Mestre do butô morre aos 103 anos no Japão


Ohno ajudou a criar técnica de dança que recuperou tradição

Por Maria Eugenia de Menezes

O dançarino japonês Kazuo Ohno, saudado como um dos maiores nomes da dança, morreu nesta terça-feira, 1º, aos 103 anos, de insuficiência respiratória. Ele estava internado em um hospital da cidade de Yokohama, no Japão.

 

Ohno ficou conhecido em todo o mundo como o grande mestre do butô, técnica de dança que ele ajudou a cunhar na década de 1960, quando trabalhou ao lado do diretor Tatsumi Hijikata.

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A expressão marginal, que surgiu no Japão logo após o grande baque da 2.ª Guerra, recuperava tradições milenares do país e absorvia influências de diversos movimentos artísticos de vanguarda, como o surrealismo e o expressionismo alemão.

 

Mostrado ao público japonês pela primeira vez em 1959, com o espetáculo Kinjiki, o butô chocou ao resvalar em temas como o sexo e a violência.

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Não por acaso, o estilo ganhou o nome de Ankoku Butoh, que pode ser traduzido como dança da escuridão profunda. "Kazuo tornou-se sinônimo de butô e fez o butô varrer o mundo. Dedicou-se a nos mostrar como as trevas se comunicam com a luz e a apagar os clichês que nos impedem de ver melhor quem somos e o mundo em que vivemos. Essa é uma tarefa sem fim. Por isso, ele não finda também", comentou a crítica do Estado, Helena Katz.

 

"Quando é que alguém como Kazuo Ohno morre?", continua a crítica. "Um artista que capturou quem teve a sorte de, em algum momento da vida, encontrar com a dança dele e que fez de cada um desses encontros uma transformação, estará para sempre fazendo parte da vida."

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Nascido na cidade de Hakodate, em 1906, Ohno era filho do chefe de uma cooperativa de pescadores e de uma instrumentista, que gostava de tocar para ser acompanhada pelos filhos.

 

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Mestre: Ohno no palco em 2007: referência mundial na dança 

 

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Estudou educação física, mas teve suas convicções abaladas ao assistir a uma apresentação da dançarina de flamenco Antonia Mercé y Luque, conhecida como "La Argentina".

 

Durante muitos anos, Ohno trabalhou em parceria com Tatsumi Hijikata. Sua primeira apresentação solo só ocorreu em 1977, com o espetáculo Admirando la Argentina, uma homenagem àquele seu primeiro contato com a dança.

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Na década de 1980, a participação de Ohno no Festival de Nancy, na França, revelaria o butô para o mundo e revolucionaria os rumos da dança contemporânea. O diretor brasileiro Antunes Filho participava do festival e acompanhou com interesse a apresentação do dançarino, que parecia mesclar teatro e dança. O impacto da obra sobre Antunes contaminou diversas de suas criações e, em 2008, motivou a concepção do espetáculo Foi Carmen.

 

Em 1986, Kazuo Ohno veio pela primeira vez a São Paulo. Seis anos depois, sua passagem pelo Festival de Teatro de Londrina provocou comoção e o dançarino teve de retornar ao palco mais de 15 vezes para receber os aplausos do público. Ohno voltaria ao Brasil outras duas vezes.

 

COLABOROU CAMILA MOLINA

 

 

 

REPERCUSSÃO

Antunes Filho

Dramaturgo

 

"Foi meu pai espiritual. Eu me aproximei do misticismo oriental por influência dele. Estive em Tóquio no seu 99.º aniversário. Quando o vi imobilizado na cadeira de rodas foi insuportável. Me tranquei num barração e fiquei ali gritando."

 

Tomie Ohtake

Artista plástica

 

"Uma vez, na minha casa, ele dançou sem que houvesse música, com uma sensibilidade única, apenas a partir de sua história e da vontade de movimento. Perdi um amigo."

 

Nitis Jacon

Atriz e diretora

 

"Em 1992, no Festival de Londrina, sua apresentação, surpreendente, comoveu muito as pessoas. Talvez tenha sido o ponto mais alto do festival. E, nas calçadas da cidade, ele dançou com meninos de rua. Kazuo é um marco fundamental nas artes cênicas."

