Cinema, cultura & afins

Opinião|Quebradeiras


Quebradeiras revela-se um trabalho diferente na filmografia de Evaldo Mocarzel, realizador afeito a entrevistas com seus personagens.

Por Luiz Zanin Oricchio

Um adendo prévio: essa obsessão não foi exclusividade de Mocarzel. Pelo contrário, quase todo o cinema documental brasileiro, dos anos 1990 em diante, talvez inspirado por Eduardo Coutinho, embarcou na fé ilimitada da entrevista, no exercício do declaratório, sem a contradição. Ainda mais quando esse entrevistado pertence a uma minoria ou a um grupo tido como excluído da sociedade. Verdade que esse vício, no caso, foi agravado pela origem jornalística do diretor.

Em Quebradeiras, no entanto, Mocarzel exorciza essas duas influências complementares e nefastas em termos de cinema - a de se deixar guiar por um documentarista literalmente inimitável e curvar-se à linguagem de um métier que tende a se prender ao referencial na busca ilusória da objetividade.

Aqui ele enfrenta o desafio do salto no aparente vazio e tenta uma aproximação mais visual e não verbal do cotidiano das quebradeiras de coco babaçu da região do Bico do Papagaio (situada entre os Estados do Maranhão, Pará e Tocantins). Deixa que as imagens falem, sem se preocupar muito com a "mensagem" a ser passada ao espectador de maneira inequívoca.

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Ficasse apenas no discurso, pode ser que Quebradeiras resvalasse para aquele tipo de paternalismo comum no cineasta de classe média quando registra o cotidiano de personagens em relação aos quais se sente culpado. Essa psicologia da culpa social é, talvez, um dos obstáculos mais difíceis de serem ultrapassados e o resultado dela são filmes superficiais, tão bondosos quanto pouco iluminadores.

Pelo contrário, na ausência de perguntas e respostas, a imagem ocupa o lugar do significado verbal. Sem o palavreado de boas intenções, é nessas imagens que a ética de um filme deve ser captada. No respeito pelo trabalho alheio, pelas pessoas que o realizam, buscando o que pode haver de inspirador nessas vidas anônimas, é que se revela o segredo maior deste belo filme.

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(Caderno 2)

Um adendo prévio: essa obsessão não foi exclusividade de Mocarzel. Pelo contrário, quase todo o cinema documental brasileiro, dos anos 1990 em diante, talvez inspirado por Eduardo Coutinho, embarcou na fé ilimitada da entrevista, no exercício do declaratório, sem a contradição. Ainda mais quando esse entrevistado pertence a uma minoria ou a um grupo tido como excluído da sociedade. Verdade que esse vício, no caso, foi agravado pela origem jornalística do diretor.

Em Quebradeiras, no entanto, Mocarzel exorciza essas duas influências complementares e nefastas em termos de cinema - a de se deixar guiar por um documentarista literalmente inimitável e curvar-se à linguagem de um métier que tende a se prender ao referencial na busca ilusória da objetividade.

Aqui ele enfrenta o desafio do salto no aparente vazio e tenta uma aproximação mais visual e não verbal do cotidiano das quebradeiras de coco babaçu da região do Bico do Papagaio (situada entre os Estados do Maranhão, Pará e Tocantins). Deixa que as imagens falem, sem se preocupar muito com a "mensagem" a ser passada ao espectador de maneira inequívoca.

Ficasse apenas no discurso, pode ser que Quebradeiras resvalasse para aquele tipo de paternalismo comum no cineasta de classe média quando registra o cotidiano de personagens em relação aos quais se sente culpado. Essa psicologia da culpa social é, talvez, um dos obstáculos mais difíceis de serem ultrapassados e o resultado dela são filmes superficiais, tão bondosos quanto pouco iluminadores.

Pelo contrário, na ausência de perguntas e respostas, a imagem ocupa o lugar do significado verbal. Sem o palavreado de boas intenções, é nessas imagens que a ética de um filme deve ser captada. No respeito pelo trabalho alheio, pelas pessoas que o realizam, buscando o que pode haver de inspirador nessas vidas anônimas, é que se revela o segredo maior deste belo filme.

