Cinema, cultura & afins

Opinião|Cisne Negro


Universo da dança e, dentro dele, uma questão complexa: para o ser humano ser completo, tanto na vida como na arte, precisa integrar sua parte obscura ao seu lado mais benigno. Eis aí o que está em jogo em Cisne Negro, filme que tem impressionado alguns críticos e provocado desdém em outros.

Por Luiz Zanin Oricchio

Foi assim ano passado em Veneza, onde concorreu sem nada ganhar. Nem mesmo aquela que parece seu grande trunfo, a atriz da hora Natalie Portman, obteve o prêmio de interpretação feminina. Enfim, o filme de Darren Aronofsky, que havia vencido o festival italiano no ano anterior com O Lutador (papel de Mickey Rourke), saiu de mãos abanando e foi relativamente ignorado pela crítica. Esse é apenas um sintoma, que deve ser relativizado. Grandes filmes às vezes passam despercebidos e mostram sua força depois.

Premiações à parte, há o filme. O que se pode dizer dele? Um grande tema, sem dúvida, desenvolvido através de uma história não propriamente original. Nina (Natalie) é ótima bailarina, porém desprovida de alma. Disputa o papel protagônico em O Lago dos Cisnes sob a batuta de um coreógrafo tirânico vivido por Vincent Cassel. Nina é virgem, vive sob o tacão da mãe castradora (Barbara Hershey). Thomas (Cassel) acha que o papel é de Nina, mas não está plenamente convencido. Entende que ela interpreta muito bem o cisne branco (puro). Mas e o cisne negro (a pulsão, o sexo, o incontrolável)? Disso, ele não tem segurança. Nem nós.

Natalie parece purinha demais para um papel ambivalente. Ou seja, há necessidade de que uma contradição se apresente para que a história possa seguir. E ela aparece sob a forma de Mila Kunis, beleza provocante, hormonal, sexuada e em tudo contrária a Natalie. As duas moças disputam o papel e outras coisinhas mais, como verá o espectador. O expediente é fácil - uma dinâmica de contrários que movimenta um filme com problemas de deslanchar.

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Aronofsky, que havia feito um belo trabalho com O Lutador, tenta aqui impor uma linguagem cinematográfica que demonstre essa luta de contradições. O verbo "demonstrar" não está aí por acaso. É perceptível a preocupação do cineasta em passar visualmente a sua "mensagem" e, com tanta insistência, que acaba por prejudicar aquilo que tem a dizer. Diga-se de passagem, Aronofsky não é cineasta conhecido por sua sutileza. Basta lembrar de A Fonte ou mesmo de O Lutador, que tem muitas qualidades, mas não a do trabalho em entrelinhas ou com subentendidos. Com Aronofsky é tudo na lata, por assim dizer.

Para não deixar dúvidas, monta o visual com contrastes entre preto e branco, insiste no tom expressionista para demonstrar a confusão psicológica de Nina, e por aí vai. A grandiloquência do todo é compensada pela falta de tônus de algumas partes. Perde no conjunto. Mas tem Mila Kunis.

Foi assim ano passado em Veneza, onde concorreu sem nada ganhar. Nem mesmo aquela que parece seu grande trunfo, a atriz da hora Natalie Portman, obteve o prêmio de interpretação feminina. Enfim, o filme de Darren Aronofsky, que havia vencido o festival italiano no ano anterior com O Lutador (papel de Mickey Rourke), saiu de mãos abanando e foi relativamente ignorado pela crítica. Esse é apenas um sintoma, que deve ser relativizado. Grandes filmes às vezes passam despercebidos e mostram sua força depois.

Premiações à parte, há o filme. O que se pode dizer dele? Um grande tema, sem dúvida, desenvolvido através de uma história não propriamente original. Nina (Natalie) é ótima bailarina, porém desprovida de alma. Disputa o papel protagônico em O Lago dos Cisnes sob a batuta de um coreógrafo tirânico vivido por Vincent Cassel. Nina é virgem, vive sob o tacão da mãe castradora (Barbara Hershey). Thomas (Cassel) acha que o papel é de Nina, mas não está plenamente convencido. Entende que ela interpreta muito bem o cisne branco (puro). Mas e o cisne negro (a pulsão, o sexo, o incontrolável)? Disso, ele não tem segurança. Nem nós.

Natalie parece purinha demais para um papel ambivalente. Ou seja, há necessidade de que uma contradição se apresente para que a história possa seguir. E ela aparece sob a forma de Mila Kunis, beleza provocante, hormonal, sexuada e em tudo contrária a Natalie. As duas moças disputam o papel e outras coisinhas mais, como verá o espectador. O expediente é fácil - uma dinâmica de contrários que movimenta um filme com problemas de deslanchar.

Aronofsky, que havia feito um belo trabalho com O Lutador, tenta aqui impor uma linguagem cinematográfica que demonstre essa luta de contradições. O verbo "demonstrar" não está aí por acaso. É perceptível a preocupação do cineasta em passar visualmente a sua "mensagem" e, com tanta insistência, que acaba por prejudicar aquilo que tem a dizer. Diga-se de passagem, Aronofsky não é cineasta conhecido por sua sutileza. Basta lembrar de A Fonte ou mesmo de O Lutador, que tem muitas qualidades, mas não a do trabalho em entrelinhas ou com subentendidos. Com Aronofsky é tudo na lata, por assim dizer.

