Uma geléia geral a partir do cinema

Na estrada, de novo, com Paolo Virzi


Por Luiz Carlos Merten

Quando entrevistei Paolo Virzi, pelo telefone, por Loucas de Alegria, ele me contou que estava nos EUA, fazendo outro road movie. Talvez tenha me dito o título, mas teria de procurar na matéria do Estado. De qualquer maneira, não fiz a ligação com Ella e John, que vi ontem à noite no Itaú Augusta, no ciclo em comemoração dos 25 anos do Espaço. A programação deve prosseguir até quarta, 24, mostrando, em pré-estreias abertas para o público, filmes 'oscarizáveis'. Como os ingressos estão sendo vendidos antecipadamente, na internet, A Forma da Água (no sábado) já está esgotado. Não duvido de que também esgotem Timeless (que teve só uma concorrida sessão na Mostra, e passa domingo), o Spielberg (The Post - A Guerra Secreta, na terça) e Três Anúncios para Um Crime (quarta). Gostei muito do Virzi, e cada vez me inclino mais a achar que ele talvez seja o grande (único?) autor italiano contemporâneo, até porque o outro Paolo, Sorrentino, de quem eu gostava tanto - as Consequências do Amor, O Amigo da Família e O Divo -, agora virou diretor de exportação, fazendo filmes para gringo ver. É verdade que perdi sua minissérie O Papa, mas o que tenho visto, Beleza Roubada e Juventude, não me convencem. Ella e John - o título original é The Leisure Seeker - acompanha um casal de velhos que cai na estrada. Ele tem a doença de Alzheimer, ela, um câncer que se espalhou pelo corpo. Fazem sua última viagem, para desespero do casal de filhos, que tentam descobrir onde se meteram os pais. O filme passa-se no quadro da campanha eleitoral de Donald Trump, e por toda parte ouvem-se a movimentação e os alto-falantes que anunciam a volta da grandeza da América. Eis um filme político sem ser, realmente. Essa morte anunciada (dos velhos) talvez esconda uma outra coisa, e os vários incidentes da narrativa vão contando uma outra história. John foi professor de literatura - o mais inspirador, segundo uma ex-aluna que o encontra on the road - e atravessa o filme recitando a poesia em prosa de Ernest Hemingway. Santiago, o estoico pescador de O Velho e o Mar, em seu embate com o peixe - a morte. Perguntei ao Orlando Margarido, com quem voltei a tomar um vinho, no fim da sessão, se Donald Sutherland e Helen Mirren foram indicados para o Globo de Ouro, e e ele não soube me informar. Me deu preguiça de procurar. Os dois formam uma bela dupla, como Brian Cox e Miranda Richardson são impecáveis em Churchill, e o mesmo não posso dizer de Gary Oldman e Kristin Scott-Thomas em O Destino de Uma Nação, mas parece que as associações não ligam mais para isso. E penso que são todos velhos, como a personagem de Magali Biff em Pela Janela, o belo filme de Caroline Leone. Velhos, mas lutadores, com garra. Havia menos público na pré-estreia de ontem, de Ella e John, meia sala, talvez. Por que os jovens deveriam querer ver filmes de idosos? Alguns dos maiores filmes são obras sobre a terceira idade - Morangos Silvestres, Morangos Silvestres, Morangos Silvestres; Umberto D. O filme de Paolo Virzi é mais que sobre um casal de velhos morrendo. Mas ele passa esse sentimento de desencanto por um mundo que vai se degradando. A América de Trump - Virzi foi profético -, e não apenas.

