Coluna semanal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião|O que pode a arte diante da realidade?


A revista literária Olympio chega ao terceiro número com esta pergunta e tem como fio narrativo a distopia e a utopia

Por Maria Fernanda Rodrigues

O livro da semana é uma revista. Uma revista que pode ser lida como um livro, que fala de literatura e de suas conexões com outras artes e outras áreas, como a psicanálise, e que fala deste mundo e de um outro, melhor, que devemos sonhar. 

'Phosphoros', obra de Elida Tessler a partir dos livros citados em 'Fahrenheit 451'e incluída na revista 'Olympio' Foto: Elida Tessler

Idealizada por Maria Esther Maciel, José Eduardo Gonçalves, Julio Abreu e Maurício Meirelles, a Olympio, que chega ao terceiro número, tem como fio temático a distopia e a utopia. “Diante da terra devastada, é de se perguntar: o que pode a arte, frente a brutalidade da realidade?”, lemos assim que abrimos a publicação. Outras duas ideias pinçadas deste editorial: “Ter utopia é acreditar que dá para fazer” e “mais do que nunca, a arte precisa exercer o seu caráter de insubmissão”. 

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É simbólico que Maria Valéria Rezende esteja na primeira seção da Olympio, chamada Retrato. São três textos sobre a escritora e freira missionária, autora de obras premiadas como Quarenta Dias e Outros Cantos, que retratam personagens invisíveis da história, do País, e que já foram temas desta coluna. 

O primeiro dos textos é um perfil escrito por Marília Arnaud. O segundo é um texto de Frei Betto, em que ele relembra uma trajetória comum entre os dois, na fé e na militância, e conta um episódio de 1969, quando a polícia ocupou o apartamento dos dominicanos em São Paulo e Maria Valéria bateu lá desavisada. No último, Marcelino Freire relembra o dia em que ele a pediu em casamento, e ela enfartou – mas não por isso.

Li com curiosidade uma história rocambolesca apresentada pelo jornalista Carlos Marcelo sobre um desconhecido livro (O Escutador), de um desconhecido autor (Ademir Lins), publicado em 1958 pela mineira Montanhesa e nunca reeditado. Há uma questão de autoria em debate, e a introdução de Marcelo é seguida dos primeiros capítulos o livro (dá vontade de ler mais), de uma nota da então editora, Virgínia Lemos, e outro texto em que ela comenta sobre o livro, o autor e o trabalho editorial nos anos 1950.

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Há ainda uma bela entrevista-depoimento de Milton Hatoum sobre, entre outras coisas, sua relação com a literatura e sua “crença inabalável” na ficção e na imaginação. “A poesia vai no salvar”, está no título. “Ler é também resistir”, diz o autor e colunista do Estadão. 

Há poesia por todos os lados da revista – de autores brasileiros e estrangeiros. E textos de, entre outros, Paloma Vidal, Laura Erber, Stephanie Borges, Mónica Ojeda. Há ensaio, ficção, inéditos, arte, fotos e até uma carta de Glauber Rocha, de 1980, sobre a preservação de sua obra – parte dela estava na Cinemateca, que pegou fogo. Há, sobretudo, a busca de um caminho, apesar das cinzas. 

Olympio: Literatura e Arte N. 3 Autores: Vários Editora: Miguilim (408 págs.; R$ 89)

O livro da semana é uma revista. Uma revista que pode ser lida como um livro, que fala de literatura e de suas conexões com outras artes e outras áreas, como a psicanálise, e que fala deste mundo e de um outro, melhor, que devemos sonhar. 

'Phosphoros', obra de Elida Tessler a partir dos livros citados em 'Fahrenheit 451'e incluída na revista 'Olympio' Foto: Elida Tessler

Idealizada por Maria Esther Maciel, José Eduardo Gonçalves, Julio Abreu e Maurício Meirelles, a Olympio, que chega ao terceiro número, tem como fio temático a distopia e a utopia. “Diante da terra devastada, é de se perguntar: o que pode a arte, frente a brutalidade da realidade?”, lemos assim que abrimos a publicação. Outras duas ideias pinçadas deste editorial: “Ter utopia é acreditar que dá para fazer” e “mais do que nunca, a arte precisa exercer o seu caráter de insubmissão”. 

