Uma geléia geral a partir do cinema

Edward Yang


Por Luiz Carlos Merten

Estou aqui na redação do Estado. Há pouco, Lauro Lisboa Garcia me perguntei se um diretor de Taiwan chamado Edward Yang era importante. Claro que é - e como! Perguntei por que? Porque ele acaba de morrer, aos 59 anos, de câncer no cólon, num hospital de Beverly Hills. Durante sete anos, Yang manteve a doença privada, embora seus admiradores devessem ter-se flagrado - desde Yi-Yi, em 2000, ele não havia produzido mais nada. O filme ganhou o prêmio de direção em Cannes, em 2000, no ano em que Dançando no Escuro, de Lars Von Trier, ganhou a Palma de Ouro. Apesar do culto a Von Trier e ao seu musical com Bjork, que virou o filme-manifesto das novas tecnologias, leia-se o digital, ouso dizer que Yi-Yi era melhor. O filme se chamou no Brasil As Coisas Simples da Vida. O título era enganoso. De simples é que Yi-Yi não tinha nada, exceto, talvez, uma limpidez do olhar, que o diretor perseguia, talvez por ter consciência da complexidade do próprio material. Yang nasceu em Shangai, na China, mas desenvolveu sua carreira em Taiwan. É um dos grandes asiáticos menos conhecidos pelo público brasileiro. Tsai Ming-liang, também de Taiwan, é figurinha carimbada da Mostra, mas Yang? A Cunfucian Confusion e A Bright Summer Day são lindos. Vi na França, num cineclube, numa homenagem ao diretor. Talvez tenham passado na Mostra. Não me lembro. Y-Yi, sim, passou na Mostra e estreou depois. Yang usa dramas familiares para fazer o inventário da sociedade taiwanesa. Todo o relato se articula em torno do personagem interpretado por Wu Nianzhen, ele próprio roteirista e diretor de expressão em Taiwan. O cara precisa viajar para o Japão. Reencontra um amor de juventude. Só isso já bastaria para fazer o protagonista repensar sua vida, mas o drama da sogra, que está em coma no hospital e que se reflete nos demais personagens em cena - nele, na mulher, na filha, no namorado da garota e no filho mais jovem, Yang-Yang (Yi-Yi) - leva ao discurso final que encerra o complexo sentido das coisas simples da vida. Yang via o mundo pelos olhos do garoto. O pai e ele representavam diferentes idades do homem, quase como se fossem a mesma pessoa. Participei de um grupo com ele em Cannes. Yang recusava a etiqueta de autor oriental porque dizia que a internet havia suprimido as fronteiras. Lembro-me de que houve uma polêmica no grupo, porque nossa idéia era de que a regionalização virou uma forma de resistência no mundo globalizado. Hoje, até mais do que na época de Tolstoi, só sendo local é possível ser universal. É material para discussão, reconheço. Edward Yang era contra fronteiras. Dizia que tudo se resumia a filmes bons e ruins. Os dele era bons. Edward Yang vai-se e eu tenho impressão que, para muita gente, se trata de um desconhecido.

