Elis Regina, morta há 33 anos, ainda é a maior cantora do Brasil


Desde a manhã de 19 de janeiro de 1982, quando ela se foi, a música brasileira ficou em uma encruzilhada; veja galeria de fotos

Por Julio Maria

Em uma manhã de 19 de janeiro de 1982, o corpo de Elis Regina foi encontrado no quarto de seu apartamento na Rua Melo Alves, em São Paulo. Levada ao Hospital das Clínicas pelo então namorado, o advogado Samuel McDowell, ela não resistiu a uma parada cardíaca e se foi, aos 36 anos. E por todo esse tempo que se estende desde então, a crítica e o público que a seguia enumeram algumas certezas comprovadas não pela miopia dos fanáticos, mas pelos fatos que o tempo reforça: 1. Desde sua morte, jamais surgiu outra cantora à altura de Elis Regina. 2. Mesmo antes de sua existência, jamais houve uma cantora no País à altura de Elis Regina. 3. "Elis Regina canta cada vez melhor" (frase do produtor Walter Silva, o Pica-Pau, reeditada por Nelson Motta).

Enumerando assim, parece um festival de clichês que poderiam ser empregados a outros monumentos do gênero, como Gal Costa e Maria Bethânia. Não é. E quem diz nem é só a crítica ou os fãs. Estive há pouco mais de um ano à mesa da casa de shows Miranda, no Rio de Janeiro, com Caetano Veloso e Gal Costa para falarmos do show Recanto, de Gal, que teria a produção de Caetano. A certa altura da conversa, eu disse aos dois que estava escrevendo a biografia de Elis e passamos a falar sobre a Baixinha. E então, entre uma e outra história, Caetano, ao lado de Gal, atropelou qualquer discrição com o coração: "...e me desculpem as outras cantoras, mas Elis foi a maior".

Elis Regina

1 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
2 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
3 | 7

Elis

Foto: DOMICIO PINHEIRO/ESTADÃO
4 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
5 | 7

Elis

Foto: Estadão
6 | 7

Elis

Foto: OSVALDO LUIZ/ESTADÃO
7 | 7

Elis

Foto: L. GEVAERD/ESTADÃO
continua após a publicidade

Análises técnicas entre as vozes poderiam ser feitas para comprovações científicas, confrontando afinação, extensão e todos os recursos que se aprendem nas aulas, mas este não seria o caso primeiro porque não são apenas eles que definem a grandeza de um artista e, segundo, porque seria de uma indelicadeza monstruosa. Há, porém, uma outra pergunta que intriga. Como pode no País em que surge uma média de duas novas cantoras por dia ainda não termos sido presenteados com o mesmo assombro que a geração que viveu os anos 60 e 70 foi? Os novos tempos trazem vozes incríveis que apenas uma matéria não daria conta de enumerar, mas o que falta a elas para atingirem o Olimpo?

O fato é que, depois de Elis Regina, não ficou fácil ser cantora no Brasil. Posso ver Elis gargalhando com a cabeça para trás enquanto joga um abacaxi gigante no colo da História. Pois eis a encruzilhada que a danada criou: a cantora que fizer o que ela fazia, saltando sem paraquedas no penhasco sombrio de sentimentos, correndo o risco de nunca mais voltar, será inevitavelmente comparada a Elis. E a que não o fizer alegando questões "de estilo" será sempre menor do que Elis. Ninguém sabe como resolver o dilema.

Em uma manhã de 19 de janeiro de 1982, o corpo de Elis Regina foi encontrado no quarto de seu apartamento na Rua Melo Alves, em São Paulo. Levada ao Hospital das Clínicas pelo então namorado, o advogado Samuel McDowell, ela não resistiu a uma parada cardíaca e se foi, aos 36 anos. E por todo esse tempo que se estende desde então, a crítica e o público que a seguia enumeram algumas certezas comprovadas não pela miopia dos fanáticos, mas pelos fatos que o tempo reforça: 1. Desde sua morte, jamais surgiu outra cantora à altura de Elis Regina. 2. Mesmo antes de sua existência, jamais houve uma cantora no País à altura de Elis Regina. 3. "Elis Regina canta cada vez melhor" (frase do produtor Walter Silva, o Pica-Pau, reeditada por Nelson Motta).

