Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|carência é doença


Por Marcelo Rubens Paiva

 

Ele estava na dele, quando ela ligou, queria conversar.

Na sua voz, uma aflição inédita, curiosa.

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Ela costumava ser alegre, muitas, como todos. Mas agora do outro lado da linha alguém sofria, alguém que precisava dele. E como tinham o pacto ele prontamente atendeu, entendeu, foi vê-la.

Ela era um antigo caso, daqueles que a gente não supera, ex de muitos anos atrás, quando ela tinha por uns 18 anos. Ele dizia espera você crescer mais, eu te amo, tu me amas, mas viva um pouco mais, e brincavam, quando você se aproximar dos 30, a gente pensa, tá,quando eu me aproximar dos 30, a gente se casa, pensa, casa, casa, pensa...

Ela tirou carta, se graduou, morou com amigos, trabalhou. Conheceu outros países. Outros estilos musicais. Cada ano vibrava por outra moda.

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E durante a década viviam se encontrando, às vezes amigos, às vezes se pegando, amando, escondidos, sempre se ajudando, conselhos, curando, passeando, uma amizade-amor.

Até trepavam.

E era sempre a mesma sorte, o tesão de sempre, aquele corpo de que ele era íntimo, que venerava, trepavam rindo, gozavam gargalhado.

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Então, ela disse, acabei uma relação, estou com 30 anos, e aí, quer casar comigo?

Ele, na dele por opção, riu, será?

Pensou, mas então é agora?

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Calculou, não era para ser apenas uma amizade-amor? Não era melhor assim? Assim é bom?

Riu, sorriu, pensou, como cartas sendo embaralhadas, viu fotogramas do futuro, nós na mesma casa, nós acordando num domingo, nós cozinhando, nós num Réveillon, em Natal, bebendo num boteco, na cama assistindo à TV à tarde. Trepando quase todas as noites. Nela grávida ao seu lado.

E respondeu: OK!

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OK...

OK?!

Ela pulou de alegria, avisou a família, contou pros amigos, fez planos.

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Ficou eufórico, claro, por que não, eu a amo, ela me ama!

Passaram a semana juntos.

No fim de semana ela sumiu.

Na outra semana, disse que estava triste, que procurou o ex para consolá-la, e ele ia morar com ela, ele o ex.

"Como você acha que eu ia te namorar, se eu estava triste, terminando uma relação séria, sim, você me tocou, foi gostoso, mas eu estava carente. E você também. Carência é doença."

 

Ele estava na dele, quando ela ligou, queria conversar.

Na sua voz, uma aflição inédita, curiosa.

Ela costumava ser alegre, muitas, como todos. Mas agora do outro lado da linha alguém sofria, alguém que precisava dele. E como tinham o pacto ele prontamente atendeu, entendeu, foi vê-la.

Ela era um antigo caso, daqueles que a gente não supera, ex de muitos anos atrás, quando ela tinha por uns 18 anos. Ele dizia espera você crescer mais, eu te amo, tu me amas, mas viva um pouco mais, e brincavam, quando você se aproximar dos 30, a gente pensa, tá,quando eu me aproximar dos 30, a gente se casa, pensa, casa, casa, pensa...

Ela tirou carta, se graduou, morou com amigos, trabalhou. Conheceu outros países. Outros estilos musicais. Cada ano vibrava por outra moda.

E durante a década viviam se encontrando, às vezes amigos, às vezes se pegando, amando, escondidos, sempre se ajudando, conselhos, curando, passeando, uma amizade-amor.

Até trepavam.

E era sempre a mesma sorte, o tesão de sempre, aquele corpo de que ele era íntimo, que venerava, trepavam rindo, gozavam gargalhado.

Então, ela disse, acabei uma relação, estou com 30 anos, e aí, quer casar comigo?

Ele, na dele por opção, riu, será?

Pensou, mas então é agora?

Calculou, não era para ser apenas uma amizade-amor? Não era melhor assim? Assim é bom?

Riu, sorriu, pensou, como cartas sendo embaralhadas, viu fotogramas do futuro, nós na mesma casa, nós acordando num domingo, nós cozinhando, nós num Réveillon, em Natal, bebendo num boteco, na cama assistindo à TV à tarde. Trepando quase todas as noites. Nela grávida ao seu lado.

E respondeu: OK!

OK...

OK?!

Ela pulou de alegria, avisou a família, contou pros amigos, fez planos.

Ficou eufórico, claro, por que não, eu a amo, ela me ama!

Passaram a semana juntos.

No fim de semana ela sumiu.

Na outra semana, disse que estava triste, que procurou o ex para consolá-la, e ele ia morar com ela, ele o ex.

"Como você acha que eu ia te namorar, se eu estava triste, terminando uma relação séria, sim, você me tocou, foi gostoso, mas eu estava carente. E você também. Carência é doença."