Estou aqui na redação do Estado. Há pouco, Lauro Lisboa Garcia me perguntei se um diretor de Taiwan chamado Edward Yang era importante. Claro que é - e como! Perguntei por que? Porque ele acaba de morrer, aos 59 anos, de câncer no cólon, num hospital de Beverly Hills. Durante sete anos, Yang manteve a doença privada, embora seus admiradores devessem ter-se flagrado - desde Yi-Yi, em 2000, ele não havia produzido mais nada. O filme ganhou o prêmio de direção em Cannes, em 2000, no ano em que Dançando no Escuro, de Lars Von Trier, ganhou a Palma de Ouro. Apesar do culto a Von Trier e ao seu musical com Bjork, que virou o filme-manifesto das novas tecnologias, leia-se o digital, ouso dizer que Yi-Yi era melhor. O filme se chamou no Brasil As Coisas Simples da Vida. O título era enganoso. De simples é que Yi-Yi não tinha nada, exceto, talvez, uma limpidez do olhar, que o diretor perseguia, talvez por ter consciência da complexidade do próprio material. Yang nasceu em Shangai, na China, mas desenvolveu sua carreira em Taiwan. É um dos grandes asiáticos menos conhecidos pelo público brasileiro. Tsai Ming-liang, também de Taiwan, é figurinha carimbada da Mostra, mas Yang? A Cunfucian Confusion e A Bright Summer Day são lindos. Vi na França, num cineclube, numa homenagem ao diretor. Talvez tenham passado na Mostra. Não me lembro. Y-Yi, sim, passou na Mostra e estreou depois. Yang usa dramas familiares para fazer o inventário da sociedade taiwanesa. Todo o relato se articula em torno do personagem interpretado por Wu Nianzhen, ele próprio roteirista e diretor de expressão em Taiwan. O cara precisa viajar para o Japão. Reencontra um amor de juventude. Só isso já bastaria para fazer o protagonista repensar sua vida, mas o drama da sogra, que está em coma no hospital e que se reflete nos demais personagens em cena - nele, na mulher, na filha, no namorado da garota e no filho mais jovem, Yang-Yang (Yi-Yi) - leva ao discurso final que encerra o complexo sentido das coisas simples da vida. Yang via o mundo pelos olhos do garoto. O pai e ele representavam diferentes idades do homem, quase como se fossem a mesma pessoa. Participei de um grupo com ele em Cannes. Yang recusava a etiqueta de autor oriental porque dizia que a internet havia suprimido as fronteiras. Lembro-me de que houve uma polêmica no grupo, porque nossa idéia era de que a regionalização virou uma forma de resistência no mundo globalizado. Hoje, até mais do que na época de Tolstoi, só sendo local é possível ser universal. É material para discussão, reconheço. Edward Yang era contra fronteiras. Dizia que tudo se resumia a filmes bons e ruins. Os dele era bons. Edward Yang vai-se e eu tenho impressão que, para muita gente, se trata de um desconhecido.

Estou aqui na redação do Estado. Há pouco, Lauro Lisboa Garcia me perguntei se um diretor de Taiwan chamado Edward Yang era importante. Claro que é - e como! Perguntei por que? Porque ele acaba de morrer, aos 59 anos, de câncer no cólon, num hospital de Beverly Hills. Durante sete anos, Yang manteve a doença privada, embora seus admiradores devessem ter-se flagrado - desde Yi-Yi, em 2000, ele não havia produzido mais nada. O filme ganhou o prêmio de direção em Cannes, em 2000, no ano em que Dançando no Escuro, de Lars Von Trier, ganhou a Palma de Ouro. Apesar do culto a Von Trier e ao seu musical com Bjork, que virou o filme-manifesto das novas tecnologias, leia-se o digital, ouso dizer que Yi-Yi era melhor. O filme se chamou no Brasil As Coisas Simples da Vida. O título era enganoso. De simples é que Yi-Yi não tinha nada, exceto, talvez, uma limpidez do olhar, que o diretor perseguia, talvez por ter consciência da complexidade do próprio material. Yang nasceu em Shangai, na China, mas desenvolveu sua carreira em Taiwan. É um dos grandes asiáticos menos conhecidos pelo público brasileiro. Tsai Ming-liang, também de Taiwan, é figurinha carimbada da Mostra, mas Yang? A Cunfucian Confusion e A Bright Summer Day são lindos. Vi na França, num cineclube, numa homenagem ao diretor. Talvez tenham passado na Mostra. Não me lembro. Y-Yi, sim, passou na Mostra e estreou depois. Yang usa dramas familiares para fazer o inventário da sociedade taiwanesa. Todo o relato se articula em torno do personagem interpretado por Wu Nianzhen, ele próprio roteirista e diretor de expressão em Taiwan. O cara precisa viajar para o Japão. Reencontra um amor de juventude. Só isso já bastaria para fazer o protagonista repensar sua vida, mas o drama da sogra, que está em coma no hospital e que se reflete nos demais personagens em cena - nele, na mulher, na filha, no namorado da garota e no filho mais jovem, Yang-Yang (Yi-Yi) - leva ao discurso final que encerra o complexo sentido das coisas simples da vida. Yang via o mundo pelos olhos do garoto. O pai e ele representavam diferentes idades do homem, quase como se fossem a mesma pessoa. Participei de um grupo com ele em Cannes. Yang recusava a etiqueta de autor oriental porque dizia que a internet havia suprimido as fronteiras. Lembro-me de que houve uma polêmica no grupo, porque nossa idéia era de que a regionalização virou uma forma de resistência no mundo globalizado. Hoje, até mais do que na época de Tolstoi, só sendo local é possível ser universal. É material para discussão, reconheço. Edward Yang era contra fronteiras. Dizia que tudo se resumia a filmes bons e ruins. Os dele era bons. Edward Yang vai-se e eu tenho impressão que, para muita gente, se trata de um desconhecido.

