Pequenas neuroses contemporâneas

Opinião|Os limites da tortura para Bolsonaro


Por Marcelo Rubens Paiva

 

Se muitos reclamam do nível dos políticos, não é com tamanha intolerância que a democracia será preservada.

Há anos, o Congresso Brasileiro queria inaugurar um busto do meu pai, Deputado Federal cassado nos primeiros dias do Golpe de 1964, aos 35 anos, e morto sob tortura em 1971 no DOI-Codi (RJ) aos 41 anos.

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Ele foi cassado e exilado por conta da sua atuação na CPI Ipês/Ibad, que monitorou o dinheiro dos institutos financiados por americanos, para alimentar o medo da ameaça comunista com "fake news" e dar sustentação popular ao golpe em andamento.

Na folha de pagamento do instituto, estavam deputados, jornalistas, cineastas, escritores e principalmente militares.

Toda família foi à Brasília para emocionante homenagem.

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Para quem é desaparecido político, um busto ganha a conotação de lápide.

A oportunidade chegou em 2014.

Durante os discursos de amigos e parentes, um deputado se colocou ao lado das minhas irmãs e sobrinhos e ficou gritando: "Comunista! Ridículo!"

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Saía, voltava e xingava.

Era Jair Bolsonaro (PSC-RJ), figura que se destaca como representante da extrema-direita brasileira, com 9% das intenções de voto à Presidência da República (Datafolha).

Repugnante para uns, mito para outros, o sessentão sempre com olhos esbugalhados, ar paranoico, agitado, está hoje na Folha de S. Paulo, entrevistado por Thais Bilenki.

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Pediu para um assessor filmar a entrevista, para evitar "deturpações". E soltou a voz. Ao ser perguntado sobre a fama de neonazista:

"Onde tem uma frase minha, um gesto meu, um 'heil, Hitler'?"

Sobre tortura:

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"Quando [eu] disse 'isso que dá torturar e não matar', foi uma resposta para os vagabundos aqui que estavam se vitimizando, que foram torturados pelos militares."

Ele propõe que o Congresso deva aprovar uma regulamentação de "métodos enérgicos" para a polícia obter informações. "Tratar o elemento com a devida energia."

"Qual o limite entre bater e tratar com energia? Não tem limite, pô. O cara senta ali, faz a pergunta, ele responde. Se não responde, bota na solitária. Fica uma semana, duas semanas, três meses, quatro meses... Problema dele... Dá comidinha para ele, dá. Dá um negocinho para ele tomar lá, um pãozinho, uma água gelada, um brochante [calmante, um 'boa-noite, Cinderela'] na Coca-Cola, tá tranquilo."

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Defensor dos "valores brasileiros", diz:

"Você não combate violência com amor, combate com porrada, pô. Se bandido tem pistola, [a gente] tem que ter fuzil."

O ex-militar, réu por incitação ao crime de estupro e injúria, que já foi a favor de fechar o Congresso, fuzilar FHC, menos direitos aos empregados, mas contra a reforma da Previdência, não teme a Justiça nem o STF, e promete, se um dia "chegar lá", botar militares em metade dos ministérios.

Fechar o Congresso, fuzilar um ex-presidente, questionar a liberdade de expressão, defender dopar presos e ser enérgico em depoimentos, homofóbico, perseguir comunistas, desprezar o sistema judiciário, prometer um governo regido por militares...

Ideias que lembram o quê?

 

 

Se muitos reclamam do nível dos políticos, não é com tamanha intolerância que a democracia será preservada.

Há anos, o Congresso Brasileiro queria inaugurar um busto do meu pai, Deputado Federal cassado nos primeiros dias do Golpe de 1964, aos 35 anos, e morto sob tortura em 1971 no DOI-Codi (RJ) aos 41 anos.

Ele foi cassado e exilado por conta da sua atuação na CPI Ipês/Ibad, que monitorou o dinheiro dos institutos financiados por americanos, para alimentar o medo da ameaça comunista com "fake news" e dar sustentação popular ao golpe em andamento.

Na folha de pagamento do instituto, estavam deputados, jornalistas, cineastas, escritores e principalmente militares.

Toda família foi à Brasília para emocionante homenagem.

Para quem é desaparecido político, um busto ganha a conotação de lápide.

A oportunidade chegou em 2014.

Durante os discursos de amigos e parentes, um deputado se colocou ao lado das minhas irmãs e sobrinhos e ficou gritando: "Comunista! Ridículo!"

