Uma geléia geral a partir do cinema

O fim de uma era, o fechamento da Cahiers (e do Cinearte)


Por Luiz Carlos Merten

Já estou de volta em São Paulo. Cheguei nesta manhã, mas gostaria de ter ficado no fim de semana, se não fosse tão caro remarcar a passagem. O motivo tem nome. O festival Toute la Mémoire du Monde, na Cinemateca Francesa. Isabelle Rossellini é a madrinha do evento que homenageia Philip Kaufman e Rob Legato, e neste sábado, 7, pela diferença de horário - a França está quatro horas à frente -, ela já apresentou a versão restaurada de Angst/La Paura/O Medo, que seu pai, Roberto Rossellini, realizou em 1954, para a interpretação de sua mãe, Ingrid Bergman. Amanhã tem mais e, no domingo, 8, Isabella apresenta Viaggio in Italia, lançado no Brasil como Romance na Itália, de 1953, que talvez seja a parceria mais famosa da dupla. Revi, há uns dois anos, a versão restaurada de Stromboli, que foi o primeiro filme que Ingrid e Roberto fizeram juntos. Ficou no imaginário coletivo dos italianos, e no meu. Nanni Moretti e Marco Tuilio Giordana o homenagearam em obras memoráveis, Gioordana em A A Mulher Juventude, que ainda está em cartaz nos cinemas. Passei por uma banca e vi há pouco a capa da Veja - Ele já está entre nós. 'Ele', o coronavirus. Não pude deixar de pensar em Invasores de Corpos, o clássico de Don Siegel, de 1955, que teve vários remakes. O 8.º Festival Internacional do Filme Restaurado, de Paris, revisa o original e suas diferentes versões - as de Kaufman, Abel Ferrara e Oliver Hirschbiegel. Ficou faltando a de John Carpenter - They Live/Eles Vivem, certamente porque o filme de 1989 não foi restaurado. Escrevo o post olhando para a Cahiers de março, a que já me referi em outro post, sobre os filmes mais esperados do ano (e com a Benedetta de Paul Verhoeven, Virginie Efira, na capa). Comprei várias revistas e livros de cinema em Lisboa, Berlim e Paris, que foram minhas três escalas nessa viagem. Pode ser a última Cahiers, já que a redação inteira demitiu-se no final de fevereiro, em protesto contra a venda da revista para um coletivo de proprietários de provedores de TV a cabo, de sítios de internet e produtores de filmes. A redação sentiu-se ameaçada, alegando conflito de interesses - como criticar com isenção as produções dos donos? -, e todo o mundo caiu fora. Uma decisão coletiva. Os novos proprietários poderão até organizar nova redação, mantendo o título, que agora é deles, mas não será a mesma coisa. É o fim de uma era, e por menos que me identificasse com os críticos da Cahiers não posso deixar de assinalar essa ideia, triste, do crepúsculo da publicação que foi o berço da nouvelle vague, no fim dos anos 1950. O que me leva a outra despedida. Ademar Oliveira teve de fechar o Cinearte. Depois que as duas salas do Conjunto Nacional perderam o patrocínio da Petrobrás, ele ainda tentou manter o espaço, mas o aluguel proibitivo, e o condomínio mais ainda, dada a extensão do conjunto todo (salas, lobby, bilheterias, etc), levaram a esse desenlace, que já vinha sendo anunciado. Recapitulando, o Belas Artes esteve ameaçado de fechar quando perdeu o patrocínio da Caixa. Seria uma tragédia para a cultura da cidade, mas o Belas Artes foi salvo pela incorporação de outra marca - Petra. Na guerra das cervejas, bem que alguma outra poderia ter vindo em socorro do Cinearte.

