Cinema, cultura & afins

Opinião|Mostra: Pachamama


Por Luiz Zanin Oricchio

Pachamama, ou "Mãe Terra" no idioma dos indígenas andinos, é o novo filme de Eryk Rocha. Como classificá-lo? Talvez como documentário poético, uma tentativa de aproximação da realidade, mas por uma via não realista e pouco convencional. O projeto é simples, de início: trata-se da viagem de um cineasta, o próprio diretor, pelo território brasileiro, entrando depois na Bolívia e no Peru. Uma viagem de descoberta da América Latina.

É interessante observar como se pode conciliar o trabalho de experimentação com a linguagem e a preocupação política, e como essas duas características se unem e se comentam, sem qualquer artificialismo. Pachamama parece, de fato, o resultado de um processo de descoberta. O cineasta sai a campo sem idéias preconcebidas e vai registrando com a câmera aquilo que chama sua atenção. O conforto da nova tecnologia: hoje se pode usar uma câmera como um viajante usava seu diário e uma caneta. Antes se anotavam palavras; agora, anotam-se imagens.

Esse tom, digamos, provisório, de anotação, que poderia desaparecer na montagem, é no entanto preservado. É ele, também, que dá a Pachamama o frescor, ensaístico na melhor expressão do termo. Eryk não trabalha com idéias fechadas. Propõe recortes e não deixa de ver (o que seria impossível) as condições de pobreza, aquilo que, em outros tempos, se chamariam de as "contradições" do continente. Países com tudo para oferecer às suas populações que, no entanto, permanecem imersas na mais abjeta pobreza.

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Não há demagogia nessas imagens. Pelo contrário. Elas também aparecem poeticamente transfiguradas. E, com isso, têm a força amplificada. Como em seu filme anterior, Rocha Que Voa (sobre a obra do pai, Glauber Rocha), Eryk, também neste, propõe uma participação não-linear do espectador. As idéias não vêm prontas - é preciso interpretá-las. Esta é uma outra maneira de confiar nas imagens. E nas pessoas.

Serviço

Reserva Cult. 1 - Hoje, 13 h Espaço Unibanco Pompéia 10 - Dom., 20 h

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(Caderno 2, 18/10/08)

Pachamama, ou "Mãe Terra" no idioma dos indígenas andinos, é o novo filme de Eryk Rocha. Como classificá-lo? Talvez como documentário poético, uma tentativa de aproximação da realidade, mas por uma via não realista e pouco convencional. O projeto é simples, de início: trata-se da viagem de um cineasta, o próprio diretor, pelo território brasileiro, entrando depois na Bolívia e no Peru. Uma viagem de descoberta da América Latina.

É interessante observar como se pode conciliar o trabalho de experimentação com a linguagem e a preocupação política, e como essas duas características se unem e se comentam, sem qualquer artificialismo. Pachamama parece, de fato, o resultado de um processo de descoberta. O cineasta sai a campo sem idéias preconcebidas e vai registrando com a câmera aquilo que chama sua atenção. O conforto da nova tecnologia: hoje se pode usar uma câmera como um viajante usava seu diário e uma caneta. Antes se anotavam palavras; agora, anotam-se imagens.

Esse tom, digamos, provisório, de anotação, que poderia desaparecer na montagem, é no entanto preservado. É ele, também, que dá a Pachamama o frescor, ensaístico na melhor expressão do termo. Eryk não trabalha com idéias fechadas. Propõe recortes e não deixa de ver (o que seria impossível) as condições de pobreza, aquilo que, em outros tempos, se chamariam de as "contradições" do continente. Países com tudo para oferecer às suas populações que, no entanto, permanecem imersas na mais abjeta pobreza.

Não há demagogia nessas imagens. Pelo contrário. Elas também aparecem poeticamente transfiguradas. E, com isso, têm a força amplificada. Como em seu filme anterior, Rocha Que Voa (sobre a obra do pai, Glauber Rocha), Eryk, também neste, propõe uma participação não-linear do espectador. As idéias não vêm prontas - é preciso interpretá-las. Esta é uma outra maneira de confiar nas imagens. E nas pessoas.

