Enfim, este nariz de cera serve para dizer que, se adolescentes muitas vezes incomodam, o cinema não tem porque tratá-los de maneira chata ou burra, ou as duas coisas ao mesmo tempo. É preciso respeitar o adolescente e o cinema brasileiro está aprendendo a fazer isso. Há alguns exemplos atuais.
Os Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho (veja crítica no post abaixo), já está em cartaz e trata adolescência de maneira poética e inspirada. Mais dois filmes com esse tema chegam logo às salas: Antes que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo, e As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky.
Gosto muito da delicadeza do filme de Ana Luiza, com seu protagonista à procura de um pai que praticamente conhece apenas de imagens fotográficas. E vi As Melhores Coisas do Mundo ontem no Cine Sesc, na abertura para convidados do festival, e fiquei entusiasmado. Que belo e terno filme! Como seus personagens nos fazem lembrar nossa própria adolescência, com seus sonhos, insegurança e (por paradoxo) sensação de onipotência. Emotivo, sem qualquer pieguice. Há também nele uma figura de pai complicada, e outras várias nuances sobre a travessia problemática dessa fase.
O filme de Esmir continua em cartaz. Vá vê-lo, antes que saia. Os outros dois estão chegando. Por ora, vale dizer que esses filmes tiram a adolescência daquele limbo fútil em que o cinema comercial o meteu. E lhe dão um tratamento sensível, inteligente e respeitoso que ela merecia. Já era tempo.