Já estou de volta em São Paulo. Cheguei nesta manhã, mas gostaria de ter ficado no fim de semana, se não fosse tão caro remarcar a passagem. O motivo tem nome. O festival Toute la Mémoire du Monde, na Cinemateca Francesa. Isabelle Rossellini é a madrinha do evento que homenageia Philip Kaufman e Rob Legato, e neste sábado, 7, pela diferença de horário - a França está quatro horas à frente -, ela já apresentou a versão restaurada de Angst/La Paura/O Medo, que seu pai, Roberto Rossellini, realizou em 1954, para a interpretação de sua mãe, Ingrid Bergman. Amanhã tem mais e, no domingo, 8, Isabella apresenta Viaggio in Italia, lançado no Brasil como Romance na Itália, de 1953, que talvez seja a parceria mais famosa da dupla. Revi, há uns dois anos, a versão restaurada de Stromboli, que foi o primeiro filme que Ingrid e Roberto fizeram juntos. Ficou no imaginário coletivo dos italianos, e no meu. Nanni Moretti e Marco Tuilio Giordana o homenagearam em obras memoráveis, Gioordana em A A Mulher Juventude, que ainda está em cartaz nos cinemas. Passei por uma banca e vi há pouco a capa da Veja - Ele já está entre nós. 'Ele', o coronavirus. Não pude deixar de pensar em Invasores de Corpos, o clássico de Don Siegel, de 1955, que teve vários remakes. O 8.º Festival Internacional do Filme Restaurado, de Paris, revisa o original e suas diferentes versões - as de Kaufman, Abel Ferrara e Oliver Hirschbiegel. Ficou faltando a de John Carpenter - They Live/Eles Vivem, certamente porque o filme de 1989 não foi restaurado. Escrevo o post olhando para a Cahiers de março, a que já me referi em outro post, sobre os filmes mais esperados do ano (e com a Benedetta de Paul Verhoeven, Virginie Efira, na capa). Comprei várias revistas e livros de cinema em Lisboa, Berlim e Paris, que foram minhas três escalas nessa viagem. Pode ser a última Cahiers, já que a redação inteira demitiu-se no final de fevereiro, em protesto contra a venda da revista para um coletivo de proprietários de provedores de TV a cabo, de sítios de internet e produtores de filmes. A redação sentiu-se ameaçada, alegando conflito de interesses - como criticar com isenção as produções dos donos? -, e todo o mundo caiu fora. Uma decisão coletiva. Os novos proprietários poderão até organizar nova redação, mantendo o título, que agora é deles, mas não será a mesma coisa. É o fim de uma era, e por menos que me identificasse com os críticos da Cahiers não posso deixar de assinalar essa ideia, triste, do crepúsculo da publicação que foi o berço da nouvelle vague, no fim dos anos 1950. O que me leva a outra despedida. Ademar Oliveira teve de fechar o Cinearte. Depois que as duas salas do Conjunto Nacional perderam o patrocínio da Petrobrás, ele ainda tentou manter o espaço, mas o aluguel proibitivo, e o condomínio mais ainda, dada a extensão do conjunto todo (salas, lobby, bilheterias, etc), levaram a esse desenlace, que já vinha sendo anunciado. Recapitulando, o Belas Artes esteve ameaçado de fechar quando perdeu o patrocínio da Caixa. Seria uma tragédia para a cultura da cidade, mas o Belas Artes foi salvo pela incorporação de outra marca - Petra. Na guerra das cervejas, bem que alguma outra poderia ter vindo em socorro do Cinearte.

Já estou de volta em São Paulo. Cheguei nesta manhã, mas gostaria de ter ficado no fim de semana, se não fosse tão caro remarcar a passagem. O motivo tem nome. O festival Toute la Mémoire du Monde, na Cinemateca Francesa. Isabelle Rossellini é a madrinha do evento que homenageia Philip Kaufman e Rob Legato, e neste sábado, 7, pela diferença de horário - a França está quatro horas à frente -, ela já apresentou a versão restaurada de Angst/La Paura/O Medo, que seu pai, Roberto Rossellini, realizou em 1954, para a interpretação de sua mãe, Ingrid Bergman. Amanhã tem mais e, no domingo, 8, Isabella apresenta Viaggio in Italia, lançado no Brasil como Romance na Itália, de 1953, que talvez seja a parceria mais famosa da dupla. Revi, há uns dois anos, a versão restaurada de Stromboli, que foi o primeiro filme que Ingrid e Roberto fizeram juntos. Ficou no imaginário coletivo dos italianos, e no meu. Nanni Moretti e Marco Tuilio Giordana o homenagearam em obras memoráveis, Gioordana em A A Mulher Juventude, que ainda está em cartaz nos cinemas. Passei por uma banca e vi há pouco a capa da Veja - Ele já está entre nós. 'Ele', o coronavirus. Não pude deixar de pensar em Invasores de Corpos, o clássico de Don Siegel, de 1955, que teve vários remakes. O 8.º Festival Internacional do Filme Restaurado, de Paris, revisa o original e suas diferentes versões - as de Kaufman, Abel Ferrara e Oliver Hirschbiegel. Ficou faltando a de John Carpenter - They Live/Eles Vivem, certamente porque o filme de 1989 não foi restaurado. Escrevo o post olhando para a Cahiers de março, a que já me referi em outro post, sobre os filmes mais esperados do ano (e com a Benedetta de Paul Verhoeven, Virginie Efira, na capa). Comprei várias revistas e livros de cinema em Lisboa, Berlim e Paris, que foram minhas três escalas nessa viagem. Pode ser a última Cahiers, já que a redação inteira demitiu-se no final de fevereiro, em protesto contra a venda da revista para um coletivo de proprietários de provedores de TV a cabo, de sítios de internet e produtores de filmes. A redação sentiu-se ameaçada, alegando conflito de interesses - como criticar com isenção as produções dos donos? -, e todo o mundo caiu fora. Uma decisão coletiva. Os novos proprietários poderão até organizar nova redação, mantendo o título, que agora é deles, mas não será a mesma coisa. É o fim de uma era, e por menos que me identificasse com os críticos da Cahiers não posso deixar de assinalar essa ideia, triste, do crepúsculo da publicação que foi o berço da nouvelle vague, no fim dos anos 1950. O que me leva a outra despedida. Ademar Oliveira teve de fechar o Cinearte. Depois que as duas salas do Conjunto Nacional perderam o patrocínio da Petrobrás, ele ainda tentou manter o espaço, mas o aluguel proibitivo, e o condomínio mais ainda, dada a extensão do conjunto todo (salas, lobby, bilheterias, etc), levaram a esse desenlace, que já vinha sendo anunciado. Recapitulando, o Belas Artes esteve ameaçado de fechar quando perdeu o patrocínio da Caixa. Seria uma tragédia para a cultura da cidade, mas o Belas Artes foi salvo pela incorporação de outra marca - Petra. Na guerra das cervejas, bem que alguma outra poderia ter vindo em socorro do Cinearte.