Quando entrevistei Paolo Virzi, pelo telefone, por Loucas de Alegria, ele me contou que estava nos EUA, fazendo outro road movie. Talvez tenha me dito o título, mas teria de procurar na matéria do Estado. De qualquer maneira, não fiz a ligação com Ella e John, que vi ontem à noite no Itaú Augusta, no ciclo em comemoração dos 25 anos do Espaço. A programação deve prosseguir até quarta, 24, mostrando, em pré-estreias abertas para o público, filmes 'oscarizáveis'. Como os ingressos estão sendo vendidos antecipadamente, na internet, A Forma da Água (no sábado) já está esgotado. Não duvido de que também esgotem Timeless (que teve só uma concorrida sessão na Mostra, e passa domingo), o Spielberg (The Post - A Guerra Secreta, na terça) e Três Anúncios para Um Crime (quarta). Gostei muito do Virzi, e cada vez me inclino mais a achar que ele talvez seja o grande (único?) autor italiano contemporâneo, até porque o outro Paolo, Sorrentino, de quem eu gostava tanto - as Consequências do Amor, O Amigo da Família e O Divo -, agora virou diretor de exportação, fazendo filmes para gringo ver. É verdade que perdi sua minissérie O Papa, mas o que tenho visto, Beleza Roubada e Juventude, não me convencem. Ella e John - o título original é The Leisure Seeker - acompanha um casal de velhos que cai na estrada. Ele tem a doença de Alzheimer, ela, um câncer que se espalhou pelo corpo. Fazem sua última viagem, para desespero do casal de filhos, que tentam descobrir onde se meteram os pais. O filme passa-se no quadro da campanha eleitoral de Donald Trump, e por toda parte ouvem-se a movimentação e os alto-falantes que anunciam a volta da grandeza da América. Eis um filme político sem ser, realmente. Essa morte anunciada (dos velhos) talvez esconda uma outra coisa, e os vários incidentes da narrativa vão contando uma outra história. John foi professor de literatura - o mais inspirador, segundo uma ex-aluna que o encontra on the road - e atravessa o filme recitando a poesia em prosa de Ernest Hemingway. Santiago, o estoico pescador de O Velho e o Mar, em seu embate com o peixe - a morte. Perguntei ao Orlando Margarido, com quem voltei a tomar um vinho, no fim da sessão, se Donald Sutherland e Helen Mirren foram indicados para o Globo de Ouro, e e ele não soube me informar. Me deu preguiça de procurar. Os dois formam uma bela dupla, como Brian Cox e Miranda Richardson são impecáveis em Churchill, e o mesmo não posso dizer de Gary Oldman e Kristin Scott-Thomas em O Destino de Uma Nação, mas parece que as associações não ligam mais para isso. E penso que são todos velhos, como a personagem de Magali Biff em Pela Janela, o belo filme de Caroline Leone. Velhos, mas lutadores, com garra. Havia menos público na pré-estreia de ontem, de Ella e John, meia sala, talvez. Por que os jovens deveriam querer ver filmes de idosos? Alguns dos maiores filmes são obras sobre a terceira idade - Morangos Silvestres, Morangos Silvestres, Morangos Silvestres; Umberto D. O filme de Paolo Virzi é mais que sobre um casal de velhos morrendo. Mas ele passa esse sentimento de desencanto por um mundo que vai se degradando. A América de Trump - Virzi foi profético -, e não apenas.

Quando entrevistei Paolo Virzi, pelo telefone, por Loucas de Alegria, ele me contou que estava nos EUA, fazendo outro road movie. Talvez tenha me dito o título, mas teria de procurar na matéria do Estado. De qualquer maneira, não fiz a ligação com Ella e John, que vi ontem à noite no Itaú Augusta, no ciclo em comemoração dos 25 anos do Espaço. A programação deve prosseguir até quarta, 24, mostrando, em pré-estreias abertas para o público, filmes 'oscarizáveis'. Como os ingressos estão sendo vendidos antecipadamente, na internet, A Forma da Água (no sábado) já está esgotado. Não duvido de que também esgotem Timeless (que teve só uma concorrida sessão na Mostra, e passa domingo), o Spielberg (The Post - A Guerra Secreta, na terça) e Três Anúncios para Um Crime (quarta). Gostei muito do Virzi, e cada vez me inclino mais a achar que ele talvez seja o grande (único?) autor italiano contemporâneo, até porque o outro Paolo, Sorrentino, de quem eu gostava tanto - as Consequências do Amor, O Amigo da Família e O Divo -, agora virou diretor de exportação, fazendo filmes para gringo ver. É verdade que perdi sua minissérie O Papa, mas o que tenho visto, Beleza Roubada e Juventude, não me convencem. Ella e John - o título original é The Leisure Seeker - acompanha um casal de velhos que cai na estrada. Ele tem a doença de Alzheimer, ela, um câncer que se espalhou pelo corpo. Fazem sua última viagem, para desespero do casal de filhos, que tentam descobrir onde se meteram os pais. O filme passa-se no quadro da campanha eleitoral de Donald Trump, e por toda parte ouvem-se a movimentação e os alto-falantes que anunciam a volta da grandeza da América. Eis um filme político sem ser, realmente. Essa morte anunciada (dos velhos) talvez esconda uma outra coisa, e os vários incidentes da narrativa vão contando uma outra história. John foi professor de literatura - o mais inspirador, segundo uma ex-aluna que o encontra on the road - e atravessa o filme recitando a poesia em prosa de Ernest Hemingway. Santiago, o estoico pescador de O Velho e o Mar, em seu embate com o peixe - a morte. Perguntei ao Orlando Margarido, com quem voltei a tomar um vinho, no fim da sessão, se Donald Sutherland e Helen Mirren foram indicados para o Globo de Ouro, e e ele não soube me informar. Me deu preguiça de procurar. Os dois formam uma bela dupla, como Brian Cox e Miranda Richardson são impecáveis em Churchill, e o mesmo não posso dizer de Gary Oldman e Kristin Scott-Thomas em O Destino de Uma Nação, mas parece que as associações não ligam mais para isso. E penso que são todos velhos, como a personagem de Magali Biff em Pela Janela, o belo filme de Caroline Leone. Velhos, mas lutadores, com garra. Havia menos público na pré-estreia de ontem, de Ella e John, meia sala, talvez. Por que os jovens deveriam querer ver filmes de idosos? Alguns dos maiores filmes são obras sobre a terceira idade - Morangos Silvestres, Morangos Silvestres, Morangos Silvestres; Umberto D. O filme de Paolo Virzi é mais que sobre um casal de velhos morrendo. Mas ele passa esse sentimento de desencanto por um mundo que vai se degradando. A América de Trump - Virzi foi profético -, e não apenas.