Para não deixar dúvidas, monta o visual com contrastes entre preto e branco, insiste no tom expressionista para demonstrar a confusão psicológica de Nina, e por aí vai. A grandiloquência do todo é compensada pela falta de tônus de algumas partes. Perde no conjunto. Mas tem Mila Kunis.

Foi assim ano passado em Veneza, onde concorreu sem nada ganhar. Nem mesmo aquela que parece seu grande trunfo, a atriz da hora Natalie Portman, obteve o prêmio de interpretação feminina. Enfim, o filme de Darren Aronofsky, que havia vencido o festival italiano no ano anterior com O Lutador (papel de Mickey Rourke), saiu de mãos abanando e foi relativamente ignorado pela crítica. Esse é apenas um sintoma, que deve ser relativizado. Grandes filmes às vezes passam despercebidos e mostram sua força depois.

Premiações à parte, há o filme. O que se pode dizer dele? Um grande tema, sem dúvida, desenvolvido através de uma história não propriamente original. Nina (Natalie) é ótima bailarina, porém desprovida de alma. Disputa o papel protagônico em O Lago dos Cisnes sob a batuta de um coreógrafo tirânico vivido por Vincent Cassel. Nina é virgem, vive sob o tacão da mãe castradora (Barbara Hershey). Thomas (Cassel) acha que o papel é de Nina, mas não está plenamente convencido. Entende que ela interpreta muito bem o cisne branco (puro). Mas e o cisne negro (a pulsão, o sexo, o incontrolável)? Disso, ele não tem segurança. Nem nós.

Natalie parece purinha demais para um papel ambivalente. Ou seja, há necessidade de que uma contradição se apresente para que a história possa seguir. E ela aparece sob a forma de Mila Kunis, beleza provocante, hormonal, sexuada e em tudo contrária a Natalie. As duas moças disputam o papel e outras coisinhas mais, como verá o espectador. O expediente é fácil - uma dinâmica de contrários que movimenta um filme com problemas de deslanchar.

Aronofsky, que havia feito um belo trabalho com O Lutador, tenta aqui impor uma linguagem cinematográfica que demonstre essa luta de contradições. O verbo "demonstrar" não está aí por acaso. É perceptível a preocupação do cineasta em passar visualmente a sua "mensagem" e, com tanta insistência, que acaba por prejudicar aquilo que tem a dizer. Diga-se de passagem, Aronofsky não é cineasta conhecido por sua sutileza. Basta lembrar de A Fonte ou mesmo de O Lutador, que tem muitas qualidades, mas não a do trabalho em entrelinhas ou com subentendidos. Com Aronofsky é tudo na lata, por assim dizer.

Para não deixar dúvidas, monta o visual com contrastes entre preto e branco, insiste no tom expressionista para demonstrar a confusão psicológica de Nina, e por aí vai. A grandiloquência do todo é compensada pela falta de tônus de algumas partes. Perde no conjunto. Mas tem Mila Kunis.

Foi assim ano passado em Veneza, onde concorreu sem nada ganhar. Nem mesmo aquela que parece seu grande trunfo, a atriz da hora Natalie Portman, obteve o prêmio de interpretação feminina. Enfim, o filme de Darren Aronofsky, que havia vencido o festival italiano no ano anterior com O Lutador (papel de Mickey Rourke), saiu de mãos abanando e foi relativamente ignorado pela crítica. Esse é apenas um sintoma, que deve ser relativizado. Grandes filmes às vezes passam despercebidos e mostram sua força depois.

Premiações à parte, há o filme. O que se pode dizer dele? Um grande tema, sem dúvida, desenvolvido através de uma história não propriamente original. Nina (Natalie) é ótima bailarina, porém desprovida de alma. Disputa o papel protagônico em O Lago dos Cisnes sob a batuta de um coreógrafo tirânico vivido por Vincent Cassel. Nina é virgem, vive sob o tacão da mãe castradora (Barbara Hershey). Thomas (Cassel) acha que o papel é de Nina, mas não está plenamente convencido. Entende que ela interpreta muito bem o cisne branco (puro). Mas e o cisne negro (a pulsão, o sexo, o incontrolável)? Disso, ele não tem segurança. Nem nós.

Natalie parece purinha demais para um papel ambivalente. Ou seja, há necessidade de que uma contradição se apresente para que a história possa seguir. E ela aparece sob a forma de Mila Kunis, beleza provocante, hormonal, sexuada e em tudo contrária a Natalie. As duas moças disputam o papel e outras coisinhas mais, como verá o espectador. O expediente é fácil - uma dinâmica de contrários que movimenta um filme com problemas de deslanchar.

Aronofsky, que havia feito um belo trabalho com O Lutador, tenta aqui impor uma linguagem cinematográfica que demonstre essa luta de contradições. O verbo "demonstrar" não está aí por acaso. É perceptível a preocupação do cineasta em passar visualmente a sua "mensagem" e, com tanta insistência, que acaba por prejudicar aquilo que tem a dizer. Diga-se de passagem, Aronofsky não é cineasta conhecido por sua sutileza. Basta lembrar de A Fonte ou mesmo de O Lutador, que tem muitas qualidades, mas não a do trabalho em entrelinhas ou com subentendidos. Com Aronofsky é tudo na lata, por assim dizer.

Para não deixar dúvidas, monta o visual com contrastes entre preto e branco, insiste no tom expressionista para demonstrar a confusão psicológica de Nina, e por aí vai. A grandiloquência do todo é compensada pela falta de tônus de algumas partes. Perde no conjunto. Mas tem Mila Kunis.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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