 

Ele estava na dele, quando ela ligou, queria conversar.

Na sua voz, uma aflição inédita, curiosa.

Ela costumava ser alegre, muitas, como todos. Mas agora do outro lado da linha alguém sofria, alguém que precisava dele. E como tinham o pacto ele prontamente atendeu, entendeu, foi vê-la.

Ela era um antigo caso, daqueles que a gente não supera, ex de muitos anos atrás, quando ela tinha por uns 18 anos. Ele dizia espera você crescer mais, eu te amo, tu me amas, mas viva um pouco mais, e brincavam, quando você se aproximar dos 30, a gente pensa, tá,quando eu me aproximar dos 30, a gente se casa, pensa, casa, casa, pensa...

Ela tirou carta, se graduou, morou com amigos, trabalhou. Conheceu outros países. Outros estilos musicais. Cada ano vibrava por outra moda.

E durante a década viviam se encontrando, às vezes amigos, às vezes se pegando, amando, escondidos, sempre se ajudando, conselhos, curando, passeando, uma amizade-amor.

Até trepavam.

E era sempre a mesma sorte, o tesão de sempre, aquele corpo de que ele era íntimo, que venerava, trepavam rindo, gozavam gargalhado.

Então, ela disse, acabei uma relação, estou com 30 anos, e aí, quer casar comigo?

Ele, na dele por opção, riu, será?

Pensou, mas então é agora?

Calculou, não era para ser apenas uma amizade-amor? Não era melhor assim? Assim é bom?

Riu, sorriu, pensou, como cartas sendo embaralhadas, viu fotogramas do futuro, nós na mesma casa, nós acordando num domingo, nós cozinhando, nós num Réveillon, em Natal, bebendo num boteco, na cama assistindo à TV à tarde. Trepando quase todas as noites. Nela grávida ao seu lado.

E respondeu: OK!

OK...

OK?!

Ela pulou de alegria, avisou a família, contou pros amigos, fez planos.

Ficou eufórico, claro, por que não, eu a amo, ela me ama!

Passaram a semana juntos.

No fim de semana ela sumiu.

Na outra semana, disse que estava triste, que procurou o ex para consolá-la, e ele ia morar com ela, ele o ex.

"Como você acha que eu ia te namorar, se eu estava triste, terminando uma relação séria, sim, você me tocou, foi gostoso, mas eu estava carente. E você também. Carência é doença."

 

Ele estava na dele, quando ela ligou, queria conversar.

Na sua voz, uma aflição inédita, curiosa.

Ela costumava ser alegre, muitas, como todos. Mas agora do outro lado da linha alguém sofria, alguém que precisava dele. E como tinham o pacto ele prontamente atendeu, entendeu, foi vê-la.

Ela era um antigo caso, daqueles que a gente não supera, ex de muitos anos atrás, quando ela tinha por uns 18 anos. Ele dizia espera você crescer mais, eu te amo, tu me amas, mas viva um pouco mais, e brincavam, quando você se aproximar dos 30, a gente pensa, tá,quando eu me aproximar dos 30, a gente se casa, pensa, casa, casa, pensa...

Ela tirou carta, se graduou, morou com amigos, trabalhou. Conheceu outros países. Outros estilos musicais. Cada ano vibrava por outra moda.

E durante a década viviam se encontrando, às vezes amigos, às vezes se pegando, amando, escondidos, sempre se ajudando, conselhos, curando, passeando, uma amizade-amor.

Até trepavam.

E era sempre a mesma sorte, o tesão de sempre, aquele corpo de que ele era íntimo, que venerava, trepavam rindo, gozavam gargalhado.

Então, ela disse, acabei uma relação, estou com 30 anos, e aí, quer casar comigo?

Ele, na dele por opção, riu, será?

Pensou, mas então é agora?

Calculou, não era para ser apenas uma amizade-amor? Não era melhor assim? Assim é bom?

Riu, sorriu, pensou, como cartas sendo embaralhadas, viu fotogramas do futuro, nós na mesma casa, nós acordando num domingo, nós cozinhando, nós num Réveillon, em Natal, bebendo num boteco, na cama assistindo à TV à tarde. Trepando quase todas as noites. Nela grávida ao seu lado.

E respondeu: OK!

OK...

OK?!

Ela pulou de alegria, avisou a família, contou pros amigos, fez planos.

Ficou eufórico, claro, por que não, eu a amo, ela me ama!

Passaram a semana juntos.

No fim de semana ela sumiu.

Na outra semana, disse que estava triste, que procurou o ex para consolá-la, e ele ia morar com ela, ele o ex.

"Como você acha que eu ia te namorar, se eu estava triste, terminando uma relação séria, sim, você me tocou, foi gostoso, mas eu estava carente. E você também. Carência é doença."

Opinião por Marcelo Rubens Paiva

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