Editora Aleph chega aos 30 anos com grande crescimento


Clássicos da ficção científica são publicados de forma exclusiva

Por Guilherme Sobota

Quando Adriano Fromer, atual publisher da Editora Aleph, visita feiras literárias internacionais e apresenta o catálogo de sua empresa, concentrado na ficção científica, seus colegas de profissão estrangeiros não acreditam - ou questionam se a Aleph é um grande conglomerado editorial brasileiro. Os motivos têm nome e sobrenome: Philip K. Dick, William Gibson, Isaac Asimov, Anthony Burgess (Laranja Mecânica), Frank Herbert (Duna), Arthur C. Clarke (2001) e mais recentemente Timothy Zahn (Star Wars), todos no seu catálogo.

A seleção impressiona mesmo. A Aleph, que completou 30 anos em 2014 e passa por uma das melhores fases de sua história, começou a investir a sério no gênero pelo qual hoje é reconhecida, a ficção científica, pouco depois de Fromer assumir o controle da editora das mãos de sua mãe, Elizabeth Fromer, há 12 anos. Agora, a construção do catálogo e do público leitor do gênero - secundário nos anos 1990, mas que cada vez mais ganha um status ‘cool’ - começa a produzir frutos significativos. De 2013 para 2014, o faturamento da editora cresceu impressionantes 98%. Em dezembro, entrou pela primeira vez na lista dos mais vendidos do PublishNews, site especializado no mercado editorial, com Star Wars - Herdeiro do Império, de Timothy Zahn, grande responsável pelo número. E a animação não parece que vai arrefecer em 2015.

Estão previstos para este ano 45 lançamentos - 25 a mais do que em 2014; em 2013, foram 16 -, a criação de um selo infantil, livros de literatura young adult, cultura pop, “soft business” e não ficção. Entre eles, a obra How Star Wars Conquered the Universe: The Past, Present, and Future of a Multibillion Dollar Franchise, de Chris Taylor - o universo Star Wars é a principal aposta da editora. Outro livro que sai por aqui em 2015 é Alien, de Alan Dean Foster, novelização dos filmes.

continua após a publicidade
Negócio. Adriano Fromer, atual publisher, e Elizabeth Fromer, fundadora Foto: José Patricio/Estadão

“Está no DNA da Aleph: o pioneirismo”, diz Fromer, em uma visita do Estado à sede da editora, uma casa em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. “Fazer aquilo que ninguém está fazendo. Hoje em dia tem nomes chiques, como inovação, mas essa é a palavra. Pensar: ninguém está fazendo isso aqui, vamos arriscar”, completa - foi assim com a ficção científica. Somando um público que não é lá tão grande, mas muito fiel, apuro editorial, com capas, edições e traduções caprichadas, o negócio foi ganhando força. Hoje, a Aleph é a principal editora de ficção científica no Brasil.

“O mais interessante desse crescimento é que foi sem nenhum best-seller. Às vezes, no mercado editorial, você acerta um livro, que faz crescer 200%. Aqui, não”, conta Fromer, antes do estouro de Herdeiros do Império.

continua após a publicidade

Mas esse não é o único gênero com o qual a empresa trabalha. Por exemplo, um dos livros com maior número de exemplares vendidos na história recente da editora é Aprendendo Inteligência, de Pierluigi Piazzi - coincidentemente pai de Fromer e fundador da Aleph. A obra é uma espécie de manual para estudantes, que entra numa categoria de livros de desenvolvimento humano e ciência, correspondente a 34% do faturamento total, com livros sobre séries de TV, cultura da convergência, novas mídias e cultura pop. Em 2015, por exemplo, a editora vai publicar biografias inéditas no Brasil de Lou Reed e Iggy Pop.

Os robôs e as naves espaciais, na verdade, voltaram ao foco da editora por volta de 2002 - Piazzi é um leitor voraz de ficção científica e havia feito uma investida no gênero no início dos anos 1990, mas a coisa não funcionou. “O paradigma era: ficção científica não vende”, conta Fromer. “Era estigmatizada. Nessa nova fase, foi um consultor que chegou com um plano editorial, mostrou que ia acontecer e nós topamos. Foi aquele DNA do pioneirismo. O livro marco foi Neuromancer, de William Gibson.”