 

Ivaldo Bertazzo

Coreógrafo

 

"Encantava a integridade do envelhecimento do dançarino, o que é muito raro."

O dançarino japonês Kazuo Ohno, saudado como um dos maiores nomes da dança, morreu nesta terça-feira, 1º, aos 103 anos, de insuficiência respiratória. Ele estava internado em um hospital da cidade de Yokohama, no Japão.

 

Ohno ficou conhecido em todo o mundo como o grande mestre do butô, técnica de dança que ele ajudou a cunhar na década de 1960, quando trabalhou ao lado do diretor Tatsumi Hijikata.

A expressão marginal, que surgiu no Japão logo após o grande baque da 2.ª Guerra, recuperava tradições milenares do país e absorvia influências de diversos movimentos artísticos de vanguarda, como o surrealismo e o expressionismo alemão.

 

Mostrado ao público japonês pela primeira vez em 1959, com o espetáculo Kinjiki, o butô chocou ao resvalar em temas como o sexo e a violência.

Não por acaso, o estilo ganhou o nome de Ankoku Butoh, que pode ser traduzido como dança da escuridão profunda. "Kazuo tornou-se sinônimo de butô e fez o butô varrer o mundo. Dedicou-se a nos mostrar como as trevas se comunicam com a luz e a apagar os clichês que nos impedem de ver melhor quem somos e o mundo em que vivemos. Essa é uma tarefa sem fim. Por isso, ele não finda também", comentou a crítica do Estado, Helena Katz.

 

"Quando é que alguém como Kazuo Ohno morre?", continua a crítica. "Um artista que capturou quem teve a sorte de, em algum momento da vida, encontrar com a dança dele e que fez de cada um desses encontros uma transformação, estará para sempre fazendo parte da vida."

 

Nascido na cidade de Hakodate, em 1906, Ohno era filho do chefe de uma cooperativa de pescadores e de uma instrumentista, que gostava de tocar para ser acompanhada pelos filhos.

 

Mestre: Ohno no palco em 2007: referência mundial na dança 

 

Estudou educação física, mas teve suas convicções abaladas ao assistir a uma apresentação da dançarina de flamenco Antonia Mercé y Luque, conhecida como "La Argentina".

 

Durante muitos anos, Ohno trabalhou em parceria com Tatsumi Hijikata. Sua primeira apresentação solo só ocorreu em 1977, com o espetáculo Admirando la Argentina, uma homenagem àquele seu primeiro contato com a dança.

 

Na década de 1980, a participação de Ohno no Festival de Nancy, na França, revelaria o butô para o mundo e revolucionaria os rumos da dança contemporânea. O diretor brasileiro Antunes Filho participava do festival e acompanhou com interesse a apresentação do dançarino, que parecia mesclar teatro e dança. O impacto da obra sobre Antunes contaminou diversas de suas criações e, em 2008, motivou a concepção do espetáculo Foi Carmen.

 

Em 1986, Kazuo Ohno veio pela primeira vez a São Paulo. Seis anos depois, sua passagem pelo Festival de Teatro de Londrina provocou comoção e o dançarino teve de retornar ao palco mais de 15 vezes para receber os aplausos do público. Ohno voltaria ao Brasil outras duas vezes.

 

COLABOROU CAMILA MOLINA

 

 

 

REPERCUSSÃO

Antunes Filho

Dramaturgo

 

"Foi meu pai espiritual. Eu me aproximei do misticismo oriental por influência dele. Estive em Tóquio no seu 99.º aniversário. Quando o vi imobilizado na cadeira de rodas foi insuportável. Me tranquei num barração e fiquei ali gritando."

 

Tomie Ohtake

Artista plástica

 

"Uma vez, na minha casa, ele dançou sem que houvesse música, com uma sensibilidade única, apenas a partir de sua história e da vontade de movimento. Perdi um amigo."

 

Nitis Jacon

Atriz e diretora

 

"Em 1992, no Festival de Londrina, sua apresentação, surpreendente, comoveu muito as pessoas. Talvez tenha sido o ponto mais alto do festival. E, nas calçadas da cidade, ele dançou com meninos de rua. Kazuo é um marco fundamental nas artes cênicas."

