Memorial expõe Michele Cascella


São quase 70 pinturas, aquarelas e desenhos de um dos mais importantes paisagistas italianos que poderão ser vistas a partir desta quarta, no Memorial da América Latina

Por Agencia Estado

Em 1913, logo após a exposição de Lasar Segall no prestigioso Salão da Rua São Bento, n.º 85, foram expostos com grande destaque os trabalhos de dois jovens irmãos italianos, Thommaso e Michele Cascella, que recentemente tinham colecionado elogios da crítica francesa. Oitenta e sete anos depois desse sucesso de visitação e vendas, a obra de Michele Cascella (1892-1989) volta ao País. Com quase 70 pinturas, aquarelas e desenhos, a mostra que poderá ser vista a partir de amanhã à noite na galeria do Memorial da América Latina dá um panorama amplo da longa produção do artista que acabou tornando-se um dos mais importantes paisagistas italianos. Tendo vivido por quase um século, Michele assistiu de perto o conturbado cenário das artes européias do século 20. Legítimo representante do pós-impressionismo, ele também namorou as vanguardas e pagou seus tributos à arte acadêmica. Segundo o curador e diretor do Memorial da América Latina, Fábio Magalhães é isso que torna as obras das primeiras décadas mais interessantes. Ele mostra, por exemplo, em dois trabalhos (Matutino a Orsogna e Rose Appassite, ambos de 1910), o germe evidente do que viria a ser desenvolvido por dois grandes pintores italianos: De Chirico e Morandi. Duas das telas que ficaram no País após a exposição de 1913 também são emblemáticas. Enquanto o pai de José Mindlin, Hephim Henrique Mindlin, optou por comprar um pastel de intensas cores e figuras bastante simplificadas com evidentes características fauvistas (apesar dos esboços no canto direito indicarem a intenção de inserir na obra figuras ainda acadêmicas), a Pinacoteca do Estado revelou um grande conservadorismo ao escolher para o seu acervo outro pastel, de grande qualidade técnica, mas absolutamente preso às convenções. Esse diálogo com as correntes mais avançadas de seu tempo não quer dizer no entanto que Michele seja um artista de vanguarda. Durante toda sua longa carreira artística, ele combina de maneira harmônica uma exímia qualidade técnica ao interesse basicamente pela questão da paisagem, seja ela urbana ou rural, relembrando muitas vezes a obra do francês Raoul Dufy, recentemente exposto pelo MAM. O jovem italiano do sul também revela um enorme encanto com as cores e o movimento das ensolaradas costas de seu país natal, pintando marinhas de grande lirismo. A natureza também o encanta. Até nos retratos (gênero que ele próprio dizia não ser seu forte) vemos a presença de flores e frutas. Como que dialogando com a fotografia, Cascella parece brincar com os diferentes planos da imagem, superdimensionando os elementos em primeiro plano em relação ao cenário distante. Sua qualidade técnica não foi aprendida na escola. O próprio Michele conta que foi péssimo estudante e que o professor de desenho chegou a humilhá-lo em sala de aula dizendo: "Michele, tu és um burrinho, não sabes nem segurar um lápis, não aprenderás mais a desenhar! Que vergonha, filho de Basilio". Pois foi o pai, Basilio, que resolveu assumir sua formação depois que abandonou a escola, obrigando-o a copiar inúmeras vezes a obra de mestres como Leonardo e Botticelli. "Sem que nem eu nem meu irmão Tomasso (que acabou não tendo a mesma projeção) nos déssemos conta, a nossa jornada evoluía segundo uma ordem bem planejada, equilibrada, sob a orientação de meu pai, com inigualável naturalidade, semelhante a um comentário musical profundo, de harmonia perfeita com a exigência das pessoas, das coisas do ambiente, da natureza, do clima todo", diz. Essa harmonia parece ser a tônica de toda a exposição. Se muitas vezes suas telas recaem numa exagerado decorativismo, em todas as suas telas há a preocupação em criar algo agradável, uma atmosfera leve e colorida. "O que importa para Cascella é evocar, aludir para um mundo completo por meio de límpidos fragmentos de visão, abalando camadas de pensamentos e de emoções soterradas, que talvez jamais tenham nos pertencido, mas que ele faz com que acreditemos que sejam nossas", resume o crítico Vittorio Sgarbi no texto do catálogo feito para acompanhar a exposição itinerante. Organizada pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália, a mostra já foi vista no Rio e, depois de São Paulo, segue ainda para outras cidades da América Latina e Europa. Michele Cascella. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Memorial da América Latina - Galeria Marta Traba. Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 3823-9611. Até 23/7.