Aí começou o trabalho de construção do catálogo - muitos dos mestres do gênero estavam fora das prateleiras brasileiras - e do público leitor. Fromer diz que tenta vender os livros apenas como boa ficção. O fato de haver robôs, ou se passar em outro tempo, outra galáxia, é quase secundário - os textos de Philip K. Dick, por exemplo, comprovam a tese. A internet ajuda na divulgação. 

continua após a publicidade

“Agora que a gente formou um público, partimos para livros mais contemporâneos de ficção científica. Temos muitos autores vivos, como John Scalzi e Joe Haldeman”, diz, animado. Mas o entusiasmo cresce quando fala dos livros de Guerra nas Estrelas.

“Este é o momento e com isso a gente espera crescer mais 50% também em 2015. É bem interessante que os 30 anos da Aleph seja marcado por uma fase de crescimento exponencial”, registra ainda.

Existe a ideia também - como se fosse uma “função social”, segundo o editor - de publicar autores nacionais. “Nós temos planos e analisamos obras de literatura nacional, mas estamos no processo de recolocação dos clássicos. É como se a gente incluísse um autor nacional sem ter Machado de Assis. A ideia é, provavelmente no fim do ano, ou começo de 2016, começar com publicações de literatura fantástica nacional”, acrescenta Fromer. Números98% foi o crescimento do faturamento da editora entre 2013 e 2014. No ano anterior, o índice foi de 31% - como é o costume no meio, a empresa não divulga os valores totais em reais 45 novos títulos devem ser lançados em 2015, mais do que o dobro (20) de 2014 - em 2013 foram 16. A editora tem 19 funcionários e conta com 25 autores em catálogo 87 livros compõem a estante da editora - os seis selecionados nesta página dão uma amostra dos principais campos de atuação da Aleph: ficção científica, desenvolvimento humano e cultura popTRILOGIA DA FUNDAÇÃO - BOX Autor: Isaac Asimov Tradutores: Fábio Fernandes e Marcelo Barbão (728 págs.,R$ 117)O ATIVISTA QUÂNTICO - PRINCÍPIOS DA FÍSICA QUÂNTICA PARA MUDAR O MUNDO E A NÓS MESMOS Autor: Amit Goswami Tradutor: Marcello Borges (280 págs.,R$ 44)2001: UMA ODISSEIA NO ESPAÇO Autor: Arthur C. Clarke Tradutor: Fábio Fernandes (336 págs.,R$ 54)O LIVRO DOS MORTOS DO ROCK Autor: David Comfort Tradutores: Ricardo Giassetti & Roberta Bronzatto (408 págs.,R$ 55)

Quando Adriano Fromer, atual publisher da Editora Aleph, visita feiras literárias internacionais e apresenta o catálogo de sua empresa, concentrado na ficção científica, seus colegas de profissão estrangeiros não acreditam - ou questionam se a Aleph é um grande conglomerado editorial brasileiro. Os motivos têm nome e sobrenome: Philip K. Dick, William Gibson, Isaac Asimov, Anthony Burgess (Laranja Mecânica), Frank Herbert (Duna), Arthur C. Clarke (2001) e mais recentemente Timothy Zahn (Star Wars), todos no seu catálogo.

A seleção impressiona mesmo. A Aleph, que completou 30 anos em 2014 e passa por uma das melhores fases de sua história, começou a investir a sério no gênero pelo qual hoje é reconhecida, a ficção científica, pouco depois de Fromer assumir o controle da editora das mãos de sua mãe, Elizabeth Fromer, há 12 anos. Agora, a construção do catálogo e do público leitor do gênero - secundário nos anos 1990, mas que cada vez mais ganha um status ‘cool’ - começa a produzir frutos significativos. De 2013 para 2014, o faturamento da editora cresceu impressionantes 98%. Em dezembro, entrou pela primeira vez na lista dos mais vendidos do PublishNews, site especializado no mercado editorial, com Star Wars - Herdeiro do Império, de Timothy Zahn, grande responsável pelo número. E a animação não parece que vai arrefecer em 2015.

Estão previstos para este ano 45 lançamentos - 25 a mais do que em 2014; em 2013, foram 16 -, a criação de um selo infantil, livros de literatura young adult, cultura pop, “soft business” e não ficção. Entre eles, a obra How Star Wars Conquered the Universe: The Past, Present, and Future of a Multibillion Dollar Franchise, de Chris Taylor - o universo Star Wars é a principal aposta da editora. Outro livro que sai por aqui em 2015 é Alien, de Alan Dean Foster, novelização dos filmes.

