Cinema, cultura & afins

Opinião|Lembrança do Cosme


Por Luiz Zanin Oricchio
Cosme, com Fernando Birri e Gabriel García Márquez Foto: Estadão

Início dos anos 1990, eu estava de férias, num hotel-spa no interior de Goiás. Era pré-internet. Pré-celular. Nem telefone direito o hotel tinha. Apenas um que funcionava (quando funcionava) via rádio. Qual não foi minha surpresa quando um funcionário veio me procurar, dizendo que havia uma ligação para mim. Quem seria?

Do outro lado da linha, parecendo falar do planeta Plutão, Cosme Alves Netto, que eu conhecia superficialmente. Me perguntou, com toda a simplicidade, se eu topava interromper minhas férias e ir para Cuba.

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Quando?

Na semana seguinte, ora.

Eu, que tinha loucura para conhecer a ilha mítica da revolução dos anos juvenis, nem titubeei. E lá fomos, Rô e eu, a toda pressa, tirar o visto e preparar a viagem. Embarcamos num velho jato soviético Tupolev, da Cubana de Aviación, e descemos em Havana, uma das maiores emoções da minha vida.

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Devo a Cosme essa viagem. E muitas coisas mais.

Convivi algumas vezes com ele. Nesta viagem a Havana, claro, mas também em algumas Jornadas de Cinema da Bahia. As Jornadas do Guido, famosas por suas reuniões de velhos comunistas, entre os quais pontificava o Cosme. Ao lado de Thomas Farkas, Nelson Pereira dos Santos, do próprio Guido Araújo e tutti quanti. Uma bela família, que o tempo levou. Cosme e Farkas morreram, Nelson entrou para a Academia Brasileira de Letras, e a Jornada já não mais existe.

Agora vejo com muita alegria a estreia do documentário Tudo por Amor ao Cinema, de Aurélio Michiles, dedicado ao Cosme. Entre outras tantas coisas, o filme evoca um Brasil que não existe mais, cheio de projetos, iniciativas de caráter coletivo e solidariedade. Este Brasil que agora se ressente da falta de figuras do porte de Cosme Alves Netto. Generosidade ele tinha de sobra. Generosidade, essa matéria-prima agora anda escassa, para não dizer inexistente.

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Aqui o link do meu comentário sobre o filme:

http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,filme-sobre-cosme-alves-netto-evidencia-o-amor-desinteressado-e-total-pelas-imagens,1734684

 

Cosme, com Fernando Birri e Gabriel García Márquez Foto: Estadão

Início dos anos 1990, eu estava de férias, num hotel-spa no interior de Goiás. Era pré-internet. Pré-celular. Nem telefone direito o hotel tinha. Apenas um que funcionava (quando funcionava) via rádio. Qual não foi minha surpresa quando um funcionário veio me procurar, dizendo que havia uma ligação para mim. Quem seria?

Do outro lado da linha, parecendo falar do planeta Plutão, Cosme Alves Netto, que eu conhecia superficialmente. Me perguntou, com toda a simplicidade, se eu topava interromper minhas férias e ir para Cuba.

Quando?

Na semana seguinte, ora.

Eu, que tinha loucura para conhecer a ilha mítica da revolução dos anos juvenis, nem titubeei. E lá fomos, Rô e eu, a toda pressa, tirar o visto e preparar a viagem. Embarcamos num velho jato soviético Tupolev, da Cubana de Aviación, e descemos em Havana, uma das maiores emoções da minha vida.

Devo a Cosme essa viagem. E muitas coisas mais.

Convivi algumas vezes com ele. Nesta viagem a Havana, claro, mas também em algumas Jornadas de Cinema da Bahia. As Jornadas do Guido, famosas por suas reuniões de velhos comunistas, entre os quais pontificava o Cosme. Ao lado de Thomas Farkas, Nelson Pereira dos Santos, do próprio Guido Araújo e tutti quanti. Uma bela família, que o tempo levou. Cosme e Farkas morreram, Nelson entrou para a Academia Brasileira de Letras, e a Jornada já não mais existe.

Agora vejo com muita alegria a estreia do documentário Tudo por Amor ao Cinema, de Aurélio Michiles, dedicado ao Cosme. Entre outras tantas coisas, o filme evoca um Brasil que não existe mais, cheio de projetos, iniciativas de caráter coletivo e solidariedade. Este Brasil que agora se ressente da falta de figuras do porte de Cosme Alves Netto. Generosidade ele tinha de sobra. Generosidade, essa matéria-prima agora anda escassa, para não dizer inexistente.