Enumerando assim, parece um festival de clichês que poderiam ser empregados a outros monumentos do gênero, como Gal Costa e Maria Bethânia. Não é. E quem diz nem é só a crítica ou os fãs. Estive há pouco mais de um ano à mesa da casa de shows Miranda, no Rio de Janeiro, com Caetano Veloso e Gal Costa para falarmos do show Recanto, de Gal, que teria a produção de Caetano. A certa altura da conversa, eu disse aos dois que estava escrevendo a biografia de Elis e passamos a falar sobre a Baixinha. E então, entre uma e outra história, Caetano, ao lado de Gal, atropelou qualquer discrição com o coração: "...e me desculpem as outras cantoras, mas Elis foi a maior".

Elis Regina

1 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
2 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
3 | 7

Elis

Foto: DOMICIO PINHEIRO/ESTADÃO
4 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
5 | 7

Elis

Foto: Estadão
6 | 7

Elis

Foto: OSVALDO LUIZ/ESTADÃO
7 | 7

Elis

Foto: L. GEVAERD/ESTADÃO

Análises técnicas entre as vozes poderiam ser feitas para comprovações científicas, confrontando afinação, extensão e todos os recursos que se aprendem nas aulas, mas este não seria o caso primeiro porque não são apenas eles que definem a grandeza de um artista e, segundo, porque seria de uma indelicadeza monstruosa. Há, porém, uma outra pergunta que intriga. Como pode no País em que surge uma média de duas novas cantoras por dia ainda não termos sido presenteados com o mesmo assombro que a geração que viveu os anos 60 e 70 foi? Os novos tempos trazem vozes incríveis que apenas uma matéria não daria conta de enumerar, mas o que falta a elas para atingirem o Olimpo?

O fato é que, depois de Elis Regina, não ficou fácil ser cantora no Brasil. Posso ver Elis gargalhando com a cabeça para trás enquanto joga um abacaxi gigante no colo da História. Pois eis a encruzilhada que a danada criou: a cantora que fizer o que ela fazia, saltando sem paraquedas no penhasco sombrio de sentimentos, correndo o risco de nunca mais voltar, será inevitavelmente comparada a Elis. E a que não o fizer alegando questões "de estilo" será sempre menor do que Elis. Ninguém sabe como resolver o dilema.

Em uma manhã de 19 de janeiro de 1982, o corpo de Elis Regina foi encontrado no quarto de seu apartamento na Rua Melo Alves, em São Paulo. Levada ao Hospital das Clínicas pelo então namorado, o advogado Samuel McDowell, ela não resistiu a uma parada cardíaca e se foi, aos 36 anos. E por todo esse tempo que se estende desde então, a crítica e o público que a seguia enumeram algumas certezas comprovadas não pela miopia dos fanáticos, mas pelos fatos que o tempo reforça: 1. Desde sua morte, jamais surgiu outra cantora à altura de Elis Regina. 2. Mesmo antes de sua existência, jamais houve uma cantora no País à altura de Elis Regina. 3. "Elis Regina canta cada vez melhor" (frase do produtor Walter Silva, o Pica-Pau, reeditada por Nelson Motta).

Enumerando assim, parece um festival de clichês que poderiam ser empregados a outros monumentos do gênero, como Gal Costa e Maria Bethânia. Não é. E quem diz nem é só a crítica ou os fãs. Estive há pouco mais de um ano à mesa da casa de shows Miranda, no Rio de Janeiro, com Caetano Veloso e Gal Costa para falarmos do show Recanto, de Gal, que teria a produção de Caetano. A certa altura da conversa, eu disse aos dois que estava escrevendo a biografia de Elis e passamos a falar sobre a Baixinha. E então, entre uma e outra história, Caetano, ao lado de Gal, atropelou qualquer discrição com o coração: "...e me desculpem as outras cantoras, mas Elis foi a maior".