Negócio. Adriano Fromer, atual publisher, e Elizabeth Fromer, fundadora Foto: José Patricio/Estadão

“Está no DNA da Aleph: o pioneirismo”, diz Fromer, em uma visita do Estado à sede da editora, uma casa em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. “Fazer aquilo que ninguém está fazendo. Hoje em dia tem nomes chiques, como inovação, mas essa é a palavra. Pensar: ninguém está fazendo isso aqui, vamos arriscar”, completa - foi assim com a ficção científica. Somando um público que não é lá tão grande, mas muito fiel, apuro editorial, com capas, edições e traduções caprichadas, o negócio foi ganhando força. Hoje, a Aleph é a principal editora de ficção científica no Brasil.

“O mais interessante desse crescimento é que foi sem nenhum best-seller. Às vezes, no mercado editorial, você acerta um livro, que faz crescer 200%. Aqui, não”, conta Fromer, antes do estouro de Herdeiros do Império.

Mas esse não é o único gênero com o qual a empresa trabalha. Por exemplo, um dos livros com maior número de exemplares vendidos na história recente da editora é Aprendendo Inteligência, de Pierluigi Piazzi - coincidentemente pai de Fromer e fundador da Aleph. A obra é uma espécie de manual para estudantes, que entra numa categoria de livros de desenvolvimento humano e ciência, correspondente a 34% do faturamento total, com livros sobre séries de TV, cultura da convergência, novas mídias e cultura pop. Em 2015, por exemplo, a editora vai publicar biografias inéditas no Brasil de Lou Reed e Iggy Pop.

Os robôs e as naves espaciais, na verdade, voltaram ao foco da editora por volta de 2002 - Piazzi é um leitor voraz de ficção científica e havia feito uma investida no gênero no início dos anos 1990, mas a coisa não funcionou. “O paradigma era: ficção científica não vende”, conta Fromer. “Era estigmatizada. Nessa nova fase, foi um consultor que chegou com um plano editorial, mostrou que ia acontecer e nós topamos. Foi aquele DNA do pioneirismo. O livro marco foi Neuromancer, de William Gibson.”

Aí começou o trabalho de construção do catálogo - muitos dos mestres do gênero estavam fora das prateleiras brasileiras - e do público leitor. Fromer diz que tenta vender os livros apenas como boa ficção. O fato de haver robôs, ou se passar em outro tempo, outra galáxia, é quase secundário - os textos de Philip K. Dick, por exemplo, comprovam a tese. A internet ajuda na divulgação. 

“Agora que a gente formou um público, partimos para livros mais contemporâneos de ficção científica. Temos muitos autores vivos, como John Scalzi e Joe Haldeman”, diz, animado. Mas o entusiasmo cresce quando fala dos livros de Guerra nas Estrelas.

“Este é o momento e com isso a gente espera crescer mais 50% também em 2015. É bem interessante que os 30 anos da Aleph seja marcado por uma fase de crescimento exponencial”, registra ainda.

Existe a ideia também - como se fosse uma “função social”, segundo o editor - de publicar autores nacionais. “Nós temos planos e analisamos obras de literatura nacional, mas estamos no processo de recolocação dos clássicos. É como se a gente incluísse um autor nacional sem ter Machado de Assis. A ideia é, provavelmente no fim do ano, ou começo de 2016, começar com publicações de literatura fantástica nacional”, acrescenta Fromer. Números98% foi o crescimento do faturamento da editora entre 2013 e 2014. No ano anterior, o índice foi de 31% - como é o costume no meio, a empresa não divulga os valores totais em reais 45 novos títulos devem ser lançados em 2015, mais do que o dobro (20) de 2014 - em 2013 foram 16. A editora tem 19 funcionários e conta com 25 autores em catálogo 87 livros compõem a estante da editora - os seis selecionados nesta página dão uma amostra dos principais campos de atuação da Aleph: ficção científica, desenvolvimento humano e cultura popTRILOGIA DA FUNDAÇÃO - BOX Autor: Isaac Asimov Tradutores: Fábio Fernandes e Marcelo Barbão (728 págs.,R$ 117)O ATIVISTA QUÂNTICO - PRINCÍPIOS DA FÍSICA QUÂNTICA PARA MUDAR O MUNDO E A NÓS MESMOS Autor: Amit Goswami Tradutor: Marcello Borges (280 págs.,R$ 44)2001: UMA ODISSEIA NO ESPAÇO Autor: Arthur C. Clarke Tradutor: Fábio Fernandes (336 págs.,R$ 54)O LIVRO DOS MORTOS DO ROCK Autor: David Comfort Tradutores: Ricardo Giassetti & Roberta Bronzatto (408 págs.,R$ 55)