Em 1913, logo após a exposição de Lasar Segall no prestigioso Salão da Rua São Bento, n.º 85, foram expostos com grande destaque os trabalhos de dois jovens irmãos italianos, Thommaso e Michele Cascella, que recentemente tinham colecionado elogios da crítica francesa. Oitenta e sete anos depois desse sucesso de visitação e vendas, a obra de Michele Cascella (1892-1989) volta ao País. Com quase 70 pinturas, aquarelas e desenhos, a mostra que poderá ser vista a partir de amanhã à noite na galeria do Memorial da América Latina dá um panorama amplo da longa produção do artista que acabou tornando-se um dos mais importantes paisagistas italianos. Tendo vivido por quase um século, Michele assistiu de perto o conturbado cenário das artes européias do século 20. Legítimo representante do pós-impressionismo, ele também namorou as vanguardas e pagou seus tributos à arte acadêmica. Segundo o curador e diretor do Memorial da América Latina, Fábio Magalhães é isso que torna as obras das primeiras décadas mais interessantes. Ele mostra, por exemplo, em dois trabalhos (Matutino a Orsogna e Rose Appassite, ambos de 1910), o germe evidente do que viria a ser desenvolvido por dois grandes pintores italianos: De Chirico e Morandi. Duas das telas que ficaram no País após a exposição de 1913 também são emblemáticas. Enquanto o pai de José Mindlin, Hephim Henrique Mindlin, optou por comprar um pastel de intensas cores e figuras bastante simplificadas com evidentes características fauvistas (apesar dos esboços no canto direito indicarem a intenção de inserir na obra figuras ainda acadêmicas), a Pinacoteca do Estado revelou um grande conservadorismo ao escolher para o seu acervo outro pastel, de grande qualidade técnica, mas absolutamente preso às convenções. Esse diálogo com as correntes mais avançadas de seu tempo não quer dizer no entanto que Michele seja um artista de vanguarda. Durante toda sua longa carreira artística, ele combina de maneira harmônica uma exímia qualidade técnica ao interesse basicamente pela questão da paisagem, seja ela urbana ou rural, relembrando muitas vezes a obra do francês Raoul Dufy, recentemente exposto pelo MAM. O jovem italiano do sul também revela um enorme encanto com as cores e o movimento das ensolaradas costas de seu país natal, pintando marinhas de grande lirismo. A natureza também o encanta. Até nos retratos (gênero que ele próprio dizia não ser seu forte) vemos a presença de flores e frutas. Como que dialogando com a fotografia, Cascella parece brincar com os diferentes planos da imagem, superdimensionando os elementos em primeiro plano em relação ao cenário distante. Sua qualidade técnica não foi aprendida na escola. O próprio Michele conta que foi péssimo estudante e que o professor de desenho chegou a humilhá-lo em sala de aula dizendo: "Michele, tu és um burrinho, não sabes nem segurar um lápis, não aprenderás mais a desenhar! Que vergonha, filho de Basilio". Pois foi o pai, Basilio, que resolveu assumir sua formação depois que abandonou a escola, obrigando-o a copiar inúmeras vezes a obra de mestres como Leonardo e Botticelli. "Sem que nem eu nem meu irmão Tomasso (que acabou não tendo a mesma projeção) nos déssemos conta, a nossa jornada evoluía segundo uma ordem bem planejada, equilibrada, sob a orientação de meu pai, com inigualável naturalidade, semelhante a um comentário musical profundo, de harmonia perfeita com a exigência das pessoas, das coisas do ambiente, da natureza, do clima todo", diz. Essa harmonia parece ser a tônica de toda a exposição. Se muitas vezes suas telas recaem numa exagerado decorativismo, em todas as suas telas há a preocupação em criar algo agradável, uma atmosfera leve e colorida. "O que importa para Cascella é evocar, aludir para um mundo completo por meio de límpidos fragmentos de visão, abalando camadas de pensamentos e de emoções soterradas, que talvez jamais tenham nos pertencido, mas que ele faz com que acreditemos que sejam nossas", resume o crítico Vittorio Sgarbi no texto do catálogo feito para acompanhar a exposição itinerante. Organizada pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália, a mostra já foi vista no Rio e, depois de São Paulo, segue ainda para outras cidades da América Latina e Europa. Michele Cascella. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Memorial da América Latina - Galeria Marta Traba. Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 3823-9611. Até 23/7.

