Escritores celebram online 10 anos de coletânea inspirada em canções de Renato Russo, que faria 60


'Como Se Não Houvesse Amanhã', com organização de Henrique Rodrigues, reúne contos escritos por autores como João Anzanello Carrascoza, Marcelo Moutinho e Susana Fuentes

Por Maria Fernanda Rodrigues

Nos idos de 2008, o escritor Henrique Rodrigues costumava ir para o trabalho ouvindo Acrilic on Canvas, do álbum Dois, da Legião Urbana – que, àquela altura, já tinha mais de 20 anos. Foi ali, naquelas idas e vindas, que surgiu a ideia de escrever um conto inspirado nessa música. Contou para um amigo, que também tinha uma música preferida, e falou que ia fazer o mesmo. A notícia foi se espalhando, outros escritores fãs da banda foram chegando e no dia 27 de março de 2010 foi lançada no Rio, pela Record e com organização de Rodrigues, a coletânea Como Se Não Houvesse Amanhã

O volume traz 20 textos de nomes como João Anzanello Carrascoza, Marcelo Moutinho, Wesley Peres, Manoela Sawitzki, Ana Elisa Ribeiro, Maurício de Almeida, Susana Fuentes e muitos outros, além do próprio organizador. De lá para cá já foram impressas seis edições, com mais de 20 mil exemplares vendidos.

O cantor e compositor Renato Russo Foto: Acervo Estadão
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Hoje, exatos 10 anos depois, e no dia em que Renato Russo (1960-1996) faria 60 anos, os escritores não podem se reunir para festejar a primeira década do livro, porque estão todos isolados por causa da pandemia do coronavírus. Pensando nisso, Henrique Rodrigues os convidou a postar em suas redes sociais vídeos sobre a coletânea, com leitura de trechos. Isso tudo vai ao ar nesta sexta, 27, e, para ver, procure a hashtag #antologialegiao10anos ou visite o perfil dos autores.

“Esses autores estão espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Ao revisitar a antologia, viram que também se tratava de uma possibilidade de comunicação com o outro e com a pessoa que foram há 10 anos”, conta Rodrigues.

Fundada em Brasília em 1982 e extinta em 1996 com a morte de Renato Russo (embora o último show tenha sido em janeiro de 1995), a Legião Urbana marcou toda uma geração de brasileiros e suas músicas foram ouvidas à exaustão nos anos 1980, 1990 e depois, com ecos ainda hoje – não apenas para os mais nostálgicos. “O interessante é que algumas questões que as canções da Legião nos trouxeram, e também as que criamos nos contos, são muito atuais: a indignação social, as relações humanas, a interrogação sobre o futuro, as (im)possibilidades do amor”, diz Rodrigues.

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João Anzanello Carrascoza comenta hoje que na época escolheu Pais e Filhos pois esse já era um tema norteador de toda a sua obra contística – e que seria também dos romances que escreveu depois. “Meu conto procurou trazer, numa narrativa presentificada, o relato de um filho sobre seu relacionamento com o pai, separado da mãe, vivendo em outra casa e cidade. Lá está a força da presença mesmo na ausência, que um dia se tornaria total, com a morte desse pai”, explica.

Mauricio de Almeida escreveu seu conto inspirado na penúltima faixa do último disco da Legião Urbana, Uma Outra Estação. “Desde o primeiro momento, Sagrado Coração me comoveu. Embora conste a letra no encarte, Renato Russo não gravou a voz, ele morreu antes que pudesse registrá-la. No conto, trabalhei justamente essa situação – as coisas que ficaram por fazer ou serem ditas”, comenta. Partindo dessa ideia, o conto é narrado por um pai que, na cama de hospital, se nega a conversar com o filho. “A ausência de diálogo entre eles é movida pela crença do pai de ser melhor ao filho ter lembranças diferentes da situação em que se encontram. Eles estão juntos, talvez pela última vez, e não dizem nada, tal como a canção.” 

Susana Fuentes conta a Legião Urbana fez parte de sua vida quando ela estudava Letras na UERJ e para a coletânea ela escolheu Quando o sol bater na janela do teu quarto. "Ela tinha a ver com as mudanças em minha vida, e a letra fala de caminho, pergunta, coragem e ela entra muito napele, como o sol. Tem melancolia e esperança, e escrever ouvindoa música me levou para um estado de espírito de memória, intimidade e de que tudo é dor, mas não podemos perder nossa coragem, como diz a música", comenta hoje.

