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Opinião|Quando a alma não é pequena


Percebi comentários contraditórios a respeito do clássico Portuguesa x Santos. Alguns disseram que o espetáculo previsto dos meninos da Vila não se repetiu. As circunstâncias do jogo  teriam conduzido a partida a uma zona de seriedade na qual não se admite espaço para firulas, etc. Porém, houve uma espécie de consenso ao se afirmar que a partida do Canindé havia sido a melhor até agora do Campeonato Paulista.

Por Luiz Zanin Oricchio

Acho válidas as duas análises, mesmo porque mantenho, como princípio de vida (e de colunista), não julgar os outros. Opinião é como cabeça - cada qual tem a sua e sabe o que dela faz; e ponto final. Não sou ombudsman da mídia dita especializada e me esforço por respeitar quem discorda de mim. Esta, aliás, é a única prática possível da liberdade, já que não existe vantagem alguma em respeitar quem pensa do mesmo jeito que nós. Difícil é aceitar o outro em sua diversidade, e no que ela nos contesta.

Dito isso, acrescento que, de minha parte, o gosto pelo espetáculo vem de outros aspectos e não necessariamente de um chapéu ou um gol espetacular. Claro, se vierem a finta desconcertante ou aquele gol de antologia, serão bem-vindos. Mas houve alguma coisa desse tipo entre Santos e Portuguesa? Não. O placar sequer foi dilatado - meros 1 a 1. Nenhum dos dois gols mostrou-se digno de uma placa no estádio. O da Lusa foi bem construído, e só. O do Santos aconteceu num bate-e-rebate comum, depois de muita pressão. De quem tanto se esperava, não veio grande coisa. Ganso esteve apagado. Robinho esforçou-se, mas não teve muito espaço. Neymar, tirando um ou outro lance isolado, não repetiu façanhas de jogos anteriores. E, no entanto, o espetáculo aconteceu. Por quê?

Talvez pela disposição das equipes. Mesmo marcado, e de maneira inteligente, o Santos não abdicou da sua melhor característica, a ofensividade. Pelo contrário. Quando as coisas não estavam dando certo, Dorival Jr. tirou um volante (Roberto Brum) e colocou um meia (Marquinhos). A opção deixou o Santos ainda mais vulnerável aos contra-ataques, mas aumentou a pressão em sua linha ofensiva. A Lusa jogou certo. Não optou por uma retranca mesquinha, mas já entrou sabendo que um time armado como o Santos deixa sempre espaços em branco na linha de defesa. Aproveitou-se disso e teve a partida nos pés em duas ou três ocasiões. Não matou, por isso tomou o empate. Foi essa dinâmica entre as duas equipes que pôs fogo no jogo e justificou o adjetivo "eletrizante" com o qual o caracterizaram. No final da partida, me lembrei de um verso do poeta português Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena/Quando a alma não é pequena". O clássico foi ótimo porque os dois times pensaram grande.

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E, por falar em grandes, a seis rodadas do término da fase de classificação, parece que a profecia inicial de que os quatro principais clubes do Estado iriam se classificar com facilidade para as semi-finais dificilmente irá se cumprir. Pelo menos um deve ficar fora. No momento, o Palmeiras está bem abaixo do G-4. Tem ainda chances de alcançá-lo. Mas o pior (dependendo do ponto de vista adotado) é que Botafogo e Santo André não parecem dispostos a vender barato essa vaguinha. Mal e mal, Corinthians e São Paulo estão chegando lá e, uma vez classificados, mesmo aos trancos, serão candidatíssimos ao título. Já o Palmeiras terá de ralar muito e vencer problemas internos para se poupar do primeiro vexame do ano.

Acho válidas as duas análises, mesmo porque mantenho, como princípio de vida (e de colunista), não julgar os outros. Opinião é como cabeça - cada qual tem a sua e sabe o que dela faz; e ponto final. Não sou ombudsman da mídia dita especializada e me esforço por respeitar quem discorda de mim. Esta, aliás, é a única prática possível da liberdade, já que não existe vantagem alguma em respeitar quem pensa do mesmo jeito que nós. Difícil é aceitar o outro em sua diversidade, e no que ela nos contesta.

