Essa serenidade vem do filme, e da maneira como Paula trata seus personagens. Lalo e Bruno são dois amigos adolescentes e inseparáveis. Vivem no interior da Argentina. A vida dos dois é posta de cabeça para baixo com a chegada da intempestiva Lisa, menina de temperamento forte e que logo se envolve com os rapazes.
A história se desenvolve em dois tempos. Nos anos 70, na adolescência dos personagens. Trinta anos depois, com o reencontro do trio, já maduro. Cada qual colecionou uma história particular, feita de sucessos e de fracasso. Houve toda uma turbulência política no meio, mas esta é apenas aludida, de passagem. As tempestades de Um Amor restringem-se à esfera íntima.
É verdade também que são tempestades amenas, controladas, com um senso de medida muito grande. Quem pensa nas grandes referências de triângulos amorosos, em especial o clássico Jules e Jim, de François Truffaut, pode ficar decepcionado com este. E até chamá-lo de careta, como andou acontecendo por aqui. Não deixa, no entanto, de registrar a diferença entre a nossa época e os anos 60, quando Truffaut adaptou o romance de Henri-Pierre Rocher. Dito isso, deve-se reconhecer que Um Amor é um bonito filme. Paula Hernandez já concorreu com outro filme, Lluvia (Chuva) no Festival de Gramado, anos atrás. Tem o mesmo tom algo melancólico de Um Amor. Pode ser um traço autoral.