É simbólico que Maria Valéria Rezende esteja na primeira seção da Olympio, chamada Retrato. São três textos sobre a escritora e freira missionária, autora de obras premiadas como Quarenta Dias e Outros Cantos, que retratam personagens invisíveis da história, do País, e que já foram temas desta coluna. 

O primeiro dos textos é um perfil escrito por Marília Arnaud. O segundo é um texto de Frei Betto, em que ele relembra uma trajetória comum entre os dois, na fé e na militância, e conta um episódio de 1969, quando a polícia ocupou o apartamento dos dominicanos em São Paulo e Maria Valéria bateu lá desavisada. No último, Marcelino Freire relembra o dia em que ele a pediu em casamento, e ela enfartou – mas não por isso.

Li com curiosidade uma história rocambolesca apresentada pelo jornalista Carlos Marcelo sobre um desconhecido livro (O Escutador), de um desconhecido autor (Ademir Lins), publicado em 1958 pela mineira Montanhesa e nunca reeditado. Há uma questão de autoria em debate, e a introdução de Marcelo é seguida dos primeiros capítulos o livro (dá vontade de ler mais), de uma nota da então editora, Virgínia Lemos, e outro texto em que ela comenta sobre o livro, o autor e o trabalho editorial nos anos 1950.

Há ainda uma bela entrevista-depoimento de Milton Hatoum sobre, entre outras coisas, sua relação com a literatura e sua “crença inabalável” na ficção e na imaginação. “A poesia vai no salvar”, está no título. “Ler é também resistir”, diz o autor e colunista do Estadão. 

Há poesia por todos os lados da revista – de autores brasileiros e estrangeiros. E textos de, entre outros, Paloma Vidal, Laura Erber, Stephanie Borges, Mónica Ojeda. Há ensaio, ficção, inéditos, arte, fotos e até uma carta de Glauber Rocha, de 1980, sobre a preservação de sua obra – parte dela estava na Cinemateca, que pegou fogo. Há, sobretudo, a busca de um caminho, apesar das cinzas. 

Olympio: Literatura e Arte N. 3 Autores: Vários Editora: Miguilim (408 págs.; R$ 89)

O livro da semana é uma revista. Uma revista que pode ser lida como um livro, que fala de literatura e de suas conexões com outras artes e outras áreas, como a psicanálise, e que fala deste mundo e de um outro, melhor, que devemos sonhar. 

'Phosphoros', obra de Elida Tessler a partir dos livros citados em 'Fahrenheit 451'e incluída na revista 'Olympio' Foto: Elida Tessler

Idealizada por Maria Esther Maciel, José Eduardo Gonçalves, Julio Abreu e Maurício Meirelles, a Olympio, que chega ao terceiro número, tem como fio temático a distopia e a utopia. “Diante da terra devastada, é de se perguntar: o que pode a arte, frente a brutalidade da realidade?”, lemos assim que abrimos a publicação. Outras duas ideias pinçadas deste editorial: “Ter utopia é acreditar que dá para fazer” e “mais do que nunca, a arte precisa exercer o seu caráter de insubmissão”. 

É simbólico que Maria Valéria Rezende esteja na primeira seção da Olympio, chamada Retrato. São três textos sobre a escritora e freira missionária, autora de obras premiadas como Quarenta Dias e Outros Cantos, que retratam personagens invisíveis da história, do País, e que já foram temas desta coluna. 

O primeiro dos textos é um perfil escrito por Marília Arnaud. O segundo é um texto de Frei Betto, em que ele relembra uma trajetória comum entre os dois, na fé e na militância, e conta um episódio de 1969, quando a polícia ocupou o apartamento dos dominicanos em São Paulo e Maria Valéria bateu lá desavisada. No último, Marcelino Freire relembra o dia em que ele a pediu em casamento, e ela enfartou – mas não por isso.

Li com curiosidade uma história rocambolesca apresentada pelo jornalista Carlos Marcelo sobre um desconhecido livro (O Escutador), de um desconhecido autor (Ademir Lins), publicado em 1958 pela mineira Montanhesa e nunca reeditado. Há uma questão de autoria em debate, e a introdução de Marcelo é seguida dos primeiros capítulos o livro (dá vontade de ler mais), de uma nota da então editora, Virgínia Lemos, e outro texto em que ela comenta sobre o livro, o autor e o trabalho editorial nos anos 1950.

