A luta continua


Nada impede que outros se sintam incitados pela exortação de Demme

Por Luis Fernando Verissimo

No final dos créditos de quatro filmes do diretor Jonathan Demme, que morreu há pouco, aparece a frase, em português, “A luta continua”. O próprio Demme nunca explicou a frase intrigante, que nos quatro casos tem pouco a ver com o conteúdo dos filmes. Como ele era conhecido pelas suas posições progressistas, mesmo que o engajamento político nem sempre fosse evidente numa obra que incluía comédias e puro divertimento, deduziu-se que a frase de Demme era uma mensagem de resistência endereçada às esquerdas do mundo - pelo menos às esquerdas de língua portuguesa. Com sua morte e a publicação dos seus obituários, ficou-se sabendo que a frase de Demme era inspirada num slogan de luta da Frelimo, a frente marxista de libertação de Moçambique. Demme deixou de usá-la quando a Frelimo tomou o poder.

Nada impede que outros se sintam incitados pela exortação de Demme, já que ela se adapta a todas as situações em que a esquerda está com a cara no chão e pensando em desistir - isto é, todo o mundo. Se há alguém precisando de uma mensagem de resistência, mesmo roubada de outro, é a esquerda de todas as línguas. A esquerda está tão carente que festejou a vitória do Macron na França como se fosse sua, e não a eleição de um mal menor. Macron deteve, por ora, o crescimento da Frente Nacional, e este é o seu principal mérito. Como já tinha acontecido com a eleição do Chirac para impedir que o Le Pen pai ganhasse, no segundo turno os franceses votaram outra vez num candidato cuja maior qualidade é não ser o outro. Macron é um homem do mercado, do capital financeiro, da austeridade neoliberal. Sua vitória está sendo considerada histórica porque interrompe uma sequência de 30 anos de presidentes republicanos e socialistas no poder. Ele inventou seu próprio partido, cujas iniciais são as iniciais do seu nome, e foi o candidato de si mesmo. E ninguém achou isso perigoso. Nem a esquerda.

A esquerda brasileira precisa ser constantemente lembrada de que a luta continua, por menos viável que isso pareça. A desilusão com o PT criou uma espécie de vácuo: desta orfandade pra que lado se vai? Pra que lado irá o próprio PT? Se estivesse mandando sua mensagem de resistência para o Brasil em vez de Moçambique, Demme provavelmente diria “Aguenta aí, gente”. 

No final dos créditos de quatro filmes do diretor Jonathan Demme, que morreu há pouco, aparece a frase, em português, “A luta continua”. O próprio Demme nunca explicou a frase intrigante, que nos quatro casos tem pouco a ver com o conteúdo dos filmes. Como ele era conhecido pelas suas posições progressistas, mesmo que o engajamento político nem sempre fosse evidente numa obra que incluía comédias e puro divertimento, deduziu-se que a frase de Demme era uma mensagem de resistência endereçada às esquerdas do mundo - pelo menos às esquerdas de língua portuguesa. Com sua morte e a publicação dos seus obituários, ficou-se sabendo que a frase de Demme era inspirada num slogan de luta da Frelimo, a frente marxista de libertação de Moçambique. Demme deixou de usá-la quando a Frelimo tomou o poder.

Nada impede que outros se sintam incitados pela exortação de Demme, já que ela se adapta a todas as situações em que a esquerda está com a cara no chão e pensando em desistir - isto é, todo o mundo. Se há alguém precisando de uma mensagem de resistência, mesmo roubada de outro, é a esquerda de todas as línguas. A esquerda está tão carente que festejou a vitória do Macron na França como se fosse sua, e não a eleição de um mal menor. Macron deteve, por ora, o crescimento da Frente Nacional, e este é o seu principal mérito. Como já tinha acontecido com a eleição do Chirac para impedir que o Le Pen pai ganhasse, no segundo turno os franceses votaram outra vez num candidato cuja maior qualidade é não ser o outro. Macron é um homem do mercado, do capital financeiro, da austeridade neoliberal. Sua vitória está sendo considerada histórica porque interrompe uma sequência de 30 anos de presidentes republicanos e socialistas no poder. Ele inventou seu próprio partido, cujas iniciais são as iniciais do seu nome, e foi o candidato de si mesmo. E ninguém achou isso perigoso. Nem a esquerda.

A esquerda brasileira precisa ser constantemente lembrada de que a luta continua, por menos viável que isso pareça. A desilusão com o PT criou uma espécie de vácuo: desta orfandade pra que lado se vai? Pra que lado irá o próprio PT? Se estivesse mandando sua mensagem de resistência para o Brasil em vez de Moçambique, Demme provavelmente diria “Aguenta aí, gente”. 