Saía, voltava e xingava.

Era Jair Bolsonaro (PSC-RJ), figura que se destaca como representante da extrema-direita brasileira, com 9% das intenções de voto à Presidência da República (Datafolha).

Repugnante para uns, mito para outros, o sessentão sempre com olhos esbugalhados, ar paranoico, agitado, está hoje na Folha de S. Paulo, entrevistado por Thais Bilenki.

Pediu para um assessor filmar a entrevista, para evitar "deturpações". E soltou a voz. Ao ser perguntado sobre a fama de neonazista:

"Onde tem uma frase minha, um gesto meu, um 'heil, Hitler'?"

Sobre tortura:

"Quando [eu] disse 'isso que dá torturar e não matar', foi uma resposta para os vagabundos aqui que estavam se vitimizando, que foram torturados pelos militares."

Ele propõe que o Congresso deva aprovar uma regulamentação de "métodos enérgicos" para a polícia obter informações. "Tratar o elemento com a devida energia."

"Qual o limite entre bater e tratar com energia? Não tem limite, pô. O cara senta ali, faz a pergunta, ele responde. Se não responde, bota na solitária. Fica uma semana, duas semanas, três meses, quatro meses... Problema dele... Dá comidinha para ele, dá. Dá um negocinho para ele tomar lá, um pãozinho, uma água gelada, um brochante [calmante, um 'boa-noite, Cinderela'] na Coca-Cola, tá tranquilo."

Defensor dos "valores brasileiros", diz:

"Você não combate violência com amor, combate com porrada, pô. Se bandido tem pistola, [a gente] tem que ter fuzil."

O ex-militar, réu por incitação ao crime de estupro e injúria, que já foi a favor de fechar o Congresso, fuzilar FHC, menos direitos aos empregados, mas contra a reforma da Previdência, não teme a Justiça nem o STF, e promete, se um dia "chegar lá", botar militares em metade dos ministérios.

Fechar o Congresso, fuzilar um ex-presidente, questionar a liberdade de expressão, defender dopar presos e ser enérgico em depoimentos, homofóbico, perseguir comunistas, desprezar o sistema judiciário, prometer um governo regido por militares...

Ideias que lembram o quê?

 

 

Se muitos reclamam do nível dos políticos, não é com tamanha intolerância que a democracia será preservada.

Há anos, o Congresso Brasileiro queria inaugurar um busto do meu pai, Deputado Federal cassado nos primeiros dias do Golpe de 1964, aos 35 anos, e morto sob tortura em 1971 no DOI-Codi (RJ) aos 41 anos.

Ele foi cassado e exilado por conta da sua atuação na CPI Ipês/Ibad, que monitorou o dinheiro dos institutos financiados por americanos, para alimentar o medo da ameaça comunista com "fake news" e dar sustentação popular ao golpe em andamento.

Na folha de pagamento do instituto, estavam deputados, jornalistas, cineastas, escritores e principalmente militares.

Toda família foi à Brasília para emocionante homenagem.

Para quem é desaparecido político, um busto ganha a conotação de lápide.

A oportunidade chegou em 2014.

Durante os discursos de amigos e parentes, um deputado se colocou ao lado das minhas irmãs e sobrinhos e ficou gritando: "Comunista! Ridículo!"

Saía, voltava e xingava.

Era Jair Bolsonaro (PSC-RJ), figura que se destaca como representante da extrema-direita brasileira, com 9% das intenções de voto à Presidência da República (Datafolha).

Repugnante para uns, mito para outros, o sessentão sempre com olhos esbugalhados, ar paranoico, agitado, está hoje na Folha de S. Paulo, entrevistado por Thais Bilenki.

Pediu para um assessor filmar a entrevista, para evitar "deturpações". E soltou a voz. Ao ser perguntado sobre a fama de neonazista:

"Onde tem uma frase minha, um gesto meu, um 'heil, Hitler'?"

Sobre tortura:

"Quando [eu] disse 'isso que dá torturar e não matar', foi uma resposta para os vagabundos aqui que estavam se vitimizando, que foram torturados pelos militares."

Ele propõe que o Congresso deva aprovar uma regulamentação de "métodos enérgicos" para a polícia obter informações. "Tratar o elemento com a devida energia."