Quando Adriano Fromer, atual publisher da Editora Aleph, visita feiras literárias internacionais e apresenta o catálogo de sua empresa, concentrado na ficção científica, seus colegas de profissão estrangeiros não acreditam - ou questionam se a Aleph é um grande conglomerado editorial brasileiro. Os motivos têm nome e sobrenome: Philip K. Dick, William Gibson, Isaac Asimov, Anthony Burgess (Laranja Mecânica), Frank Herbert (Duna), Arthur C. Clarke (2001) e mais recentemente Timothy Zahn (Star Wars), todos no seu catálogo.

A seleção impressiona mesmo. A Aleph, que completou 30 anos em 2014 e passa por uma das melhores fases de sua história, começou a investir a sério no gênero pelo qual hoje é reconhecida, a ficção científica, pouco depois de Fromer assumir o controle da editora das mãos de sua mãe, Elizabeth Fromer, há 12 anos. Agora, a construção do catálogo e do público leitor do gênero - secundário nos anos 1990, mas que cada vez mais ganha um status ‘cool’ - começa a produzir frutos significativos. De 2013 para 2014, o faturamento da editora cresceu impressionantes 98%. Em dezembro, entrou pela primeira vez na lista dos mais vendidos do PublishNews, site especializado no mercado editorial, com Star Wars - Herdeiro do Império, de Timothy Zahn, grande responsável pelo número. E a animação não parece que vai arrefecer em 2015.

Estão previstos para este ano 45 lançamentos - 25 a mais do que em 2014; em 2013, foram 16 -, a criação de um selo infantil, livros de literatura young adult, cultura pop, “soft business” e não ficção. Entre eles, a obra How Star Wars Conquered the Universe: The Past, Present, and Future of a Multibillion Dollar Franchise, de Chris Taylor - o universo Star Wars é a principal aposta da editora. Outro livro que sai por aqui em 2015 é Alien, de Alan Dean Foster, novelização dos filmes.

Negócio. Adriano Fromer, atual publisher, e Elizabeth Fromer, fundadora Foto: José Patricio/Estadão

“Está no DNA da Aleph: o pioneirismo”, diz Fromer, em uma visita do Estado à sede da editora, uma casa em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. “Fazer aquilo que ninguém está fazendo. Hoje em dia tem nomes chiques, como inovação, mas essa é a palavra. Pensar: ninguém está fazendo isso aqui, vamos arriscar”, completa - foi assim com a ficção científica. Somando um público que não é lá tão grande, mas muito fiel, apuro editorial, com capas, edições e traduções caprichadas, o negócio foi ganhando força. Hoje, a Aleph é a principal editora de ficção científica no Brasil.

“O mais interessante desse crescimento é que foi sem nenhum best-seller. Às vezes, no mercado editorial, você acerta um livro, que faz crescer 200%. Aqui, não”, conta Fromer, antes do estouro de Herdeiros do Império.

Mas esse não é o único gênero com o qual a empresa trabalha. Por exemplo, um dos livros com maior número de exemplares vendidos na história recente da editora é Aprendendo Inteligência, de Pierluigi Piazzi - coincidentemente pai de Fromer e fundador da Aleph. A obra é uma espécie de manual para estudantes, que entra numa categoria de livros de desenvolvimento humano e ciência, correspondente a 34% do faturamento total, com livros sobre séries de TV, cultura da convergência, novas mídias e cultura pop. Em 2015, por exemplo, a editora vai publicar biografias inéditas no Brasil de Lou Reed e Iggy Pop.

Os robôs e as naves espaciais, na verdade, voltaram ao foco da editora por volta de 2002 - Piazzi é um leitor voraz de ficção científica e havia feito uma investida no gênero no início dos anos 1990, mas a coisa não funcionou. “O paradigma era: ficção científica não vende”, conta Fromer. “Era estigmatizada. Nessa nova fase, foi um consultor que chegou com um plano editorial, mostrou que ia acontecer e nós topamos. Foi aquele DNA do pioneirismo. O livro marco foi Neuromancer, de William Gibson.”

Aí começou o trabalho de construção do catálogo - muitos dos mestres do gênero estavam fora das prateleiras brasileiras - e do público leitor. Fromer diz que tenta vender os livros apenas como boa ficção. O fato de haver robôs, ou se passar em outro tempo, outra galáxia, é quase secundário - os textos de Philip K. Dick, por exemplo, comprovam a tese. A internet ajuda na divulgação. 