Em 1913, logo após a exposição de Lasar Segall no prestigioso Salão da Rua São Bento, n.º 85, foram expostos com grande destaque os trabalhos de dois jovens irmãos italianos, Thommaso e Michele Cascella, que recentemente tinham colecionado elogios da crítica francesa. Oitenta e sete anos depois desse sucesso de visitação e vendas, a obra de Michele Cascella (1892-1989) volta ao País. Com quase 70 pinturas, aquarelas e desenhos, a mostra que poderá ser vista a partir de amanhã à noite na galeria do Memorial da América Latina dá um panorama amplo da longa produção do artista que acabou tornando-se um dos mais importantes paisagistas italianos. Tendo vivido por quase um século, Michele assistiu de perto o conturbado cenário das artes européias do século 20. Legítimo representante do pós-impressionismo, ele também namorou as vanguardas e pagou seus tributos à arte acadêmica. Segundo o curador e diretor do Memorial da América Latina, Fábio Magalhães é isso que torna as obras das primeiras décadas mais interessantes. Ele mostra, por exemplo, em dois trabalhos (Matutino a Orsogna e Rose Appassite, ambos de 1910), o germe evidente do que viria a ser desenvolvido por dois grandes pintores italianos: De Chirico e Morandi. Duas das telas que ficaram no País após a exposição de 1913 também são emblemáticas. Enquanto o pai de José Mindlin, Hephim Henrique Mindlin, optou por comprar um pastel de intensas cores e figuras bastante simplificadas com evidentes características fauvistas (apesar dos esboços no canto direito indicarem a intenção de inserir na obra figuras ainda acadêmicas), a Pinacoteca do Estado revelou um grande conservadorismo ao escolher para o seu acervo outro pastel, de grande qualidade técnica, mas absolutamente preso às convenções. Esse diálogo com as correntes mais avançadas de seu tempo não quer dizer no entanto que Michele seja um artista de vanguarda. Durante toda sua longa carreira artística, ele combina de maneira harmônica uma exímia qualidade técnica ao interesse basicamente pela questão da paisagem, seja ela urbana ou rural, relembrando muitas vezes a obra do francês Raoul Dufy, recentemente exposto pelo MAM. O jovem italiano do sul também revela um enorme encanto com as cores e o movimento das ensolaradas costas de seu país natal, pintando marinhas de grande lirismo. A natureza também o encanta. Até nos retratos (gênero que ele próprio dizia não ser seu forte) vemos a presença de flores e frutas. Como que dialogando com a fotografia, Cascella parece brincar com os diferentes planos da imagem, superdimensionando os elementos em primeiro plano em relação ao cenário distante. Sua qualidade técnica não foi aprendida na escola. O próprio Michele conta que foi péssimo estudante e que o professor de desenho chegou a humilhá-lo em sala de aula dizendo: "Michele, tu és um burrinho, não sabes nem segurar um lápis, não aprenderás mais a desenhar! Que vergonha, filho de Basilio". Pois foi o pai, Basilio, que resolveu assumir sua formação depois que abandonou a escola, obrigando-o a copiar inúmeras vezes a obra de mestres como Leonardo e Botticelli. "Sem que nem eu nem meu irmão Tomasso (que acabou não tendo a mesma projeção) nos déssemos conta, a nossa jornada evoluía segundo uma ordem bem planejada, equilibrada, sob a orientação de meu pai, com inigualável naturalidade, semelhante a um comentário musical profundo, de harmonia perfeita com a exigência das pessoas, das coisas do ambiente, da natureza, do clima todo", diz. Essa harmonia parece ser a tônica de toda a exposição. Se muitas vezes suas telas recaem numa exagerado decorativismo, em todas as suas telas há a preocupação em criar algo agradável, uma atmosfera leve e colorida. "O que importa para Cascella é evocar, aludir para um mundo completo por meio de límpidos fragmentos de visão, abalando camadas de pensamentos e de emoções soterradas, que talvez jamais tenham nos pertencido, mas que ele faz com que acreditemos que sejam nossas", resume o crítico Vittorio Sgarbi no texto do catálogo feito para acompanhar a exposição itinerante. Organizada pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália, a mostra já foi vista no Rio e, depois de São Paulo, segue ainda para outras cidades da América Latina e Europa. Michele Cascella. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Memorial da América Latina - Galeria Marta Traba. Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 3823-9611. Até 23/7.

