José González traz a São Paulo o folk que une Argentina e Suécia


Filho de acadêmicos fugidos do país vizinho durante a ditadura militar, músico apresenta canções do disco 'Vestiges and Claws'

Por Pedro Antunes

José González tinha 7 anos quando pisou pela primeira vez em solo argentino. Enfim, conheceu o país no qual seus pais nasceram, descobriu familiares e a cultura de onde veio, distante da fria Suécia, onde nasceu. Seus pais, dois acadêmicos, fugiram da ditadura militar que se instalou no país vizinho em 1976, dois anos do nascimento de González. Amigos deles desapareceram, presos pelo regime totalitarista, e a solução encontrada foi escapulir para o Rio, onde precisaram pedir dinheiro nas ruas para ter o que comer, até conseguirem o exílio e moradia no país escandinavo. “Eu não conseguia entender o que era a violência que meus pais me contavam”, conta o músico, hoje aos 37 anos. “Vivia em um outro ambiente.” 

Da passagem pelo Brasil, os pais de González levaram discos de João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se uniram à coleção formada por artistas argentinos, como Mercedes Sosa. O músico, na adolescência, enquanto tocava em bandas punk e de hardcore, debruçava-se sobre os vinis para formar a própria musicalidade. Vieram artistas norte-americanos como Cat Power e Nick Drake. E estava pronto o caldeirão folk no qual se fundamenta a obra do sueco com sotaque latino que volta a São Paulo, para apresentação única na noite de hoje, 8, na casa Audio Club. O show tem início às 21h e, antes, às 19h, se apresenta o ótimo artista brasileiro André Whoong. 

José González Foto: Malin Johansson | Divulgação
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“Às vezes, quando você está ouvindo música pop na rádio ou em um disco, você percebe como ela é acelerada. Minha proposta é fazer o contrário disso”, ele explica, sobre suas canções contemplativas. “Para mim, a música deve fazer parte de uma atividade mais contemplativa. Algo que tento convergir para essas canções formadas basicamente por voz e violão. É como trazer o ouvinte para um lugar mais leve, reservado, um espaço para a reflexão.” 

González despontou com o álbum Veneer, lançado em 2003. Letras introspectivas, com temas basicamente sobre amor, relacionamentos e frustrações, se entendiam diretamente com a batida intimista do seu violão e a voz delicada do sueco – ouça a bela Heartbeats para entender melhor. O segundo disco, In Our Nature, de 2007, não fez tanto barulho quanto o antecessor. 

O intervalo de oito anos entre o segundo álbum e o terceiro e mais recente da discografia do sueco de sangue latino foi usado para que González reconstruísse, de forma singela, a própria musicalidade. Criou o duo Junip, em parceria com Tobias Winterkorn, sem deixar o folk de lado. Juntos, eles exercitaram o processo de transformar a composição de novas canções em algo comunitário, deixando o processo solitário para as respectivas carreiras solos. 

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A parceria rendeu dois álbuns, Fields (2010) e Junip (2013), e a trilha sonora do filme A Vida Secreta de Walter Mitty, um longa de 2013 tão sutilmente elegante que, dificilmente, é possível acreditar que foi dirigido e protagonizado por Ben Stiller. Stay Alive e Step Out são bons exemplos dessa safra recente e excelente.

E, assim, há três anos, Vestiges and Claws começou a ser erguido. “Meu processo é lento, percebi que gosto disso”, admite González. O músico admite a frustração por ter passado por um período tão grande sem lançar um trabalho próprio. “Eu pensava nesse terceiro disco há tanto tempo”, ele garante. Vestiges and Claws saiu em 2015 e é com ele debaixo do braço que o sueco chegou ao Brasil – e o álbum deve monopolizar a escolha das canções do show paulistano, realizado ao lado de uma banda formada por mais quatro integrantes. 

Filho de uma geração que lutou contra uma ditadura e precisou fugir da violência da terra natal, González é um músico de um novo tempo. As suas canções variam entre a candura de um amor e pequenas apunhaladas em corações já machucados. Não há a carga política necessária durante os anos 1970. Ele admite que, hoje, seus versos são “mais universais e menos pessoais”, como antes ocorria no primeiro par de álbuns. “Aprendi a tentar me distanciar, ter uma visão distante daqueles temas. Mas ainda adoro escrever sobre a frustração.” González, contudo, ainda mantém os velhos hábitos para escrever suas músicas. E o faz da forma mais orgânica possível. “Adoro a sensação do lápis em uma folha de papel em branco.” 