Há ainda uma bela entrevista-depoimento de Milton Hatoum sobre, entre outras coisas, sua relação com a literatura e sua “crença inabalável” na ficção e na imaginação. “A poesia vai no salvar”, está no título. “Ler é também resistir”, diz o autor e colunista do Estadão. 

Há poesia por todos os lados da revista – de autores brasileiros e estrangeiros. E textos de, entre outros, Paloma Vidal, Laura Erber, Stephanie Borges, Mónica Ojeda. Há ensaio, ficção, inéditos, arte, fotos e até uma carta de Glauber Rocha, de 1980, sobre a preservação de sua obra – parte dela estava na Cinemateca, que pegou fogo. Há, sobretudo, a busca de um caminho, apesar das cinzas. 

Olympio: Literatura e Arte N. 3 Autores: Vários Editora: Miguilim (408 págs.; R$ 89)

O livro da semana é uma revista. Uma revista que pode ser lida como um livro, que fala de literatura e de suas conexões com outras artes e outras áreas, como a psicanálise, e que fala deste mundo e de um outro, melhor, que devemos sonhar. 

'Phosphoros', obra de Elida Tessler a partir dos livros citados em 'Fahrenheit 451'e incluída na revista 'Olympio' Foto: Elida Tessler

Idealizada por Maria Esther Maciel, José Eduardo Gonçalves, Julio Abreu e Maurício Meirelles, a Olympio, que chega ao terceiro número, tem como fio temático a distopia e a utopia. “Diante da terra devastada, é de se perguntar: o que pode a arte, frente a brutalidade da realidade?”, lemos assim que abrimos a publicação. Outras duas ideias pinçadas deste editorial: “Ter utopia é acreditar que dá para fazer” e “mais do que nunca, a arte precisa exercer o seu caráter de insubmissão”. 

É simbólico que Maria Valéria Rezende esteja na primeira seção da Olympio, chamada Retrato. São três textos sobre a escritora e freira missionária, autora de obras premiadas como Quarenta Dias e Outros Cantos, que retratam personagens invisíveis da história, do País, e que já foram temas desta coluna. 

O primeiro dos textos é um perfil escrito por Marília Arnaud. O segundo é um texto de Frei Betto, em que ele relembra uma trajetória comum entre os dois, na fé e na militância, e conta um episódio de 1969, quando a polícia ocupou o apartamento dos dominicanos em São Paulo e Maria Valéria bateu lá desavisada. No último, Marcelino Freire relembra o dia em que ele a pediu em casamento, e ela enfartou – mas não por isso.

Li com curiosidade uma história rocambolesca apresentada pelo jornalista Carlos Marcelo sobre um desconhecido livro (O Escutador), de um desconhecido autor (Ademir Lins), publicado em 1958 pela mineira Montanhesa e nunca reeditado. Há uma questão de autoria em debate, e a introdução de Marcelo é seguida dos primeiros capítulos o livro (dá vontade de ler mais), de uma nota da então editora, Virgínia Lemos, e outro texto em que ela comenta sobre o livro, o autor e o trabalho editorial nos anos 1950.

Há ainda uma bela entrevista-depoimento de Milton Hatoum sobre, entre outras coisas, sua relação com a literatura e sua “crença inabalável” na ficção e na imaginação. “A poesia vai no salvar”, está no título. “Ler é também resistir”, diz o autor e colunista do Estadão. 

Há poesia por todos os lados da revista – de autores brasileiros e estrangeiros. E textos de, entre outros, Paloma Vidal, Laura Erber, Stephanie Borges, Mónica Ojeda. Há ensaio, ficção, inéditos, arte, fotos e até uma carta de Glauber Rocha, de 1980, sobre a preservação de sua obra – parte dela estava na Cinemateca, que pegou fogo. Há, sobretudo, a busca de um caminho, apesar das cinzas. 

Olympio: Literatura e Arte N. 3 Autores: Vários Editora: Miguilim (408 págs.; R$ 89)

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Jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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