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Opinião|Rodrigo Santoro interpreta os altos e baixos de Heleno


Rodrigo Santoro encarna à perfeição o mito em 'Heleno', filme de José Henrique Fonseca que entra em cartaz dia 30. Ficou bem parecido com o astro do Botafogo e tomou lições de bola do ex-jogador Cláudio Adão para não fazer feio nas cenas de futebol.

Por Luiz Zanin Oricchio

Essas, no entanto, são raras. Vemos poucas vezes as jogadas características de Heleno, revividas por Santoro: a cabeçada, a matada no peito perfeita, o arremate certeiro ao gol.

A maior parte da ação concentra-se mesmo na vida de Heleno fora dos gramados. O gosto pela vida noturna, pelas bebidas e mulheres de classe (era habitué da boate Vogue) o tornaram figurinha carimbada na boêmia carioca dos anos 1940.

O filme concentra-se também na atribulada vida conjugal de Heleno, com seu relacionamento e casamento breve com a mulher, Hilma, que na ficção vira Silvia, interpretada por Alline Moraes. Ao mesmo tempo, o jogador mantém um romance com a cantora hispânica Diamantina (a deusa colombiana Angie Cepeda). A turbulência na vida privada de Heleno acompanha-se da não menos tumultuada vida profissional, na qual se torna o terror dos vestiários, pelas humilhações impostas aos colegas de time.

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Rodrigo Santoro faz um esforço intenso ao emagrecer 12 quilos para viver o Heleno da decadência, em Barbacena. No asilo, as melhores cenas são as entre Heleno e o enfermeiro (Maurício Tizumba). Cenas comoventes, do ídolo caído, cuidado por alguém que o atende com toda a paciência e compreensão.

Em magnífico preto e branco, fotografado por Walter Carvalho, 'Heleno' remonta a um tempo de romantismo. Anos de ouro, sem as inquietações do presente. Nem por isso as pessoas passavam pela vida ilesas. No caso de Heleno, o mais infeliz dos nossos boleiros, o drama da fama, sempre ilusória, e o da decadência, inevitável. Um belo filme.

Existe um mistério nesta história triste. Os perfis biográficos, a biografia ('Nunca houve um Homem como 'Heleno', de Marcos Eduardo Neves, agora relançada pela Zahar), o próprio filme, insistem que o comportamento extravagante de Heleno era ditado pela sífilis.

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Mas todas as fontes reconhecem que Heleno sempre fora excêntrico, egoico, autocentrado, perfeccionista doentio - não tolerava em outros as imperfeições que não via em si. Desse modo, não seria uma interpretação tão caridosa quanto ingênua supor que a sua agressividade se devia apenas e tão somente à doença?

Não podemos pensar que o Heleno antissocial e brigão dos anos finais já estivesse contido no Heleno saudável e no auge da carreira? E que essas tendências teriam apenas sido potencializadas pela sífilis assim que ela se instalou em seu organismo?

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Talvez essa hipótese faça mais humano o personagem, seja mais respeitosa com sua memória e torne mais trágico ainda o seu destino.

(Caderno de Esportes)

Essas, no entanto, são raras. Vemos poucas vezes as jogadas características de Heleno, revividas por Santoro: a cabeçada, a matada no peito perfeita, o arremate certeiro ao gol.

A maior parte da ação concentra-se mesmo na vida de Heleno fora dos gramados. O gosto pela vida noturna, pelas bebidas e mulheres de classe (era habitué da boate Vogue) o tornaram figurinha carimbada na boêmia carioca dos anos 1940.

O filme concentra-se também na atribulada vida conjugal de Heleno, com seu relacionamento e casamento breve com a mulher, Hilma, que na ficção vira Silvia, interpretada por Alline Moraes. Ao mesmo tempo, o jogador mantém um romance com a cantora hispânica Diamantina (a deusa colombiana Angie Cepeda). A turbulência na vida privada de Heleno acompanha-se da não menos tumultuada vida profissional, na qual se torna o terror dos vestiários, pelas humilhações impostas aos colegas de time.

Rodrigo Santoro faz um esforço intenso ao emagrecer 12 quilos para viver o Heleno da decadência, em Barbacena. No asilo, as melhores cenas são as entre Heleno e o enfermeiro (Maurício Tizumba). Cenas comoventes, do ídolo caído, cuidado por alguém que o atende com toda a paciência e compreensão.

Em magnífico preto e branco, fotografado por Walter Carvalho, 'Heleno' remonta a um tempo de romantismo. Anos de ouro, sem as inquietações do presente. Nem por isso as pessoas passavam pela vida ilesas. No caso de Heleno, o mais infeliz dos nossos boleiros, o drama da fama, sempre ilusória, e o da decadência, inevitável. Um belo filme.

Existe um mistério nesta história triste. Os perfis biográficos, a biografia ('Nunca houve um Homem como 'Heleno', de Marcos Eduardo Neves, agora relançada pela Zahar), o próprio filme, insistem que o comportamento extravagante de Heleno era ditado pela sífilis.

Mas todas as fontes reconhecem que Heleno sempre fora excêntrico, egoico, autocentrado, perfeccionista doentio - não tolerava em outros as imperfeições que não via em si. Desse modo, não seria uma interpretação tão caridosa quanto ingênua supor que a sua agressividade se devia apenas e tão somente à doença?

Não podemos pensar que o Heleno antissocial e brigão dos anos finais já estivesse contido no Heleno saudável e no auge da carreira? E que essas tendências teriam apenas sido potencializadas pela sífilis assim que ela se instalou em seu organismo?

