Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|O político improvável


Em documentário, FHC confessa que nunca quis ser político. “Queria ser papa”, ri

Por Marcelo Rubens Paiva

Houve um tempo em que diploma na parede valia mais do que uma Bíblia no bolso ou uma arma no coldre. Se hoje o entra e sai do Ministério da Educação é repleto de pastores, houve um tempo em que o reitor da UnB era Darcy Ribeiro, e o secretário municipal de Educação de São Paulo, Paulo Freire. Intriga o título do documentário de Belisário França sobre o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, O Presidente Improvável. Qual presidente não é improvável? Jânio Quadros foi catapultado num partido sem expressão da Prefeitura à Presidência. Seu sucessor, Jango, era mais popular como vice, não pretendeu ascender e não soube conduzir o País em convulsão. 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Leo Martins/Estadão

Sarney entrou para a aliança com Tancredo no final da ditadura e herdou o cargo. Collor derrotou Ulysses, Covas, Lula, Maluf e Brizola. Lula, um operário metalúrgico, imaginava ser presidente? E o atual, defensor da tortura, autoritário, sexista, homofóbico, negacionista, que destrata a imprensa? Brasília entrou na onda conservadora de quem tem fé. A ciência no comando (sociólogo) hoje seria aberração. Não no passado.  A universidade foi necessária para nos tirar do impasse e reerguermos a democracia. Entre os fundadores do PT, Florestan Fernandes, Antonio Candido, Sérgio Buarque de Holanda. Francisco Weffort trafegava entre petistas e tucanos. Serra e Suplicy, professores. FHC foi precursor. Arrastado para a política por Ulysses e Tancredo, não queria ser senador. Suplente de Montoro, assumiu a cadeira quando o titular foi eleito governador. Chegou à Presidência como terceira opção. Confessa que nunca quis ser político. “Queria ser o papa”, ri.  Numa aula recuperada de 1976, diz: “Um fato político significa algo que é não previsto pelas regras”. Diz que entramos numa nova era em que as pessoas conversam entre si, saltam as estruturas. A sociedade não se orienta por organizações, partido, sindicato, igreja, mas ideias e pessoas.  Manuel Castells diz que o Estado ação se desintegrou porque não resolve problemas globais: “As redes sociais constituíram um poder próprio”.  No documentário, FHC, fluente em quatro línguas, volta a ser o sociólogo que virou presidente. Fala da sua atuação com um olhar acadêmico, da América Latina e da crise de representatividade. Como sempre, se debruça sobre as contradições do Brasil, a dependência e a democracia.  Então, entende-se que, de uma família que teve governador no Império, deputados, ministros, o estranho era ele ser sociólogo: “Gosto de pessoas, de gente, ou não seria sociólogo. Nem político”. Através dele e convidados, a História do Brasil é contada.

Houve um tempo em que diploma na parede valia mais do que uma Bíblia no bolso ou uma arma no coldre. Se hoje o entra e sai do Ministério da Educação é repleto de pastores, houve um tempo em que o reitor da UnB era Darcy Ribeiro, e o secretário municipal de Educação de São Paulo, Paulo Freire. Intriga o título do documentário de Belisário França sobre o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, O Presidente Improvável. Qual presidente não é improvável? Jânio Quadros foi catapultado num partido sem expressão da Prefeitura à Presidência. Seu sucessor, Jango, era mais popular como vice, não pretendeu ascender e não soube conduzir o País em convulsão. 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Leo Martins/Estadão

Sarney entrou para a aliança com Tancredo no final da ditadura e herdou o cargo. Collor derrotou Ulysses, Covas, Lula, Maluf e Brizola. Lula, um operário metalúrgico, imaginava ser presidente? E o atual, defensor da tortura, autoritário, sexista, homofóbico, negacionista, que destrata a imprensa? Brasília entrou na onda conservadora de quem tem fé. A ciência no comando (sociólogo) hoje seria aberração. Não no passado.  A universidade foi necessária para nos tirar do impasse e reerguermos a democracia. Entre os fundadores do PT, Florestan Fernandes, Antonio Candido, Sérgio Buarque de Holanda. Francisco Weffort trafegava entre petistas e tucanos. Serra e Suplicy, professores. FHC foi precursor. Arrastado para a política por Ulysses e Tancredo, não queria ser senador. Suplente de Montoro, assumiu a cadeira quando o titular foi eleito governador. Chegou à Presidência como terceira opção. Confessa que nunca quis ser político. “Queria ser o papa”, ri.  Numa aula recuperada de 1976, diz: “Um fato político significa algo que é não previsto pelas regras”. Diz que entramos numa nova era em que as pessoas conversam entre si, saltam as estruturas. A sociedade não se orienta por organizações, partido, sindicato, igreja, mas ideias e pessoas.  Manuel Castells diz que o Estado ação se desintegrou porque não resolve problemas globais: “As redes sociais constituíram um poder próprio”.  No documentário, FHC, fluente em quatro línguas, volta a ser o sociólogo que virou presidente. Fala da sua atuação com um olhar acadêmico, da América Latina e da crise de representatividade. Como sempre, se debruça sobre as contradições do Brasil, a dependência e a democracia.  Então, entende-se que, de uma família que teve governador no Império, deputados, ministros, o estranho era ele ser sociólogo: “Gosto de pessoas, de gente, ou não seria sociólogo. Nem político”. Através dele e convidados, a História do Brasil é contada.