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JOSÉ GONZÁLEZ  Audio Club. Av. FranciscoMatarazzo, 694, tel. 3862-8279.  Hoje, 8, às 21h. R$ 120.  Abertura: André Whoong, às 19h. 

José González tinha 7 anos quando pisou pela primeira vez em solo argentino. Enfim, conheceu o país no qual seus pais nasceram, descobriu familiares e a cultura de onde veio, distante da fria Suécia, onde nasceu. Seus pais, dois acadêmicos, fugiram da ditadura militar que se instalou no país vizinho em 1976, dois anos do nascimento de González. Amigos deles desapareceram, presos pelo regime totalitarista, e a solução encontrada foi escapulir para o Rio, onde precisaram pedir dinheiro nas ruas para ter o que comer, até conseguirem o exílio e moradia no país escandinavo. “Eu não conseguia entender o que era a violência que meus pais me contavam”, conta o músico, hoje aos 37 anos. “Vivia em um outro ambiente.” 

Da passagem pelo Brasil, os pais de González levaram discos de João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se uniram à coleção formada por artistas argentinos, como Mercedes Sosa. O músico, na adolescência, enquanto tocava em bandas punk e de hardcore, debruçava-se sobre os vinis para formar a própria musicalidade. Vieram artistas norte-americanos como Cat Power e Nick Drake. E estava pronto o caldeirão folk no qual se fundamenta a obra do sueco com sotaque latino que volta a São Paulo, para apresentação única na noite de hoje, 8, na casa Audio Club. O show tem início às 21h e, antes, às 19h, se apresenta o ótimo artista brasileiro André Whoong. 

José González Foto: Malin Johansson | Divulgação

“Às vezes, quando você está ouvindo música pop na rádio ou em um disco, você percebe como ela é acelerada. Minha proposta é fazer o contrário disso”, ele explica, sobre suas canções contemplativas. “Para mim, a música deve fazer parte de uma atividade mais contemplativa. Algo que tento convergir para essas canções formadas basicamente por voz e violão. É como trazer o ouvinte para um lugar mais leve, reservado, um espaço para a reflexão.” 

González despontou com o álbum Veneer, lançado em 2003. Letras introspectivas, com temas basicamente sobre amor, relacionamentos e frustrações, se entendiam diretamente com a batida intimista do seu violão e a voz delicada do sueco – ouça a bela Heartbeats para entender melhor. O segundo disco, In Our Nature, de 2007, não fez tanto barulho quanto o antecessor. 

O intervalo de oito anos entre o segundo álbum e o terceiro e mais recente da discografia do sueco de sangue latino foi usado para que González reconstruísse, de forma singela, a própria musicalidade. Criou o duo Junip, em parceria com Tobias Winterkorn, sem deixar o folk de lado. Juntos, eles exercitaram o processo de transformar a composição de novas canções em algo comunitário, deixando o processo solitário para as respectivas carreiras solos. 

A parceria rendeu dois álbuns, Fields (2010) e Junip (2013), e a trilha sonora do filme A Vida Secreta de Walter Mitty, um longa de 2013 tão sutilmente elegante que, dificilmente, é possível acreditar que foi dirigido e protagonizado por Ben Stiller. Stay Alive e Step Out são bons exemplos dessa safra recente e excelente.

E, assim, há três anos, Vestiges and Claws começou a ser erguido. “Meu processo é lento, percebi que gosto disso”, admite González. O músico admite a frustração por ter passado por um período tão grande sem lançar um trabalho próprio. “Eu pensava nesse terceiro disco há tanto tempo”, ele garante. Vestiges and Claws saiu em 2015 e é com ele debaixo do braço que o sueco chegou ao Brasil – e o álbum deve monopolizar a escolha das canções do show paulistano, realizado ao lado de uma banda formada por mais quatro integrantes. 

Filho de uma geração que lutou contra uma ditadura e precisou fugir da violência da terra natal, González é um músico de um novo tempo. As suas canções variam entre a candura de um amor e pequenas apunhaladas em corações já machucados. Não há a carga política necessária durante os anos 1970. Ele admite que, hoje, seus versos são “mais universais e menos pessoais”, como antes ocorria no primeiro par de álbuns. “Aprendi a tentar me distanciar, ter uma visão distante daqueles temas. Mas ainda adoro escrever sobre a frustração.” González, contudo, ainda mantém os velhos hábitos para escrever suas músicas. E o faz da forma mais orgânica possível. “Adoro a sensação do lápis em uma folha de papel em branco.” 