Em 1913, logo após a exposição de Lasar Segall no prestigioso Salão da Rua São Bento, n.º 85, foram expostos com grande destaque os trabalhos de dois jovens irmãos italianos, Thommaso e Michele Cascella, que recentemente tinham colecionado elogios da crítica francesa. Oitenta e sete anos depois desse sucesso de visitação e vendas, a obra de Michele Cascella (1892-1989) volta ao País. Com quase 70 pinturas, aquarelas e desenhos, a mostra que poderá ser vista a partir de amanhã à noite na galeria do Memorial da América Latina dá um panorama amplo da longa produção do artista que acabou tornando-se um dos mais importantes paisagistas italianos. Tendo vivido por quase um século, Michele assistiu de perto o conturbado cenário das artes européias do século 20. Legítimo representante do pós-impressionismo, ele também namorou as vanguardas e pagou seus tributos à arte acadêmica. Segundo o curador e diretor do Memorial da América Latina, Fábio Magalhães é isso que torna as obras das primeiras décadas mais interessantes. Ele mostra, por exemplo, em dois trabalhos (Matutino a Orsogna e Rose Appassite, ambos de 1910), o germe evidente do que viria a ser desenvolvido por dois grandes pintores italianos: De Chirico e Morandi. Duas das telas que ficaram no País após a exposição de 1913 também são emblemáticas. Enquanto o pai de José Mindlin, Hephim Henrique Mindlin, optou por comprar um pastel de intensas cores e figuras bastante simplificadas com evidentes características fauvistas (apesar dos esboços no canto direito indicarem a intenção de inserir na obra figuras ainda acadêmicas), a Pinacoteca do Estado revelou um grande conservadorismo ao escolher para o seu acervo outro pastel, de grande qualidade técnica, mas absolutamente preso às convenções. Esse diálogo com as correntes mais avançadas de seu tempo não quer dizer no entanto que Michele seja um artista de vanguarda. Durante toda sua longa carreira artística, ele combina de maneira harmônica uma exímia qualidade técnica ao interesse basicamente pela questão da paisagem, seja ela urbana ou rural, relembrando muitas vezes a obra do francês Raoul Dufy, recentemente exposto pelo MAM. O jovem italiano do sul também revela um enorme encanto com as cores e o movimento das ensolaradas costas de seu país natal, pintando marinhas de grande lirismo. A natureza também o encanta. Até nos retratos (gênero que ele próprio dizia não ser seu forte) vemos a presença de flores e frutas. Como que dialogando com a fotografia, Cascella parece brincar com os diferentes planos da imagem, superdimensionando os elementos em primeiro plano em relação ao cenário distante. Sua qualidade técnica não foi aprendida na escola. O próprio Michele conta que foi péssimo estudante e que o professor de desenho chegou a humilhá-lo em sala de aula dizendo: "Michele, tu és um burrinho, não sabes nem segurar um lápis, não aprenderás mais a desenhar! Que vergonha, filho de Basilio". Pois foi o pai, Basilio, que resolveu assumir sua formação depois que abandonou a escola, obrigando-o a copiar inúmeras vezes a obra de mestres como Leonardo e Botticelli. "Sem que nem eu nem meu irmão Tomasso (que acabou não tendo a mesma projeção) nos déssemos conta, a nossa jornada evoluía segundo uma ordem bem planejada, equilibrada, sob a orientação de meu pai, com inigualável naturalidade, semelhante a um comentário musical profundo, de harmonia perfeita com a exigência das pessoas, das coisas do ambiente, da natureza, do clima todo", diz. Essa harmonia parece ser a tônica de toda a exposição. Se muitas vezes suas telas recaem numa exagerado decorativismo, em todas as suas telas há a preocupação em criar algo agradável, uma atmosfera leve e colorida. "O que importa para Cascella é evocar, aludir para um mundo completo por meio de límpidos fragmentos de visão, abalando camadas de pensamentos e de emoções soterradas, que talvez jamais tenham nos pertencido, mas que ele faz com que acreditemos que sejam nossas", resume o crítico Vittorio Sgarbi no texto do catálogo feito para acompanhar a exposição itinerante. Organizada pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália, a mostra já foi vista no Rio e, depois de São Paulo, segue ainda para outras cidades da América Latina e Europa. Michele Cascella. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Memorial da América Latina - Galeria Marta Traba. Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 3823-9611. Até 23/7.

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