Quando o autor está fora da tela


Adaptação cinematográfica do principal trabalho do ficcionista russo, dirigida por King Vidor, foi tratada sem reverência no caderno

Por P.E. Sales Gomes

O espetaculo cinematografico Guerra e paz oferece ocasião para o prosseguimento do debate em torno da validez da transposição de obras literarias, que é uma constante do cinema desde os seus primordios. Ainda hoje, apesar do apreciavel desenvolvimento da profissão de escritor cinematografico, calcula-se em mais de um terço do total o numero de fitas cujo ponto de partida é uma obra literaria. A já longa experiencia demonstra não existir relação necessaria entre o nivel artistico do texto literario e o de sua adaptação cinematografica. "The Clansman" e "The Leopard"s Spots", duas novelas mediocres, e o proprio nome do autor, Thomas Dixon, são lembrados apenas porque foram os textos de base que Griffith utilizou em O Nascimento de uma Nação. O romance "Me Teague", de Frank Norris, há pouco reeditado, ocupa no panorama da cultura moderna uma posição incomparavelmente modesta frente a Greed, sua transposição para o cinema realizada por Stroheim. Por outro lado, a mediocridade ou as qualidades artísticas do original e da adaptação podem ser equivalentes, como foi o caso de Gone with the Wind ou de Le Diable au Corps, de Radiguet, filmado por Autant-Lara. Existem finalmente os casos em que os filmes são inferiores aos textos que os inspiraram, sendo essa a regra para as incontaveis vezes em que o cinema se aventurou a interpretar as obras-primas da literatura. O fenomeno é logico, e valerá a pena examiná-lo mais de perto em outra ocasião, bastando por ora lembrar que não tem relação com a tão falada especificidade da literatura ou do cinema, ou com a pretensa incomunicabilidade entre os dois generos. Se até hoje as adaptações de Stendhal à tela têm sido mais ou menos infelizes, algumas passagens de Senso, de Visconti, que não tem ligação direta com a obra stendhaliana, refletem as ricas possibilidades de um "beylismo" cinematografico. Ultimamente, aliás, tem havido filmes cujo nivel artistico nada tem de afrontoso aos textos classicos que os inspiraram. (...)A insatisfação que nos causa Guerra e paz não se deve a nenhuma vulgarização excessiva. O nivel do espetaculo é alto sob muitos aspectos, as personagens e situações que comporta foram todas calçadas no romance. Na maior parte do tempo, porém, o espirito que Tolstoi lhes inculcara se evaporou na transposição. Houve ainda algo pior do que a incapacidade em captar a natureza das personagens ou o sentido das situações: em algumas sequencias a fita procurou valorizar precisamente aquilo que nas passagens correspondentes o romancista negou e destruiu, como os clichês historicos convencionais herdados do romantismo, pelos quais Tolstoi tinha horror.

O espetaculo cinematografico Guerra e paz oferece ocasião para o prosseguimento do debate em torno da validez da transposição de obras literarias, que é uma constante do cinema desde os seus primordios. Ainda hoje, apesar do apreciavel desenvolvimento da profissão de escritor cinematografico, calcula-se em mais de um terço do total o numero de fitas cujo ponto de partida é uma obra literaria. A já longa experiencia demonstra não existir relação necessaria entre o nivel artistico do texto literario e o de sua adaptação cinematografica. "The Clansman" e "The Leopard"s Spots", duas novelas mediocres, e o proprio nome do autor, Thomas Dixon, são lembrados apenas porque foram os textos de base que Griffith utilizou em O Nascimento de uma Nação. O romance "Me Teague", de Frank Norris, há pouco reeditado, ocupa no panorama da cultura moderna uma posição incomparavelmente modesta frente a Greed, sua transposição para o cinema realizada por Stroheim. Por outro lado, a mediocridade ou as qualidades artísticas do original e da adaptação podem ser equivalentes, como foi o caso de Gone with the Wind ou de Le Diable au Corps, de Radiguet, filmado por Autant-Lara. Existem finalmente os casos em que os filmes são inferiores aos textos que os inspiraram, sendo essa a regra para as incontaveis vezes em que o cinema se aventurou a interpretar as obras-primas da literatura. O fenomeno é logico, e valerá a pena examiná-lo mais de perto em outra ocasião, bastando por ora lembrar que não tem relação com a tão falada especificidade da literatura ou do cinema, ou com a pretensa incomunicabilidade entre os dois generos. Se até hoje as adaptações de Stendhal à tela têm sido mais ou menos infelizes, algumas passagens de Senso, de Visconti, que não tem ligação direta com a obra stendhaliana, refletem as ricas possibilidades de um "beylismo" cinematografico. Ultimamente, aliás, tem havido filmes cujo nivel artistico nada tem de afrontoso aos textos classicos que os inspiraram. (...)A insatisfação que nos causa Guerra e paz não se deve a nenhuma vulgarização excessiva. O nivel do espetaculo é alto sob muitos aspectos, as personagens e situações que comporta foram todas calçadas no romance. Na maior parte do tempo, porém, o espirito que Tolstoi lhes inculcara se evaporou na transposição. Houve ainda algo pior do que a incapacidade em captar a natureza das personagens ou o sentido das situações: em algumas sequencias a fita procurou valorizar precisamente aquilo que nas passagens correspondentes o romancista negou e destruiu, como os clichês historicos convencionais herdados do romantismo, pelos quais Tolstoi tinha horror.