Quando entrevistei Paolo Virzi, pelo telefone, por Loucas de Alegria, ele me contou que estava nos EUA, fazendo outro road movie. Talvez tenha me dito o título, mas teria de procurar na matéria do Estado. De qualquer maneira, não fiz a ligação com Ella e John, que vi ontem à noite no Itaú Augusta, no ciclo em comemoração dos 25 anos do Espaço. A programação deve prosseguir até quarta, 24, mostrando, em pré-estreias abertas para o público, filmes 'oscarizáveis'. Como os ingressos estão sendo vendidos antecipadamente, na internet, A Forma da Água (no sábado) já está esgotado. Não duvido de que também esgotem Timeless (que teve só uma concorrida sessão na Mostra, e passa domingo), o Spielberg (The Post - A Guerra Secreta, na terça) e Três Anúncios para Um Crime (quarta). Gostei muito do Virzi, e cada vez me inclino mais a achar que ele talvez seja o grande (único?) autor italiano contemporâneo, até porque o outro Paolo, Sorrentino, de quem eu gostava tanto - as Consequências do Amor, O Amigo da Família e O Divo -, agora virou diretor de exportação, fazendo filmes para gringo ver. É verdade que perdi sua minissérie O Papa, mas o que tenho visto, Beleza Roubada e Juventude, não me convencem. Ella e John - o título original é The Leisure Seeker - acompanha um casal de velhos que cai na estrada. Ele tem a doença de Alzheimer, ela, um câncer que se espalhou pelo corpo. Fazem sua última viagem, para desespero do casal de filhos, que tentam descobrir onde se meteram os pais. O filme passa-se no quadro da campanha eleitoral de Donald Trump, e por toda parte ouvem-se a movimentação e os alto-falantes que anunciam a volta da grandeza da América. Eis um filme político sem ser, realmente. Essa morte anunciada (dos velhos) talvez esconda uma outra coisa, e os vários incidentes da narrativa vão contando uma outra história. John foi professor de literatura - o mais inspirador, segundo uma ex-aluna que o encontra on the road - e atravessa o filme recitando a poesia em prosa de Ernest Hemingway. Santiago, o estoico pescador de O Velho e o Mar, em seu embate com o peixe - a morte. Perguntei ao Orlando Margarido, com quem voltei a tomar um vinho, no fim da sessão, se Donald Sutherland e Helen Mirren foram indicados para o Globo de Ouro, e e ele não soube me informar. Me deu preguiça de procurar. Os dois formam uma bela dupla, como Brian Cox e Miranda Richardson são impecáveis em Churchill, e o mesmo não posso dizer de Gary Oldman e Kristin Scott-Thomas em O Destino de Uma Nação, mas parece que as associações não ligam mais para isso. E penso que são todos velhos, como a personagem de Magali Biff em Pela Janela, o belo filme de Caroline Leone. Velhos, mas lutadores, com garra. Havia menos público na pré-estreia de ontem, de Ella e John, meia sala, talvez. Por que os jovens deveriam querer ver filmes de idosos? Alguns dos maiores filmes são obras sobre a terceira idade - Morangos Silvestres, Morangos Silvestres, Morangos Silvestres; Umberto D. O filme de Paolo Virzi é mais que sobre um casal de velhos morrendo. Mas ele passa esse sentimento de desencanto por um mundo que vai se degradando. A América de Trump - Virzi foi profético -, e não apenas.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.