Amigas


Eu sabia de casos em que conversas que começavam civilizadas e amenas terminavam em trocas de pontapés e o fim de amizades eternas

Por Luis Fernando Verissimo

– Querida, é Gisele.

– Fala, meu amor.

– Preciso da sua ajuda, Zeca.

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– Diga.

– É sobre o meu jantar de hoje...

– Mmm. Já estou salivando. Há três noites que o Eurico sonha com sua espuma de bacalhau.

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– Pois é...

– Epa. Não gostei do tom desse “pois é”. Qual é o problema?

– É que...

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– Fala, mulher! Se o problema for com o bacalhau... 

– O problema não é com o bacalhau. É com o Eurico.

– O quê?! Vocês se separaram? Logo hoje, no dia de seu jantar? 

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– Não, é que...

– O Eurico vai se matar!

– Não. A culpa foi minha. A ideia de reunir amigos antigos como você e o Eurico com a Sonia ou a Sandra, ou como quer que ela e o marido bigodudo e os outros se chamem, me pareceu uma ideia ótima. Até que me dei conta.

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– Se deu conta de quê?

– Que eu não sabia a política de nenhum dos amigos novos. Quem tinha votado no Bolsonaro, quem não tinha, quem surpreendera votando ou não votando no Bolsonaro. Eu sabia de casos em que conversas que começavam civilizadas e amenas terminavam em trocas de pontapés e o fim de amizades eternas, quando não de famílias inteiras. Pedi socorro ao Eurico. Ele alegou que não sabia mais a política de ninguém, que já recebera vários choques descobrindo que quem ele sempre julgara um reacionário, não era. O Eurico só pediu à Gisele que cuidasse para não afrontar o bigodudo marido da Silvia ou da Célia, ex-petista que agora usava camiseta do Exército por trás da camisa do Olavo de Carvalho, porque o Eurico tem negócios com ele. Zeca, socorro!

– Amiga, o que você quer? Como é que eu posso ajudar? 

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– Seja você mesma. Você é boa nisso. Conte piadas, dê risadas, anime a mesa. Tudo para que ninguém se lembre do Bolsonaro e estrague a minha espuma de bacalhau.

– Mas, amiga. Pensei que você soubesse.

– O quê?

– O Eurico e eu votamos no Bolsonaro.

– Querida, é Gisele.

– Fala, meu amor.

– Preciso da sua ajuda, Zeca.

– Diga.

– É sobre o meu jantar de hoje...

– Mmm. Já estou salivando. Há três noites que o Eurico sonha com sua espuma de bacalhau.

– Pois é...

– Epa. Não gostei do tom desse “pois é”. Qual é o problema?

– É que...

– Fala, mulher! Se o problema for com o bacalhau... 

– O problema não é com o bacalhau. É com o Eurico.

– O quê?! Vocês se separaram? Logo hoje, no dia de seu jantar? 

– Não, é que...

– O Eurico vai se matar!

– Não. A culpa foi minha. A ideia de reunir amigos antigos como você e o Eurico com a Sonia ou a Sandra, ou como quer que ela e o marido bigodudo e os outros se chamem, me pareceu uma ideia ótima. Até que me dei conta.

– Se deu conta de quê?

– Que eu não sabia a política de nenhum dos amigos novos. Quem tinha votado no Bolsonaro, quem não tinha, quem surpreendera votando ou não votando no Bolsonaro. Eu sabia de casos em que conversas que começavam civilizadas e amenas terminavam em trocas de pontapés e o fim de amizades eternas, quando não de famílias inteiras. Pedi socorro ao Eurico. Ele alegou que não sabia mais a política de ninguém, que já recebera vários choques descobrindo que quem ele sempre julgara um reacionário, não era. O Eurico só pediu à Gisele que cuidasse para não afrontar o bigodudo marido da Silvia ou da Célia, ex-petista que agora usava camiseta do Exército por trás da camisa do Olavo de Carvalho, porque o Eurico tem negócios com ele. Zeca, socorro!

– Amiga, o que você quer? Como é que eu posso ajudar? 

– Seja você mesma. Você é boa nisso. Conte piadas, dê risadas, anime a mesa. Tudo para que ninguém se lembre do Bolsonaro e estrague a minha espuma de bacalhau.

