Cinema, cultura & afins

Opinião|A Alegria


Duas crises se superpõem em A Alegria, de Marina Meliande e Felipe Bragança. A crise da adolescência de Luisa (Tainá Medina) e a crise da cidade do Rio de Janeiro, presa da violência. Luisa sente que a cidade lhe foi tomada quando um primo, João, mecânico de profissão, some após uma matança na Baixada Fluminense. O lado "realista" é esse.

Por Luiz Zanin Oricchio

Enquanto isso, Luisa tem de se haver com algo tão urgente quanto despertar da sua sexualidade, que, no entanto, não se dá sem conflitos. Os pais são separados e a mãe (Mariana Lima) a deixa sozinha em casa para fazer companhia à sua irmã (Maria Gladys), mãe de João e preocupada com o desaparecimento do filho. O pai (Márcio Vito) aparece esporadicamente e é figura interessante, protetora, porém liberal.

Deve-se dizer que essa linha de roteiro se realiza em ambiente cinematográfico oscilante entre o realismo e algo que se poderia chamar de fantasia. A própria Luisa coloca a questão em um plano mítico. O da cidade tomada, que deve ser reconquistada. Entende-se. Essa, talvez, seja a sensação mais bem distribuída entre os moradores das metrópoles brasileiras, e não apenas o Rio de Janeiro: a de que a cidade foi sitiada por algo estranho e seria tarefa dos seus moradores reconquistá-la. Luta que se trava mais no plano da imaginação que no das coisas reais.

Enquanto celebra a alegria (essa perene "prova dos noves", como a definia Oswald de Andrade) como arma de combate, o filme de Bragança & Meliande faz também a apologia do poder jovem contra um mundo cansado. À resignação, brande as armas da revolta e do inconformismo, mesmo que, como é de costume hoje em dia, não saiba bem contra quem elas apontam. Não se trata de falta de lucidez. É assim mesmo neste presente pegajoso, quando se torna difícil distinguir entre inimigos e aliados, indefinição que propõe um desafio a mais para quem se encontra às portas do mundo adulto.

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Tainá Medina, com seu rosto meigo, expressa essas contradições. Meiga, rostinho de criança e brincos infantis de estrelinhas, transforma-se em guerreira adulta para reconquistar aquilo que entende ser seu - a cidade, a amizade, o amor, o direito à vida.

Esse ato de afirmação teen bate na tela com uma bela mistura de gêneros, embalada pela Nona Sinfonia de Beethoven, o famoso 4.º movimento, em que o compositor musicou a ode de Schiller. Contra o destino cruel, as forças da alegria, únicas capazes de manter vivo o ser humano em sua frágil contingência.

Enquanto isso, Luisa tem de se haver com algo tão urgente quanto despertar da sua sexualidade, que, no entanto, não se dá sem conflitos. Os pais são separados e a mãe (Mariana Lima) a deixa sozinha em casa para fazer companhia à sua irmã (Maria Gladys), mãe de João e preocupada com o desaparecimento do filho. O pai (Márcio Vito) aparece esporadicamente e é figura interessante, protetora, porém liberal.

Deve-se dizer que essa linha de roteiro se realiza em ambiente cinematográfico oscilante entre o realismo e algo que se poderia chamar de fantasia. A própria Luisa coloca a questão em um plano mítico. O da cidade tomada, que deve ser reconquistada. Entende-se. Essa, talvez, seja a sensação mais bem distribuída entre os moradores das metrópoles brasileiras, e não apenas o Rio de Janeiro: a de que a cidade foi sitiada por algo estranho e seria tarefa dos seus moradores reconquistá-la. Luta que se trava mais no plano da imaginação que no das coisas reais.

Enquanto celebra a alegria (essa perene "prova dos noves", como a definia Oswald de Andrade) como arma de combate, o filme de Bragança & Meliande faz também a apologia do poder jovem contra um mundo cansado. À resignação, brande as armas da revolta e do inconformismo, mesmo que, como é de costume hoje em dia, não saiba bem contra quem elas apontam. Não se trata de falta de lucidez. É assim mesmo neste presente pegajoso, quando se torna difícil distinguir entre inimigos e aliados, indefinição que propõe um desafio a mais para quem se encontra às portas do mundo adulto.

Tainá Medina, com seu rosto meigo, expressa essas contradições. Meiga, rostinho de criança e brincos infantis de estrelinhas, transforma-se em guerreira adulta para reconquistar aquilo que entende ser seu - a cidade, a amizade, o amor, o direito à vida.

