão” (1967) e “Pobre Príncipe Encantado” (1969).

A censura interditou a exibição de “Os Herdeiros” (1969) e acabou levando Diegues e sua mulher, a cantora Nara Leão, ao exílio a partir de 1969. O casal viveu na Itália e depois na França. Em 1970 Diegues filmou para a TV francesa o média-metragem “Un Séjour”. 

De volta ao Brasil em 1971, Diegues lançou “Quando o Carnaval Chegar” (1972) e “Joanna Francesa” (1973), este com Jeanne Moreau (1928) no papel principal. Roteirizou “A Estrela Sobe” (1974) e filmou “Xica da Silva” (1976), sucesso de público e crítica.

Em 1978, em entrevista ao Estadão, Diegues criou a expressão "patrulha ideológica" para se referir a setores da crítica que desqualificavam os produtos culturais não alinhados a pensamentos da esquerda ortodoxa. Nesse período de início da redemocratização do Brasil, realizou “Chuvas de Verão” (1978) e “Bye Bye Brasil” (1979). Em 1981 integrou o júri do Festival de Cannes.

Em 1984 Diegues realizou o épico “Quilombo”, produção internacional comandada pela empresa francesa Gaumont. Numa fase crítica da economia cinematográfica brasileira, o cineasta realizou dois filmes de baixo custo, “Um Trem para as Estrelas” (1987) e “Dias Melhores Virão” (1989) - este lançado primeiro na televisão. Depois veio" Veja esta Canção” (1994), coproduzido pela TV Cultura.

Em seguida, coproduzido pela Globo Filmes, Diegues realizou “Tieta do Agreste” (1996), “Orfeu” (1999) e “Deus É Brasileiro” (2002). Dirigiu “O Maior Amor do Mundo” e “Nenhum Motivo Explica a Guerra” (codireção de Rafael Dragaud), ambos de 2006. Também produziu “Cinco Vezes Favela - Agora por Nós Mesmos” (2010), Bróder (2010) e “Não se Pode Viver sem Amor” (2011). Em 2012 iniciou as filmagens de “O Grande Circo Místico”, que será lançado nacionalmente em novembro. O lançamento seria em setembro, mas ele adiou por avaliar que o mercado está fraco, e neste momento as atenções estão voltadas para a eleição.

A maioria dos filmes de Diegues foi selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, e exibida comercialmente na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina.

O primeiro livro publicado por Diegues foi “Ideias e Imagens”, de 1988. Seus livros mais recentes são "Vida de Cinema”, sobre o Cinema Novo, e “Todo Domingo”, uma coletânea de seus textos publicados semanalmente no jornal “O Globo”. 

Em 2016 Diegues tornou-se enredo da escola de samba Inocentes de Beford Roxo, que desfilou pela segunda divisão do Carnaval do Rio de Janeiro com o enredo “Cacá Diegues - Retratos de um Brasil em Cena” e alcançou o nono lugar no concurso.

Casado desde 1981 com a produtora de cinema Renata Magalhães, Cacá tem um filho e três filhas, além de netos.

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