Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|não passo para o lado do black bloc


Por Marcelo Rubens Paiva

 

Ontem, dia de manifestações por todo país.

Na Paulista, grupos iam de um lado para o outro, escoltados pela polícia. Helicópteros sobrevoavam a avenida.

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Chamam agora de ATIVISTAS. Acho um lindo nome. Foram vândalos, arruaceiros. Ativistas, agora.

Saindo do Cine Sesc, à beira da Augusta, eu e 300 velhinhos tínhamos acabados de ver o incrível filme argentino LAS ACACIAS.

Atordoados ainda pela simplicidade e delicadeza do filme, nos acumulamos na calçada.

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Quando o clima pesou, vemos lojas se fechando, bares baixando a porta, e um grupo de uns 200 manifestantes mascarados descendo a AUGUSTA.

Lá estão eles, os BLACK BLOCS. Até Caetano entrou na bossa e se mascarou.

O pipoqueiro recolheu o carrinho, os velhinhos voltaram, muitos correram para dentro do cinema, que começou a baixar as portas. Fiquei do lado de fora. Ao lado de um poste.

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Na primeira fila de ATIVISTAS, alguns com barras de ferro. São jovens. Mais jovens do que eu imaginava. Mal-encarados. Não carregavam bandeiras, cartazes.

Tudo podia acontecer.

Podiam achar que o Cine Sesc do grupo S deve ser apedrejado, que o pipoqueiro é agente do capitalismo, que a igreja evangélica, ao lado, deve ser invadida em incendiada, que sou agente da PIGe devo ter a cadeira de rodas pichada.

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Diante de mim, só as máscaras negras. Um sujeito no meio do grupo começou a gritar: "Você que é explorado, passe para o nosso lado". Grito que escuto desde os anos 1970.

Não, cara, eu não vou passar para o seu lado.

Aliás, ninguém ali iria.

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Estávamos, sim, com medo de vocês.

Morrendo de medo.

A militância horizontal é uma ideia poética, utópica.

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Mas vocês são uns seres estranhos à política, depredam metrô, lixeiras, bancos, cercaram a sede de uma editora, cuja revista falou mal de vocês, e tacaram pedra, o que é isso?!

Picharam o monumento do Itamaraty, tacaram pedra, tentaram invadir nossas instituições democráticas, tacam fogo.

Não, cara. Não vou passar pro seu lado.

Vocês me metem medo.

E olha que já tive a casa invadida por agentes da ditadura com metralhadora, já fugi do DOI-Codi, Dops, Cisa, Cenimar, já fiquei exilado em embaixada, já levei porrada da polícia do Erasmo Dias, bombas, cacete, vi o diabo.

Já fui cercado pela ROTA no show punk da PUC.

Testemunhei a ascensão do anarquismo na ECA-USP.

Aliás, meu bisavó, GUISEPE DONATI, era um líder anarquista de Modena, que teve que fugir da Itália e veio parar no Brasil.

Black Bloc? Tô fora.

Hi, será que vão apedrejar a minha casa?

 

Ontem, dia de manifestações por todo país.

Na Paulista, grupos iam de um lado para o outro, escoltados pela polícia. Helicópteros sobrevoavam a avenida.

Chamam agora de ATIVISTAS. Acho um lindo nome. Foram vândalos, arruaceiros. Ativistas, agora.

Saindo do Cine Sesc, à beira da Augusta, eu e 300 velhinhos tínhamos acabados de ver o incrível filme argentino LAS ACACIAS.

Atordoados ainda pela simplicidade e delicadeza do filme, nos acumulamos na calçada.

Quando o clima pesou, vemos lojas se fechando, bares baixando a porta, e um grupo de uns 200 manifestantes mascarados descendo a AUGUSTA.

Lá estão eles, os BLACK BLOCS. Até Caetano entrou na bossa e se mascarou.

O pipoqueiro recolheu o carrinho, os velhinhos voltaram, muitos correram para dentro do cinema, que começou a baixar as portas. Fiquei do lado de fora. Ao lado de um poste.