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Acervo: Renato Russo

1 | 26

Renato Ruso e seu cigarro

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
2 | 26

Em foco

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
3 | 26

Renato Russo, 1986

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
4 | 26

Nova formação

Foto: Luís Barros/ Estadão
5 | 26

Contatos fotográficos

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
6 | 26

Renato Russo (27/3/1960 - 11/10/1996)

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
7 | 26

Legião Urbana (1986)

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
8 | 26

Garoto de Brasília

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
9 | 26

Ensaio para o Estadão

10 | 26

Músicos no sofá

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
11 | 26

Renato Russo (1988)

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
12 | 26

Ao microfone

Foto: Adalberto Diniz/Estadão
13 | 26

De olhos fechados

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
14 | 26

Renato Russo

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
15 | 26

Sob os holofotes

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
16 | 26

Renato Russo, 1988

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
17 | 26

Interpretando

Foto: César Diniz/ Estadão
18 | 26

Multidão nos shows

Foto: César Diniz/ Estadão
19 | 26

De braços abertos

Foto: César Diniz/ Estadão
20 | 26

Legião Urbana no Ibirapuera

Foto: Norma Albano/ Estadão
21 | 26

Legião Urbana no Projeto SP

Foto: Miguel Boyayan/ Estadão
22 | 26

Fumando e cantando

Foto: Miguel Boyayan/ Estadão
23 | 26

Legião Urbana, 1990

Foto: Alexandre Landau/ Estadão
24 | 26

Primeiro plano

Foto: Alexandre Landau/ Estadão
25 | 26

Com o violão

Foto: Luís Barros/ Estadão
26 | 26

Galerias do Acervo

Foto: Acervo

Já Marcelo Moutinho se baseou na melancólica Vento no Litoral. “A canção trata de uma separação sem dar muitos detalhes. Encontrei a chave num caco que Renato Russo deixou no fim: cavalos-marinhos”, conta. Foi pesquisar e terminou com um conto também sobre infidelidade. Ramon Nunes Mello também tratou desse tema, escolhendo Sereníssima – que fala de forma poética sobre uma separação sem remorso, pontua. “Participar da antologia me fez voltar no tempo em que ouvia Renato Russo e sua Legião Urbana até decorar as letras. Sem dúvida, Renato Russo (e Cazuza, outro anjo torto) faz parte do imaginário poético de uma geração. O que ele diria do rumo que o Brasil tomou? Que País é este?”

COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ Org.: Henrique Rodrigues Editora: Record (160 págs.; R$ 49,90)

Nos idos de 2008, o escritor Henrique Rodrigues costumava ir para o trabalho ouvindo Acrilic on Canvas, do álbum Dois, da Legião Urbana – que, àquela altura, já tinha mais de 20 anos. Foi ali, naquelas idas e vindas, que surgiu a ideia de escrever um conto inspirado nessa música. Contou para um amigo, que também tinha uma música preferida, e falou que ia fazer o mesmo. A notícia foi se espalhando, outros escritores fãs da banda foram chegando e no dia 27 de março de 2010 foi lançada no Rio, pela Record e com organização de Rodrigues, a coletânea Como Se Não Houvesse Amanhã

O volume traz 20 textos de nomes como João Anzanello Carrascoza, Marcelo Moutinho, Wesley Peres, Manoela Sawitzki, Ana Elisa Ribeiro, Maurício de Almeida, Susana Fuentes e muitos outros, além do próprio organizador. De lá para cá já foram impressas seis edições, com mais de 20 mil exemplares vendidos.

O cantor e compositor Renato Russo Foto: Acervo Estadão

Hoje, exatos 10 anos depois, e no dia em que Renato Russo (1960-1996) faria 60 anos, os escritores não podem se reunir para festejar a primeira década do livro, porque estão todos isolados por causa da pandemia do coronavírus. Pensando nisso, Henrique Rodrigues os convidou a postar em suas redes sociais vídeos sobre a coletânea, com leitura de trechos. Isso tudo vai ao ar nesta sexta, 27, e, para ver, procure a hashtag #antologialegiao10anos ou visite o perfil dos autores.

“Esses autores estão espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Ao revisitar a antologia, viram que também se tratava de uma possibilidade de comunicação com o outro e com a pessoa que foram há 10 anos”, conta Rodrigues.

