Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|contrassenso


 

Por Marcelo Rubens Paiva

 

O grupo TEATRO DA CURVA, daqui de São Paulo, embarcou para LONDRES no fim de semana para se apresentar no THE CAMDEN FRINGE, festival livre de música e teatro.

Eram 10 pessoas entre atores, atrizes e técnicos.

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Profissionais que largaram seus trabalhos para apresentar ao público inglês a peça CANDIDE.

E, como estavam sem patrocínio, organizaram festas, eventos e até rifas aqui entre amigos. Todos apoiaram, ajudaram, torceram.

Um dos atores, CELSO MELEZ, estava na minha peça, O PREDADOR ENTRA NA SALA, e arrumamos um substituto para a sua viagem.

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Estavam na programação do festival que acontece todos os anos em agosto em CAMDEN: http://www.camdenfringe.org/

Foram todos barrados no aeroporto e tratados como marginais.

Encostaram-nos na parede.

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Revistaram.

Dois atores foram agredidos.

Cada um teve a escolta de dois agentes alfandegários.

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Deportados!

Foram mandados de volta, apesar dos passaportes em dia e da carta do FESTIVAL.

Isso sim que é país civilizado...

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Azar deles.

Xenofobia ataca a EUROPA.

O racismo corrói a herança do iluminismo.

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Dá pena.

Fechem as fronteiras e serão vítimas da própria intolerância.

 Pior que acabei de elogiá-los no post anterior.

Celsinho não fará a peça hoje.

Está sem dormir.

Faremos com o substituto mesmo, o ator Fábio Ock.

 

 Foto: Estadão

 

+++

 

 

E recebi aqui o sujeito do censo do IBGE.

Com seu palmtop, simpático, falante.

Ofereci café e me preparei para me abrir para ele.

Até meus segredos mais íntimos.

Esperei perguntas relevantes.

Tipo:

Minha religião

Meu colesterol

Meu time de preferência

Minha bebida preferida

Meus ideais

Meu hábito de leitura

Alimentação

Quantas vezes vou ao teatro e cinema

Se prefiro rock, axé, música eletrônica

Se leio jornais impressos

Se como gordura trans

Se a TV fica no quarto

Se uso banda larga

Se sou canhoto

Prefiro cheques ou cartões

Se compro produtor piratas

Se sou a favor do aborto, da união homossexual, da liberação das drogas

Nada disso.

Perguntou quanto ganho, o que me recusei a dizer. Quantos banheiros tenho em casa [pensei que ele estava precisando ir ao toalete]. E se alguém que morava comigo havia morrido ou se mudado de país. E foi embora.

Nem perguntou o nome do meu gato!

Não entendi nada.

Depois caiu a ficha: claro, o IBGE está querendo saber dos mortos e exilados, para controlar o bolsa família, a Previdência e outras ações sociais.

Deduragem.

Na cara dura.

Não?

 

O grupo TEATRO DA CURVA, daqui de São Paulo, embarcou para LONDRES no fim de semana para se apresentar no THE CAMDEN FRINGE, festival livre de música e teatro.

Eram 10 pessoas entre atores, atrizes e técnicos.

Profissionais que largaram seus trabalhos para apresentar ao público inglês a peça CANDIDE.

E, como estavam sem patrocínio, organizaram festas, eventos e até rifas aqui entre amigos. Todos apoiaram, ajudaram, torceram.

Um dos atores, CELSO MELEZ, estava na minha peça, O PREDADOR ENTRA NA SALA, e arrumamos um substituto para a sua viagem.

Estavam na programação do festival que acontece todos os anos em agosto em CAMDEN: http://www.camdenfringe.org/

Foram todos barrados no aeroporto e tratados como marginais.

Encostaram-nos na parede.

Revistaram.

Dois atores foram agredidos.

Cada um teve a escolta de dois agentes alfandegários.

Deportados!

Foram mandados de volta, apesar dos passaportes em dia e da carta do FESTIVAL.

Isso sim que é país civilizado...

Azar deles.

Xenofobia ataca a EUROPA.

O racismo corrói a herança do iluminismo.

Dá pena.

Fechem as fronteiras e serão vítimas da própria intolerância.

 Pior que acabei de elogiá-los no post anterior.

Celsinho não fará a peça hoje.

Está sem dormir.

Faremos com o substituto mesmo, o ator Fábio Ock.

 

 Foto: Estadão

 

+++

 

 

E recebi aqui o sujeito do censo do IBGE.

Com seu palmtop, simpático, falante.

Ofereci café e me preparei para me abrir para ele.

Até meus segredos mais íntimos.

Esperei perguntas relevantes.

Tipo:

Minha religião

Meu colesterol

Meu time de preferência

Minha bebida preferida

Meus ideais

Meu hábito de leitura

Alimentação

Quantas vezes vou ao teatro e cinema

Se prefiro rock, axé, música eletrônica

Se leio jornais impressos

Se como gordura trans

Se a TV fica no quarto

Se uso banda larga

Se sou canhoto

Prefiro cheques ou cartões

Se compro produtor piratas

Se sou a favor do aborto, da união homossexual, da liberação das drogas

Nada disso.

Perguntou quanto ganho, o que me recusei a dizer. Quantos banheiros tenho em casa [pensei que ele estava precisando ir ao toalete]. E se alguém que morava comigo havia morrido ou se mudado de país. E foi embora.

Nem perguntou o nome do meu gato!

Não entendi nada.

Depois caiu a ficha: claro, o IBGE está querendo saber dos mortos e exilados, para controlar o bolsa família, a Previdência e outras ações sociais.

Deduragem.

Na cara dura.