“Agora que a gente formou um público, partimos para livros mais contemporâneos de ficção científica. Temos muitos autores vivos, como John Scalzi e Joe Haldeman”, diz, animado. Mas o entusiasmo cresce quando fala dos livros de Guerra nas Estrelas.

“Este é o momento e com isso a gente espera crescer mais 50% também em 2015. É bem interessante que os 30 anos da Aleph seja marcado por uma fase de crescimento exponencial”, registra ainda.

Existe a ideia também - como se fosse uma “função social”, segundo o editor - de publicar autores nacionais. “Nós temos planos e analisamos obras de literatura nacional, mas estamos no processo de recolocação dos clássicos. É como se a gente incluísse um autor nacional sem ter Machado de Assis. A ideia é, provavelmente no fim do ano, ou começo de 2016, começar com publicações de literatura fantástica nacional”, acrescenta Fromer. Números98% foi o crescimento do faturamento da editora entre 2013 e 2014. No ano anterior, o índice foi de 31% - como é o costume no meio, a empresa não divulga os valores totais em reais 45 novos títulos devem ser lançados em 2015, mais do que o dobro (20) de 2014 - em 2013 foram 16. A editora tem 19 funcionários e conta com 25 autores em catálogo 87 livros compõem a estante da editora - os seis selecionados nesta página dão uma amostra dos principais campos de atuação da Aleph: ficção científica, desenvolvimento humano e cultura popTRILOGIA DA FUNDAÇÃO - BOX Autor: Isaac Asimov Tradutores: Fábio Fernandes e Marcelo Barbão (728 págs.,R$ 117)O ATIVISTA QUÂNTICO - PRINCÍPIOS DA FÍSICA QUÂNTICA PARA MUDAR O MUNDO E A NÓS MESMOS Autor: Amit Goswami Tradutor: Marcello Borges (280 págs.,R$ 44)2001: UMA ODISSEIA NO ESPAÇO Autor: Arthur C. Clarke Tradutor: Fábio Fernandes (336 págs.,R$ 54)O LIVRO DOS MORTOS DO ROCK Autor: David Comfort Tradutores: Ricardo Giassetti & Roberta Bronzatto (408 págs.,R$ 55)

Quando Adriano Fromer, atual publisher da Editora Aleph, visita feiras literárias internacionais e apresenta o catálogo de sua empresa, concentrado na ficção científica, seus colegas de profissão estrangeiros não acreditam - ou questionam se a Aleph é um grande conglomerado editorial brasileiro. Os motivos têm nome e sobrenome: Philip K. Dick, William Gibson, Isaac Asimov, Anthony Burgess (Laranja Mecânica), Frank Herbert (Duna), Arthur C. Clarke (2001) e mais recentemente Timothy Zahn (Star Wars), todos no seu catálogo.

A seleção impressiona mesmo. A Aleph, que completou 30 anos em 2014 e passa por uma das melhores fases de sua história, começou a investir a sério no gênero pelo qual hoje é reconhecida, a ficção científica, pouco depois de Fromer assumir o controle da editora das mãos de sua mãe, Elizabeth Fromer, há 12 anos. Agora, a construção do catálogo e do público leitor do gênero - secundário nos anos 1990, mas que cada vez mais ganha um status ‘cool’ - começa a produzir frutos significativos. De 2013 para 2014, o faturamento da editora cresceu impressionantes 98%. Em dezembro, entrou pela primeira vez na lista dos mais vendidos do PublishNews, site especializado no mercado editorial, com Star Wars - Herdeiro do Império, de Timothy Zahn, grande responsável pelo número. E a animação não parece que vai arrefecer em 2015.

Estão previstos para este ano 45 lançamentos - 25 a mais do que em 2014; em 2013, foram 16 -, a criação de um selo infantil, livros de literatura young adult, cultura pop, “soft business” e não ficção. Entre eles, a obra How Star Wars Conquered the Universe: The Past, Present, and Future of a Multibillion Dollar Franchise, de Chris Taylor - o universo Star Wars é a principal aposta da editora. Outro livro que sai por aqui em 2015 é Alien, de Alan Dean Foster, novelização dos filmes.