Dito isso, acrescento que, de minha parte, o gosto pelo espetáculo vem de outros aspectos e não necessariamente de um chapéu ou um gol espetacular. Claro, se vierem a finta desconcertante ou aquele gol de antologia, serão bem-vindos. Mas houve alguma coisa desse tipo entre Santos e Portuguesa? Não. O placar sequer foi dilatado - meros 1 a 1. Nenhum dos dois gols mostrou-se digno de uma placa no estádio. O da Lusa foi bem construído, e só. O do Santos aconteceu num bate-e-rebate comum, depois de muita pressão. De quem tanto se esperava, não veio grande coisa. Ganso esteve apagado. Robinho esforçou-se, mas não teve muito espaço. Neymar, tirando um ou outro lance isolado, não repetiu façanhas de jogos anteriores. E, no entanto, o espetáculo aconteceu. Por quê?

Talvez pela disposição das equipes. Mesmo marcado, e de maneira inteligente, o Santos não abdicou da sua melhor característica, a ofensividade. Pelo contrário. Quando as coisas não estavam dando certo, Dorival Jr. tirou um volante (Roberto Brum) e colocou um meia (Marquinhos). A opção deixou o Santos ainda mais vulnerável aos contra-ataques, mas aumentou a pressão em sua linha ofensiva. A Lusa jogou certo. Não optou por uma retranca mesquinha, mas já entrou sabendo que um time armado como o Santos deixa sempre espaços em branco na linha de defesa. Aproveitou-se disso e teve a partida nos pés em duas ou três ocasiões. Não matou, por isso tomou o empate. Foi essa dinâmica entre as duas equipes que pôs fogo no jogo e justificou o adjetivo "eletrizante" com o qual o caracterizaram. No final da partida, me lembrei de um verso do poeta português Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena/Quando a alma não é pequena". O clássico foi ótimo porque os dois times pensaram grande.

E, por falar em grandes, a seis rodadas do término da fase de classificação, parece que a profecia inicial de que os quatro principais clubes do Estado iriam se classificar com facilidade para as semi-finais dificilmente irá se cumprir. Pelo menos um deve ficar fora. No momento, o Palmeiras está bem abaixo do G-4. Tem ainda chances de alcançá-lo. Mas o pior (dependendo do ponto de vista adotado) é que Botafogo e Santo André não parecem dispostos a vender barato essa vaguinha. Mal e mal, Corinthians e São Paulo estão chegando lá e, uma vez classificados, mesmo aos trancos, serão candidatíssimos ao título. Já o Palmeiras terá de ralar muito e vencer problemas internos para se poupar do primeiro vexame do ano.

Acho válidas as duas análises, mesmo porque mantenho, como princípio de vida (e de colunista), não julgar os outros. Opinião é como cabeça - cada qual tem a sua e sabe o que dela faz; e ponto final. Não sou ombudsman da mídia dita especializada e me esforço por respeitar quem discorda de mim. Esta, aliás, é a única prática possível da liberdade, já que não existe vantagem alguma em respeitar quem pensa do mesmo jeito que nós. Difícil é aceitar o outro em sua diversidade, e no que ela nos contesta.

Dito isso, acrescento que, de minha parte, o gosto pelo espetáculo vem de outros aspectos e não necessariamente de um chapéu ou um gol espetacular. Claro, se vierem a finta desconcertante ou aquele gol de antologia, serão bem-vindos. Mas houve alguma coisa desse tipo entre Santos e Portuguesa? Não. O placar sequer foi dilatado - meros 1 a 1. Nenhum dos dois gols mostrou-se digno de uma placa no estádio. O da Lusa foi bem construído, e só. O do Santos aconteceu num bate-e-rebate comum, depois de muita pressão. De quem tanto se esperava, não veio grande coisa. Ganso esteve apagado. Robinho esforçou-se, mas não teve muito espaço. Neymar, tirando um ou outro lance isolado, não repetiu façanhas de jogos anteriores. E, no entanto, o espetáculo aconteceu. Por quê?

Talvez pela disposição das equipes. Mesmo marcado, e de maneira inteligente, o Santos não abdicou da sua melhor característica, a ofensividade. Pelo contrário. Quando as coisas não estavam dando certo, Dorival Jr. tirou um volante (Roberto Brum) e colocou um meia (Marquinhos). A opção deixou o Santos ainda mais vulnerável aos contra-ataques, mas aumentou a pressão em sua linha ofensiva. A Lusa jogou certo. Não optou por uma retranca mesquinha, mas já entrou sabendo que um time armado como o Santos deixa sempre espaços em branco na linha de defesa. Aproveitou-se disso e teve a partida nos pés em duas ou três ocasiões. Não matou, por isso tomou o empate. Foi essa dinâmica entre as duas equipes que pôs fogo no jogo e justificou o adjetivo "eletrizante" com o qual o caracterizaram. No final da partida, me lembrei de um verso do poeta português Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena/Quando a alma não é pequena". O clássico foi ótimo porque os dois times pensaram grande.