Na primeira fila de ATIVISTAS, alguns com barras de ferro. São jovens. Mais jovens do que eu imaginava. Mal-encarados. Não carregavam bandeiras, cartazes.

Tudo podia acontecer.

Podiam achar que o Cine Sesc do grupo S deve ser apedrejado, que o pipoqueiro é agente do capitalismo, que a igreja evangélica, ao lado, deve ser invadida em incendiada, que sou agente da PIGe devo ter a cadeira de rodas pichada.

Diante de mim, só as máscaras negras. Um sujeito no meio do grupo começou a gritar: "Você que é explorado, passe para o nosso lado". Grito que escuto desde os anos 1970.

Não, cara, eu não vou passar para o seu lado.

Aliás, ninguém ali iria.

Estávamos, sim, com medo de vocês.

Morrendo de medo.

A militância horizontal é uma ideia poética, utópica.

Mas vocês são uns seres estranhos à política, depredam metrô, lixeiras, bancos, cercaram a sede de uma editora, cuja revista falou mal de vocês, e tacaram pedra, o que é isso?!

Picharam o monumento do Itamaraty, tacaram pedra, tentaram invadir nossas instituições democráticas, tacam fogo.

Não, cara. Não vou passar pro seu lado.

Vocês me metem medo.

E olha que já tive a casa invadida por agentes da ditadura com metralhadora, já fugi do DOI-Codi, Dops, Cisa, Cenimar, já fiquei exilado em embaixada, já levei porrada da polícia do Erasmo Dias, bombas, cacete, vi o diabo.

Já fui cercado pela ROTA no show punk da PUC.

Testemunhei a ascensão do anarquismo na ECA-USP.

Aliás, meu bisavó, GUISEPE DONATI, era um líder anarquista de Modena, que teve que fugir da Itália e veio parar no Brasil.

Black Bloc? Tô fora.

Hi, será que vão apedrejar a minha casa?

 

Ontem, dia de manifestações por todo país.

Na Paulista, grupos iam de um lado para o outro, escoltados pela polícia. Helicópteros sobrevoavam a avenida.

Chamam agora de ATIVISTAS. Acho um lindo nome. Foram vândalos, arruaceiros. Ativistas, agora.

Saindo do Cine Sesc, à beira da Augusta, eu e 300 velhinhos tínhamos acabados de ver o incrível filme argentino LAS ACACIAS.

Atordoados ainda pela simplicidade e delicadeza do filme, nos acumulamos na calçada.

Quando o clima pesou, vemos lojas se fechando, bares baixando a porta, e um grupo de uns 200 manifestantes mascarados descendo a AUGUSTA.

Lá estão eles, os BLACK BLOCS. Até Caetano entrou na bossa e se mascarou.

O pipoqueiro recolheu o carrinho, os velhinhos voltaram, muitos correram para dentro do cinema, que começou a baixar as portas. Fiquei do lado de fora. Ao lado de um poste.

Na primeira fila de ATIVISTAS, alguns com barras de ferro. São jovens. Mais jovens do que eu imaginava. Mal-encarados. Não carregavam bandeiras, cartazes.

Tudo podia acontecer.

Podiam achar que o Cine Sesc do grupo S deve ser apedrejado, que o pipoqueiro é agente do capitalismo, que a igreja evangélica, ao lado, deve ser invadida em incendiada, que sou agente da PIGe devo ter a cadeira de rodas pichada.

Diante de mim, só as máscaras negras. Um sujeito no meio do grupo começou a gritar: "Você que é explorado, passe para o nosso lado". Grito que escuto desde os anos 1970.

Não, cara, eu não vou passar para o seu lado.

Aliás, ninguém ali iria.

Estávamos, sim, com medo de vocês.

Morrendo de medo.

A militância horizontal é uma ideia poética, utópica.