Negócio. Adriano Fromer, atual publisher, e Elizabeth Fromer, fundadora Foto: José Patricio/Estadão

“Está no DNA da Aleph: o pioneirismo”, diz Fromer, em uma visita do Estado à sede da editora, uma casa em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. “Fazer aquilo que ninguém está fazendo. Hoje em dia tem nomes chiques, como inovação, mas essa é a palavra. Pensar: ninguém está fazendo isso aqui, vamos arriscar”, completa - foi assim com a ficção científica. Somando um público que não é lá tão grande, mas muito fiel, apuro editorial, com capas, edições e traduções caprichadas, o negócio foi ganhando força. Hoje, a Aleph é a principal editora de ficção científica no Brasil.

“O mais interessante desse crescimento é que foi sem nenhum best-seller. Às vezes, no mercado editorial, você acerta um livro, que faz crescer 200%. Aqui, não”, conta Fromer, antes do estouro de Herdeiros do Império.

Mas esse não é o único gênero com o qual a empresa trabalha. Por exemplo, um dos livros com maior número de exemplares vendidos na história recente da editora é Aprendendo Inteligência, de Pierluigi Piazzi - coincidentemente pai de Fromer e fundador da Aleph. A obra é uma espécie de manual para estudantes, que entra numa categoria de livros de desenvolvimento humano e ciência, correspondente a 34% do faturamento total, com livros sobre séries de TV, cultura da convergência, novas mídias e cultura pop. Em 2015, por exemplo, a editora vai publicar biografias inéditas no Brasil de Lou Reed e Iggy Pop.

Os robôs e as naves espaciais, na verdade, voltaram ao foco da editora por volta de 2002 - Piazzi é um leitor voraz de ficção científica e havia feito uma investida no gênero no início dos anos 1990, mas a coisa não funcionou. “O paradigma era: ficção científica não vende”, conta Fromer. “Era estigmatizada. Nessa nova fase, foi um consultor que chegou com um plano editorial, mostrou que ia acontecer e nós topamos. Foi aquele DNA do pioneirismo. O livro marco foi Neuromancer, de William Gibson.”

Aí começou o trabalho de construção do catálogo - muitos dos mestres do gênero estavam fora das prateleiras brasileiras - e do público leitor. Fromer diz que tenta vender os livros apenas como boa ficção. O fato de haver robôs, ou se passar em outro tempo, outra galáxia, é quase secundário - os textos de Philip K. Dick, por exemplo, comprovam a tese. A internet ajuda na divulgação. 

“Agora que a gente formou um público, partimos para livros mais contemporâneos de ficção científica. Temos muitos autores vivos, como John Scalzi e Joe Haldeman”, diz, animado. Mas o entusiasmo cresce quando fala dos livros de Guerra nas Estrelas.

“Este é o momento e com isso a gente espera crescer mais 50% também em 2015. É bem interessante que os 30 anos da Aleph seja marcado por uma fase de crescimento exponencial”, registra ainda.

Existe a ideia também - como se fosse uma “função social”, segundo o editor - de publicar autores nacionais. “Nós temos planos e analisamos obras de literatura nacional, mas estamos no processo de recolocação dos clássicos. É como se a gente incluísse um autor nacional sem ter Machado de Assis. A ideia é, provavelmente no fim do ano, ou começo de 2016, começar com publicações de literatura fantástica nacional”, acrescenta Fromer. Números98% foi o crescimento do faturamento da editora entre 2013 e 2014. No ano anterior, o índice foi de 31% - como é o costume no meio, a empresa não divulga os valores totais em reais 45 novos títulos devem ser lançados em 2015, mais do que o dobro (20) de 2014 - em 2013 foram 16. A editora tem 19 funcionários e conta com 25 autores em catálogo 87 livros compõem a estante da editora - os seis selecionados nesta página dão uma amostra dos principais campos de atuação da Aleph: ficção científica, desenvolvimento humano e cultura popTRILOGIA DA FUNDAÇÃO - BOX Autor: Isaac Asimov Tradutores: Fábio Fernandes e Marcelo Barbão (728 págs.,R$ 117)O ATIVISTA QUÂNTICO - PRINCÍPIOS DA FÍSICA QUÂNTICA PARA MUDAR O MUNDO E A NÓS MESMOS Autor: Amit Goswami Tradutor: Marcello Borges (280 págs.,R$ 44)2001: UMA ODISSEIA NO ESPAÇO Autor: Arthur C. Clarke Tradutor: Fábio Fernandes (336 págs.,R$ 54)O LIVRO DOS MORTOS DO ROCK Autor: David Comfort Tradutores: Ricardo Giassetti & Roberta Bronzatto (408 págs.,R$ 55)

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.