Hoje de manhã, depois do café, saí para a rua, onde me encontrei com Erika Rodrigues, do Canal Brasil, e sua filhinha, Julia. Erika, uma querida amiga, me disse que estava lá para gravar uma entrevista com Alice, na casa do seu avô. Pedi para pegar carona na entrevista e aproveitei para conhecer a casa. Entramos. É uma daqueles magníficas residências antigas de Ouro Preto, restaurada em 1940 por ninguém menos que Lúcio Costa, o urbanista de Brasília.
Visitamos os cômodos, dispostos em três andares, com vista estupenda para a cidade. E vimos, com deslumbramento, o mural Marília de Dirceu, pintado por Guignard numa janela cega da residência.
Saí com a sensação de haver ganho meu dia. Justamente nesse dia em que a Folha de S. Paulo divulga pesquisa em que 50% dos brasileiros se dizem envergonhados de seu país. E, de fato, é vergonhoso o estado a que foi levada a Nação após o golpe parlamentar de 2016.
No entanto, aqui em Ouro Preto, vejo outro país, este certamente do qual devemos nos orgulhar. Não apenas pela beleza do seu patrimônio histórico, mas porque evoca figuras como Rodrigo M.F. De Andrade, que acreditavam no Brasil, o amavam e tinham um projeto para o seu futuro. Tudo isso hoje nos parece perdido. Mas essa gentalha um dia passa, e o país continua. Talvez mais pobre e mais sofrido. Mas continua.