 

Ivaldo Bertazzo

Coreógrafo

 

"Encantava a integridade do envelhecimento do dançarino, o que é muito raro."

O dançarino japonês Kazuo Ohno, saudado como um dos maiores nomes da dança, morreu nesta terça-feira, 1º, aos 103 anos, de insuficiência respiratória. Ele estava internado em um hospital da cidade de Yokohama, no Japão.

 

Ohno ficou conhecido em todo o mundo como o grande mestre do butô, técnica de dança que ele ajudou a cunhar na década de 1960, quando trabalhou ao lado do diretor Tatsumi Hijikata.

A expressão marginal, que surgiu no Japão logo após o grande baque da 2.ª Guerra, recuperava tradições milenares do país e absorvia influências de diversos movimentos artísticos de vanguarda, como o surrealismo e o expressionismo alemão.

 

Mostrado ao público japonês pela primeira vez em 1959, com o espetáculo Kinjiki, o butô chocou ao resvalar em temas como o sexo e a violência.

Não por acaso, o estilo ganhou o nome de Ankoku Butoh, que pode ser traduzido como dança da escuridão profunda. "Kazuo tornou-se sinônimo de butô e fez o butô varrer o mundo. Dedicou-se a nos mostrar como as trevas se comunicam com a luz e a apagar os clichês que nos impedem de ver melhor quem somos e o mundo em que vivemos. Essa é uma tarefa sem fim. Por isso, ele não finda também", comentou a crítica do Estado, Helena Katz.

 

"Quando é que alguém como Kazuo Ohno morre?", continua a crítica. "Um artista que capturou quem teve a sorte de, em algum momento da vida, encontrar com a dança dele e que fez de cada um desses encontros uma transformação, estará para sempre fazendo parte da vida."

 

Nascido na cidade de Hakodate, em 1906, Ohno era filho do chefe de uma cooperativa de pescadores e de uma instrumentista, que gostava de tocar para ser acompanhada pelos filhos.

 

Mestre: Ohno no palco em 2007: referência mundial na dança 

 

Estudou educação física, mas teve suas convicções abaladas ao assistir a uma apresentação da dançarina de flamenco Antonia Mercé y Luque, conhecida como "La Argentina".

 

Durante muitos anos, Ohno trabalhou em parceria com Tatsumi Hijikata. Sua primeira apresentação solo só ocorreu em 1977, com o espetáculo Admirando la Argentina, uma homenagem àquele seu primeiro contato com a dança.

 

Na década de 1980, a participação de Ohno no Festival de Nancy, na França, revelaria o butô para o mundo e revolucionaria os rumos da dança contemporânea. O diretor brasileiro Antunes Filho participava do festival e acompanhou com interesse a apresentação do dançarino, que parecia mesclar teatro e dança. O impacto da obra sobre Antunes contaminou diversas de suas criações e, em 2008, motivou a concepção do espetáculo Foi Carmen.

 

Em 1986, Kazuo Ohno veio pela primeira vez a São Paulo. Seis anos depois, sua passagem pelo Festival de Teatro de Londrina provocou comoção e o dançarino teve de retornar ao palco mais de 15 vezes para receber os aplausos do público. Ohno voltaria ao Brasil outras duas vezes.

 

COLABOROU CAMILA MOLINA

 

 

 

REPERCUSSÃO

Antunes Filho

Dramaturgo

 

"Foi meu pai espiritual. Eu me aproximei do misticismo oriental por influência dele. Estive em Tóquio no seu 99.º aniversário. Quando o vi imobilizado na cadeira de rodas foi insuportável. Me tranquei num barração e fiquei ali gritando."

 

Tomie Ohtake

Artista plástica

 

"Uma vez, na minha casa, ele dançou sem que houvesse música, com uma sensibilidade única, apenas a partir de sua história e da vontade de movimento. Perdi um amigo."

 

Nitis Jacon

Atriz e diretora

 

"Em 1992, no Festival de Londrina, sua apresentação, surpreendente, comoveu muito as pessoas. Talvez tenha sido o ponto mais alto do festival. E, nas calçadas da cidade, ele dançou com meninos de rua. Kazuo é um marco fundamental nas artes cênicas."

 

Ivaldo Bertazzo

Coreógrafo

 

"Encantava a integridade do envelhecimento do dançarino, o que é muito raro."