Talvez essa hipótese faça mais humano o personagem, seja mais respeitosa com sua memória e torne mais trágico ainda o seu destino.

(Caderno de Esportes)

Essas, no entanto, são raras. Vemos poucas vezes as jogadas características de Heleno, revividas por Santoro: a cabeçada, a matada no peito perfeita, o arremate certeiro ao gol.

A maior parte da ação concentra-se mesmo na vida de Heleno fora dos gramados. O gosto pela vida noturna, pelas bebidas e mulheres de classe (era habitué da boate Vogue) o tornaram figurinha carimbada na boêmia carioca dos anos 1940.

O filme concentra-se também na atribulada vida conjugal de Heleno, com seu relacionamento e casamento breve com a mulher, Hilma, que na ficção vira Silvia, interpretada por Alline Moraes. Ao mesmo tempo, o jogador mantém um romance com a cantora hispânica Diamantina (a deusa colombiana Angie Cepeda). A turbulência na vida privada de Heleno acompanha-se da não menos tumultuada vida profissional, na qual se torna o terror dos vestiários, pelas humilhações impostas aos colegas de time.

Rodrigo Santoro faz um esforço intenso ao emagrecer 12 quilos para viver o Heleno da decadência, em Barbacena. No asilo, as melhores cenas são as entre Heleno e o enfermeiro (Maurício Tizumba). Cenas comoventes, do ídolo caído, cuidado por alguém que o atende com toda a paciência e compreensão.

Em magnífico preto e branco, fotografado por Walter Carvalho, 'Heleno' remonta a um tempo de romantismo. Anos de ouro, sem as inquietações do presente. Nem por isso as pessoas passavam pela vida ilesas. No caso de Heleno, o mais infeliz dos nossos boleiros, o drama da fama, sempre ilusória, e o da decadência, inevitável. Um belo filme.

Existe um mistério nesta história triste. Os perfis biográficos, a biografia ('Nunca houve um Homem como 'Heleno', de Marcos Eduardo Neves, agora relançada pela Zahar), o próprio filme, insistem que o comportamento extravagante de Heleno era ditado pela sífilis.

Mas todas as fontes reconhecem que Heleno sempre fora excêntrico, egoico, autocentrado, perfeccionista doentio - não tolerava em outros as imperfeições que não via em si. Desse modo, não seria uma interpretação tão caridosa quanto ingênua supor que a sua agressividade se devia apenas e tão somente à doença?

Não podemos pensar que o Heleno antissocial e brigão dos anos finais já estivesse contido no Heleno saudável e no auge da carreira? E que essas tendências teriam apenas sido potencializadas pela sífilis assim que ela se instalou em seu organismo?

Talvez essa hipótese faça mais humano o personagem, seja mais respeitosa com sua memória e torne mais trágico ainda o seu destino.

(Caderno de Esportes)

Essas, no entanto, são raras. Vemos poucas vezes as jogadas características de Heleno, revividas por Santoro: a cabeçada, a matada no peito perfeita, o arremate certeiro ao gol.

A maior parte da ação concentra-se mesmo na vida de Heleno fora dos gramados. O gosto pela vida noturna, pelas bebidas e mulheres de classe (era habitué da boate Vogue) o tornaram figurinha carimbada na boêmia carioca dos anos 1940.

O filme concentra-se também na atribulada vida conjugal de Heleno, com seu relacionamento e casamento breve com a mulher, Hilma, que na ficção vira Silvia, interpretada por Alline Moraes. Ao mesmo tempo, o jogador mantém um romance com a cantora hispânica Diamantina (a deusa colombiana Angie Cepeda). A turbulência na vida privada de Heleno acompanha-se da não menos tumultuada vida profissional, na qual se torna o terror dos vestiários, pelas humilhações impostas aos colegas de time.

Rodrigo Santoro faz um esforço intenso ao emagrecer 12 quilos para viver o Heleno da decadência, em Barbacena. No asilo, as melhores cenas são as entre Heleno e o enfermeiro (Maurício Tizumba). Cenas comoventes, do ídolo caído, cuidado por alguém que o atende com toda a paciência e compreensão.

Em magnífico preto e branco, fotografado por Walter Carvalho, 'Heleno' remonta a um tempo de romantismo. Anos de ouro, sem as inquietações do presente. Nem por isso as pessoas passavam pela vida ilesas. No caso de Heleno, o mais infeliz dos nossos boleiros, o drama da fama, sempre ilusória, e o da decadência, inevitável. Um belo filme.

Existe um mistério nesta história triste. Os perfis biográficos, a biografia ('Nunca houve um Homem como 'Heleno', de Marcos Eduardo Neves, agora relançada pela Zahar), o próprio filme, insistem que o comportamento extravagante de Heleno era ditado pela sífilis.

Mas todas as fontes reconhecem que Heleno sempre fora excêntrico, egoico, autocentrado, perfeccionista doentio - não tolerava em outros as imperfeições que não via em si. Desse modo, não seria uma interpretação tão caridosa quanto ingênua supor que a sua agressividade se devia apenas e tão somente à doença?

Não podemos pensar que o Heleno antissocial e brigão dos anos finais já estivesse contido no Heleno saudável e no auge da carreira? E que essas tendências teriam apenas sido potencializadas pela sífilis assim que ela se instalou em seu organismo?

Talvez essa hipótese faça mais humano o personagem, seja mais respeitosa com sua memória e torne mais trágico ainda o seu destino.

(Caderno de Esportes)

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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