Já estou de volta em São Paulo. Cheguei nesta manhã, mas gostaria de ter ficado no fim de semana, se não fosse tão caro remarcar a passagem. O motivo tem nome. O festival Toute la Mémoire du Monde, na Cinemateca Francesa. Isabelle Rossellini é a madrinha do evento que homenageia Philip Kaufman e Rob Legato, e neste sábado, 7, pela diferença de horário - a França está quatro horas à frente -, ela já apresentou a versão restaurada de Angst/La Paura/O Medo, que seu pai, Roberto Rossellini, realizou em 1954, para a interpretação de sua mãe, Ingrid Bergman. Amanhã tem mais e, no domingo, 8, Isabella apresenta Viaggio in Italia, lançado no Brasil como Romance na Itália, de 1953, que talvez seja a parceria mais famosa da dupla. Revi, há uns dois anos, a versão restaurada de Stromboli, que foi o primeiro filme que Ingrid e Roberto fizeram juntos. Ficou no imaginário coletivo dos italianos, e no meu. Nanni Moretti e Marco Tuilio Giordana o homenagearam em obras memoráveis, Gioordana em A A Mulher Juventude, que ainda está em cartaz nos cinemas. Passei por uma banca e vi há pouco a capa da Veja - Ele já está entre nós. 'Ele', o coronavirus. Não pude deixar de pensar em Invasores de Corpos, o clássico de Don Siegel, de 1955, que teve vários remakes. O 8.º Festival Internacional do Filme Restaurado, de Paris, revisa o original e suas diferentes versões - as de Kaufman, Abel Ferrara e Oliver Hirschbiegel. Ficou faltando a de John Carpenter - They Live/Eles Vivem, certamente porque o filme de 1989 não foi restaurado. Escrevo o post olhando para a Cahiers de março, a que já me referi em outro post, sobre os filmes mais esperados do ano (e com a Benedetta de Paul Verhoeven, Virginie Efira, na capa). Comprei várias revistas e livros de cinema em Lisboa, Berlim e Paris, que foram minhas três escalas nessa viagem. Pode ser a última Cahiers, já que a redação inteira demitiu-se no final de fevereiro, em protesto contra a venda da revista para um coletivo de proprietários de provedores de TV a cabo, de sítios de internet e produtores de filmes. A redação sentiu-se ameaçada, alegando conflito de interesses - como criticar com isenção as produções dos donos? -, e todo o mundo caiu fora. Uma decisão coletiva. Os novos proprietários poderão até organizar nova redação, mantendo o título, que agora é deles, mas não será a mesma coisa. É o fim de uma era, e por menos que me identificasse com os críticos da Cahiers não posso deixar de assinalar essa ideia, triste, do crepúsculo da publicação que foi o berço da nouvelle vague, no fim dos anos 1950. O que me leva a outra despedida. Ademar Oliveira teve de fechar o Cinearte. Depois que as duas salas do Conjunto Nacional perderam o patrocínio da Petrobrás, ele ainda tentou manter o espaço, mas o aluguel proibitivo, e o condomínio mais ainda, dada a extensão do conjunto todo (salas, lobby, bilheterias, etc), levaram a esse desenlace, que já vinha sendo anunciado. Recapitulando, o Belas Artes esteve ameaçado de fechar quando perdeu o patrocínio da Caixa. Seria uma tragédia para a cultura da cidade, mas o Belas Artes foi salvo pela incorporação de outra marca - Petra. Na guerra das cervejas, bem que alguma outra poderia ter vindo em socorro do Cinearte.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.