Houve um tempo em que diploma na parede valia mais do que uma Bíblia no bolso ou uma arma no coldre. Se hoje o entra e sai do Ministério da Educação é repleto de pastores, houve um tempo em que o reitor da UnB era Darcy Ribeiro, e o secretário municipal de Educação de São Paulo, Paulo Freire. Intriga o título do documentário de Belisário França sobre o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, O Presidente Improvável. Qual presidente não é improvável? Jânio Quadros foi catapultado num partido sem expressão da Prefeitura à Presidência. Seu sucessor, Jango, era mais popular como vice, não pretendeu ascender e não soube conduzir o País em convulsão. 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Leo Martins/Estadão

Sarney entrou para a aliança com Tancredo no final da ditadura e herdou o cargo. Collor derrotou Ulysses, Covas, Lula, Maluf e Brizola. Lula, um operário metalúrgico, imaginava ser presidente? E o atual, defensor da tortura, autoritário, sexista, homofóbico, negacionista, que destrata a imprensa? Brasília entrou na onda conservadora de quem tem fé. A ciência no comando (sociólogo) hoje seria aberração. Não no passado.  A universidade foi necessária para nos tirar do impasse e reerguermos a democracia. Entre os fundadores do PT, Florestan Fernandes, Antonio Candido, Sérgio Buarque de Holanda. Francisco Weffort trafegava entre petistas e tucanos. Serra e Suplicy, professores. FHC foi precursor. Arrastado para a política por Ulysses e Tancredo, não queria ser senador. Suplente de Montoro, assumiu a cadeira quando o titular foi eleito governador. Chegou à Presidência como terceira opção. Confessa que nunca quis ser político. “Queria ser o papa”, ri.  Numa aula recuperada de 1976, diz: “Um fato político significa algo que é não previsto pelas regras”. Diz que entramos numa nova era em que as pessoas conversam entre si, saltam as estruturas. A sociedade não se orienta por organizações, partido, sindicato, igreja, mas ideias e pessoas.  Manuel Castells diz que o Estado ação se desintegrou porque não resolve problemas globais: “As redes sociais constituíram um poder próprio”.  No documentário, FHC, fluente em quatro línguas, volta a ser o sociólogo que virou presidente. Fala da sua atuação com um olhar acadêmico, da América Latina e da crise de representatividade. Como sempre, se debruça sobre as contradições do Brasil, a dependência e a democracia.  Então, entende-se que, de uma família que teve governador no Império, deputados, ministros, o estranho era ele ser sociólogo: “Gosto de pessoas, de gente, ou não seria sociólogo. Nem político”. Através dele e convidados, a História do Brasil é contada.

Houve um tempo em que diploma na parede valia mais do que uma Bíblia no bolso ou uma arma no coldre. Se hoje o entra e sai do Ministério da Educação é repleto de pastores, houve um tempo em que o reitor da UnB era Darcy Ribeiro, e o secretário municipal de Educação de São Paulo, Paulo Freire. Intriga o título do documentário de Belisário França sobre o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, O Presidente Improvável. Qual presidente não é improvável? Jânio Quadros foi catapultado num partido sem expressão da Prefeitura à Presidência. Seu sucessor, Jango, era mais popular como vice, não pretendeu ascender e não soube conduzir o País em convulsão. 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Leo Martins/Estadão

Sarney entrou para a aliança com Tancredo no final da ditadura e herdou o cargo. Collor derrotou Ulysses, Covas, Lula, Maluf e Brizola. Lula, um operário metalúrgico, imaginava ser presidente? E o atual, defensor da tortura, autoritário, sexista, homofóbico, negacionista, que destrata a imprensa? Brasília entrou na onda conservadora de quem tem fé. A ciência no comando (sociólogo) hoje seria aberração. Não no passado.  A universidade foi necessária para nos tirar do impasse e reerguermos a democracia. Entre os fundadores do PT, Florestan Fernandes, Antonio Candido, Sérgio Buarque de Holanda. Francisco Weffort trafegava entre petistas e tucanos. Serra e Suplicy, professores. FHC foi precursor. Arrastado para a política por Ulysses e Tancredo, não queria ser senador. Suplente de Montoro, assumiu a cadeira quando o titular foi eleito governador. Chegou à Presidência como terceira opção. Confessa que nunca quis ser político. “Queria ser o papa”, ri.  Numa aula recuperada de 1976, diz: “Um fato político significa algo que é não previsto pelas regras”. Diz que entramos numa nova era em que as pessoas conversam entre si, saltam as estruturas. A sociedade não se orienta por organizações, partido, sindicato, igreja, mas ideias e pessoas.  Manuel Castells diz que o Estado ação se desintegrou porque não resolve problemas globais: “As redes sociais constituíram um poder próprio”.  No documentário, FHC, fluente em quatro línguas, volta a ser o sociólogo que virou presidente. Fala da sua atuação com um olhar acadêmico, da América Latina e da crise de representatividade. Como sempre, se debruça sobre as contradições do Brasil, a dependência e a democracia.  Então, entende-se que, de uma família que teve governador no Império, deputados, ministros, o estranho era ele ser sociólogo: “Gosto de pessoas, de gente, ou não seria sociólogo. Nem político”. Através dele e convidados, a História do Brasil é contada.

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