Fundada em Brasília em 1982 e extinta em 1996 com a morte de Renato Russo (embora o último show tenha sido em janeiro de 1995), a Legião Urbana marcou toda uma geração de brasileiros e suas músicas foram ouvidas à exaustão nos anos 1980, 1990 e depois, com ecos ainda hoje – não apenas para os mais nostálgicos. “O interessante é que algumas questões que as canções da Legião nos trouxeram, e também as que criamos nos contos, são muito atuais: a indignação social, as relações humanas, a interrogação sobre o futuro, as (im)possibilidades do amor”, diz Rodrigues.

João Anzanello Carrascoza comenta hoje que na época escolheu Pais e Filhos pois esse já era um tema norteador de toda a sua obra contística – e que seria também dos romances que escreveu depois. “Meu conto procurou trazer, numa narrativa presentificada, o relato de um filho sobre seu relacionamento com o pai, separado da mãe, vivendo em outra casa e cidade. Lá está a força da presença mesmo na ausência, que um dia se tornaria total, com a morte desse pai”, explica.

Mauricio de Almeida escreveu seu conto inspirado na penúltima faixa do último disco da Legião Urbana, Uma Outra Estação. “Desde o primeiro momento, Sagrado Coração me comoveu. Embora conste a letra no encarte, Renato Russo não gravou a voz, ele morreu antes que pudesse registrá-la. No conto, trabalhei justamente essa situação – as coisas que ficaram por fazer ou serem ditas”, comenta. Partindo dessa ideia, o conto é narrado por um pai que, na cama de hospital, se nega a conversar com o filho. “A ausência de diálogo entre eles é movida pela crença do pai de ser melhor ao filho ter lembranças diferentes da situação em que se encontram. Eles estão juntos, talvez pela última vez, e não dizem nada, tal como a canção.” 

Susana Fuentes conta a Legião Urbana fez parte de sua vida quando ela estudava Letras na UERJ e para a coletânea ela escolheu Quando o sol bater na janela do teu quarto. "Ela tinha a ver com as mudanças em minha vida, e a letra fala de caminho, pergunta, coragem e ela entra muito napele, como o sol. Tem melancolia e esperança, e escrever ouvindoa música me levou para um estado de espírito de memória, intimidade e de que tudo é dor, mas não podemos perder nossa coragem, como diz a música", comenta hoje.

Acervo: Renato Russo

1 | 26

Renato Ruso e seu cigarro

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
2 | 26

Em foco

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
3 | 26

Renato Russo, 1986

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
4 | 26

Nova formação

Foto: Luís Barros/ Estadão
5 | 26

Contatos fotográficos

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
6 | 26

Renato Russo (27/3/1960 - 11/10/1996)

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
7 | 26

Legião Urbana (1986)

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
8 | 26

Garoto de Brasília

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
9 | 26

Ensaio para o Estadão

10 | 26

Músicos no sofá

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
11 | 26

Renato Russo (1988)

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
12 | 26

Ao microfone

Foto: Adalberto Diniz/Estadão
13 | 26

De olhos fechados

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
14 | 26

Renato Russo

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
15 | 26

Sob os holofotes

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
16 | 26

Renato Russo, 1988

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
17 | 26

Interpretando

Foto: César Diniz/ Estadão
18 | 26

Multidão nos shows

Foto: César Diniz/ Estadão
19 | 26

De braços abertos

Foto: César Diniz/ Estadão
20 | 26

Legião Urbana no Ibirapuera

Foto: Norma Albano/ Estadão
21 | 26

Legião Urbana no Projeto SP

Foto: Miguel Boyayan/ Estadão
22 | 26

Fumando e cantando

Foto: Miguel Boyayan/ Estadão
23 | 26

Legião Urbana, 1990

Foto: Alexandre Landau/ Estadão
24 | 26

Primeiro plano

Foto: Alexandre Landau/ Estadão
25 | 26

Com o violão

Foto: Luís Barros/ Estadão
26 | 26

Galerias do Acervo

Foto: Acervo

Já Marcelo Moutinho se baseou na melancólica Vento no Litoral. “A canção trata de uma separação sem dar muitos detalhes. Encontrei a chave num caco que Renato Russo deixou no fim: cavalos-marinhos”, conta. Foi pesquisar e terminou com um conto também sobre infidelidade. Ramon Nunes Mello também tratou desse tema, escolhendo Sereníssima – que fala de forma poética sobre uma separação sem remorso, pontua. “Participar da antologia me fez voltar no tempo em que ouvia Renato Russo e sua Legião Urbana até decorar as letras. Sem dúvida, Renato Russo (e Cazuza, outro anjo torto) faz parte do imaginário poético de uma geração. O que ele diria do rumo que o Brasil tomou? Que País é este?”

COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ Org.: Henrique Rodrigues Editora: Record (160 págs.; R$ 49,90)

Nos idos de 2008, o escritor Henrique Rodrigues costumava ir para o trabalho ouvindo Acrilic on Canvas, do álbum Dois, da Legião Urbana – que, àquela altura, já tinha mais de 20 anos. Foi ali, naquelas idas e vindas, que surgiu a ideia de escrever um conto inspirado nessa música. Contou para um amigo, que também tinha uma música preferida, e falou que ia fazer o mesmo. A notícia foi se espalhando, outros escritores fãs da banda foram chegando e no dia 27 de março de 2010 foi lançada no Rio, pela Record e com organização de Rodrigues, a coletânea Como Se Não Houvesse Amanhã

O volume traz 20 textos de nomes como João Anzanello Carrascoza, Marcelo Moutinho, Wesley Peres, Manoela Sawitzki, Ana Elisa Ribeiro, Maurício de Almeida, Susana Fuentes e muitos outros, além do próprio organizador. De lá para cá já foram impressas seis edições, com mais de 20 mil exemplares vendidos.

O cantor e compositor Renato Russo Foto: Acervo Estadão

Hoje, exatos 10 anos depois, e no dia em que Renato Russo (1960-1996) faria 60 anos, os escritores não podem se reunir para festejar a primeira década do livro, porque estão todos isolados por causa da pandemia do coronavírus. Pensando nisso, Henrique Rodrigues os convidou a postar em suas redes sociais vídeos sobre a coletânea, com leitura de trechos. Isso tudo vai ao ar nesta sexta, 27, e, para ver, procure a hashtag #antologialegiao10anos ou visite o perfil dos autores.

“Esses autores estão espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Ao revisitar a antologia, viram que também se tratava de uma possibilidade de comunicação com o outro e com a pessoa que foram há 10 anos”, conta Rodrigues.

Fundada em Brasília em 1982 e extinta em 1996 com a morte de Renato Russo (embora o último show tenha sido em janeiro de 1995), a Legião Urbana marcou toda uma geração de brasileiros e suas músicas foram ouvidas à exaustão nos anos 1980, 1990 e depois, com ecos ainda hoje – não apenas para os mais nostálgicos. “O interessante é que algumas questões que as canções da Legião nos trouxeram, e também as que criamos nos contos, são muito atuais: a indignação social, as relações humanas, a interrogação sobre o futuro, as (im)possibilidades do amor”, diz Rodrigues.

João Anzanello Carrascoza comenta hoje que na época escolheu Pais e Filhos pois esse já era um tema norteador de toda a sua obra contística – e que seria também dos romances que escreveu depois. “Meu conto procurou trazer, numa narrativa presentificada, o relato de um filho sobre seu relacionamento com o pai, separado da mãe, vivendo em outra casa e cidade. Lá está a força da presença mesmo na ausência, que um dia se tornaria total, com a morte desse pai”, explica.

Mauricio de Almeida escreveu seu conto inspirado na penúltima faixa do último disco da Legião Urbana, Uma Outra Estação. “Desde o primeiro momento, Sagrado Coração me comoveu. Embora conste a letra no encarte, Renato Russo não gravou a voz, ele morreu antes que pudesse registrá-la. No conto, trabalhei justamente essa situação – as coisas que ficaram por fazer ou serem ditas”, comenta. Partindo dessa ideia, o conto é narrado por um pai que, na cama de hospital, se nega a conversar com o filho. “A ausência de diálogo entre eles é movida pela crença do pai de ser melhor ao filho ter lembranças diferentes da situação em que se encontram. Eles estão juntos, talvez pela última vez, e não dizem nada, tal como a canção.” 

Susana Fuentes conta a Legião Urbana fez parte de sua vida quando ela estudava Letras na UERJ e para a coletânea ela escolheu Quando o sol bater na janela do teu quarto. "Ela tinha a ver com as mudanças em minha vida, e a letra fala de caminho, pergunta, coragem e ela entra muito napele, como o sol. Tem melancolia e esperança, e escrever ouvindoa música me levou para um estado de espírito de memória, intimidade e de que tudo é dor, mas não podemos perder nossa coragem, como diz a música", comenta hoje.

