Há tempos um show do Lollapalooza Brasil não tinha uma energia tão contagiante quanto o do Mumford & Sons. A espera, de fato, valeu a pena. Quem viu a apresentação da banda britânica na noite deste sábado, 12, no palco Onix, presenciou umas das melhores performances de todas as edições brasileiras do festival.
Com o violão nas mãos, o vocalista Marcus Mumford parece um gigante. As rimas fáceis e doces, mesmo em inglês, fazem com que as pessoas logo se manifestem inconscientemente. "Meu português é muito ruim, mas acho que isso não vai ser um problema hoje à noite", brincou.
O Mumford & Sons mesclou bem o repertório dos três discos da banda: Sign No More (2009), Babel (2012) e Wilder Mind (2015).
Criticados por abandonarem o tradicional folk que os colocou no topo das paradas de sucesso, souberam conduzir a apresentação. Equilibraram o repertório ao perceberam que as músicas dodisco mais recente, Wildner Mind, não causavam o mesmo efeito catártico na plateia. Abriram com Babel e logo emendaram Little Lion Man e Ghosts That We Knew.
O "som rural" do Mumford funciona tão bem nos discos quanto ao vivo. A sonoridade da banda muda drasticamente com as baterias eletrônicas e as guitarras distorcidas. Diante de um som mais indie, o show cai de rendimento e entra numa zona de conforto perigosa. A veia caipira reacende o que de melhor a banda tem em seu DNA.
Alguns hits mais novos, entretanto, conseguem retomar a boa sintonia da apresentação. Em Believe, uma avalanche de vozes ecoou pelo Autódromo de Interlagos. Casais se abraçavam incessantemente e o romantismo, por alguns minutos, sanou os problemas do mundo.
Lollapalooza Brasil 2016 - 1º dia
Antes da última música, I Will Wait, maior hit da banda, Marcus chamou uma fã brasileira ao palco para traduzir algumas frases. No pé do ouvido da garota, fez juras de amor ao Brasil. "Esse é o melhor show das nossas vidas. Foi nossa primeira vez aqui e vamos voltar em breve",gritou ela, que ainda ganhou um chocalho de recordação.
O Mumford & Sons, mais do que qualquer outra atração, merecia estar no palco principal, o Skol. Deve ser "promovido" nos festivais futuros, como aconteceu com o Alabama Shakes.