Aqui o link do meu comentário sobre o filme:

http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,filme-sobre-cosme-alves-netto-evidencia-o-amor-desinteressado-e-total-pelas-imagens,1734684

 

Cosme, com Fernando Birri e Gabriel García Márquez Foto: Estadão

Início dos anos 1990, eu estava de férias, num hotel-spa no interior de Goiás. Era pré-internet. Pré-celular. Nem telefone direito o hotel tinha. Apenas um que funcionava (quando funcionava) via rádio. Qual não foi minha surpresa quando um funcionário veio me procurar, dizendo que havia uma ligação para mim. Quem seria?

Do outro lado da linha, parecendo falar do planeta Plutão, Cosme Alves Netto, que eu conhecia superficialmente. Me perguntou, com toda a simplicidade, se eu topava interromper minhas férias e ir para Cuba.

Quando?

Na semana seguinte, ora.

Eu, que tinha loucura para conhecer a ilha mítica da revolução dos anos juvenis, nem titubeei. E lá fomos, Rô e eu, a toda pressa, tirar o visto e preparar a viagem. Embarcamos num velho jato soviético Tupolev, da Cubana de Aviación, e descemos em Havana, uma das maiores emoções da minha vida.

Devo a Cosme essa viagem. E muitas coisas mais.

Convivi algumas vezes com ele. Nesta viagem a Havana, claro, mas também em algumas Jornadas de Cinema da Bahia. As Jornadas do Guido, famosas por suas reuniões de velhos comunistas, entre os quais pontificava o Cosme. Ao lado de Thomas Farkas, Nelson Pereira dos Santos, do próprio Guido Araújo e tutti quanti. Uma bela família, que o tempo levou. Cosme e Farkas morreram, Nelson entrou para a Academia Brasileira de Letras, e a Jornada já não mais existe.

Agora vejo com muita alegria a estreia do documentário Tudo por Amor ao Cinema, de Aurélio Michiles, dedicado ao Cosme. Entre outras tantas coisas, o filme evoca um Brasil que não existe mais, cheio de projetos, iniciativas de caráter coletivo e solidariedade. Este Brasil que agora se ressente da falta de figuras do porte de Cosme Alves Netto. Generosidade ele tinha de sobra. Generosidade, essa matéria-prima agora anda escassa, para não dizer inexistente.

Aqui o link do meu comentário sobre o filme:

http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,filme-sobre-cosme-alves-netto-evidencia-o-amor-desinteressado-e-total-pelas-imagens,1734684

 

Cosme, com Fernando Birri e Gabriel García Márquez Foto: Estadão

Início dos anos 1990, eu estava de férias, num hotel-spa no interior de Goiás. Era pré-internet. Pré-celular. Nem telefone direito o hotel tinha. Apenas um que funcionava (quando funcionava) via rádio. Qual não foi minha surpresa quando um funcionário veio me procurar, dizendo que havia uma ligação para mim. Quem seria?

Do outro lado da linha, parecendo falar do planeta Plutão, Cosme Alves Netto, que eu conhecia superficialmente. Me perguntou, com toda a simplicidade, se eu topava interromper minhas férias e ir para Cuba.

Quando?

Na semana seguinte, ora.

Eu, que tinha loucura para conhecer a ilha mítica da revolução dos anos juvenis, nem titubeei. E lá fomos, Rô e eu, a toda pressa, tirar o visto e preparar a viagem. Embarcamos num velho jato soviético Tupolev, da Cubana de Aviación, e descemos em Havana, uma das maiores emoções da minha vida.

Devo a Cosme essa viagem. E muitas coisas mais.

Convivi algumas vezes com ele. Nesta viagem a Havana, claro, mas também em algumas Jornadas de Cinema da Bahia. As Jornadas do Guido, famosas por suas reuniões de velhos comunistas, entre os quais pontificava o Cosme. Ao lado de Thomas Farkas, Nelson Pereira dos Santos, do próprio Guido Araújo e tutti quanti. Uma bela família, que o tempo levou. Cosme e Farkas morreram, Nelson entrou para a Academia Brasileira de Letras, e a Jornada já não mais existe.

Agora vejo com muita alegria a estreia do documentário Tudo por Amor ao Cinema, de Aurélio Michiles, dedicado ao Cosme. Entre outras tantas coisas, o filme evoca um Brasil que não existe mais, cheio de projetos, iniciativas de caráter coletivo e solidariedade. Este Brasil que agora se ressente da falta de figuras do porte de Cosme Alves Netto. Generosidade ele tinha de sobra. Generosidade, essa matéria-prima agora anda escassa, para não dizer inexistente.

Aqui o link do meu comentário sobre o filme:

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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