O espetaculo cinematografico Guerra e paz oferece ocasião para o prosseguimento do debate em torno da validez da transposição de obras literarias, que é uma constante do cinema desde os seus primordios. Ainda hoje, apesar do apreciavel desenvolvimento da profissão de escritor cinematografico, calcula-se em mais de um terço do total o numero de fitas cujo ponto de partida é uma obra literaria. A já longa experiencia demonstra não existir relação necessaria entre o nivel artistico do texto literario e o de sua adaptação cinematografica. "The Clansman" e "The Leopard"s Spots", duas novelas mediocres, e o proprio nome do autor, Thomas Dixon, são lembrados apenas porque foram os textos de base que Griffith utilizou em O Nascimento de uma Nação. O romance "Me Teague", de Frank Norris, há pouco reeditado, ocupa no panorama da cultura moderna uma posição incomparavelmente modesta frente a Greed, sua transposição para o cinema realizada por Stroheim. Por outro lado, a mediocridade ou as qualidades artísticas do original e da adaptação podem ser equivalentes, como foi o caso de Gone with the Wind ou de Le Diable au Corps, de Radiguet, filmado por Autant-Lara. Existem finalmente os casos em que os filmes são inferiores aos textos que os inspiraram, sendo essa a regra para as incontaveis vezes em que o cinema se aventurou a interpretar as obras-primas da literatura. O fenomeno é logico, e valerá a pena examiná-lo mais de perto em outra ocasião, bastando por ora lembrar que não tem relação com a tão falada especificidade da literatura ou do cinema, ou com a pretensa incomunicabilidade entre os dois generos. Se até hoje as adaptações de Stendhal à tela têm sido mais ou menos infelizes, algumas passagens de Senso, de Visconti, que não tem ligação direta com a obra stendhaliana, refletem as ricas possibilidades de um "beylismo" cinematografico. Ultimamente, aliás, tem havido filmes cujo nivel artistico nada tem de afrontoso aos textos classicos que os inspiraram. (...)A insatisfação que nos causa Guerra e paz não se deve a nenhuma vulgarização excessiva. O nivel do espetaculo é alto sob muitos aspectos, as personagens e situações que comporta foram todas calçadas no romance. Na maior parte do tempo, porém, o espirito que Tolstoi lhes inculcara se evaporou na transposição. Houve ainda algo pior do que a incapacidade em captar a natureza das personagens ou o sentido das situações: em algumas sequencias a fita procurou valorizar precisamente aquilo que nas passagens correspondentes o romancista negou e destruiu, como os clichês historicos convencionais herdados do romantismo, pelos quais Tolstoi tinha horror.

O espetaculo cinematografico Guerra e paz oferece ocasião para o prosseguimento do debate em torno da validez da transposição de obras literarias, que é uma constante do cinema desde os seus primordios. Ainda hoje, apesar do apreciavel desenvolvimento da profissão de escritor cinematografico, calcula-se em mais de um terço do total o numero de fitas cujo ponto de partida é uma obra literaria. A já longa experiencia demonstra não existir relação necessaria entre o nivel artistico do texto literario e o de sua adaptação cinematografica. "The Clansman" e "The Leopard"s Spots", duas novelas mediocres, e o proprio nome do autor, Thomas Dixon, são lembrados apenas porque foram os textos de base que Griffith utilizou em O Nascimento de uma Nação. O romance "Me Teague", de Frank Norris, há pouco reeditado, ocupa no panorama da cultura moderna uma posição incomparavelmente modesta frente a Greed, sua transposição para o cinema realizada por Stroheim. Por outro lado, a mediocridade ou as qualidades artísticas do original e da adaptação podem ser equivalentes, como foi o caso de Gone with the Wind ou de Le Diable au Corps, de Radiguet, filmado por Autant-Lara. Existem finalmente os casos em que os filmes são inferiores aos textos que os inspiraram, sendo essa a regra para as incontaveis vezes em que o cinema se aventurou a interpretar as obras-primas da literatura. O fenomeno é logico, e valerá a pena examiná-lo mais de perto em outra ocasião, bastando por ora lembrar que não tem relação com a tão falada especificidade da literatura ou do cinema, ou com a pretensa incomunicabilidade entre os dois generos. Se até hoje as adaptações de Stendhal à tela têm sido mais ou menos infelizes, algumas passagens de Senso, de Visconti, que não tem ligação direta com a obra stendhaliana, refletem as ricas possibilidades de um "beylismo" cinematografico. Ultimamente, aliás, tem havido filmes cujo nivel artistico nada tem de afrontoso aos textos classicos que os inspiraram. (...)A insatisfação que nos causa Guerra e paz não se deve a nenhuma vulgarização excessiva. O nivel do espetaculo é alto sob muitos aspectos, as personagens e situações que comporta foram todas calçadas no romance. Na maior parte do tempo, porém, o espirito que Tolstoi lhes inculcara se evaporou na transposição. Houve ainda algo pior do que a incapacidade em captar a natureza das personagens ou o sentido das situações: em algumas sequencias a fita procurou valorizar precisamente aquilo que nas passagens correspondentes o romancista negou e destruiu, como os clichês historicos convencionais herdados do romantismo, pelos quais Tolstoi tinha horror.

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