No final dos créditos de quatro filmes do diretor Jonathan Demme, que morreu há pouco, aparece a frase, em português, “A luta continua”. O próprio Demme nunca explicou a frase intrigante, que nos quatro casos tem pouco a ver com o conteúdo dos filmes. Como ele era conhecido pelas suas posições progressistas, mesmo que o engajamento político nem sempre fosse evidente numa obra que incluía comédias e puro divertimento, deduziu-se que a frase de Demme era uma mensagem de resistência endereçada às esquerdas do mundo - pelo menos às esquerdas de língua portuguesa. Com sua morte e a publicação dos seus obituários, ficou-se sabendo que a frase de Demme era inspirada num slogan de luta da Frelimo, a frente marxista de libertação de Moçambique. Demme deixou de usá-la quando a Frelimo tomou o poder.

Nada impede que outros se sintam incitados pela exortação de Demme, já que ela se adapta a todas as situações em que a esquerda está com a cara no chão e pensando em desistir - isto é, todo o mundo. Se há alguém precisando de uma mensagem de resistência, mesmo roubada de outro, é a esquerda de todas as línguas. A esquerda está tão carente que festejou a vitória do Macron na França como se fosse sua, e não a eleição de um mal menor. Macron deteve, por ora, o crescimento da Frente Nacional, e este é o seu principal mérito. Como já tinha acontecido com a eleição do Chirac para impedir que o Le Pen pai ganhasse, no segundo turno os franceses votaram outra vez num candidato cuja maior qualidade é não ser o outro. Macron é um homem do mercado, do capital financeiro, da austeridade neoliberal. Sua vitória está sendo considerada histórica porque interrompe uma sequência de 30 anos de presidentes republicanos e socialistas no poder. Ele inventou seu próprio partido, cujas iniciais são as iniciais do seu nome, e foi o candidato de si mesmo. E ninguém achou isso perigoso. Nem a esquerda.

A esquerda brasileira precisa ser constantemente lembrada de que a luta continua, por menos viável que isso pareça. A desilusão com o PT criou uma espécie de vácuo: desta orfandade pra que lado se vai? Pra que lado irá o próprio PT? Se estivesse mandando sua mensagem de resistência para o Brasil em vez de Moçambique, Demme provavelmente diria “Aguenta aí, gente”. 

No final dos créditos de quatro filmes do diretor Jonathan Demme, que morreu há pouco, aparece a frase, em português, “A luta continua”. O próprio Demme nunca explicou a frase intrigante, que nos quatro casos tem pouco a ver com o conteúdo dos filmes. Como ele era conhecido pelas suas posições progressistas, mesmo que o engajamento político nem sempre fosse evidente numa obra que incluía comédias e puro divertimento, deduziu-se que a frase de Demme era uma mensagem de resistência endereçada às esquerdas do mundo - pelo menos às esquerdas de língua portuguesa. Com sua morte e a publicação dos seus obituários, ficou-se sabendo que a frase de Demme era inspirada num slogan de luta da Frelimo, a frente marxista de libertação de Moçambique. Demme deixou de usá-la quando a Frelimo tomou o poder.

Nada impede que outros se sintam incitados pela exortação de Demme, já que ela se adapta a todas as situações em que a esquerda está com a cara no chão e pensando em desistir - isto é, todo o mundo. Se há alguém precisando de uma mensagem de resistência, mesmo roubada de outro, é a esquerda de todas as línguas. A esquerda está tão carente que festejou a vitória do Macron na França como se fosse sua, e não a eleição de um mal menor. Macron deteve, por ora, o crescimento da Frente Nacional, e este é o seu principal mérito. Como já tinha acontecido com a eleição do Chirac para impedir que o Le Pen pai ganhasse, no segundo turno os franceses votaram outra vez num candidato cuja maior qualidade é não ser o outro. Macron é um homem do mercado, do capital financeiro, da austeridade neoliberal. Sua vitória está sendo considerada histórica porque interrompe uma sequência de 30 anos de presidentes republicanos e socialistas no poder. Ele inventou seu próprio partido, cujas iniciais são as iniciais do seu nome, e foi o candidato de si mesmo. E ninguém achou isso perigoso. Nem a esquerda.

A esquerda brasileira precisa ser constantemente lembrada de que a luta continua, por menos viável que isso pareça. A desilusão com o PT criou uma espécie de vácuo: desta orfandade pra que lado se vai? Pra que lado irá o próprio PT? Se estivesse mandando sua mensagem de resistência para o Brasil em vez de Moçambique, Demme provavelmente diria “Aguenta aí, gente”. 

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