"Qual o limite entre bater e tratar com energia? Não tem limite, pô. O cara senta ali, faz a pergunta, ele responde. Se não responde, bota na solitária. Fica uma semana, duas semanas, três meses, quatro meses... Problema dele... Dá comidinha para ele, dá. Dá um negocinho para ele tomar lá, um pãozinho, uma água gelada, um brochante [calmante, um 'boa-noite, Cinderela'] na Coca-Cola, tá tranquilo."

Defensor dos "valores brasileiros", diz:

"Você não combate violência com amor, combate com porrada, pô. Se bandido tem pistola, [a gente] tem que ter fuzil."

O ex-militar, réu por incitação ao crime de estupro e injúria, que já foi a favor de fechar o Congresso, fuzilar FHC, menos direitos aos empregados, mas contra a reforma da Previdência, não teme a Justiça nem o STF, e promete, se um dia "chegar lá", botar militares em metade dos ministérios.

Fechar o Congresso, fuzilar um ex-presidente, questionar a liberdade de expressão, defender dopar presos e ser enérgico em depoimentos, homofóbico, perseguir comunistas, desprezar o sistema judiciário, prometer um governo regido por militares...

Ideias que lembram o quê?

 

 

Se muitos reclamam do nível dos políticos, não é com tamanha intolerância que a democracia será preservada.

Há anos, o Congresso Brasileiro queria inaugurar um busto do meu pai, Deputado Federal cassado nos primeiros dias do Golpe de 1964, aos 35 anos, e morto sob tortura em 1971 no DOI-Codi (RJ) aos 41 anos.

Ele foi cassado e exilado por conta da sua atuação na CPI Ipês/Ibad, que monitorou o dinheiro dos institutos financiados por americanos, para alimentar o medo da ameaça comunista com "fake news" e dar sustentação popular ao golpe em andamento.

Na folha de pagamento do instituto, estavam deputados, jornalistas, cineastas, escritores e principalmente militares.

Toda família foi à Brasília para emocionante homenagem.

Para quem é desaparecido político, um busto ganha a conotação de lápide.

A oportunidade chegou em 2014.

Durante os discursos de amigos e parentes, um deputado se colocou ao lado das minhas irmãs e sobrinhos e ficou gritando: "Comunista! Ridículo!"

Saía, voltava e xingava.

Era Jair Bolsonaro (PSC-RJ), figura que se destaca como representante da extrema-direita brasileira, com 9% das intenções de voto à Presidência da República (Datafolha).

Repugnante para uns, mito para outros, o sessentão sempre com olhos esbugalhados, ar paranoico, agitado, está hoje na Folha de S. Paulo, entrevistado por Thais Bilenki.

Pediu para um assessor filmar a entrevista, para evitar "deturpações". E soltou a voz. Ao ser perguntado sobre a fama de neonazista:

"Onde tem uma frase minha, um gesto meu, um 'heil, Hitler'?"

Sobre tortura:

"Quando [eu] disse 'isso que dá torturar e não matar', foi uma resposta para os vagabundos aqui que estavam se vitimizando, que foram torturados pelos militares."

Ele propõe que o Congresso deva aprovar uma regulamentação de "métodos enérgicos" para a polícia obter informações. "Tratar o elemento com a devida energia."

"Qual o limite entre bater e tratar com energia? Não tem limite, pô. O cara senta ali, faz a pergunta, ele responde. Se não responde, bota na solitária. Fica uma semana, duas semanas, três meses, quatro meses... Problema dele... Dá comidinha para ele, dá. Dá um negocinho para ele tomar lá, um pãozinho, uma água gelada, um brochante [calmante, um 'boa-noite, Cinderela'] na Coca-Cola, tá tranquilo."

Defensor dos "valores brasileiros", diz:

"Você não combate violência com amor, combate com porrada, pô. Se bandido tem pistola, [a gente] tem que ter fuzil."

O ex-militar, réu por incitação ao crime de estupro e injúria, que já foi a favor de fechar o Congresso, fuzilar FHC, menos direitos aos empregados, mas contra a reforma da Previdência, não teme a Justiça nem o STF, e promete, se um dia "chegar lá", botar militares em metade dos ministérios.

Fechar o Congresso, fuzilar um ex-presidente, questionar a liberdade de expressão, defender dopar presos e ser enérgico em depoimentos, homofóbico, perseguir comunistas, desprezar o sistema judiciário, prometer um governo regido por militares...

Ideias que lembram o quê?

 

Opinião por Marcelo Rubens Paiva

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