E, por falar em grandes, a seis rodadas do término da fase de classificação, parece que a profecia inicial de que os quatro principais clubes do Estado iriam se classificar com facilidade para as semi-finais dificilmente irá se cumprir. Pelo menos um deve ficar fora. No momento, o Palmeiras está bem abaixo do G-4. Tem ainda chances de alcançá-lo. Mas o pior (dependendo do ponto de vista adotado) é que Botafogo e Santo André não parecem dispostos a vender barato essa vaguinha. Mal e mal, Corinthians e São Paulo estão chegando lá e, uma vez classificados, mesmo aos trancos, serão candidatíssimos ao título. Já o Palmeiras terá de ralar muito e vencer problemas internos para se poupar do primeiro vexame do ano.

Acho válidas as duas análises, mesmo porque mantenho, como princípio de vida (e de colunista), não julgar os outros. Opinião é como cabeça - cada qual tem a sua e sabe o que dela faz; e ponto final. Não sou ombudsman da mídia dita especializada e me esforço por respeitar quem discorda de mim. Esta, aliás, é a única prática possível da liberdade, já que não existe vantagem alguma em respeitar quem pensa do mesmo jeito que nós. Difícil é aceitar o outro em sua diversidade, e no que ela nos contesta.

Dito isso, acrescento que, de minha parte, o gosto pelo espetáculo vem de outros aspectos e não necessariamente de um chapéu ou um gol espetacular. Claro, se vierem a finta desconcertante ou aquele gol de antologia, serão bem-vindos. Mas houve alguma coisa desse tipo entre Santos e Portuguesa? Não. O placar sequer foi dilatado - meros 1 a 1. Nenhum dos dois gols mostrou-se digno de uma placa no estádio. O da Lusa foi bem construído, e só. O do Santos aconteceu num bate-e-rebate comum, depois de muita pressão. De quem tanto se esperava, não veio grande coisa. Ganso esteve apagado. Robinho esforçou-se, mas não teve muito espaço. Neymar, tirando um ou outro lance isolado, não repetiu façanhas de jogos anteriores. E, no entanto, o espetáculo aconteceu. Por quê?

Talvez pela disposição das equipes. Mesmo marcado, e de maneira inteligente, o Santos não abdicou da sua melhor característica, a ofensividade. Pelo contrário. Quando as coisas não estavam dando certo, Dorival Jr. tirou um volante (Roberto Brum) e colocou um meia (Marquinhos). A opção deixou o Santos ainda mais vulnerável aos contra-ataques, mas aumentou a pressão em sua linha ofensiva. A Lusa jogou certo. Não optou por uma retranca mesquinha, mas já entrou sabendo que um time armado como o Santos deixa sempre espaços em branco na linha de defesa. Aproveitou-se disso e teve a partida nos pés em duas ou três ocasiões. Não matou, por isso tomou o empate. Foi essa dinâmica entre as duas equipes que pôs fogo no jogo e justificou o adjetivo "eletrizante" com o qual o caracterizaram. No final da partida, me lembrei de um verso do poeta português Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena/Quando a alma não é pequena". O clássico foi ótimo porque os dois times pensaram grande.

E, por falar em grandes, a seis rodadas do término da fase de classificação, parece que a profecia inicial de que os quatro principais clubes do Estado iriam se classificar com facilidade para as semi-finais dificilmente irá se cumprir. Pelo menos um deve ficar fora. No momento, o Palmeiras está bem abaixo do G-4. Tem ainda chances de alcançá-lo. Mas o pior (dependendo do ponto de vista adotado) é que Botafogo e Santo André não parecem dispostos a vender barato essa vaguinha. Mal e mal, Corinthians e São Paulo estão chegando lá e, uma vez classificados, mesmo aos trancos, serão candidatíssimos ao título. Já o Palmeiras terá de ralar muito e vencer problemas internos para se poupar do primeiro vexame do ano.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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