Acervo: Renato Russo

1 | 26

Renato Ruso e seu cigarro

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
2 | 26

Em foco

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
3 | 26

Renato Russo, 1986

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
4 | 26

Nova formação

Foto: Luís Barros/ Estadão
5 | 26

Contatos fotográficos

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
6 | 26

Renato Russo (27/3/1960 - 11/10/1996)

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
7 | 26

Legião Urbana (1986)

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
8 | 26

Garoto de Brasília

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
9 | 26

Ensaio para o Estadão

10 | 26

Músicos no sofá

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
11 | 26

Renato Russo (1988)

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
12 | 26

Ao microfone

Foto: Adalberto Diniz/Estadão
13 | 26

De olhos fechados

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
14 | 26

Renato Russo

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
15 | 26

Sob os holofotes

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
16 | 26

Renato Russo, 1988

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
17 | 26

Interpretando

Foto: César Diniz/ Estadão
18 | 26

Multidão nos shows

Foto: César Diniz/ Estadão
19 | 26

De braços abertos

Foto: César Diniz/ Estadão
20 | 26

Legião Urbana no Ibirapuera

Foto: Norma Albano/ Estadão
21 | 26

Legião Urbana no Projeto SP

Foto: Miguel Boyayan/ Estadão
22 | 26

Fumando e cantando

Foto: Miguel Boyayan/ Estadão
23 | 26

Legião Urbana, 1990

Foto: Alexandre Landau/ Estadão
24 | 26

Primeiro plano

Foto: Alexandre Landau/ Estadão
25 | 26

Com o violão

Foto: Luís Barros/ Estadão
26 | 26

Galerias do Acervo

Foto: Acervo

Já Marcelo Moutinho se baseou na melancólica Vento no Litoral. “A canção trata de uma separação sem dar muitos detalhes. Encontrei a chave num caco que Renato Russo deixou no fim: cavalos-marinhos”, conta. Foi pesquisar e terminou com um conto também sobre infidelidade. Ramon Nunes Mello também tratou desse tema, escolhendo Sereníssima – que fala de forma poética sobre uma separação sem remorso, pontua. “Participar da antologia me fez voltar no tempo em que ouvia Renato Russo e sua Legião Urbana até decorar as letras. Sem dúvida, Renato Russo (e Cazuza, outro anjo torto) faz parte do imaginário poético de uma geração. O que ele diria do rumo que o Brasil tomou? Que País é este?”

COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ Org.: Henrique Rodrigues Editora: Record (160 págs.; R$ 49,90)

Nos idos de 2008, o escritor Henrique Rodrigues costumava ir para o trabalho ouvindo Acrilic on Canvas, do álbum Dois, da Legião Urbana – que, àquela altura, já tinha mais de 20 anos. Foi ali, naquelas idas e vindas, que surgiu a ideia de escrever um conto inspirado nessa música. Contou para um amigo, que também tinha uma música preferida, e falou que ia fazer o mesmo. A notícia foi se espalhando, outros escritores fãs da banda foram chegando e no dia 27 de março de 2010 foi lançada no Rio, pela Record e com organização de Rodrigues, a coletânea Como Se Não Houvesse Amanhã

O volume traz 20 textos de nomes como João Anzanello Carrascoza, Marcelo Moutinho, Wesley Peres, Manoela Sawitzki, Ana Elisa Ribeiro, Maurício de Almeida, Susana Fuentes e muitos outros, além do próprio organizador. De lá para cá já foram impressas seis edições, com mais de 20 mil exemplares vendidos.

O cantor e compositor Renato Russo Foto: Acervo Estadão

Hoje, exatos 10 anos depois, e no dia em que Renato Russo (1960-1996) faria 60 anos, os escritores não podem se reunir para festejar a primeira década do livro, porque estão todos isolados por causa da pandemia do coronavírus. Pensando nisso, Henrique Rodrigues os convidou a postar em suas redes sociais vídeos sobre a coletânea, com leitura de trechos. Isso tudo vai ao ar nesta sexta, 27, e, para ver, procure a hashtag #antologialegiao10anos ou visite o perfil dos autores.

“Esses autores estão espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Ao revisitar a antologia, viram que também se tratava de uma possibilidade de comunicação com o outro e com a pessoa que foram há 10 anos”, conta Rodrigues.

Fundada em Brasília em 1982 e extinta em 1996 com a morte de Renato Russo (embora o último show tenha sido em janeiro de 1995), a Legião Urbana marcou toda uma geração de brasileiros e suas músicas foram ouvidas à exaustão nos anos 1980, 1990 e depois, com ecos ainda hoje – não apenas para os mais nostálgicos. “O interessante é que algumas questões que as canções da Legião nos trouxeram, e também as que criamos nos contos, são muito atuais: a indignação social, as relações humanas, a interrogação sobre o futuro, as (im)possibilidades do amor”, diz Rodrigues.