(Caderno 2)

Um adendo prévio: essa obsessão não foi exclusividade de Mocarzel. Pelo contrário, quase todo o cinema documental brasileiro, dos anos 1990 em diante, talvez inspirado por Eduardo Coutinho, embarcou na fé ilimitada da entrevista, no exercício do declaratório, sem a contradição. Ainda mais quando esse entrevistado pertence a uma minoria ou a um grupo tido como excluído da sociedade. Verdade que esse vício, no caso, foi agravado pela origem jornalística do diretor.

Em Quebradeiras, no entanto, Mocarzel exorciza essas duas influências complementares e nefastas em termos de cinema - a de se deixar guiar por um documentarista literalmente inimitável e curvar-se à linguagem de um métier que tende a se prender ao referencial na busca ilusória da objetividade.

Aqui ele enfrenta o desafio do salto no aparente vazio e tenta uma aproximação mais visual e não verbal do cotidiano das quebradeiras de coco babaçu da região do Bico do Papagaio (situada entre os Estados do Maranhão, Pará e Tocantins). Deixa que as imagens falem, sem se preocupar muito com a "mensagem" a ser passada ao espectador de maneira inequívoca.

Ficasse apenas no discurso, pode ser que Quebradeiras resvalasse para aquele tipo de paternalismo comum no cineasta de classe média quando registra o cotidiano de personagens em relação aos quais se sente culpado. Essa psicologia da culpa social é, talvez, um dos obstáculos mais difíceis de serem ultrapassados e o resultado dela são filmes superficiais, tão bondosos quanto pouco iluminadores.

Pelo contrário, na ausência de perguntas e respostas, a imagem ocupa o lugar do significado verbal. Sem o palavreado de boas intenções, é nessas imagens que a ética de um filme deve ser captada. No respeito pelo trabalho alheio, pelas pessoas que o realizam, buscando o que pode haver de inspirador nessas vidas anônimas, é que se revela o segredo maior deste belo filme.

(Caderno 2)

Um adendo prévio: essa obsessão não foi exclusividade de Mocarzel. Pelo contrário, quase todo o cinema documental brasileiro, dos anos 1990 em diante, talvez inspirado por Eduardo Coutinho, embarcou na fé ilimitada da entrevista, no exercício do declaratório, sem a contradição. Ainda mais quando esse entrevistado pertence a uma minoria ou a um grupo tido como excluído da sociedade. Verdade que esse vício, no caso, foi agravado pela origem jornalística do diretor.

Em Quebradeiras, no entanto, Mocarzel exorciza essas duas influências complementares e nefastas em termos de cinema - a de se deixar guiar por um documentarista literalmente inimitável e curvar-se à linguagem de um métier que tende a se prender ao referencial na busca ilusória da objetividade.

Aqui ele enfrenta o desafio do salto no aparente vazio e tenta uma aproximação mais visual e não verbal do cotidiano das quebradeiras de coco babaçu da região do Bico do Papagaio (situada entre os Estados do Maranhão, Pará e Tocantins). Deixa que as imagens falem, sem se preocupar muito com a "mensagem" a ser passada ao espectador de maneira inequívoca.

Ficasse apenas no discurso, pode ser que Quebradeiras resvalasse para aquele tipo de paternalismo comum no cineasta de classe média quando registra o cotidiano de personagens em relação aos quais se sente culpado. Essa psicologia da culpa social é, talvez, um dos obstáculos mais difíceis de serem ultrapassados e o resultado dela são filmes superficiais, tão bondosos quanto pouco iluminadores.

Pelo contrário, na ausência de perguntas e respostas, a imagem ocupa o lugar do significado verbal. Sem o palavreado de boas intenções, é nessas imagens que a ética de um filme deve ser captada. No respeito pelo trabalho alheio, pelas pessoas que o realizam, buscando o que pode haver de inspirador nessas vidas anônimas, é que se revela o segredo maior deste belo filme.

(Caderno 2)

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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