Serviço

Reserva Cult. 1 - Hoje, 13 h Espaço Unibanco Pompéia 10 - Dom., 20 h

(Caderno 2, 18/10/08)

Pachamama, ou "Mãe Terra" no idioma dos indígenas andinos, é o novo filme de Eryk Rocha. Como classificá-lo? Talvez como documentário poético, uma tentativa de aproximação da realidade, mas por uma via não realista e pouco convencional. O projeto é simples, de início: trata-se da viagem de um cineasta, o próprio diretor, pelo território brasileiro, entrando depois na Bolívia e no Peru. Uma viagem de descoberta da América Latina.

É interessante observar como se pode conciliar o trabalho de experimentação com a linguagem e a preocupação política, e como essas duas características se unem e se comentam, sem qualquer artificialismo. Pachamama parece, de fato, o resultado de um processo de descoberta. O cineasta sai a campo sem idéias preconcebidas e vai registrando com a câmera aquilo que chama sua atenção. O conforto da nova tecnologia: hoje se pode usar uma câmera como um viajante usava seu diário e uma caneta. Antes se anotavam palavras; agora, anotam-se imagens.

Esse tom, digamos, provisório, de anotação, que poderia desaparecer na montagem, é no entanto preservado. É ele, também, que dá a Pachamama o frescor, ensaístico na melhor expressão do termo. Eryk não trabalha com idéias fechadas. Propõe recortes e não deixa de ver (o que seria impossível) as condições de pobreza, aquilo que, em outros tempos, se chamariam de as "contradições" do continente. Países com tudo para oferecer às suas populações que, no entanto, permanecem imersas na mais abjeta pobreza.

Não há demagogia nessas imagens. Pelo contrário. Elas também aparecem poeticamente transfiguradas. E, com isso, têm a força amplificada. Como em seu filme anterior, Rocha Que Voa (sobre a obra do pai, Glauber Rocha), Eryk, também neste, propõe uma participação não-linear do espectador. As idéias não vêm prontas - é preciso interpretá-las. Esta é uma outra maneira de confiar nas imagens. E nas pessoas.

Serviço

Reserva Cult. 1 - Hoje, 13 h Espaço Unibanco Pompéia 10 - Dom., 20 h

(Caderno 2, 18/10/08)

Pachamama, ou "Mãe Terra" no idioma dos indígenas andinos, é o novo filme de Eryk Rocha. Como classificá-lo? Talvez como documentário poético, uma tentativa de aproximação da realidade, mas por uma via não realista e pouco convencional. O projeto é simples, de início: trata-se da viagem de um cineasta, o próprio diretor, pelo território brasileiro, entrando depois na Bolívia e no Peru. Uma viagem de descoberta da América Latina.

É interessante observar como se pode conciliar o trabalho de experimentação com a linguagem e a preocupação política, e como essas duas características se unem e se comentam, sem qualquer artificialismo. Pachamama parece, de fato, o resultado de um processo de descoberta. O cineasta sai a campo sem idéias preconcebidas e vai registrando com a câmera aquilo que chama sua atenção. O conforto da nova tecnologia: hoje se pode usar uma câmera como um viajante usava seu diário e uma caneta. Antes se anotavam palavras; agora, anotam-se imagens.

Esse tom, digamos, provisório, de anotação, que poderia desaparecer na montagem, é no entanto preservado. É ele, também, que dá a Pachamama o frescor, ensaístico na melhor expressão do termo. Eryk não trabalha com idéias fechadas. Propõe recortes e não deixa de ver (o que seria impossível) as condições de pobreza, aquilo que, em outros tempos, se chamariam de as "contradições" do continente. Países com tudo para oferecer às suas populações que, no entanto, permanecem imersas na mais abjeta pobreza.

Não há demagogia nessas imagens. Pelo contrário. Elas também aparecem poeticamente transfiguradas. E, com isso, têm a força amplificada. Como em seu filme anterior, Rocha Que Voa (sobre a obra do pai, Glauber Rocha), Eryk, também neste, propõe uma participação não-linear do espectador. As idéias não vêm prontas - é preciso interpretá-las. Esta é uma outra maneira de confiar nas imagens. E nas pessoas.

Serviço

Reserva Cult. 1 - Hoje, 13 h Espaço Unibanco Pompéia 10 - Dom., 20 h

(Caderno 2, 18/10/08)

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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