O dançarino japonês Kazuo Ohno, saudado como um dos maiores nomes da dança, morreu nesta terça-feira, 1º, aos 103 anos, de insuficiência respiratória. Ele estava internado em um hospital da cidade de Yokohama, no Japão.

 

Ohno ficou conhecido em todo o mundo como o grande mestre do butô, técnica de dança que ele ajudou a cunhar na década de 1960, quando trabalhou ao lado do diretor Tatsumi Hijikata.

A expressão marginal, que surgiu no Japão logo após o grande baque da 2.ª Guerra, recuperava tradições milenares do país e absorvia influências de diversos movimentos artísticos de vanguarda, como o surrealismo e o expressionismo alemão.

 

Mostrado ao público japonês pela primeira vez em 1959, com o espetáculo Kinjiki, o butô chocou ao resvalar em temas como o sexo e a violência.

Não por acaso, o estilo ganhou o nome de Ankoku Butoh, que pode ser traduzido como dança da escuridão profunda. "Kazuo tornou-se sinônimo de butô e fez o butô varrer o mundo. Dedicou-se a nos mostrar como as trevas se comunicam com a luz e a apagar os clichês que nos impedem de ver melhor quem somos e o mundo em que vivemos. Essa é uma tarefa sem fim. Por isso, ele não finda também", comentou a crítica do Estado, Helena Katz.

 

"Quando é que alguém como Kazuo Ohno morre?", continua a crítica. "Um artista que capturou quem teve a sorte de, em algum momento da vida, encontrar com a dança dele e que fez de cada um desses encontros uma transformação, estará para sempre fazendo parte da vida."

 

Nascido na cidade de Hakodate, em 1906, Ohno era filho do chefe de uma cooperativa de pescadores e de uma instrumentista, que gostava de tocar para ser acompanhada pelos filhos.

 

Mestre: Ohno no palco em 2007: referência mundial na dança 

 

Estudou educação física, mas teve suas convicções abaladas ao assistir a uma apresentação da dançarina de flamenco Antonia Mercé y Luque, conhecida como "La Argentina".

 

Durante muitos anos, Ohno trabalhou em parceria com Tatsumi Hijikata. Sua primeira apresentação solo só ocorreu em 1977, com o espetáculo Admirando la Argentina, uma homenagem àquele seu primeiro contato com a dança.

 

Na década de 1980, a participação de Ohno no Festival de Nancy, na França, revelaria o butô para o mundo e revolucionaria os rumos da dança contemporânea. O diretor brasileiro Antunes Filho participava do festival e acompanhou com interesse a apresentação do dançarino, que parecia mesclar teatro e dança. O impacto da obra sobre Antunes contaminou diversas de suas criações e, em 2008, motivou a concepção do espetáculo Foi Carmen.

 

Em 1986, Kazuo Ohno veio pela primeira vez a São Paulo. Seis anos depois, sua passagem pelo Festival de Teatro de Londrina provocou comoção e o dançarino teve de retornar ao palco mais de 15 vezes para receber os aplausos do público. Ohno voltaria ao Brasil outras duas vezes.

 

COLABOROU CAMILA MOLINA

 

 

 

REPERCUSSÃO

Antunes Filho

Dramaturgo

 

"Foi meu pai espiritual. Eu me aproximei do misticismo oriental por influência dele. Estive em Tóquio no seu 99.º aniversário. Quando o vi imobilizado na cadeira de rodas foi insuportável. Me tranquei num barração e fiquei ali gritando."

 

Tomie Ohtake

Artista plástica

 

"Uma vez, na minha casa, ele dançou sem que houvesse música, com uma sensibilidade única, apenas a partir de sua história e da vontade de movimento. Perdi um amigo."

 

Nitis Jacon

Atriz e diretora

 

"Em 1992, no Festival de Londrina, sua apresentação, surpreendente, comoveu muito as pessoas. Talvez tenha sido o ponto mais alto do festival. E, nas calçadas da cidade, ele dançou com meninos de rua. Kazuo é um marco fundamental nas artes cênicas."

 

Ivaldo Bertazzo

Coreógrafo

 

"Encantava a integridade do envelhecimento do dançarino, o que é muito raro."

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