Não?

 

O grupo TEATRO DA CURVA, daqui de São Paulo, embarcou para LONDRES no fim de semana para se apresentar no THE CAMDEN FRINGE, festival livre de música e teatro.

Eram 10 pessoas entre atores, atrizes e técnicos.

Profissionais que largaram seus trabalhos para apresentar ao público inglês a peça CANDIDE.

E, como estavam sem patrocínio, organizaram festas, eventos e até rifas aqui entre amigos. Todos apoiaram, ajudaram, torceram.

Um dos atores, CELSO MELEZ, estava na minha peça, O PREDADOR ENTRA NA SALA, e arrumamos um substituto para a sua viagem.

Estavam na programação do festival que acontece todos os anos em agosto em CAMDEN: http://www.camdenfringe.org/

Foram todos barrados no aeroporto e tratados como marginais.

Encostaram-nos na parede.

Revistaram.

Dois atores foram agredidos.

Cada um teve a escolta de dois agentes alfandegários.

Deportados!

Foram mandados de volta, apesar dos passaportes em dia e da carta do FESTIVAL.

Isso sim que é país civilizado...

Azar deles.

Xenofobia ataca a EUROPA.

O racismo corrói a herança do iluminismo.

Dá pena.

Fechem as fronteiras e serão vítimas da própria intolerância.

 Pior que acabei de elogiá-los no post anterior.

Celsinho não fará a peça hoje.

Está sem dormir.

Faremos com o substituto mesmo, o ator Fábio Ock.

 

 Foto: Estadão

 

+++

 

 

E recebi aqui o sujeito do censo do IBGE.

Com seu palmtop, simpático, falante.

Ofereci café e me preparei para me abrir para ele.

Até meus segredos mais íntimos.

Esperei perguntas relevantes.

Tipo:

Minha religião

Meu colesterol

Meu time de preferência

Minha bebida preferida

Meus ideais

Meu hábito de leitura

Alimentação

Quantas vezes vou ao teatro e cinema

Se prefiro rock, axé, música eletrônica

Se leio jornais impressos

Se como gordura trans

Se a TV fica no quarto

Se uso banda larga

Se sou canhoto

Prefiro cheques ou cartões

Se compro produtor piratas

Se sou a favor do aborto, da união homossexual, da liberação das drogas

Nada disso.

Perguntou quanto ganho, o que me recusei a dizer. Quantos banheiros tenho em casa [pensei que ele estava precisando ir ao toalete]. E se alguém que morava comigo havia morrido ou se mudado de país. E foi embora.

Nem perguntou o nome do meu gato!

Não entendi nada.

Depois caiu a ficha: claro, o IBGE está querendo saber dos mortos e exilados, para controlar o bolsa família, a Previdência e outras ações sociais.

Deduragem.

Na cara dura.

Não?

 

O grupo TEATRO DA CURVA, daqui de São Paulo, embarcou para LONDRES no fim de semana para se apresentar no THE CAMDEN FRINGE, festival livre de música e teatro.

Eram 10 pessoas entre atores, atrizes e técnicos.

Profissionais que largaram seus trabalhos para apresentar ao público inglês a peça CANDIDE.

E, como estavam sem patrocínio, organizaram festas, eventos e até rifas aqui entre amigos. Todos apoiaram, ajudaram, torceram.

Um dos atores, CELSO MELEZ, estava na minha peça, O PREDADOR ENTRA NA SALA, e arrumamos um substituto para a sua viagem.

Estavam na programação do festival que acontece todos os anos em agosto em CAMDEN: http://www.camdenfringe.org/

Foram todos barrados no aeroporto e tratados como marginais.

Encostaram-nos na parede.

Revistaram.

Dois atores foram agredidos.

Cada um teve a escolta de dois agentes alfandegários.

Deportados!

Foram mandados de volta, apesar dos passaportes em dia e da carta do FESTIVAL.

Isso sim que é país civilizado...

Azar deles.

Xenofobia ataca a EUROPA.

O racismo corrói a herança do iluminismo.

Dá pena.

Fechem as fronteiras e serão vítimas da própria intolerância.

 Pior que acabei de elogiá-los no post anterior.

Celsinho não fará a peça hoje.

Está sem dormir.

Faremos com o substituto mesmo, o ator Fábio Ock.

 

 Foto: Estadão

 

+++

 

 

E recebi aqui o sujeito do censo do IBGE.

Com seu palmtop, simpático, falante.

Ofereci café e me preparei para me abrir para ele.

Até meus segredos mais íntimos.

Esperei perguntas relevantes.

Tipo:

Minha religião

Meu colesterol

Meu time de preferência

Minha bebida preferida

Meus ideais

Meu hábito de leitura

Alimentação

Quantas vezes vou ao teatro e cinema

Se prefiro rock, axé, música eletrônica

Se leio jornais impressos

Se como gordura trans

Se a TV fica no quarto

Se uso banda larga

Se sou canhoto

Prefiro cheques ou cartões

Se compro produtor piratas

Se sou a favor do aborto, da união homossexual, da liberação das drogas

Nada disso.

Perguntou quanto ganho, o que me recusei a dizer. Quantos banheiros tenho em casa [pensei que ele estava precisando ir ao toalete]. E se alguém que morava comigo havia morrido ou se mudado de país. E foi embora.

Nem perguntou o nome do meu gato!

Não entendi nada.

Depois caiu a ficha: claro, o IBGE está querendo saber dos mortos e exilados, para controlar o bolsa família, a Previdência e outras ações sociais.

Deduragem.

Na cara dura.

Não?

Opinião por Marcelo Rubens Paiva

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