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Opinião|Os Inquilinos


O que existe de (agradavelmente) surpreendente neste novo filme de Sergio Bianchi em relação aos anteriores? Não por certo a temática, ainda e sempre ligada ao desacerto social brasileiro, mas talvez algo ligado ao "tom" imprimido à história. Como se o diretor se aproximasse dos personagens - de um deles, em particular - e, vencida a distância, pudesse humanizá-lo. Quer dizer, percebê-lo em matizes e contradições.

Por Luiz Zanin Oricchio

Valter é esse personagem, interpretado pelo ator Marat Descartes. Ele é subempregado, sem carteira registrada. Carrega caixas em um depósito. Mora numa casinha de periferia, seu único bem, herdado do pai. Vida normal, família normal, de um pobre normal brasileiro. Até que a vizinhança muda e, com essa mudança, se alteram também a rotina e as condições de sobrevivência de Valter e família.

Podemos ver aí o círculo de ferro da violência urbana, que não se quebra com a facilidade de que falam as autoridades. Não se trata, tampouco, da tradicional luta de classes de ricos contra desvalidos. Pelo contrário, aqui são os pobres, em suas diversas subcamadas, que se afrontam entre si, numa ótica da crueldade que remonta a Buñuel e Plínio Marcos. Visão radical, nuançada, por exemplo, pela poesia de Ferréz e de Carlos Drummond de Andrade, cujo clássico A Morte do Leiteiro é lido em sala de aula pela professora vivida por Cássia Kis.

Mas o foco da atenção sempre volta para Valter, pois é dele a consciência conflitada e, portanto, em movimento. A atenção e a proximidade com que Valter e sua família são filmados, os detalhes em seu cotidiano que, aos poucos, vão sendo alterados, tudo isso traz o espectador para uma boa distância em relação ao filme. Afinal, aquilo de que se trata, a impotência da população diante da violência, não é tema exclusivo da periferia, embora nela possa aparecer com mais clareza. Diz respeito a todos. Nessa relação de empatia maior com os personagens, posição que se transfere ao público, Bianchi encontra o tom para expressar a sua justa indignação.

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Os Inquilinos é um filme que, ao invés de apontar o dedo na cara do espectador, leva-o a perceber que, mesmo sendo ele de classe média, faz parte daquilo que se passa na tela.

Valter é esse personagem, interpretado pelo ator Marat Descartes. Ele é subempregado, sem carteira registrada. Carrega caixas em um depósito. Mora numa casinha de periferia, seu único bem, herdado do pai. Vida normal, família normal, de um pobre normal brasileiro. Até que a vizinhança muda e, com essa mudança, se alteram também a rotina e as condições de sobrevivência de Valter e família.

Podemos ver aí o círculo de ferro da violência urbana, que não se quebra com a facilidade de que falam as autoridades. Não se trata, tampouco, da tradicional luta de classes de ricos contra desvalidos. Pelo contrário, aqui são os pobres, em suas diversas subcamadas, que se afrontam entre si, numa ótica da crueldade que remonta a Buñuel e Plínio Marcos. Visão radical, nuançada, por exemplo, pela poesia de Ferréz e de Carlos Drummond de Andrade, cujo clássico A Morte do Leiteiro é lido em sala de aula pela professora vivida por Cássia Kis.

Mas o foco da atenção sempre volta para Valter, pois é dele a consciência conflitada e, portanto, em movimento. A atenção e a proximidade com que Valter e sua família são filmados, os detalhes em seu cotidiano que, aos poucos, vão sendo alterados, tudo isso traz o espectador para uma boa distância em relação ao filme. Afinal, aquilo de que se trata, a impotência da população diante da violência, não é tema exclusivo da periferia, embora nela possa aparecer com mais clareza. Diz respeito a todos. Nessa relação de empatia maior com os personagens, posição que se transfere ao público, Bianchi encontra o tom para expressar a sua justa indignação.

Os Inquilinos é um filme que, ao invés de apontar o dedo na cara do espectador, leva-o a perceber que, mesmo sendo ele de classe média, faz parte daquilo que se passa na tela.

Valter é esse personagem, interpretado pelo ator Marat Descartes. Ele é subempregado, sem carteira registrada. Carrega caixas em um depósito. Mora numa casinha de periferia, seu único bem, herdado do pai. Vida normal, família normal, de um pobre normal brasileiro. Até que a vizinhança muda e, com essa mudança, se alteram também a rotina e as condições de sobrevivência de Valter e família.

Podemos ver aí o círculo de ferro da violência urbana, que não se quebra com a facilidade de que falam as autoridades. Não se trata, tampouco, da tradicional luta de classes de ricos contra desvalidos. Pelo contrário, aqui são os pobres, em suas diversas subcamadas, que se afrontam entre si, numa ótica da crueldade que remonta a Buñuel e Plínio Marcos. Visão radical, nuançada, por exemplo, pela poesia de Ferréz e de Carlos Drummond de Andrade, cujo clássico A Morte do Leiteiro é lido em sala de aula pela professora vivida por Cássia Kis.

Mas o foco da atenção sempre volta para Valter, pois é dele a consciência conflitada e, portanto, em movimento. A atenção e a proximidade com que Valter e sua família são filmados, os detalhes em seu cotidiano que, aos poucos, vão sendo alterados, tudo isso traz o espectador para uma boa distância em relação ao filme. Afinal, aquilo de que se trata, a impotência da população diante da violência, não é tema exclusivo da periferia, embora nela possa aparecer com mais clareza. Diz respeito a todos. Nessa relação de empatia maior com os personagens, posição que se transfere ao público, Bianchi encontra o tom para expressar a sua justa indignação.

Os Inquilinos é um filme que, ao invés de apontar o dedo na cara do espectador, leva-o a perceber que, mesmo sendo ele de classe média, faz parte daquilo que se passa na tela.

Valter é esse personagem, interpretado pelo ator Marat Descartes. Ele é subempregado, sem carteira registrada. Carrega caixas em um depósito. Mora numa casinha de periferia, seu único bem, herdado do pai. Vida normal, família normal, de um pobre normal brasileiro. Até que a vizinhança muda e, com essa mudança, se alteram também a rotina e as condições de sobrevivência de Valter e família.

Podemos ver aí o círculo de ferro da violência urbana, que não se quebra com a facilidade de que falam as autoridades. Não se trata, tampouco, da tradicional luta de classes de ricos contra desvalidos. Pelo contrário, aqui são os pobres, em suas diversas subcamadas, que se afrontam entre si, numa ótica da crueldade que remonta a Buñuel e Plínio Marcos. Visão radical, nuançada, por exemplo, pela poesia de Ferréz e de Carlos Drummond de Andrade, cujo clássico A Morte do Leiteiro é lido em sala de aula pela professora vivida por Cássia Kis.

Mas o foco da atenção sempre volta para Valter, pois é dele a consciência conflitada e, portanto, em movimento. A atenção e a proximidade com que Valter e sua família são filmados, os detalhes em seu cotidiano que, aos poucos, vão sendo alterados, tudo isso traz o espectador para uma boa distância em relação ao filme. Afinal, aquilo de que se trata, a impotência da população diante da violência, não é tema exclusivo da periferia, embora nela possa aparecer com mais clareza. Diz respeito a todos. Nessa relação de empatia maior com os personagens, posição que se transfere ao público, Bianchi encontra o tom para expressar a sua justa indignação.

Os Inquilinos é um filme que, ao invés de apontar o dedo na cara do espectador, leva-o a perceber que, mesmo sendo ele de classe média, faz parte daquilo que se passa na tela.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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