Mas vocês são uns seres estranhos à política, depredam metrô, lixeiras, bancos, cercaram a sede de uma editora, cuja revista falou mal de vocês, e tacaram pedra, o que é isso?!

Picharam o monumento do Itamaraty, tacaram pedra, tentaram invadir nossas instituições democráticas, tacam fogo.

Não, cara. Não vou passar pro seu lado.

Vocês me metem medo.

E olha que já tive a casa invadida por agentes da ditadura com metralhadora, já fugi do DOI-Codi, Dops, Cisa, Cenimar, já fiquei exilado em embaixada, já levei porrada da polícia do Erasmo Dias, bombas, cacete, vi o diabo.

Já fui cercado pela ROTA no show punk da PUC.

Testemunhei a ascensão do anarquismo na ECA-USP.

Aliás, meu bisavó, GUISEPE DONATI, era um líder anarquista de Modena, que teve que fugir da Itália e veio parar no Brasil.

Black Bloc? Tô fora.

Hi, será que vão apedrejar a minha casa?

 

Ontem, dia de manifestações por todo país.

Na Paulista, grupos iam de um lado para o outro, escoltados pela polícia. Helicópteros sobrevoavam a avenida.

Chamam agora de ATIVISTAS. Acho um lindo nome. Foram vândalos, arruaceiros. Ativistas, agora.

Saindo do Cine Sesc, à beira da Augusta, eu e 300 velhinhos tínhamos acabados de ver o incrível filme argentino LAS ACACIAS.

Atordoados ainda pela simplicidade e delicadeza do filme, nos acumulamos na calçada.

Quando o clima pesou, vemos lojas se fechando, bares baixando a porta, e um grupo de uns 200 manifestantes mascarados descendo a AUGUSTA.

Lá estão eles, os BLACK BLOCS. Até Caetano entrou na bossa e se mascarou.

O pipoqueiro recolheu o carrinho, os velhinhos voltaram, muitos correram para dentro do cinema, que começou a baixar as portas. Fiquei do lado de fora. Ao lado de um poste.

Na primeira fila de ATIVISTAS, alguns com barras de ferro. São jovens. Mais jovens do que eu imaginava. Mal-encarados. Não carregavam bandeiras, cartazes.

Tudo podia acontecer.

Podiam achar que o Cine Sesc do grupo S deve ser apedrejado, que o pipoqueiro é agente do capitalismo, que a igreja evangélica, ao lado, deve ser invadida em incendiada, que sou agente da PIGe devo ter a cadeira de rodas pichada.

Diante de mim, só as máscaras negras. Um sujeito no meio do grupo começou a gritar: "Você que é explorado, passe para o nosso lado". Grito que escuto desde os anos 1970.

Não, cara, eu não vou passar para o seu lado.

Aliás, ninguém ali iria.

Estávamos, sim, com medo de vocês.

Morrendo de medo.

A militância horizontal é uma ideia poética, utópica.

Mas vocês são uns seres estranhos à política, depredam metrô, lixeiras, bancos, cercaram a sede de uma editora, cuja revista falou mal de vocês, e tacaram pedra, o que é isso?!

Picharam o monumento do Itamaraty, tacaram pedra, tentaram invadir nossas instituições democráticas, tacam fogo.

Não, cara. Não vou passar pro seu lado.

Vocês me metem medo.

E olha que já tive a casa invadida por agentes da ditadura com metralhadora, já fugi do DOI-Codi, Dops, Cisa, Cenimar, já fiquei exilado em embaixada, já levei porrada da polícia do Erasmo Dias, bombas, cacete, vi o diabo.

Já fui cercado pela ROTA no show punk da PUC.

Testemunhei a ascensão do anarquismo na ECA-USP.

Aliás, meu bisavó, GUISEPE DONATI, era um líder anarquista de Modena, que teve que fugir da Itália e veio parar no Brasil.

Black Bloc? Tô fora.

Hi, será que vão apedrejar a minha casa?

Opinião por Marcelo Rubens Paiva

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