Esse ato de afirmação teen bate na tela com uma bela mistura de gêneros, embalada pela Nona Sinfonia de Beethoven, o famoso 4.º movimento, em que o compositor musicou a ode de Schiller. Contra o destino cruel, as forças da alegria, únicas capazes de manter vivo o ser humano em sua frágil contingência.

Enquanto isso, Luisa tem de se haver com algo tão urgente quanto despertar da sua sexualidade, que, no entanto, não se dá sem conflitos. Os pais são separados e a mãe (Mariana Lima) a deixa sozinha em casa para fazer companhia à sua irmã (Maria Gladys), mãe de João e preocupada com o desaparecimento do filho. O pai (Márcio Vito) aparece esporadicamente e é figura interessante, protetora, porém liberal.

Deve-se dizer que essa linha de roteiro se realiza em ambiente cinematográfico oscilante entre o realismo e algo que se poderia chamar de fantasia. A própria Luisa coloca a questão em um plano mítico. O da cidade tomada, que deve ser reconquistada. Entende-se. Essa, talvez, seja a sensação mais bem distribuída entre os moradores das metrópoles brasileiras, e não apenas o Rio de Janeiro: a de que a cidade foi sitiada por algo estranho e seria tarefa dos seus moradores reconquistá-la. Luta que se trava mais no plano da imaginação que no das coisas reais.

Enquanto celebra a alegria (essa perene "prova dos noves", como a definia Oswald de Andrade) como arma de combate, o filme de Bragança & Meliande faz também a apologia do poder jovem contra um mundo cansado. À resignação, brande as armas da revolta e do inconformismo, mesmo que, como é de costume hoje em dia, não saiba bem contra quem elas apontam. Não se trata de falta de lucidez. É assim mesmo neste presente pegajoso, quando se torna difícil distinguir entre inimigos e aliados, indefinição que propõe um desafio a mais para quem se encontra às portas do mundo adulto.

Tainá Medina, com seu rosto meigo, expressa essas contradições. Meiga, rostinho de criança e brincos infantis de estrelinhas, transforma-se em guerreira adulta para reconquistar aquilo que entende ser seu - a cidade, a amizade, o amor, o direito à vida.

Esse ato de afirmação teen bate na tela com uma bela mistura de gêneros, embalada pela Nona Sinfonia de Beethoven, o famoso 4.º movimento, em que o compositor musicou a ode de Schiller. Contra o destino cruel, as forças da alegria, únicas capazes de manter vivo o ser humano em sua frágil contingência.

Enquanto isso, Luisa tem de se haver com algo tão urgente quanto despertar da sua sexualidade, que, no entanto, não se dá sem conflitos. Os pais são separados e a mãe (Mariana Lima) a deixa sozinha em casa para fazer companhia à sua irmã (Maria Gladys), mãe de João e preocupada com o desaparecimento do filho. O pai (Márcio Vito) aparece esporadicamente e é figura interessante, protetora, porém liberal.

Deve-se dizer que essa linha de roteiro se realiza em ambiente cinematográfico oscilante entre o realismo e algo que se poderia chamar de fantasia. A própria Luisa coloca a questão em um plano mítico. O da cidade tomada, que deve ser reconquistada. Entende-se. Essa, talvez, seja a sensação mais bem distribuída entre os moradores das metrópoles brasileiras, e não apenas o Rio de Janeiro: a de que a cidade foi sitiada por algo estranho e seria tarefa dos seus moradores reconquistá-la. Luta que se trava mais no plano da imaginação que no das coisas reais.

Enquanto celebra a alegria (essa perene "prova dos noves", como a definia Oswald de Andrade) como arma de combate, o filme de Bragança & Meliande faz também a apologia do poder jovem contra um mundo cansado. À resignação, brande as armas da revolta e do inconformismo, mesmo que, como é de costume hoje em dia, não saiba bem contra quem elas apontam. Não se trata de falta de lucidez. É assim mesmo neste presente pegajoso, quando se torna difícil distinguir entre inimigos e aliados, indefinição que propõe um desafio a mais para quem se encontra às portas do mundo adulto.

Tainá Medina, com seu rosto meigo, expressa essas contradições. Meiga, rostinho de criança e brincos infantis de estrelinhas, transforma-se em guerreira adulta para reconquistar aquilo que entende ser seu - a cidade, a amizade, o amor, o direito à vida.

Esse ato de afirmação teen bate na tela com uma bela mistura de gêneros, embalada pela Nona Sinfonia de Beethoven, o famoso 4.º movimento, em que o compositor musicou a ode de Schiller. Contra o destino cruel, as forças da alegria, únicas capazes de manter vivo o ser humano em sua frágil contingência.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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