João Anzanello Carrascoza comenta hoje que na época escolheu Pais e Filhos pois esse já era um tema norteador de toda a sua obra contística – e que seria também dos romances que escreveu depois. “Meu conto procurou trazer, numa narrativa presentificada, o relato de um filho sobre seu relacionamento com o pai, separado da mãe, vivendo em outra casa e cidade. Lá está a força da presença mesmo na ausência, que um dia se tornaria total, com a morte desse pai”, explica.

Mauricio de Almeida escreveu seu conto inspirado na penúltima faixa do último disco da Legião Urbana, Uma Outra Estação. “Desde o primeiro momento, Sagrado Coração me comoveu. Embora conste a letra no encarte, Renato Russo não gravou a voz, ele morreu antes que pudesse registrá-la. No conto, trabalhei justamente essa situação – as coisas que ficaram por fazer ou serem ditas”, comenta. Partindo dessa ideia, o conto é narrado por um pai que, na cama de hospital, se nega a conversar com o filho. “A ausência de diálogo entre eles é movida pela crença do pai de ser melhor ao filho ter lembranças diferentes da situação em que se encontram. Eles estão juntos, talvez pela última vez, e não dizem nada, tal como a canção.” 

Susana Fuentes conta a Legião Urbana fez parte de sua vida quando ela estudava Letras na UERJ e para a coletânea ela escolheu Quando o sol bater na janela do teu quarto. "Ela tinha a ver com as mudanças em minha vida, e a letra fala de caminho, pergunta, coragem e ela entra muito napele, como o sol. Tem melancolia e esperança, e escrever ouvindoa música me levou para um estado de espírito de memória, intimidade e de que tudo é dor, mas não podemos perder nossa coragem, como diz a música", comenta hoje.

Acervo: Renato Russo

1 | 26

Renato Ruso e seu cigarro

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
2 | 26

Em foco

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
3 | 26

Renato Russo, 1986

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
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Nova formação

Foto: Luís Barros/ Estadão
5 | 26

Contatos fotográficos

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
6 | 26

Renato Russo (27/3/1960 - 11/10/1996)

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
7 | 26

Legião Urbana (1986)

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
8 | 26

Garoto de Brasília

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
9 | 26

Ensaio para o Estadão

10 | 26

Músicos no sofá

Foto: Juvenal Pereira/ Estadão
11 | 26

Renato Russo (1988)

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
12 | 26

Ao microfone

Foto: Adalberto Diniz/Estadão
13 | 26

De olhos fechados

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
14 | 26

Renato Russo

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
15 | 26

Sob os holofotes

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
16 | 26

Renato Russo, 1988

Foto: Adalberto Diniz/ Estadão
17 | 26

Interpretando

Foto: César Diniz/ Estadão
18 | 26

Multidão nos shows

Foto: César Diniz/ Estadão
19 | 26

De braços abertos

Foto: César Diniz/ Estadão
20 | 26

Legião Urbana no Ibirapuera

Foto: Norma Albano/ Estadão
21 | 26

Legião Urbana no Projeto SP

Foto: Miguel Boyayan/ Estadão
22 | 26

Fumando e cantando

Foto: Miguel Boyayan/ Estadão
23 | 26

Legião Urbana, 1990

Foto: Alexandre Landau/ Estadão
24 | 26

Primeiro plano

Foto: Alexandre Landau/ Estadão
25 | 26

Com o violão

Foto: Luís Barros/ Estadão
26 | 26

Galerias do Acervo

Foto: Acervo

Já Marcelo Moutinho se baseou na melancólica Vento no Litoral. “A canção trata de uma separação sem dar muitos detalhes. Encontrei a chave num caco que Renato Russo deixou no fim: cavalos-marinhos”, conta. Foi pesquisar e terminou com um conto também sobre infidelidade. Ramon Nunes Mello também tratou desse tema, escolhendo Sereníssima – que fala de forma poética sobre uma separação sem remorso, pontua. “Participar da antologia me fez voltar no tempo em que ouvia Renato Russo e sua Legião Urbana até decorar as letras. Sem dúvida, Renato Russo (e Cazuza, outro anjo torto) faz parte do imaginário poético de uma geração. O que ele diria do rumo que o Brasil tomou? Que País é este?”

COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ Org.: Henrique Rodrigues Editora: Record (160 págs.; R$ 49,90)

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