Estou aqui na redação do Estado. Há pouco, Lauro Lisboa Garcia me perguntei se um diretor de Taiwan chamado Edward Yang era importante. Claro que é - e como! Perguntei por que? Porque ele acaba de morrer, aos 59 anos, de câncer no cólon, num hospital de Beverly Hills. Durante sete anos, Yang manteve a doença privada, embora seus admiradores devessem ter-se flagrado - desde Yi-Yi, em 2000, ele não havia produzido mais nada. O filme ganhou o prêmio de direção em Cannes, em 2000, no ano em que Dançando no Escuro, de Lars Von Trier, ganhou a Palma de Ouro. Apesar do culto a Von Trier e ao seu musical com Bjork, que virou o filme-manifesto das novas tecnologias, leia-se o digital, ouso dizer que Yi-Yi era melhor. O filme se chamou no Brasil As Coisas Simples da Vida. O título era enganoso. De simples é que Yi-Yi não tinha nada, exceto, talvez, uma limpidez do olhar, que o diretor perseguia, talvez por ter consciência da complexidade do próprio material. Yang nasceu em Shangai, na China, mas desenvolveu sua carreira em Taiwan. É um dos grandes asiáticos menos conhecidos pelo público brasileiro. Tsai Ming-liang, também de Taiwan, é figurinha carimbada da Mostra, mas Yang? A Cunfucian Confusion e A Bright Summer Day são lindos. Vi na França, num cineclube, numa homenagem ao diretor. Talvez tenham passado na Mostra. Não me lembro. Y-Yi, sim, passou na Mostra e estreou depois. Yang usa dramas familiares para fazer o inventário da sociedade taiwanesa. Todo o relato se articula em torno do personagem interpretado por Wu Nianzhen, ele próprio roteirista e diretor de expressão em Taiwan. O cara precisa viajar para o Japão. Reencontra um amor de juventude. Só isso já bastaria para fazer o protagonista repensar sua vida, mas o drama da sogra, que está em coma no hospital e que se reflete nos demais personagens em cena - nele, na mulher, na filha, no namorado da garota e no filho mais jovem, Yang-Yang (Yi-Yi) - leva ao discurso final que encerra o complexo sentido das coisas simples da vida. Yang via o mundo pelos olhos do garoto. O pai e ele representavam diferentes idades do homem, quase como se fossem a mesma pessoa. Participei de um grupo com ele em Cannes. Yang recusava a etiqueta de autor oriental porque dizia que a internet havia suprimido as fronteiras. Lembro-me de que houve uma polêmica no grupo, porque nossa idéia era de que a regionalização virou uma forma de resistência no mundo globalizado. Hoje, até mais do que na época de Tolstoi, só sendo local é possível ser universal. É material para discussão, reconheço. Edward Yang era contra fronteiras. Dizia que tudo se resumia a filmes bons e ruins. Os dele era bons. Edward Yang vai-se e eu tenho impressão que, para muita gente, se trata de um desconhecido.

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