Elis Regina

1 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
2 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
3 | 7

Elis

Foto: DOMICIO PINHEIRO/ESTADÃO
4 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
5 | 7

Elis

Foto: Estadão
6 | 7

Elis

Foto: OSVALDO LUIZ/ESTADÃO
7 | 7

Elis

Foto: L. GEVAERD/ESTADÃO

Análises técnicas entre as vozes poderiam ser feitas para comprovações científicas, confrontando afinação, extensão e todos os recursos que se aprendem nas aulas, mas este não seria o caso primeiro porque não são apenas eles que definem a grandeza de um artista e, segundo, porque seria de uma indelicadeza monstruosa. Há, porém, uma outra pergunta que intriga. Como pode no País em que surge uma média de duas novas cantoras por dia ainda não termos sido presenteados com o mesmo assombro que a geração que viveu os anos 60 e 70 foi? Os novos tempos trazem vozes incríveis que apenas uma matéria não daria conta de enumerar, mas o que falta a elas para atingirem o Olimpo?

O fato é que, depois de Elis Regina, não ficou fácil ser cantora no Brasil. Posso ver Elis gargalhando com a cabeça para trás enquanto joga um abacaxi gigante no colo da História. Pois eis a encruzilhada que a danada criou: a cantora que fizer o que ela fazia, saltando sem paraquedas no penhasco sombrio de sentimentos, correndo o risco de nunca mais voltar, será inevitavelmente comparada a Elis. E a que não o fizer alegando questões "de estilo" será sempre menor do que Elis. Ninguém sabe como resolver o dilema.

Em uma manhã de 19 de janeiro de 1982, o corpo de Elis Regina foi encontrado no quarto de seu apartamento na Rua Melo Alves, em São Paulo. Levada ao Hospital das Clínicas pelo então namorado, o advogado Samuel McDowell, ela não resistiu a uma parada cardíaca e se foi, aos 36 anos. E por todo esse tempo que se estende desde então, a crítica e o público que a seguia enumeram algumas certezas comprovadas não pela miopia dos fanáticos, mas pelos fatos que o tempo reforça: 1. Desde sua morte, jamais surgiu outra cantora à altura de Elis Regina. 2. Mesmo antes de sua existência, jamais houve uma cantora no País à altura de Elis Regina. 3. "Elis Regina canta cada vez melhor" (frase do produtor Walter Silva, o Pica-Pau, reeditada por Nelson Motta).

Enumerando assim, parece um festival de clichês que poderiam ser empregados a outros monumentos do gênero, como Gal Costa e Maria Bethânia. Não é. E quem diz nem é só a crítica ou os fãs. Estive há pouco mais de um ano à mesa da casa de shows Miranda, no Rio de Janeiro, com Caetano Veloso e Gal Costa para falarmos do show Recanto, de Gal, que teria a produção de Caetano. A certa altura da conversa, eu disse aos dois que estava escrevendo a biografia de Elis e passamos a falar sobre a Baixinha. E então, entre uma e outra história, Caetano, ao lado de Gal, atropelou qualquer discrição com o coração: "...e me desculpem as outras cantoras, mas Elis foi a maior".

Elis Regina

1 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
2 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
3 | 7

Elis

Foto: DOMICIO PINHEIRO/ESTADÃO
4 | 7

Elis

Foto: Acervo Estadão
5 | 7

Elis

Foto: Estadão
6 | 7

Elis

Foto: OSVALDO LUIZ/ESTADÃO
7 | 7

Elis

Foto: L. GEVAERD/ESTADÃO

Análises técnicas entre as vozes poderiam ser feitas para comprovações científicas, confrontando afinação, extensão e todos os recursos que se aprendem nas aulas, mas este não seria o caso primeiro porque não são apenas eles que definem a grandeza de um artista e, segundo, porque seria de uma indelicadeza monstruosa. Há, porém, uma outra pergunta que intriga. Como pode no País em que surge uma média de duas novas cantoras por dia ainda não termos sido presenteados com o mesmo assombro que a geração que viveu os anos 60 e 70 foi? Os novos tempos trazem vozes incríveis que apenas uma matéria não daria conta de enumerar, mas o que falta a elas para atingirem o Olimpo?

O fato é que, depois de Elis Regina, não ficou fácil ser cantora no Brasil. Posso ver Elis gargalhando com a cabeça para trás enquanto joga um abacaxi gigante no colo da História. Pois eis a encruzilhada que a danada criou: a cantora que fizer o que ela fazia, saltando sem paraquedas no penhasco sombrio de sentimentos, correndo o risco de nunca mais voltar, será inevitavelmente comparada a Elis. E a que não o fizer alegando questões "de estilo" será sempre menor do que Elis. Ninguém sabe como resolver o dilema.

Tudo Sobre

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.