– Mas, amiga. Pensei que você soubesse.

– O quê?

– O Eurico e eu votamos no Bolsonaro.

– Querida, é Gisele.

– Fala, meu amor.

– Preciso da sua ajuda, Zeca.

– Diga.

– É sobre o meu jantar de hoje...

– Mmm. Já estou salivando. Há três noites que o Eurico sonha com sua espuma de bacalhau.

– Pois é...

– Epa. Não gostei do tom desse “pois é”. Qual é o problema?

– É que...

– Fala, mulher! Se o problema for com o bacalhau... 

– O problema não é com o bacalhau. É com o Eurico.

– O quê?! Vocês se separaram? Logo hoje, no dia de seu jantar? 

– Não, é que...

– O Eurico vai se matar!

– Não. A culpa foi minha. A ideia de reunir amigos antigos como você e o Eurico com a Sonia ou a Sandra, ou como quer que ela e o marido bigodudo e os outros se chamem, me pareceu uma ideia ótima. Até que me dei conta.

– Se deu conta de quê?

– Que eu não sabia a política de nenhum dos amigos novos. Quem tinha votado no Bolsonaro, quem não tinha, quem surpreendera votando ou não votando no Bolsonaro. Eu sabia de casos em que conversas que começavam civilizadas e amenas terminavam em trocas de pontapés e o fim de amizades eternas, quando não de famílias inteiras. Pedi socorro ao Eurico. Ele alegou que não sabia mais a política de ninguém, que já recebera vários choques descobrindo que quem ele sempre julgara um reacionário, não era. O Eurico só pediu à Gisele que cuidasse para não afrontar o bigodudo marido da Silvia ou da Célia, ex-petista que agora usava camiseta do Exército por trás da camisa do Olavo de Carvalho, porque o Eurico tem negócios com ele. Zeca, socorro!

– Amiga, o que você quer? Como é que eu posso ajudar? 

– Seja você mesma. Você é boa nisso. Conte piadas, dê risadas, anime a mesa. Tudo para que ninguém se lembre do Bolsonaro e estrague a minha espuma de bacalhau.

– Mas, amiga. Pensei que você soubesse.

– O quê?

– O Eurico e eu votamos no Bolsonaro.

– Querida, é Gisele.

– Fala, meu amor.

– Preciso da sua ajuda, Zeca.

– Diga.

– É sobre o meu jantar de hoje...

– Mmm. Já estou salivando. Há três noites que o Eurico sonha com sua espuma de bacalhau.

– Pois é...

– Epa. Não gostei do tom desse “pois é”. Qual é o problema?

– É que...

– Fala, mulher! Se o problema for com o bacalhau... 

– O problema não é com o bacalhau. É com o Eurico.

– O quê?! Vocês se separaram? Logo hoje, no dia de seu jantar? 

– Não, é que...

– O Eurico vai se matar!

– Não. A culpa foi minha. A ideia de reunir amigos antigos como você e o Eurico com a Sonia ou a Sandra, ou como quer que ela e o marido bigodudo e os outros se chamem, me pareceu uma ideia ótima. Até que me dei conta.

– Se deu conta de quê?

– Que eu não sabia a política de nenhum dos amigos novos. Quem tinha votado no Bolsonaro, quem não tinha, quem surpreendera votando ou não votando no Bolsonaro. Eu sabia de casos em que conversas que começavam civilizadas e amenas terminavam em trocas de pontapés e o fim de amizades eternas, quando não de famílias inteiras. Pedi socorro ao Eurico. Ele alegou que não sabia mais a política de ninguém, que já recebera vários choques descobrindo que quem ele sempre julgara um reacionário, não era. O Eurico só pediu à Gisele que cuidasse para não afrontar o bigodudo marido da Silvia ou da Célia, ex-petista que agora usava camiseta do Exército por trás da camisa do Olavo de Carvalho, porque o Eurico tem negócios com ele. Zeca, socorro!

– Amiga, o que você quer? Como é que eu posso ajudar? 

– Seja você mesma. Você é boa nisso. Conte piadas, dê risadas, anime a mesa. Tudo para que ninguém se lembre do Bolsonaro e estrague a minha espuma de bacalhau.

– Mas, amiga. Pensei que você soubesse.

– O quê?

– O Eurico e eu votamos no Bolsonaro.

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