JOSÉ GONZÁLEZ  Audio Club. Av. FranciscoMatarazzo, 694, tel. 3862-8279.  Hoje, 8, às 21h. R$ 120.  Abertura: André Whoong, às 19h. 

José González tinha 7 anos quando pisou pela primeira vez em solo argentino. Enfim, conheceu o país no qual seus pais nasceram, descobriu familiares e a cultura de onde veio, distante da fria Suécia, onde nasceu. Seus pais, dois acadêmicos, fugiram da ditadura militar que se instalou no país vizinho em 1976, dois anos do nascimento de González. Amigos deles desapareceram, presos pelo regime totalitarista, e a solução encontrada foi escapulir para o Rio, onde precisaram pedir dinheiro nas ruas para ter o que comer, até conseguirem o exílio e moradia no país escandinavo. “Eu não conseguia entender o que era a violência que meus pais me contavam”, conta o músico, hoje aos 37 anos. “Vivia em um outro ambiente.” 

Da passagem pelo Brasil, os pais de González levaram discos de João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se uniram à coleção formada por artistas argentinos, como Mercedes Sosa. O músico, na adolescência, enquanto tocava em bandas punk e de hardcore, debruçava-se sobre os vinis para formar a própria musicalidade. Vieram artistas norte-americanos como Cat Power e Nick Drake. E estava pronto o caldeirão folk no qual se fundamenta a obra do sueco com sotaque latino que volta a São Paulo, para apresentação única na noite de hoje, 8, na casa Audio Club. O show tem início às 21h e, antes, às 19h, se apresenta o ótimo artista brasileiro André Whoong. 

José González Foto: Malin Johansson | Divulgação

“Às vezes, quando você está ouvindo música pop na rádio ou em um disco, você percebe como ela é acelerada. Minha proposta é fazer o contrário disso”, ele explica, sobre suas canções contemplativas. “Para mim, a música deve fazer parte de uma atividade mais contemplativa. Algo que tento convergir para essas canções formadas basicamente por voz e violão. É como trazer o ouvinte para um lugar mais leve, reservado, um espaço para a reflexão.” 

González despontou com o álbum Veneer, lançado em 2003. Letras introspectivas, com temas basicamente sobre amor, relacionamentos e frustrações, se entendiam diretamente com a batida intimista do seu violão e a voz delicada do sueco – ouça a bela Heartbeats para entender melhor. O segundo disco, In Our Nature, de 2007, não fez tanto barulho quanto o antecessor. 

O intervalo de oito anos entre o segundo álbum e o terceiro e mais recente da discografia do sueco de sangue latino foi usado para que González reconstruísse, de forma singela, a própria musicalidade. Criou o duo Junip, em parceria com Tobias Winterkorn, sem deixar o folk de lado. Juntos, eles exercitaram o processo de transformar a composição de novas canções em algo comunitário, deixando o processo solitário para as respectivas carreiras solos. 

A parceria rendeu dois álbuns, Fields (2010) e Junip (2013), e a trilha sonora do filme A Vida Secreta de Walter Mitty, um longa de 2013 tão sutilmente elegante que, dificilmente, é possível acreditar que foi dirigido e protagonizado por Ben Stiller. Stay Alive e Step Out são bons exemplos dessa safra recente e excelente.

E, assim, há três anos, Vestiges and Claws começou a ser erguido. “Meu processo é lento, percebi que gosto disso”, admite González. O músico admite a frustração por ter passado por um período tão grande sem lançar um trabalho próprio. “Eu pensava nesse terceiro disco há tanto tempo”, ele garante. Vestiges and Claws saiu em 2015 e é com ele debaixo do braço que o sueco chegou ao Brasil – e o álbum deve monopolizar a escolha das canções do show paulistano, realizado ao lado de uma banda formada por mais quatro integrantes. 

Filho de uma geração que lutou contra uma ditadura e precisou fugir da violência da terra natal, González é um músico de um novo tempo. As suas canções variam entre a candura de um amor e pequenas apunhaladas em corações já machucados. Não há a carga política necessária durante os anos 1970. Ele admite que, hoje, seus versos são “mais universais e menos pessoais”, como antes ocorria no primeiro par de álbuns. “Aprendi a tentar me distanciar, ter uma visão distante daqueles temas. Mas ainda adoro escrever sobre a frustração.” González, contudo, ainda mantém os velhos hábitos para escrever suas músicas. E o faz da forma mais orgânica possível. “Adoro a sensação do lápis em uma folha de papel em branco.” 

JOSÉ GONZÁLEZ  Audio Club. Av. FranciscoMatarazzo, 694, tel. 3862-8279.  Hoje, 8, às 21h. R$ 120.  Abertura: André Whoong, às 19h. 

José González tinha 7 anos quando pisou pela primeira vez em solo argentino. Enfim, conheceu o país no qual seus pais nasceram, descobriu familiares e a cultura de onde veio, distante da fria Suécia, onde nasceu. Seus pais, dois acadêmicos, fugiram da ditadura militar que se instalou no país vizinho em 1976, dois anos do nascimento de González. Amigos deles desapareceram, presos pelo regime totalitarista, e a solução encontrada foi escapulir para o Rio, onde precisaram pedir dinheiro nas ruas para ter o que comer, até conseguirem o exílio e moradia no país escandinavo. “Eu não conseguia entender o que era a violência que meus pais me contavam”, conta o músico, hoje aos 37 anos. “Vivia em um outro ambiente.” 

Da passagem pelo Brasil, os pais de González levaram discos de João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se uniram à coleção formada por artistas argentinos, como Mercedes Sosa. O músico, na adolescência, enquanto tocava em bandas punk e de hardcore, debruçava-se sobre os vinis para formar a própria musicalidade. Vieram artistas norte-americanos como Cat Power e Nick Drake. E estava pronto o caldeirão folk no qual se fundamenta a obra do sueco com sotaque latino que volta a São Paulo, para apresentação única na noite de hoje, 8, na casa Audio Club. O show tem início às 21h e, antes, às 19h, se apresenta o ótimo artista brasileiro André Whoong. 

José González Foto: Malin Johansson | Divulgação

“Às vezes, quando você está ouvindo música pop na rádio ou em um disco, você percebe como ela é acelerada. Minha proposta é fazer o contrário disso”, ele explica, sobre suas canções contemplativas. “Para mim, a música deve fazer parte de uma atividade mais contemplativa. Algo que tento convergir para essas canções formadas basicamente por voz e violão. É como trazer o ouvinte para um lugar mais leve, reservado, um espaço para a reflexão.” 

González despontou com o álbum Veneer, lançado em 2003. Letras introspectivas, com temas basicamente sobre amor, relacionamentos e frustrações, se entendiam diretamente com a batida intimista do seu violão e a voz delicada do sueco – ouça a bela Heartbeats para entender melhor. O segundo disco, In Our Nature, de 2007, não fez tanto barulho quanto o antecessor. 

O intervalo de oito anos entre o segundo álbum e o terceiro e mais recente da discografia do sueco de sangue latino foi usado para que González reconstruísse, de forma singela, a própria musicalidade. Criou o duo Junip, em parceria com Tobias Winterkorn, sem deixar o folk de lado. Juntos, eles exercitaram o processo de transformar a composição de novas canções em algo comunitário, deixando o processo solitário para as respectivas carreiras solos. 

A parceria rendeu dois álbuns, Fields (2010) e Junip (2013), e a trilha sonora do filme A Vida Secreta de Walter Mitty, um longa de 2013 tão sutilmente elegante que, dificilmente, é possível acreditar que foi dirigido e protagonizado por Ben Stiller. Stay Alive e Step Out são bons exemplos dessa safra recente e excelente.

E, assim, há três anos, Vestiges and Claws começou a ser erguido. “Meu processo é lento, percebi que gosto disso”, admite González. O músico admite a frustração por ter passado por um período tão grande sem lançar um trabalho próprio. “Eu pensava nesse terceiro disco há tanto tempo”, ele garante. Vestiges and Claws saiu em 2015 e é com ele debaixo do braço que o sueco chegou ao Brasil – e o álbum deve monopolizar a escolha das canções do show paulistano, realizado ao lado de uma banda formada por mais quatro integrantes. 

Filho de uma geração que lutou contra uma ditadura e precisou fugir da violência da terra natal, González é um músico de um novo tempo. As suas canções variam entre a candura de um amor e pequenas apunhaladas em corações já machucados. Não há a carga política necessária durante os anos 1970. Ele admite que, hoje, seus versos são “mais universais e menos pessoais”, como antes ocorria no primeiro par de álbuns. “Aprendi a tentar me distanciar, ter uma visão distante daqueles temas. Mas ainda adoro escrever sobre a frustração.” González, contudo, ainda mantém os velhos hábitos para escrever suas músicas. E o faz da forma mais orgânica possível. “Adoro a sensação do lápis em uma folha de papel em branco.” 

JOSÉ GONZÁLEZ  Audio Club. Av. FranciscoMatarazzo, 694, tel. 3862-8279.  Hoje, 8, às 21h. R$ 120.  Abertura: André Whoong, às 19h. 

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